Capítulo 65
"Um amor tão puro que ainda nem sabe a força que tem."
POV's Alice Ferreira
- Como você tá? - Richard pergunta assim que abraça e eu retribuo, o abraçando forte, encosto minha cabeça em seu peito e me permito chorar como eu ainda não tinha me permitido depois que fiquei sabendo do acidente, mas de alguma forma quando eu estava com ele eu sentia que não precisava fingir ser forte e podia simplesmente mostrar meu lado mais vulnerável.
- Eu vou ficar bem. - seco as lágrimas depois de um longo abraço, por algum tempo eu até tinha esquecido que todos estavam ali nos olhando.
- Ele vai ficar bem, eu conversei com o médico agora e ele disse que ele reagiu muito bem a cirurgia. - sorrio fraco com o que Richard fala e ele passa a mão por meus cabelos, me fazendo olhando em seus olhos - Desculpa, eu... - ele se desculpa, tirando a mão de meus cabelos imediatamente.
- Tudo bem, não tem problema. - sorrio fraco.
- Comeu alguma coisa durante a viagem?
- Na verdade eu não consegui comer nada ainda.
- Vamos descer pra você comer algo, você não pode ficar sem comer. - olho ao redor da sala e vou a olhar para ele.
- Eu não sei, eu tô esperando liberarem a visita e...
- As visitas vão ser liberadas depois das 14hrs só, fica tranquila. - ele diz passando a mão por meu ombro de forma carinhosa.
- Então tá bom, eu vou. - falo para as meninas que vou até a lanchonete que tinha no hospital e o acompanho.
Me olho no espelho assim que entro no elevador e arrumo meu cabelo, eu realmente estava péssima, estava com olheiras, estava com uma cara de cansada, mas não era nada fora de normal para a minha atual situação.
Percebo Richard me olhando através do espelho e disfarço, fomos em silêncio o tempo todo, digamos que eu não sabia o que dizer.
Sorrio quando Richard trás uma bandeja com um croissant, um suco e uma salada de frutas.
- Obrigada. - sorrio fraco e o olho assim que ele se senta - Como está o clima com o pessoal do Palmeiras depois disso tudo?
- Pô! - ele passa a mão por seus cabelos - Vou falar pra você, tá um clima bem pesado, a maioria dos jogadores já vieram aqui durante a madrugada, Leila inclusive acabou de sair daqui, todos nós ficamos muito preocupados mas temos a certeza que ele vai se recuperar rápido.
- Fico feliz de ver em como ele é querido, ele realmente tem vocês como uma família. - sorrio fraco e tomo um gole do meu suco - Sabe o que aconteceu com meu pai? Só me deram informações básicas, eu realmente ainda não entendi o porque ele está na UTI.
- Seu pai teve traumatismo, Alice. - arregalo os olhos e coloco o suco encima da mesa.
- Ele está inconsciente? - pergunto.
- Ele está em coma induzido até o momento, os médicos preferiram manter ele assim pelas primeiras 48 horas devido a forte pancada que ele sofreu na cabeça.
Abaixo a cabeça e seco rapidamente a lágrima que escorre por meu rosto.
- Ei, vai ficar tudo bem. - ele diz colocando a mão encima da minha que estava na mesa - Até parece que você não conhece o pai que tem, Abel é guerreiro em qualquer situação da vida dele e não será diferente agora.
- Obrigada! Obrigada por estar aqui, eu sei o quanto você gosta dele e ele também gosta muito de você e independente de qualquer coisa que aconteceu... - olho para o seu celular que estava encima da mesa assim que começa a tocar e eu vejo o nome "Natalia" na tela.
Retiro minha mão de cima da mesa e pego meu suco de laranja, dando um gole e ele intercala o olhar entre mim e o celular.
- Pode atender, fica à vontade. - digo sem olhar em seus olhos e ele se levanta para atender.
Nego com a cabeça, pensando comigo mesma em como eu sou uma idiota, é claro que ele estaria com alguém, nem sei o que deu em mim quando pensei que talvez pudéssemos nos aproximar novamente.
- Desculpa mesmo, é que...
- Fica tranquilo, não precisa explicar nada. - o corto antes mesmo que ele possa pensar que precisa me dar alguma explicação - Podemos subir? Eu quero estar lá quando o médico aparecer.
- Não vai terminar de comer?
- Vou levar a salada de frutas para comer lá encima. - digo assim que tomo o restante do suco e me levanto.
Voltamos em silêncio e eu o agradeço assim que chegamos na sala de espera e volto a me sentar ao lado das meninas.
Depois de alguns minutos o médico aparece e eu me levanto, ouvindo atentamente o que ele tinha para nos dizer. O médico autorizou apenas duas pessoas ir visitar meu pai hoje e eu olho para Ana, esposa do meu pai.
- Pode ir primeiro. - digo para ela e sorrio fraco.
- Tem certeza? Eu posso esperar.
- Tenho sim, pode ir.
Tudo o que eu mais queria era ver meu pai, mas ela estava esperando por isso desde ontem à noite e não seria justo com ela. Eu já esperei tanto mesmo, que alguns minutos a mais ou a menos não iriam fazer tanta diferença assim.
Vou até uma imagem que tinha ali e faço o sinal da cruz, eu nunca fui muito religiosa, quer dizer, minha família é católica e eu também mas eu não tinha costume de ir para igreja, mas sei que Deus escuta todos e naquele momento eu precisava pedir para Deus não deixar meu pai ir embora, precisamos tanto dele aqui, eu ainda tenho a missão de tentar ser uma boa filha para ele e se ele sair dessa eu não vou falhar.
- Com licença. - uma enfermeira diz educadamente e eu me viro - Pode nos acompanhar, por favor? iremos te orientar antes que você entre na UTI.
- Claro. - concordo com a cabeça e a acompanho.
Visto uma roupa apropriada para entrar na sala e logo eles me liberam minha entrada.
Respiro fundo e abro a porta, indo bem devagar até meu pai, paro antes mesmo de chegar até ele e começo a chorar por ver ele cheio de aparelhos, com a cabeça enfaixada e com um dos braços imobilizados.
Me aproximo da cama e toco em uma de suas mãos levemente.
- Oi pai, sou eu, Alice. - digo com a voz trêmula - Eu não sei se você pode me ouvir mas eu quero que você saiba que eu estou aqui ao seu lado e não vou embora antes de ter a certeza que você está bem o suficiente para gritar e colocar ordem naquele CT. - sorrio em meio ao choro e aperto um pouco mais sua mão - Desculpa por ter ido embora, desculpa também por ter te dado tanto trabalho durante o tempo que eu estive aqui.
Paro de falar quando sinto um nó na garganta e olho para o teto, tentando me recompor.
- Eu prometo que daqui para frente eu não vou mais te dar trabalho, tá bom? - esfrego meus olhos na tentativa de secar as lágrimas - Descansa o tempo que for necessário mas volta para nós. - beijo sua mão e acaricio seu rosto.
Fico com ele por mais alguns minutos e depois volto para a sala de espera, me sento e explico para todos como Abel está.
- Por que você não vai descansar? - Lara me aconselha.
- Eu não sei se consigo.
- Você deve estar exausta amiga, você nem dormiu ontem. - Victoria acaricia meus cabelos e eu olho para o lado quando vejo que Richard se sentou ali.
- Por que vocês não ficam lá em casa? Acredito que deve ser difícil ficar na casa do Abel agora e lá em casa também estão meus pais e o Juan, vocês terão companhia para se distrair um pouco.
Olho para Vic e volto a olhar para Richard.
- Não sei, eu não quero atrapalhar...
- Você nunca atrapalha, você sabe disso. - diz olhando em meus olhos.
- Seus pais não vão se sentir mal?
- Claro que não, pelo contrário, eles vão amar.
- Tudo bem pra você, Vic?
- Por mim tudo bem. - Vic diz simpática.
Pegamos nossas malas que estavam no carro do Murilo e fomos para casa do Richard, não vou mentir que assim que eu entrei em seu carro eu já me arrependi de ter aceitado, já que agora ele está com aquela insuportável da Natalia.
Mas eu não poderia fazer desfeita agora, então eu vou esperar até amanhã para poder inventar alguma desculpa e fico em um hotel ou até mesmo na casa do meu pai.
Cumprimento os pais de Richard e o Juan que estavam ali na sala assistindo algo, eu já tinha visto os pais de Richard na outra vez em que eles vieram para cá mas não cheguei a ver eles durante o período em que nós namoramos, apesar que sempre o Richard fazia chamadas de vídeo e eu conversava com eles.
Sorrio quando vejo Maria e a abraço forte, eu realmente estava morrendo de saudade dela.
- Ô minha bonequinha, eu fiquei sabendo do que aconteceu, como o seu Abel tá?
- Ele está na UTI em coma induzido, Maria. - digo olhando para baixo e logo volta a olhar para ela - Mas ele vai ficar bem.
- Eu tenho certeza que vai. - ela sorri e abraça Victoria em seguida - Tenho algo que talvez te deixe um pouquinho mais alegre. - Maria sai rapidamente da sala e volta com a Lily no colo e eu sorrio, a pegando no colo.
- Ela é tão linda! - abraço a gatinha como se fosse um ursinho de pelúcia e fico brincando com ela por alguns minutos enquanto Richard mostra para Victoria o quarto em que ela ficaria.
- Quer deitar? Você deve estar cansada. - diz assim que desce e eu concordo com a cabeça.
- Na verdade eu realmente estou. - sorrio fraco e peço licença para sua família, subindo junto com ele.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top