Capítulo 71

"Amor: como quatro letras podem provocar tanta coisa dentro da gente?"

                     POV's Alice Ferreira

         Duas semanas

- Tá pronto, amor? - pergunto assim que entro no quarto de Richard.

- Estou sim! - ele diz passando perfume e me olha, se aproximando de mim e beijando meu pescoço - Tá vendo que deu tudo certo com o Abel? Eu falei que ele é um teimoso e não pararia de lutar até que melhorasse.

- Estou muito feliz que finalmente ele vai receber alta. - sorrio largo e o abraço - Mas eu vou ficar lá em casa com ele por enquanto, tá bom? A Ana vai voltar para Portugal em breve por conta da escola das meninas e não vai ter ninguém para cuidar dele.

- Tudo bem amor, eu entendo mas assim que ele melhorar, você volta pra cá, não volta? - sorrio e concordo com a cabeça.

- Você sabe que sim! - passo os braços por seu pescoço e dou um selinho demorado nele.

Olho para a porta quando escuto a Lily miando e vou até ela, a pegando no colo e a beijando.

- Podemos adotar mais um gatinho depois? - pergunto piscando os olhos, de maneira fofa.

- O que você não me pede rindo que eu não faço chorando, não é mesmo?! - solto uma risada com o que ele fala e me aproximo dele, que também faz carinho na Lily.

- Ela me ajudou muito durante o tempo que você ficou em Portugal. - ele diz olhando fixamente para a gatinha laranja e eu sorrio fraco, acariciando seus cabelos, eu odiava perceber a tristeza em seu olhar toda vez que ele tocava nesse assunto.

- Vamos? Não quero me atrasar. - mudo de assunto e rapidamente descemos para a sala.

- É hoje que o Abel recebe alta? - Maria pergunta assim que sai da cozinha com um enorme sorriso no rosto.

- É sim Maria, estamos indo buscar ele. - respondo sorrindo largo.

- Leva pra ele, é o bolo dele favorito e digam que eu estou muito contente pela recuperação dele, daqui poucos dias ele já vai estar nos gramados brigando com os meninos. - ela diz rindo.

Pego o pote e entrego para que Richard segure.

- Muito obrigada Maria, tenho certeza que ele vai amar, ele passou os últimos dias reclamando da comida do hospital, dizendo que queria comer comida de verdade. - sorrio - Não quer ir com a gente pro hospital?

- Eu bem que gostaria mas estou com as panelas no fogo.

- Faz assim, quando você estiver mais tranquila, você pede pra Richard te levar lá em casa pra ver ele, tá bom?

- Combinado, eu vou sim!

- Tchau Maria, até mais tarde. - me despeço dela e Richard a abraça de lado e em seguida pega em minha mão, indo até a garagem.

- Meu pai vai ficar super contente quando souber que nós voltamos, amor. - digo mexendo no celular, conversando com minha mãe.

- Ele vai mesmo, toda vez que eu ia ver ele, ele me perguntava se a gente já tinha voltado, se a gente tava de boa... - Richard diz concentrado na direção do carro.

Sorrio largo assim que entro no quarto do hospital e vejo meu pai sentado na cama, vou até ele e dou um abraço apertado nele.

- E aí? Preparado para voltar pra casa? - Richard pergunta assim que cumprimenta meu pai e eu sorrio para ele.

- Mais do que preparado, eu não quero ver hospital nunca mais em minha vida. - Abel diz com o sotaque bem carregado e eu dou risada.

- Mas vai ver sim senhor, ainda vai continuar tendo acompanhamento durante um bom tempo. - abraço Richard de lado e encosto minha cabeça em seu ombro.

Abel nos olha e semicerra os olhos com a cena, suspeitando daquilo.

- E aí? Vão me falar o que está acontecendo entre os pombinhos ou terei que perguntar? - ele pergunta de uma vez e eu solto uma risada alta.

- Estamos juntos, pai.

- E agora é pra valer, não vou mais deixar essa mocinha ir embora. - Richard diz acariciando meus cabelos e beija o topo de minha cabeça logo em seguida.

- Fico feliz por vocês, vocês realmente mostraram o quanto se gostam durante esse meio tempo, se respeitaram mesmo separado e... - ele coloca a mão na boca, falando só para mim, para que Richard não visse - Esse aí sofreu muito quando voltou sozinho de Portugal, hein?! - diz baixinho, rindo em seguida.

- Sofreu né, pai? Ficou com muita saudade da portuguesa aqui. - digo de forma convencida, fazendo Richard rir.

Continuamos conversando durante algum tempo e minutos depois o médico que estava responsável por meu pai, vem até nós, o liberando e dando algumas orientações sobre alguns cuidados que teria que ter no primeiro momento.

Fomos para casa do Abel e as meninas correm para o abraçar assim que ele entra em casa, sorrio vendo o quanto elas são apegadas nele e sorrio ainda mais largo quando a Maria me chama para que eu também pudesse abraçar ele, eu vou até elas e nós três o abraçamos ao mesmo tempo.

  Percebo o clima pesar um pouco quando a Ana entra na sala e imediatamente chamo Richard e as meninas para ir até a cozinha para deixar eles a sós.

- Oi Heleninha! - abraço ela e sorrio puxando uma cadeira, me sentando ao lado de Richard - O que tem de bom para a gente comer? Estou morrendo de fome. - pergunto para Helena.

- Eu sabia que você iria chegar com fome. - ela diz colocando algumas coisas encima da mesa e imediatamente eu corto um pedaço do bolo de chocolate que ela havia feito, colocando em uma pratinho e começando a comer.

- Isso tá divino, come, amor. - entrego meu prato para Richard que come um pedaço e concorda com a cabeça.

- Tá muito bom mesmo.

- Podem comer, eu fiz pra vocês mesmo. - ela diz entregando dois pratos para minhas irmãs.

- Richard é fitness, ele não come doce com tanta frequência. - aperto as bochecha dele, o fazendo rir - Ele é o orgulho do sogro. - digo rindo.

- Tem pão integral aqui, tem granola, iogurte... - Helena diz para Richard.

- Quero não, obrigado Helena, eu realmente estou sem fome. - diz simpático, piscando como forma de agradecimento.

- Quando quiser não precisa ter vergonha, hein. - solto uma risada com o que Helena diz.

- O Richard ter vergonha de comer? Não se preocupa que quando ele sentir fome ele come até os pratos se deixar. - digo rindo e Richard me cutuca, me fazendo cócegas.

  Ficamos na cozinha por algum tempo e logo meu pai entra na cozinha com ajuda da Ana.

- Tá tudo bem, pai? - pergunto assim que ele se senta.

- Está sim, não se preocupe, continuo sendo o mesmo Abel de antes, só que com um pouquinho menos de força por enquanto. - diz de forma divertida e eu entrego o que Maria tinha mandado para ele - Bolo de milho, eu estava aguado para comer isso, agradeçam a Maria por mim. - diz sorridente, começando a comer.

- Bom, o assunto tá bom mas eu tenho que ir. - Richard diz se levantando e eu levanto junto.

- Já vai, amor? - pergunto desanimada.

- Já sim, outro dia eu venho aqui com mais calma.

- Dorme aí Richard. - Abel fala tranquilo e eu o olho, supresa.

- É amor, dorme aqui. - digo piscando os olhos de forma fofa e o Richard dá risada, segurando meu rosto e beijando minha testa.

- Não quero atrapalhar, vocês tem que aproveitar esse momento com a família junta e além do mais, eu moro aqui pertinho.

- Você agora também faz parte da nossa família. - Abel diz assim que toma um gole de suco e eu me viro para o olhar rapidamente.

- Ó, tá vendo? Está com moral com o sogrão, hein? - digo rindo e apoio meu braço em seu ombro - Dorme aqui, tem algumas roupas suas no meu quarto. - digo massageando levemente seu ombro e o olhando.

- Tudo bem então, eu durmo.

- Eba! - sorrio largo e beijo sua bochecha - Tive uma idéia, vamos assistir filme com as meninas?

- Vamos, por favor!!! - Maria diz dando uns pulinhos

- Eu quero, eu quero! - Mariana diz empolgada.

- Faz assim, a gente vai tomar banho e depois descemos para assistir filme com vocês, tá bom? - sorrio para elas e pego na mão de Richard, indo para meu quarto - Viu só? O próprio Abel te chamando pra dormir aqui. - vou até meu guarda-roupa, procurando uma roupa.

- Tô com moral ou não tô? - olho para Richard que estava deitado em minha cama.

- Você tem muita moral com minha família, é incrível, gostam mais de você do que mim. - faço drama e vou até a cama, me deitando ao seu lado - Enquanto isso, sua família ama sua ex até hoje.

- Não é verdade. - ele nega com a cabeça - Eles gostam de você, só que eles te viram poucas vezes. - me ajeito, ficando de lado e o olhando - Eu quero que se sinta acolhida por minha família tanto quanto eu me sinto pela sua... Faz assim, eu vou chamar eles para vir aqui para o Brasil e vou te apresentar todos, um por um. - sorrio quando ele pega minha mão e a beija.

- Esses dias eu vi sua mãe repostando foto com sua ex. - digo olhando para baixo.

- Eles gostam dela porque a conhecem desde nova, amor, não tem nada a ver com não gostar de você e querendo ou não, eles são vizinhos, mas eu garanto de depois de uns dias aqui com você, eles vão sair daqui te amando tanto quanto eu, tá bom? - concordo com a cabeça e beijo seu rosto.

- Peguei uma roupa para você também. - me levanto da cama e mostro uma bermuda, uma camiseta e uma cueca.

- Eu nem lembrava que tinha roupa aqui na sua casa.

- Você deixou aqui depois que passou aqueles dois dias aqui em casa quando meu pai viajou, lembra?

- Ah, é verdade, que você não queria ficar sozinha. - diz me abraçando por trás e se aproximando de meu ouvido - Vai me deixar tomar banho com você? - pergunta baixinho e morde o lóbulo de minha orelha em seguida, me fazendo arrepiar.

- Vou sim, amor. - sorrio e  vou até o banheiro, com Richard ainda abraçado comigo.

  Prendo meu cabelo em um coque e entro no box, ligando o chuveiro e logo Richard também entra. Não consigo evitar o olhar por seu corpo e dou um sorrisinho, me virando de costas para disfarçar.

- O que foi? - pergunta com a voz rouca, entre alguns beijos que distribui por meu pescoço - Gostou do que viu? - viro meu rosto, o olhando rapidamente e dou um sorrisinho.

- Ainda pergunta? - nego com a cabeça e mordo o lábio.

- Vai me ver jogar amanhã? - pergunta subindo os beijos por meu ombro.

- Vou amor, nunca mais fui em um jogo seu, então amanhã eu vou. - me viro de frente para ele que olha fixamente para meus seios e depois olha para meus olhos.

- Se eu fizer um gol amanhã pra você, o que ganho em troca? - semicerro os olhos com sua pergunta.

- O que você quer?

- Vou querer você o final de semana todo só pra mim. - acaricio meu rosto e beija meu queixo.

- Combinado, se fizer gol você me terá no final de semana. - pisco para ele e pego o sabonete líquido, colocando em minha mão e passando por meu corpo.

- Deixa eu te ajudar. - Richard me puxa, me fazendo ficando de costas para ele novamente e espalha o sabonete por meu corpo todo, me fazendo arfar com seu toque suave deslizando por minha pele.

- Richard, Richard.

- Só estou te ajudando e cuidando de você, amor. - beija minha nuca.

  Saímos do banheiro depois de transarmos ali mesmo e vestimos uma roupa confortável, em seguida descendo para a sala e deitando no sofá, nos cobrindo e começando a assistir o filme junto com as meninas.

- Estou amando assistir filme da Barbie. - Richard diz de forma irônica em meu ouvido e eu solto uma risada, o abraçando ainda mais forte

- Depois eu deixo você escolher um para nós dois assistir, tá bom?

  Depois de assistirmos o filme, jantamos junto com todos e subimos para o quarto. Saio do banheiro assim que escovo os dentes e passo alguns cremes no rosto e me troco, colocando um babydoll e pego um creme corporal, passando pelo corpo enquanto Richard estava deitado, me olhando.

Sorrio para ele e apago a luz, me deitando ao seu lado e o abraçando forte, sentindo ele beijando o topo de minha cabeça em seguida e retribuindo o abraço, na intenção de me puxar para mais perto ainda.

- Tá cheirosa! - diz cheirando meu pescoço, me fazendo rir.

- Só hoje, amor? - pergunto de forma divertida.

- Todos os dias você está assim cheirosa e gostosa. - diz continuando me cheirando.

- Te amo! - seguro em seu rosto e o dou um beijo calmo, aproveitando aquele momento tranquilo.

- Te amo, dona encrenca. - ele distribui alguns beijos por meu rosto assim que nos afastamos um pouco e puxa o cobertor para nos cobrir por inteiro.

  Ficamos conversando por alguns minutos até enfim pegarmos no sono e dormimos abraçados.

Assim que acordo no dia seguinte, faço minhas higienes matinais e volto para cama, beijando o rosto de Richard na intenção de acordá-lo.

- Bom dia meu amor, dormiu bem? - pergunto assim que ele sorri, ainda de olhos fechados.

- E tem como dormir mal assim? - pergunta sorrindo e esfrega os olhos, me olhando em seguida.

- Levanta pra gente tomar café, estou com fome. - digo com o queixo apoiado em seu peito e acariciando seus cabelos.

- Aonde você tava guardando toda essa doçura quando nos conhecemos? - pergunta rindo e passando o polegar por meu rosto, de forma carinhosa.

- Nossa, amor. - solto uma risada - Acho que era uma forma de defesa, sei lá, eu tinha medo. - sorrio fraco.

- Medo de me amar? - questiona.

- Acho que sim. - concordo com a cabeça - Medo de me decepcionar também.

- Eu nunca vou te decepcionar... quer dizer, até posso errar em algo mas faço o meu máximo para ser o melhor para você. - sorrio largo com suas palavras.

- Eu vejo isso amor, obrigada por isso, eu realmente não tenho dúvidas nenhuma do seu amor por mim. - digo passando o indicador por suas tatuagens no peito.

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