Capítulo 66

"Nós precisamos do toque de quem amamos quase tanto quanto de ar pra respirar."

                       POV's Richard Ríos

- E aí? - jogo a chave encima da mesa assim que entro em casa.

- Bom jogo, hein? - Juan diz animado.

- Valeu, irmão! - me sento à mesa - Cadê meus pais?

- Eles já foram se deitar, disseram que estavam cansados.

- Eu imaginei mesmo. - me levanto - Já jantou? - o olho.

- Tomei açaí. - solto uma risada e pego meu celular quando chega mensagem no whatsapp.

- Acredita que a Natalia tá usando o filho como desculpa para se reaproximar de mim? - digo enquanto abro a geladeira, pegando a jarra de suco.

- Como assim? Vocês tão conversando?

- Ela está me mandando mensagem nos últimos dias falando que o Tómas só fala de mim, que ele quer me ver. - me sento na frente do Juan - Assim, claro que eu não me importo pô, eu adoro o Tomás, ele não tem nada a ver com isso, mas porque só agora?

- Porque ela sabe que você tá solteiro, né.

- Eu falei pra ela fazer uma chamada de vídeo amanhã para mim que eu converso com ele.

- Ela falou alguma coisa sobre vocês dois? - faço careta, chega a ver estranho ouvir "vocês dois" se referindo a mim e a Natalia.

- Ela me mandou várias coisas hoje falando que lembrou de mim. - encho um copo de suco e dou um gole - Por isso mesmo que eu acho que ela está usando o Tómas como um pretexto para conversar comigo.

- Sabe que eu acho que tem dedo na Juvena aí? Elas são muito próximas, toda semana estão fazendo lives juntas, com certeza a Juvena incentiva isso nela.

- Não só a Juvena, né? Minha família toda praticamente ainda mantém contato com ela, eu até entendo eles, a gente ficou muito tempo juntos, mas cê é louco, eles tem que entender que minha vida seguiu mano.

- Seguiu mais ou menos, né? Porque você não se importa mais com essa ex, mas com a última ex você se importa.

  Passo a mão por meu rosto e o olho.

- É diferente, porra, eu juro pra você que os cinco anos que eu passei com a Natalia não deram o mês que eu passei com a Alice, o que eu não sofri quando terminei com a Natalia, eu tô sofrendo agora.

- Ainda pensa nela, né?

- Pra caralho, já se passaram um mês desde que a gente terminou e eu ainda não consegui aceitar.

- Você realmente não se envolveu com ninguém nesse tempo? - Juan semicerra os olhos, como quem não acreditasse.

- Pior que não, eu não consigo, eu até tentei começar a conversar com algumas mulheres mas sei lá, parece que a conversa não flui, sem falar que a maioria estão mais interessadas em mim como jogador do que em me conhecer mesmo.

- Mas uma hora você vai ter que voltar a tentar se relacionar com alguém... Porra! Um mês!? Logo você? - volta no assunto, indignado.

- Tá foda. - tomo mais um gole do meu suco e pego o celular assim que vejo Murilo me ligando - Ih ala, deve estar querendo me chamar pra ir para alguma balada.

  Atendo o celular e franzo o cenho assim que Murilo me dá a notícia do acidente do Abel, dizendo que tinha acabado de ver na tv.

- Não, eu não tenho coragem de ligar para Alice e falar isso, acho melhor você falar com ela.

  Murilo tenta me convencer a falar com Alice para contra sobre o acidente mas eu não tinha coragem de ligar para ela para dar uma notícia dessas, ainda mais depois de um mês sem nos falarmos.

  Fico ali agoniado enquanto não sabia de mais informações e assim que soube para qual hospital o levaram, eu vou até lá. Eu e Abel sempre nos demos muito bem profissionalmente falando e acabamos nos aproximando ainda mais depois do meu namoro com Alice, desde que ela foi embora nós nos unimos por uma causa ainda maior, tentar superar a falta que ela fazia em nossas vidas.

                                       ...

- Onde vou dormir? - Alice pergunta assim que subimos as escadas.

- Bom, os outros quartos estão todos ocupados, então você pode ficar no meu quarto, eu divido o quarto com o Juan qualquer coisa. - digo abrindo a porta do meu quarto e ela me olha.

- Não precisa, eu fico no quarto junto com a Vic mesmo.

- Para de ser teimosa, Victoria já teve estar dormindo, você vai acabar acordando ela se for pra lá agora e além do mais, eu vou descer para academia daqui de casa para treinar.

- Tem certeza?

- Tenho sim, você está cansada e eu sei que se sente confortável aqui no meu quarto. - sorrio e ela entra no quarto, olhando em volta - Sem falar que tem algumas coisas suas aqui. - abro a porta do closet e ela sorri fraco, indo ver o que tinha.

- Caraca, eu deixei tudo isso aqui? - pergunta surpresa - Eu trouxe pouquíssimas roupas, serão muito úteis. - ela pega seu vestido vermelho, decotado - Se bem que a maioria dessas roupas não são muito apropriadas para usar em um hospital.

- Lembro do dia que usou esse, ele fica lindo em você.

- Foi a única vez que usei ele. - ela diz me olhando - Comprei ele justamente para usar no nosso aniversário de namoro.

  Fico olhando para ela por alguns segundos e me dou conta de que eu estava parado ali feito um tonto.

- Vou sair pra você poder descansar, qualquer coisa eu estou lá embaixo, tá bom? - beijo o topo de sua cabeça.

- Obrigada, eu vou só tomar um banho antes de deitar.

- Fique à vontade. - sorrio e saio do quarto, indo até a academia que tinha ali em casa.

Depois de treinar eu subo novamente até o quarto e entro no quarto bem devagar para não fazer barulho já que Alice estava dormindo, tomo banho e troco de roupa e quando eu vou sair Alice desperta.

- Que horas são? - pergunta esfregando os olhos.

- Cinco e meia, volta a dormir, você está cansada. - a olho e ela se senta na cama.

- Já treinou? - pergunta.

- Já sim, subi só para tomar banho. - sorrio.

- Não consegui descansar quase nada ainda, fico sonhando com meu pai o tempo inteiro.

Vou até a cama e me sento na beira, olhando para ela.

- Quer que eu fique aqui com você até você dormir? - pergunto e ela concorda com a cabeça de uma forma fofa.

Me deito ao seu lado e acaricio seus cabelos, o que fez ela fechar os olhos imediatamente e eu continuo a olhando enquanto faço carinho em seus cabelos. Eu podia sentir meu coração mais acelerado só de estar ali ao seu lado, não vou negar que era um tanto estranho estar com ela e não poder beijá-la mas ainda assim, eu me sentia melhor só de poder cuidar dela.

Alice abre os olhos e intercala o olhar entre meus olhos e minha boca, me fazendo ficar com a respiração um pouco mais ofegante.

- Senti sua falta. - digo baixinho, a olhando.

- Eu também senti. - ela fala quase como um sussurro e continua me olhando dos olhos.

Passo o polegar por seu rosto, o acariciando levemente e sentindo meu coração acelerar ainda mais rápido, como se fosse a primeira vez que eu fizesse isso.

- Melhor pararmos. - Alice diz colocando a mão em meu peito, na tentativa de me afastar e eu franzo o cenho - Você está com a Natalia e por mais que eu não goste dela, não é uma situação legal.

- Eu o quê? - me sento na cama - Aonde que eu tô com a Natalia, pelo amor de Deus?

- Ela te ligou hoje, desculpa mas eu não pude deixar de ver.

- Ela ligou porque o filho dela queria conversar comigo. - me ajeito na cama, ficando de frente para ela - Você acha mesmo que eu voltaria com a Natalia depois de tudo o que vivemos?

- Eu não sei, não seria algo totalmente fora da realidade. - ela se levanta, também se sentando na cama e eu nego com a cabeça algumas vezes.

- Talvez você não acredite, embora eu realmente não consiga entender a dúvida, mas eu não me envolvi com ninguém depois que você terminou comigo lá em Portugal.

  Alice fica em silêncio durante alguns segundos depois do que eu disse.

- Desculpa pela forma que tudo aconteceu, acredite, eu não passei um dia sequer sem pensar em você e sentir sua falta. - sorrio e dou um abraço forte nela, beijando o topo de sua cabeça.

Ficamos em silêncio e voltamos a deitar, puxo Alice para deitar em meu peito e acaricio seus cabelos até que ela pegue no sono e minutos depois eu também adormeço.

  Dormimos por horas e quando acordo pego meu celular e vejo que já se passavam das nove da noite.

  Beijo a testa da Alice assim que ela se mexe na cama e ela abre os olhos aos poucos.

- Vamos descer pra jantar? Você mal comeu nada hoje. - digo.

- Eu não estou com fome não.

- Mas tem que comer, como você quer estar ao lado do seu pai se nem você mesmo está bem?

- Tudo bem senhor Montoya. - ela se levanta, indo até o banheiro e eu sorrio, a acompanhando com o olhar.

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