Capítulo 1

        "Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo."

                POV's Alice Ferreira

  Reviro os olhos assim que me viro e vejo minha mãe chorando.

- Vendo assim nem parece que sou eu que estou sendo despachada para outro país. - Digo em um tom irônico.

- Não diga isso minha filha, você sabe o quanto eu amo você. - Ela passa as mãos por meu rosto e eu me afasto dela, evitando aquele contato desnecessário.

- Chega com esse drama todo, dona Suzana. - Digo sem paciência, porém de forma suave.

  Eu estava sem paciência nenhuma para aquele chororô já que estou prestes a entrar em um avião com passagem só de ida para o Brasil, para ficar com o meu "queridíssimo" pai Abel Ferreira.

  Bem que dizem que não há nada que está ruim que não possa piorar.

- Minha filha, senta aqui. - Ela me puxa para que nos sentássemos em algumas das cadeiras que tinha ali no aeroporto - Você sabe o quanto isso será importante para você...

- Claro, deixar a Europa e ir para o Brasil com certeza será muito importante para mim. - Digo em um tom irônico, a cortando.

- Alice, você está sem controle aqui, e eu não tenho mais forças nenhuma para ao menos tentar te colocar na linha, já faz mais de duas semanas que você não vai para a faculdade, que por sinal é a única coisa que você faz na vida além de ir para festas.

- Eu falei que iria voltar a ir para a faculdade...

- Lá eu tenho certeza que você vai, afinal o seu pai tem todos defeitos do mundo mas ele sabe como ninguém impor limites, coisa que eu nunca fiz com você. Esse foi o meu maior erro como mãe, eu quis tanto ser uma boa mãe que acabei te deixando muito solta e deu no que deu.

- Tenho que ir. - Me levanto, pegando minha bolsa de lado da prada e colocando no ombro, sem me importar com nada daquela baboseira que ela estava falando.

- Boa viagem, minha filha, que Deus te acompanhe! - Ela me abraça forte e volta a chorar em meu ombro - Sempre que você tiver de férias você pode vim ficar comigo.

- Se cuida, tá?!

  É a última coisa que eu falo antes de sair puxando minha bagagem de mão.

  Bom, eu sou a primeira filha de Abel, a filha que ele teve em seu primeiro casamento, ele e minha mãe se casaram quando eram muito jovens ainda, minha mãe nem se fala, já que ela tinha apenas 17 anos de idade. Eles ficaram juntos por seis anos e depois o casamento chegou ao fim por conta das diversas brigas que eles tinham.

  Eu lembro de algumas coisas, mas a maioria são cenas deles brigando. Minha mãe ficou com a minha guarda e o Abel se casou novamente, tendo mais duas meninas, que por sinal eu tinha visto apenas duas vezes.

  Minha mãe não está totalmente errada quando fala que eu dou trabalho para ela, já que nos últimos meses eu não havia perdido uma festa sequer e a maioria das festas eram em outros países, esse é o lado bom de morar na Europa, você pode ir para outros países aos finais de semana.

  Olho para trás e sinto um aperto no coração, eu vou sentir muita falta dela mas eu jamais deixaria ela saber disso já que eu estou muito magoada por ela me mandar ficar com esse senhor que eu mal conhecia. É exatamente isso o que Abel era para mim já que eu estive com ele pouquíssimas vezes.

  Assim que embarco no avião, eu estico minhas pernas e encosto minhas costas, pelo menos a passagem era na classe executiva.

Olho pela janela do avião e não consigo evitar as lágrimas que escorrem pelo meu rosto, me fazendo passar a mão pelo rosto, imediatamente as secando.

  Eu amo esse país, Portugal é um dos melhores lugares para se viver, eu amo morar na Europa e amo os amigos que tenho aqui, apesar de todos serem doidos, eu amo eles.

  Dormi basicamente a viagem inteira e não vou negar que por algumas vezes eu cheguei a desejar que o avião caísse apenas para eu não ter que desembarcar no Brasil, não que eu não goste do Brasil, eu gosto muito do clima, das músicas, das pessoas mas o meu lugar é em Portugal e é para lá que eu quero voltar.

  Talvez se eu infernizar a vida do Abel, ele possa fazer igual minha mãe, abrir mão de mim e me despachar de volta para Portugal. Sorrio pensando em como isso é genial, com certeza ele não vai me aguentar por muito tempo, pelo o que fiquei sabendo, ele está quase ficando louco no time que está, imagina se vai querer mais alguém para dar dor de cabeça para ele?!

  Desço do avião e vou pegar minhas malas que foram despachadas, as coloquei em um carrinho e fui para a sala de desembarque. Olhei em volta e lá estava ele segurando uma plaquinha escrita "Bem-vinda Alice".

  Revirei os olhos por aquela breguice e fui até ele que estava sozinho por sinal. O que não era nenhuma surpresa já que ele está morando sozinho aqui no Brasil, a esposa e suas duas filhas só vem para o Brasil para visitar ele e pelo o que fiquei sabendo, de vez em nunca.

- Minha filha, como você está linda! - Franzo o cenho, percebendo que ele estava perdendo seu sotaque português, e não era só isso, ele parecia uns dez anos mais velho desde a última vez que o vi.

- O que aconteceu com você? - Faço careta enquanto ele me abraça.

- Palmeiras, é isso que aconteceu comigo, Alice! Você tá achando que é fácil ser técnico de um time como esse? - Ele pega o carrinho de malas e me abraça de lado, indo em direção ao estacionamento - E como sua mãe está?

- Louca como sempre. - Digo de forma tranquila e ele me olha.

- Não diga isso dela, ela está muito preocupada com você.

- Eu estou com fome, será que podemos passar em algum lugar pra comer? - Mudo de assunto.

- Claro, vamos sim, tem um restaurante perto de casa que você irá adorar.

  Passamos no tal restaurante e realmente era muito boa a comida e o lugar era bem chique. Abel me encheu de perguntas sobre a minha faculdade de direito que eu havia trancado a alguns dias.

  Eu odiava a faculdade, já que o meu sonho é  fazer parte do meio artístico, mas para variar eu não podia escolher algo que não me daria um futuro, segundo meus pais.

  O jantar foi até um pouco melhor do que eu imaginei, ele está tentado manter a pose de paizão, então com certeza era por isso que estava sendo legal.

  Assim que chegamos em seu apartamento, ele me mostrou o quarto que eu ficaria, era bem grande e aparentemente foi decorado especialmente para mim, eu estava até supresa mas não quis demonstrar.

  Deixei minhas malas no canto e fui tomar um  banho longo, não demorou muito para eu pegar no sono assim que sai do banho, nem ao menos me troquei, acabei dormindo de roupão mesmo.

  Acordei cedo no dia seguinte que já eu havia dormido cedo, a primeira coisa que eu faço é pegar meu celular e sorrio quando recebo uma mensagem de um amigo meu falando que está no Brasil e que podemos nos encontrar para ir para balada, eu simplesmente amei a idéia.

  Me visto e desço para tomar café, cumprimento a moça que trabalha aqui e me sento à mesa, não demorando muito para Abel se sentar também.

- Bom dia Helena! - Sorri para a mulher de cabelos grisalhos que aparenta ter uns 55 anos e sorri largo para mim - Como passou a noite, minha filha?

- Bem. - Digo pegando o iogurte que estava na mesa.

- Que menina mais linda é a Alice! - Helena diz simpática e eu sorrio, agradecendo.

- E eu lá sou homem de fazer filhas feias? - Ele diz brincalhão.

- Na verdade eu puxei para minha mãe. - Digo na intenção de tirar o sorrisinho que ele tinha em seu rosto.

- Não posso negar, a mãe da Alice é muito linda mesmo e com certeza ela não herdou esses olhos verdes de mim.

  Comemos em silêncio e algumas vezes eu respondia as mensagens que chegaram no meu celular.

- Alice, será que tem como você comer sem mexer no celular?

- Desculpa, é que estou falando com um amigo meu que está no Brasil, ele me chamou para ir em uma festa hoje, não tem problema se eu for, né?

- Você chegou ontem e já quer sair? - Arqueia a sobrancelha.

- É uma oportunidade única, meu amigo vai embora amanhã mesmo, por favor, eu juro que depois dessa eu irei maneirar. - óbvio que eu estava blefando.

- Olha lá hein, eu vou confiar em você.

- Obrigada. - Sorrio vitoriosa.

- Bom, hoje nós não temos treino porque temos jogo, mas amanhã mesmo eu quero que você conheça onde eu trabalho, tá certo?

- Aham.

  Abel se despede de mim e eu corro para meu quarto, procurando a roupa que eu usaria hoje, com certeza deve ser uma balada cheio de pessoas importantes já que o meu amigo só anda com pessoas desse tipo.


Voltarei quando tiver bastante comentários🤭❤️‍🔥

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