Capítulo 16
"Eu sou eu, aí você chega e eu sei lá."
POV's Alice Ferreira
- Ah, deixa quieto. - reviro meus olhos com o suspense que ele fez para nada.
- Eu não sei porque eu ainda perco meu tempo com você. - tiro meu cinto e ele segura em meu braço - O que foi? - pergunto sem paciência.
- Vamos parar com isso, sério. - olho para ele e solto um sorrisinho, me fazendo de desentendida.
- Isso o que?
- Você sabe, essas provocações... - Richard olha intensamente em meus olhos e eu engulo seco quando ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha, em seguida acariciando meu rosto.
- Por que? - pergunto enquanto intercalo meu olhar entre seus olhos castanhos e seus lábios rosados.
- Porque eu acredito que nós dois podemos ser bem melhores sem precisar disso. - Richard se inclina e passa a mão por minha nuca, ainda mantendo o olhar fixo no meu, ele encosta seus lábios nos meus e os move lentamente, como se pedisse permissão e eu abro minha boca para poder retribuir o beijo.
Uma de suas mãos desce até minha cintura, a apertando, me fazendo arfar em meio ao beijo. Fecho meus olhos para aproveitar cada parte daquele beijo, dessa vez não havia pressa, pelo contrário, parecia que nós dois queríamos aproveitar ao máximo daquele momento, terminamos o beijo com alguns selinhos e permanecemos com as testas juntas por alguns segundos, enquanto isso eu sentia meu coração acelerado como não sentia a muito tempo.
- Obrigada pela carona. - digo pegando minha bolsa e me virando para abrir a porta do carro.
- Você vai embora assim, sem falar nada? - pergunta incrédulo.
- É Richard, tchau. - saio do carro e fecho a porta o mais rápido que eu pude.
Pode parecer estranho mas eu tinha ficado assustada com a conexão que tivemos nesse beijo, eu senti uma coisa diferente, senti um frio na barriga absurdo e um medo maior ainda.
...
- Tá escutando o que eu estou falando, Alice? - Lara chama minha atenção e eu a olho rapidamente.
- Desculpa, eu estava viajando. - pego meu copo de cerveja e tomo o restante que tinha no copo todo de uma vez.
Para variar eu e Lara estávamos matando aula em um barzinho que tinha perto da faculdade, foi assim basicamente a semana toda, fomos para a faculdade somente dois dias dessa semana.
Depois do que aconteceu no carro do Richard eu estava o evitando, até as mensagens que ele me mandava eu não respondia, em contrapartida eu e Murilo estávamos nos dando muito bem, saímos uma vez para um restaurante e foi bem legal, mas não aconteceu nada demais, por incrível que pareça eu não sou dessas.
- É por causa do colombiano? Você está gostando dele, né?
- Não, óbvio que não. - franzo o cenho - Eu não gosto nem de mim mesma, imagina de outra pessoa. - Lara solta uma risada com o que eu falo.
- Eu acho que você está se enganando, eu não entendo, se você gosta dele porque você tá ficando com o Murilo?
- Primeiro, eu não gosto dele e segundo, eu fiquei com o Murilo primeiro, ué.
- Então se você não está gostando de ninguém, aproveita que tem um gatinho ali que não para de te olhar.
Olho para trás e o loiro dos olhos azuis abre um sorriso enorme, acenando para mim.
- Ele é gato, mas eu não tô muito afim não. - falo desanimada.
- Você é uma chata, se é para ficar nessa bad, era melhor a gente ter ido para a faculdade e ter encarado a aula do professor Luiz.
- Nem morta, esse cara é insuportável. - faço careta, rindo.
Luiz é o nosso professor de direito penal e eu juro que quando ele começa a falar eu tenho vontade de me matar de tanto que ele é chato e sem falar que não é raro você ver as pessoas dormindo na aula dele.
Não demorou muito para o loiro e seu amigo se juntarem a nós, eles foram bem legais até, achei que seriam inconvenientes mas não foram. Ficamos bebendo até tarde e assim que eu me despedi dele, ele pediu meu número e eu passei, afinal que mal teria nisso?
Lara me deixou em casa e assim que eu abro a porta eu vejo Abel ali na sala, igual uma assombração.
- Porra, que susto! - coloco a mão no peito.
- Como foi a faculdade?
- Normal, as aulas são insuportáveis para variar. - digo dando ombros e ele solta uma risada irônica.
- Sabe o que é engraçado? Eu fui na sua faculdade hoje e descobri que nessas duas semanas você só foi para a faculdade quatro vezes.
- Foram quatro dias difíceis. - sorrio cínica e Abel me encara, nitidamente bravo.
- Alice, eu estou falando sério com você, eu não pago uma faculdade caríssima para você fazer isso.
- Você paga porque quer, eu nunca pedi nada, muito pelo contrário. - digo simples e ele passa a mão pelo rosto, impaciente.
- Eu pago porque sua mãe quer que você seja alguém no futuro, eu pago porque é isso que qualquer pai com condições deveria fazer.
- Ok, legal, mas isso não é o que eu quero, eu quero ser artista.
- E você acha que isso é vida pra você?
- Me fala uma coisa, quando você decidiu ser jogador, a sua família te apoiou? - olho para ele que pela primeira vez na vida permaneceu calado.
- Não. - respondeu depois de um longo tempo.
- E se eles te obrigassem a ser um advogado de sucesso apenas porque eles pagam sua faculdade? - espero a resposta dele que mais uma vez ficou calado - Acho melhor você pensar bem no quanto está repetindo as atitudes dos meus avós.
Subo para o quarto e tomo um banho demorado antes de cair na cama.
- Heleninha, me passa o iogurte, por favor? - peço gentilmente na manhã seguinte, enquanto tomávamos café.
- Está gostando do Brasil? - pergunta curiosa.
- Na verdade eu estou gostando bem mais do que imaginei.
- Eu sabia, o Brasil tem muita coisa boa, tem muitos lugares bonitos para conhecer também.
- Bom dia! - Abel diz enquanto entra na cozinha e rapidamente puxa uma cadeira para se sentar.
- Bom dia! - respondemos juntas.
- Vai ir para o CT hoje? - Abel pergunta, já que há dois atrás eu disse que queria ir lá no sábado.
- Vou sim. - me levanto da mesa para que eu possa me arrumar.
- Espera, eu quero falar com você, senta aí. - ele diz num tom suave e eu franzo o cenho.
- O que foi agora?
- Você quer sair da faculdade para se dedicar ao meio artístico? Pode sair. - o olho confusa, sem saber se ele estava falando sério ou se ele estava me ameaçando.
- Não entendi. - cruzo os braços para escutar o que ele tinha a dizer.
- Quando eu era mais novo eu sonhava em ser um jogador de futebol e seus avós nunca me apoiaram, diziam que eu nunca teria futuro com essa vida e bem, cá estou eu.
- Você tá falando sério?
- Sim, Alice, se esse é o seu sonho então corra atrás disso.
Sorri largo e pela primeira vez em muito tempo eu o abraço.
- Muito obrigado, juro que você não vai se arrepender! - digo contente.
- É negócio agora é: como eu vou falar isso para a sua mãe?
- Relaxa, nós vamos dar um jeito. - beijo sua bochecha e subo correndo para o quarto.
- Agora sim ela está feliz! - Helena diz sorrindo largo.
- Acho que pela primeira vez na vida ela me viu como um pai. - Abel diz emocionado.
Assim que eu chego no CT, eu resolvo dar uma volta por lá, afinal por aqui tem várias pessoas legais que eu já fiz amizade.
- Olha só quem apareceu! - meu sorriso se desfaz quando eu vejo Richard e logo dou um passo pra frente, sendo puxada por ele em seguida.
- O que foi, hein? - pergunto ríspida.
- O que foi digo eu, do nada você começou a me ignorar, achei que a gente tava começando a se entender.
Olho em volta, vendo que tinha muitas pessoas por ali.
- Vamos conversar em outro lugar, aqui tem muita gente.
Fomos para um lugar onde não tinha ninguém e eu cruzo os braços, o encarando.
- O que eu fiz, pô? Porra, você nem responde mais as mensagens que eu mando.
- Ai Richard, e porque você se importa tanto? - franzo o cenho.
- Porque eu me importo com você, isso não ficou claro ainda? - ele diz sério.
- Não deveria. - respondo de forma seca.
- Para com isso, Alice! - agora ele fala em um tom mais elevado - Eu sei que você também sente o mesmo.
- Sentir o mesmo? - solto uma risada - Faz favor, Richard!
- Ah é? Então porque você foi embora depois que nos beijamos no carro aquele dia? Porque depois disso você começou a me ignorar?
- Porque eu quis, ué. Eu não preciso de motivo para fazer nada. - digo simples e ele solta uma risada como quem não acreditasse em nada do que eu dissesse.
- Ah é Alice, porque você quis? Então prova que você não sente nada por mim! - Richard me puxa pela cintura e toma meus lábios em um beijo, foi tão rápido que quando eu me dei conta nós já estávamos envolvidos em um beijo longo e intenso.
- QUE PORRA É ESSA? - me afasto dele quando escuto aquela voz e encaro Richard.
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