Capítulo 45

"Amor não é aquilo que queremos sentir, e sim aquilo que sentimos sem querer."

                     POV's Richard Ríos

- O que você fez? - Endrick volta para cozinha assim que Alice vai embora.

- Ó, me deixa, tô estressado hoje. - digo passando a mão pelo rosto.

- E você acha que eu não percebi isso o dia todo no treino? - ele pergunta e eu respiro fundo, tentando conter a raiva que eu sentia de mim mesmo.

- Não quero conversar sobre isso.

- Você prefere perder a Alice do que escutar ela, é isso?

- Endrick, você não entende, você não viu a foto que eu vi, cara, ela teve a chance de me falar o que aconteceu e não falou. - dou um murro na bancada e Endrick olha para minha mão e depois me encara.

- Pode ter uma explicação pra isso, eu sinceramente não acho que a Alice iria fazer uma coisa dessa, ela te ama e isso é muito claro, basta ver o jeito que ela te olha e outra, nem namorados vocês são, você não deveria a cobrar tanto assim.

Não respondo nada do que Endrick havia me dito mas de alguma forma aquilo me fez repensar sobre a forma que eu tratei Alice. Eu não poderia aceitar a idéia de que o que vivemos não significou nada para ela, só nós dois sabemos o quanto tudo foi intenso.

- E aí cachorro? - Murilo diz assim que entra na cozinha junto com Piquerez.

- E aí Ríos?! - Piquerez fala comigo e eu forço um sorriso para eles.

- E aí. - respondo e tomo todo whisky do meu copo de uma só vez.

- Eita, tá com sede hein, fio. - Murilo diz rindo e abre a geladeira, pegando gelo para preparar um copo de whisky.

- O que aconteceu, amiguinho? - Piquerez se senta na cadeira alta e me olha, esperando que eu explique algo.

- Não foi nada, é só que eu briguei com a Alice de novo.

- Porra, de novo? - Murilo pergunta após dar um gole em seu whisky.

- É, mas eu não quero mais falar sobre isso, eu quero só beber e ficar de boa.

- Alice foi embora? - Piquerez pergunta e eu o encaro.

- Foi mal. - ele levanta as mãos em rendição.

  Pego meu copo e saio da cozinha, indo até a área externa da casa, fico até bebendo e conversando com alguns amigos de Endrick e minutos depois Veiga e Lara também se juntam á nós.

- Essa festa não está com nada, vamos pra alguma balada? - Murilo pergunta depois de algum tempo e eu franzo o cenho.

- Em plena segunda-feira?

- E se a gente for naquele barzinho que fomos na última vez? - Piquerez sugere e eu acabo concordando, eu estava com raiva e queria descontar em algo, no caso, descontaria na bebida.

  Fomos eu, Piquerez e Murilo, cada um foi em seu carro e nós encontramos lá no bar.

- Incrível como aqui sempre está cheio. - Murilo diz enquanto acompanha uma loira com o olhar.

- E como tem mulher bonita. - o uruguaio diz olhando ao redor.

- Tem mesmo, mas hoje eu só quero saber de beber. - digo me sentando ali em uma das cadeiras altas junto ao balcão e eles fazem o mesmo.

  Não tinha lugar pior para eu inventar de estar naquele momento, Alice ama esse bar, era sua segunda casa enquanto ela estava fazendo faculdade.

  Ficamos bebendo e conversando por algumas horas e Murilo some depois de trocar olhares novamente com a tal loira, provavelmente estavam se pegando.

- Eu vou no banheiro. - Piquerez diz se levantando e ele provavelmente estava tão ruim quanto eu, naquele momento minha visão já estava turva.

  Pego meu celular e nego com a cabeça quando vejo os stories da Alice, incrível como eu sou apaixonado nessa mulher e  tenho certeza que dificilmente me apaixonarei assim de novo.

- Richard? - ouço uma voz de mulher e me viro.

- Oi? - digo confuso, provavelmente era alguma fã.

- Não lembra de mim? Sou a Ágatha, estudo teatro com a Alice.

- Ah, sim. - digo desanimado.

- E cadê ela? - ela pergunta olhando ao redor.

- Não estamos mais juntos.

- Como assim? O que aconteceu? - pergunta curiosa e eu respiro fundo antes de começar a falar.

- Lembra do que você falou sobre ela e o Kaique? Bom, acho que você estava certa.

- Poxa, eu sinto muito. - ela diz colocando a mão em seu ombro e logo se senta ao meu lado, me olhando - Infelizmente eu sabia que isso iria acontecer, eles tem uma química muito fora do normal. - abaixo a cabeça e concordo com ela - Desculpa, eu não quis te deixar mal, quer dizer, você já não está legal e eu...

- Tá tudo bem, eu entendi o que você quis dizer. - digo pegando o copo de whisky e o viro de uma vez.

- Tenho certeza que você vai encontrar alguém que realmente queira estar com você. - ela diz olhando em meus olhos e eu não sei exatamente se era a bebida ou se era coisa da minha cabeça, mas posso jurar que ela estava me dando mole.

- Pode ser. - digo olhando para as garrafas do bar, as encarando.

- Ou talvez você já tenha encontrado. - ela diz acariciando suavemente minha coxa e eu a olho.

- Como assim? - pergunto confuso e me viro, ficando de frente para ela.

- Assim. - diz se aproximando de mim e juntando nossos lábios, minha única reação foi segurar em sua cintura e continuo o beijo.

  Me afasto dela quando me dou conta do que estava fazendo e ela sorri.

- Tá tudo bem, eu não irei falar nada disso para Alice.

- O que tá acontecendo aqui? - Piquerez passa o braço por meu pescoço assim que volta e encara Ágatha.

- Essa é a Ágatha, amiga da Alice. - digo e Piquerez me encara.

- Acho que você já bebeu demais amiguinho, vamos embora. - ele diz de forma enrolada e eu nego com a cabeça.

- Mais já? Está tão cedo ainda. - Ágatha diz mostrando que horas são em seu celular.

- Meu amiguinho não está bem, ele tem que ir embora. - ele diz e eu o encaro.

- Não estou, é? - franzo o cenho.

- Não, e amanhã temos que acordar cedo e...

- Não temos não. - digo e Piquerez pisa em meu pé, me fazendo entender que ele queria me tirar de perto da Ágatha.

- Ata, é verdade.

- Então vamos, né?

- Vamos! - concordo.

  Me despeço da Ágatha e saio do barzinho junto com Piquerez.

- Que porra foi essa? - pergunto.

- Eu que pergunto, você gosta da Alice e foi ficar justo com a amiga dela?

- O que tem?

- O que tem é que as mulheres contam tudo uma para as outras e amanhã mesmo ela estará sabendo.

- Que se foda, eu sou solteiro mesmo.

- Você tá falando isso porque tá bebado, amanhã vai estar arrependido e vai me agradecer por eu não ter deixado acontecer coisa pior.

- O que vamos fazer agora? Quero continuar bebendo.

- Perto do meu apartamento tem um bar bacana de um amigo, quer ir pra lá?

- Vai na frente que eu te acompanho. - digo destravando meu carro.

O amigo de Piquerez se juntou a nós e ficamos bebendo juntos, eu já nem escutava mais o que eles diziam, eu já tinha bebido tanto que mal sabia aonde eu estava.

- O que está fazendo, cara? - pergunto enrolado para Piquerez quando vejo ele ligando para alguém.

- Estou ligando pra Alice.

- Pra que? Está louco? - tento pegar o celular dele.

- Alguém precisa te levar para casa junto com seu carro e de quebra vocês podem se resolver.

- Desliga essa porra. - digo me levantado e ele pede para eu ficar quieto assim que ela atende.

- Ela está vindo. - diz quando desliga o telefone e eu volto a me sentar na cadeira, me dando por vencido e sem forças nenhuma para questionar.

- Cadê ele? - ouço a voz dela e me viro para vê-la.

- Aí está! - Piquerez diz apontando para mim e eu mostro o dedo do meio para ele.

- Eu não pedi pra ninguém vir aqui, eu posso muito bem ir embora sozinho e...

- Claro que pode, olha pra sua situação, você não está nem conseguindo falar, Richard. - ela diz enquanto me encara.

- Relaxa, eu tô bem. - digo pegando meu copo de whisky e ela o tira de minha mão.

- Vamos embora, levanta que eu vou te deixar em casa. - a olho e ela cruza os braços - Vamos Richard, eu não tenho todo o tempo do mundo.

Me despeço de Piquerez e acompanho Alice.

- Obedece ela direitinho, tá? - Piquerez diz tirando onda de minha cara antes que eu entre no carro e eu o xingo.

- Tem certeza que sabe dirigir? - pergunto enquanto tento colocar o cinto de segurança e ela me olha séria.

- Você não está em condições de exigir muito não.

- Não está mais aqui quem falou. - digo fechando os olhos e apoio minha cabeça no encosto do carro.

  Acordo quando Alice guarda o carro na garagem e o desliga. Desço do carro e a entrego a chave de casa assim como ela pediu.

  Subo as escadas com uma certa dificuldade e Alice sobe atrás de mim, sem dizer uma palavra sequer.

  Me jogo na cama quando entro no quarto e fecho os olhos.

- Não acha melhor ir tomar um banho para melhorar dessa cachaça? - ela pergunta e eu abro os olhos, a olhando.

- Eu vou. - tiro meu tênis e vou até o banheiro.

- Quer ajuda? - ela pergunta indo até a porta do banheiro e eu nego com a cabeça.

  Alice vai até o box e mexe em algo no chuveiro e logo sai do banheiro, eu tiro minhas roupas e entro no box, xingo assim que sinto a água gelada em meu corpo mas logo me acostumo com a temperatura e fico ali por alguns bons minutos até me sentir um pouco melhor.

  Saio de toalha e vejo Alice sentada na cama com a cabeça encostada na cabeceira, cochilando.

- Desculpa por isso, eu realmente não queria que o Piquerez te ligasse. - digo sem jeito e ela abre os olhos, me encarando.

- Tudo bem, não tem problema, agora que você já está melhor, eu vou embora. - diz se levantando e eu pego em seu braço.

- Não vai, ja está tarde pra você ir embora, dorme aqui. - Digo a olhando nos olhos.

- Acho melhor não.

- Desculpa pelas coisas que eu te falei, eu não queria ter dito nada daquilo e muito menos que você tivesse saísse daqui de casa da forma que saiu. - ela concorda com a cabeça - Eu não fui sincero quando disse que não valeu a pena ter insistido em você.

- Eu só queria que você tivesse acreditado em mim, Richard, eu nunca iria trair sua confiança depois da conversa que tivemos, achei que estava claro que eu queria fazer isso dar certo tanto quanto você.

- Eu sei que eu errei, mas não era uma situação fácil para mim também, eu fiquei louco quando vi aquela foto.

- Naquele dia o Kaique se declarou para mim e me beijou de surpresa mas eu o cortei imediatamente. - ela diz me olhando intensamente - Eu o cortei porque eu te amo, Richard e porque eu não queria te perder.

- Desculpa por ter desconfiado de você, eu te amo também, dona encrenca. - acaricio seu rosto e pressiono meus lábios nos seus, a dando um selinho que logo se torna um beijo calmo e que com certeza esclarecia muita coisa.

  Sorrio quando finalizamos o beijo e a puxo para um abraço, beijando o topo de sua cabeça.

- Foram os dois dias mais longos de toda minha vida. - digo sincero e ela sorri, se afastando um pouco de mim e me olhando.

- Prometo não esconder mais nada de você daqui pra frente. - ela diz acariciando meu rosto e eu pego sua mão, depositando um beijo.

  Visto uma cueca e me deito, chamando Alice para se deitar junto comigo e a abraço assim que ela se deita sobre meu peito, eu enfim conseguia me sentir em paz novamente pelo simples fato de estar ao seu lado.

- Boa noite, meu amor. - digo reforçando meu abraço.

- Boa noite, amor. - sorrio ao ouvir ela me chamar de "amor", eu ainda não tinha me acostumado com isso.

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