Capítulo 46

"Sabe essa sensação de estar fazendo tudo errado? Eu sei como é."

POV's Alice Ferreira

Acordo primeiro que Richard e pego meu celular para ver as mensagens que tinha no WhatsApp, vejo que Kaique tinha me mandado mensagem de madrugada e esfrego os olhos, estranhando, já que Kaique não era de mandar mensagem aquela hora.

"Boa noite linda, tudo bem? Não sei se deveria te contar isso mas acredito que você tem que saber o que está acontecendo, eu vim em um barzinho com a Ágatha e ela sumiu por alguns minutos e depois encontrei ela com o cara que você fica, aquele jogador do palmeiras que foi na peça."

"Eu não sei te dizer o que aconteceu entre eles mas acho que você tem que ficar de olho nos dois, eles pareciam bem íntimos."

"Desculpa por falar isso por mensagem, eu até tentei te ligar mas só dava caixa postal."

Releio aquelas mensagens algumas vezes e tento processar aquilo em minha mente, nem sequer consegui responder o Kaique, apenas bloqueio o celular e começa a vir alguns flashes em minha cabeça sobre a Ágatha me aconselhando a me afastar do Richard e falando o quanto eu combinava com o Kaique.

- Bom dia, linda. - Richard diz sorrindo assim que abre os olhos e eu o encaro, séria.

- Quando você iria me contar sobre a Ágatha? - percebo sua expressão mudar e ele rapidamente se senta na cama e passa as mãos pelos cabelos, claramente nervoso.

- E-eu estava esperando o momento certo e...

- É inacreditável, Richard. - nego com a cabeça - Você quis se vingar, é isso? Você ficou com raiva por uma coisa que não passou de um mal entendido e resolveu ficar com a Ágatha? - pergunto numa tentativa de tentar entender melhor aquela situação.

- Não foi exatamente assim, eu tinha bebido muito já e ela chegou lá como quem não queria nada e...

- E você "sem querer" ficou com ela? - pergunto arqueando a sobrancelha.

- Não, eu não vou negar meus erros, eu a beijei sim mas eu juro que não significou nada para mim e... - solto uma risada e me levanto.

- Eu não sou obrigada a ter que escutar isso. - digo negando com a cabeça e vou até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes.

- Mano, eu errei mas eu estava com raiva, estava magoado e... - ele diz na porta do banheiro e eu reviro os olhos, secando meu rosto.

- Richard fica em paz, você é solteiro, você faz o que você quiser, tá bom? - volto para o quarto e pego minhas roupas, as vestindo.

- Não Alice, porra, me escuta por favor, eu não quero te perder. - ele diz segurando em meu rosto e eu o encaro - Eu amo você e não vou aceitar te perder por nada, me perdoa por favor.

- Eu não quero conversar agora. - desvio meu olhar do seu e ele solta meu rosto.

- O que eu tenho que fazer pra você me perdoar? - ele pergunta me olhando calçar meu tênis.

- Eu não sei, Richard! Sinceramente, eu não sei. - digo sem expressão nenhuma - Eu vou embora, tá.

- Eu vou te levar.

- Eu não quero que você me leve, eu vou de uber, fica em paz. - vou em direção a porta e ele me chama.

- Alice? - me viro para o olhar - Não confia nessa Ágatha. - franzo o cenho com o que escuto.

- É muita cara de pau, né? Você fica com ela e agora quer me falar isso? Ah, faz favor, Richard.

- Estou falando isso porque no dia da peça ela veio me falar sobre você e aquele cara se darem tão bem que todos acham que vocês tem algo, foi um dos motivos que me fez ficar mais pilhado quando vi a foto.

- E depois disso você ainda a beijou. - nego com a cabeça e desço as escadas para sair de sua casa.

- Bom dia, Alice! - Maria diz simpática e eu sorrio de volta.

- Bom dia, Maria, está bem?

- Estou bem, comprei os seus croissants que você tanto gosta.

- Poxa Maria, infelizmente não vou conseguir ficar para comer mas obrigada de qualquer forma, viu? - forço um sorriso e abro a porta - Tchau!

- Tchau meu amor.

  Chamo um uber e vou para casa, assim que abro a porta de casa, Abel vê que horas são em seu relógio.

- Dormiu fora de novo, Alice?

- Hoje não pai, por favor. - digo subindo as escadas.

- Você ouviu isso, Helena? - Abel pergunta pra Helena que sorri, concordando com a cabeça.

- Eu sabia que vocês iriam acabar se entendendo uma hora ou outra. - ela diz sorrindo.

- É a primeira vez que ela me chama de pai em anos.

   ...

Sorrio para Kaique assim que chego na aula e o abraço.

- Tá bem? - ele pergunta reforçando seu abraço e eu concordo com a cabeça.

- Estou sim. - me afasto um pouco dele - Obrigado por ter me contado.

- Fiquei com medo de você ficar com raiva de mim.

- Não tem o porquê, você fez o certo. - forço um sorriso - Posso te pedir um favor? - pergunto.

- Claro, pode pedir qualquer coisa que quiser.

- Não fala nada para Ágatha do que você viu e muito menos que me contou sobre isso. - ele semicerra os olhos.

- O que você vai fazer?

- Só faz isso, por favor.

- Tudo bem, fica tranquila que eu não vou falar nada.

- Oi meus amô! - Ágatha surge toda sorridente e eu forço meu melhor sorriso para ela.

- Oi amiga.

- Sumiu ontem hein, Ágatha?! - Kaique questiona.

- Ai Ka, desculpa, eu encontrei um gatinho lá no bar e acabei esquecendo de você. - ela diz tranquila e eu só consigo pensar no quão sonsa ela consegue ser.

Richard mandou algumas mensagens para mim durante o dia mas eu não respondi nenhuma, a verdade é que eu estava decepcionada, eu sei que eu não tenho muita moral já que já fiquei com dois dos amigos dele, mas estávamos em uma situação diferente agora, aonde eu não tinha coragem de me envolver com mais ninguém e achava que ele também não teria.

  Decido ir ao shopping para tentar me distrair um pouco e aproveito para comprar algumas roupas novas já que a maioria das minhas roupas estão em Portugal.

Como nos velhos tempos, me distrai comprando tudo o que vi pela frente e depois fui para casa.

Abro a porta e vejo um buquê enorme encima da mesinha da sala, franzo o cenho e vou até o buquê, tirando o cartãozinho que tinha ali.

"Perdão pelo o que aconteceu, eu sei que errei e não vou descansar enquanto você não me perdoar e puder eu provar que sempre foi você e sempre será, eu te amo, dona encrenca."
- Seu Richard Ríos.

Dou um pequeno sorriso com as últimas palavras e me assusto quando vejo Abel entrando na sala.

- Que susto. - digo colocando a mão no peito.

- Gostou do buquê? - semicerro os olhos e franzo o cenho, me questionando se ele sabia de algo.

- Gostei. - digo guardando o cartão.

- Buquê que Richard Ríos te mandou. - ele fala se sentando no sofá e me encarando e eu fico sem reação, apenas o olhando.

- Você abriu o cartão? Você não tem esse direito de invadir minha privacidade dessa forma. - digo com a voz mais alterada.

- Eu não precisaria fazer isso se você não mentisse para mim! - ele diz alterado.

- Eu não precisaria mentir se você não tivesse a mente tão fechada e se você não quisesse escolher com quem eu me envolvo.

- Você está se envolvendo com um dos meus jogadores, Alice, você tem noção da repercussão que isso terá? Logo com Richard que é o jogador com mais visibilidade ali no Palmeiras.

- E daí? Eu não escolhi isso, eu não quis isso para mim, não pense que eu me envolvi com ele como uma forma de te afetar, até porque o mundo não gira ao redor!

- A verdade é que você só me envergonhou desde que chegou aqui no Brasil, não fez outra coisa a não ser ir para suas festas, se envolver justamente com quem eu pedia para não se envolver e dormir na casa de Deus sabe quem.

- Pois é, essa sou eu, essa é a verdadeira Alice, a Alice que você nunca sequer tentou conhecer, você não queria saber mais sobre mim? Então agora você conhece, essa sou eu!

- Quer saber? Eu abro mão de você, se você quiser voltar para Portugal pode voltar, eu não irei ficar me desgastando tentando colocar no eixo uma menina mimada de 19 anos que acha que a vida não passa de uma farra e te dar desgosto aos pais. Eu posso sim não ter sido um bom pai para você mas eu nunca deixei faltar nada, eu e sua mãe nos matamos de trabalhar durante todos esses anos para te darmos uma boa vida e uma boa educação e você sequer conseguiu retribuir isso pelo menos sendo uma boa filha.

  Sinto um nó na garganta e apenas concordo com a cabeça enquanto ele joga tudo aquilo em minha cara.

- Não se preocupe, eu irei facilitar a sua vida. - digo pegando minhas sacolas de compras, o buquê e subindo as escadas.

  Fecho a porta do quarto com força e deixo as sacolas no chão e o buquê encima do criado-mudo, me jogo na cama e me permito chorar, era incrível que mesmo quando eu tentava acertar, eu conseguia falhar e me superar ainda mais.

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