Prólogo

Algumas memórias ficam cravadas em nossa alma.

Não como um flash vago ou uma lembrança que se perde com o tempo.

Algumas memórias são tatuadas em cada centímetro de pele vazio, e mais fundo, permeando cada curva do coração. De forma que é impossível se livrar de cada detalhe vívido demais. Não como um filme contínuo e bem roteirizado que se torna sucesso de bilheteria, não; são sensações que fazem arrepiar, perder o ar, preencher a mente de e se.

Uma curva diferente e minha história teria outro enredo. Possibilidades assustadoras demais para que eu tivesse coragem de seguir por esse caminho desconhecido.

Se eu fechar os olhos, posso sentir o cheiro de alecrim que permeava o ambiente naquele dia, vindo do incenso que alguém insistia em acender. Posso sentir o abafado da sala pelo ar condicionado que nunca funcionava corretamente. Posso ouvir o som da chuva caindo do outro lado da janela, tingindo o vidro com gotículas redondas e geladas. Posso sentir meu pescoço arrepiar por sua proximidade absolutamente proibida. Seu hálito quente. Sua mão subindo por meus braços. Sua boca fazendo promessas de um futuro que nunca foi cumprido, porque eu tive medo.

Se eu fechar os olhos, meu coração dispara com a lembrança dos seus olhos castanhos que não deviam ter nada de especial, mas tinham. Ainda têm.

No auge dos meus vinte e dois anos, casada e com um filho de sete anos, eu não sabia muito da vida. Não era uma dessas mulheres que se tornam referência para toda uma geração, que possuem completo controle sobre sua vida e felicidade. Não. Eu era apenas uma mulher. Apaixonada por poesia, balas de caramelo e pulseiras de miçanga. Não havia nada de muito especial ou relevante na minha vida, nenhum grande acontecimento que merecia ser relatado e guardado para a posteridade.

Ou ao menos era o que eu acreditava, até ter o vislumbre de como ele me enxergava.

Carlos entrou na minha vida para virar do avesso qualquer certeza que eu pudesse ter, para arruinar para sempre minha capacidade de aceitar calada quaisquer rompantes do meu marido, para me fazer questionar cada passo que eu desse.

Entrou na minha vida, principalmente, para me mostrar que nem todos os amores têm finais felizes. Pelo contrário, alguns têm começos conturbados e meios desastrosos, que acarretam em consequências irremediáveis e, então, simplesmente desaparecem, como um barco perdido no meio de uma tempestade inesperada que arranca dos seus braços a esperança de calmaria.

Alguns amores simplesmente são perdidos em meio de ondas inesperadas e maldosas, e levam consigo um pedaço insubstituível do seu coração. Mas, às vezes, esses amores batem novamente à sua porta quando você menos espera, tempo demais depois, apenas para te lembrar que nunca é tarde demais para ter sua calmaria revirada.

Afinal, de que serve um mar sem ondas?

***

OLÁ, MENINES!

Deixo aqui a introdução da história da sogra de todas nós, mãe do Edu <3

Enquanto eu estiver terminando as postagens de Beba Antes de Casar, esse spin-off vai ter capítulo uma vez por semana. Depois disso, aumentamos o ritmo de postagem.

O livro não vai ser grande e é provável que tenha um tom diferente do que vocês estão acostumadas a ler nos meus livros, então conto com vocês para me darem um feedback do que estão achando.

Amo vocês!

Até breve <3

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