Cap. 15 - Nada Normal

Nós chegamos em casa junto com meu pai e tomamos café no lugar do jantar, pois ninguém estava com vontade de comida. Tentei fugir de diálogos e disse estar com dor de cabeça. Minha mãe me entregou um comprimido, que fingi engolir, e subi direto para o quarto. Fiquei ouvindo música deitada na cama e fechei os olhos, lembrando do sorriso que tomara conta do meu rosto quando o irmão de Ally me enviara as mensagens. Não pude deixar de pensar que era um tola por isso. Não deveria ficar feliz ao receber mensagens dele, era apenas um amigo, mas meu cérebro teimava em dizer que mensagens de amigos também eram capazes de nos deixar felizes. Sim, verdade. Mas no fundo, sabia o que realmente me fazia ficar tão alegre e tentava desesperadamente ignorar isso.

Meu cérebro estava insistindo demais no que queria ignorar, por isso decidi limpar a mente e tentar dormir o quanto antes. Deitei na cama virada de lado, desliguei a música e nem me importei de trocar a calça jeans por outra mais confortável. Dormi pensando em como seria o encontro do dia seguinte, mesmo que me repreendesse cada vez que me pegava pensando nisso.

Naquela noite, sonhei que andava por um longo corredor escuro e na parede tinha vislumbres de vários quadros de pessoas que desconhecia. Parecia caminhar como se quisesse me esconder, outro vislumbre dos quadros, e me veio à cabeça que talvez conhecesse aquelas pessoas, apenas não me lembrava de seus nomes. Estava em trajes de festa, algo como um vestido de princesa. Estaria fugindo de algum baile? Isso é ridículo! Por que fugiria de um baile? Em determinado momento, comecei a descer uma escadaria e percebi que algumas pessoas me acompanhavam, mas não consegui ver seus rostos, apenas seus trajes luxuosos. Nosso grupo corria depressa de algo que estava atrás de nós e lembro-me de ter entrado em algum outro lugar. Depois disso o sonho ficou cada vez mais turvo e enevoado até desaparecer completamente.

Acordei um pouco abalada pensando nesse sonho e no que poderia significar. Nunca me achei supersticiosa, mas estou começando a achar que sou. Acredito que os sonhos sejam a única porta que ainda liga os seres humanos a alguma espécie de magia de um mundo inexplorado, diferente.

Levantei da cama e fiz o de costume para me preparar para mais um dia. Terminei de me arrumar e me despedi dos meus pais e do meu irmão. Meu pai estava atrasado e por isso o encontrei na cozinha quando desci. Me ofereceu uma carona e como estava sem vontade de caminhar até a escola, aceitei. Cheguei rápido demais e sentei-me no banco onde costumava esperar o sinal bater. Fiquei sozinha e comecei a mexer no celular para passar o tempo. Quase ninguém havia chegado no momento. Um longo tempo havia se passado e Ally não aparecia, faltava cinco minutos para o sinal tocar e ainda não havia chegado. Será que faltaria de novo? No mesmo instante recebi uma mensagem de texto. Era Ally.

"Desculpa, vou faltar de novo, estou com alguns problemas com meus pais e... com meu irmão. Não fique preocupada, logo vamos nos acertar. Bjs."

Problemas? Que tipo de problemas? O que está acontecendo com ela, o irmão e os pais? Precisava saber. Apesar do pouco tempo que nos conhecíamos, nos tornamos grandes amigas como se tivéssemos até nascido e sido criadas juntas. Certa vez li que existem vários tipos de almas gêmeas e um desses tipos são aqueles amigos que inexplicavelmente se unem ao acaso e o tempo não interfere na amizade ou na lealdade. Talvez fôssemos esse tipo de alma gêmea. Confiávamos uma na outra. Pelo menos pensava que sim.... Precisava ir atrás dela. Liguei para minha mãe e informei que almoçaria com uma amiga no Coffe's Point e estava tão animada para me informar que quando voltasse teria uma grande surpresa, que nem perguntou com quem iria. Só me pediu para não demorar.

Ao término da aula, tentei ligar diversas vezes para Ally enquanto seguia para o café no centro, mas não retornou minhas ligações e nem minhas mensagens. Instantaneamente fiquei ainda mais preocupada, mas tentei ser racional: "talvez ela não estivesse perto do celular...". Entrei no café e fiz meu pedido, bem avesso para um almoço: duas rosquinhas de chocolate com um copo médio de cappuccino. Coloquei alguns cubinhos de açúcar no copo e comecei a mexer distraidamente até uma figura sentar na cadeira vaga que estava na minha frente. Ergui o olhar e vi uma garota de óculos escuros, branca como a neve, me observava com expressão gélida.

— Perdão, posso ajudar? — Disse um pouco insegura.

— Claro. — Sua voz era fina e anasalada, não gostaria de ouvi-la por muito tempo. — Quero companhia para comer.

— Entendi. — Dei uma boa olhada no lugar e várias das mesas estavam preenchidas com uma ou duas pessoas. Por que ela escolhera justamente a minha? Será que me pediria para pagar? Não parecia estar sem dinheiro, levando em conta sua enorme bolsa de marca. — Como se chama?

— Ana Leone. — Respondeu a garota com um sorriso metido. Com certeza já não estava gostando dela. — E você?

— Analice Martini. — Beberiquei o cappuccino e desviei um pouco o olhar pela janela. Não consegui ver a cor dos cabelos da garota, pois um lenço de tecido leve e bonito cobria quase toda a sua cabeça. Seria indiana ou mulçumana? Não... a saia curta que vestia desmentia essa ilusão. Estava com uma regata branca e uma sandália preta de salto exageradamente alto, combinando com o lenço e a bolsa. Estaria tentando passar despercebida? Seria alguma celebridade local? Duvido...

— Ah. Sim. Adorei te conhecer. — Agora seu sorriso era maldoso e por algum motivo senti meu sangue gelar. Seria uma psicopata? O que deveria fazer? Estaria armada?

— Eu também. Pode me dar licença? Preciso ir ao banheiro. — Levantei-me rapidamente e agarrei minha mochila.

— Claro, mas não prefere deixar a mochila aqui? — Suas sobrancelhas se juntaram numa expressão confusa e formaram uma ruga quase imperceptível em seu rosto de porcelana. Eu era muito pálida, mas essa garota ganhava de mim. Pela cor de suas sobrancelhas pude deduzir que o cabelo era ruivo, mas talvez o tingisse...

— Não. É uma "emergência". — Menti e voei para o banheiro, mas desviei e saí pela porta dos fundos, que ficava no mesmo corredor.

Enquanto caminhava a passos largos pela rua, não pude deixar de me sentir idiota pelo que acabara de fazer, mas se meu sexto sentido dizia "fuja" era com certeza para obedecer. Afinal, da última vez que o desobedeci, quase morri no bosque por causa de um carnívoro de porte grande. Durante todo o percurso, meus pensamentos se alternavam entre a notícia que minha mãe queria me dar, os problemas de Ally e do irmão com a família e uma sensação estranha de estar sendo observada. Repetidas vezes parei de caminhar e olhei para trás, mas não havia ninguém me seguindo. Quando entrei na rua de casa, comecei a observar atentamente as árvores, mas nada me espreitava dali. Será que estava ficando maluca?

— Mãe? — Bati duas vezes na madeira do batente da porta para anunciar minha chegada.

— Oiiii! — Uma voz conhecida falou e de repente alguém pulou dos degraus da escada para a sala.

— Mari! — Larguei a mochila no chão e corri para abraçar minha amiga.

— Quem mais seria? — Riu, retribuindo o abraço.

— Não, espera! Você já se mudou? — Disse surpresa e voltei para fechar a porta e pegar minha mochila.

— Não. Eu e minha mãe viemos apenas passar o fim de semana aqui enquanto a papelada não fica pronta. Nossas mães combinaram tudo e minha mãe só me disse que faríamos uma visita anteontem! — Sorria alegre, mas notei que possuía olheiras debaixo dos olhos e isso só podia significar que a depressão estava querendo voltar. Sua pele também estava mais pálida que o normal e isso me deixou preocupada. Nossas mães entraram na sala e cumprimentei a mãe de Mari.

— Oi, tia Jéssica!

— Gostaram da surpresa? — Falou depois de me soltar do abraço.

— Claro! — Dissemos juntas. Então me lembrei do encontro que tinha essa noite e não pude deixar de sentir um pouco de tristeza ao pensar que teria que cancelá-lo.

— O que foi, Ani? — Mari estava me encarando e nossas mães já tinham seguido para a cozinha.

— Tenho que te contar umas coisas. — Sussurrei e a puxei pelo braço escada acima.

— Oba! Adoro fofoca! — Enquanto sentava na cama, corri para fechar a porta e logo sentei ao seu lado. — Certo, certo. O que foi?

— Não sei nem como explicar... — fiz uma longa pausa e percebi que minha amiga tentava conter a ansiedade. — Mari, aconteceu logo que vim para cá. Tive vontade de passear naquele bosque que tem aqui perto de casa, sabe? — Esperei que assentisse para continuar. — Eu seria atacada por um bicho selvagem, mas um garoto me salvou.

— OH MEU DEUS! Você não se machucou, não é? Ai! Isso é tão perigoso e romântico! — Bateu palmas de uma forma ridícula e tentei não rir.

— Não me machuquei. Acalme-se. Nós nos tornamos amigos e....

— Calma. Então o garoto só te salvou tipo super-herói e pronto? Nenhum dos dois se feriu?

— Ele se machucou bastante e tive que telefonar para a ambulância. — Menti. — Mas a ambulância não chegava e telefonei para alguns garotos que conheci no café da cidade logo que cheguei. Eles levaram o rapaz para o hospital, mas não pude ir junto. Na verdade, nem de casa devia ter saído. Estava de castigo.

— Nossa. Você de castigo? Outra novidade. — Riu e esperei que parasse para continuar. — Eles ajudaram o rapaz, mas fiquei muito tempo sem notícia. Por acaso, acabei conhecendo uma das irmãs dele no primeiro dia de aula e ficamos amigas.

— Não vai me trocar não!

— Não. Claro que não. As duas são minhas melhores amigas.

— Certo. Continue. — Puxou os joelhos para cima e os abraçou como uma criança.

— Bem... acabei descobrindo que ele era irmão dela e o encontrei novamente quando fui a sua casa. — Dei mais uma longa pausa, buscando tempo de reinventar um pouco a história e para que pudesse omitir alguns fatos que não poderia saber. — Descobri que estava bem e começamos a nos falar bastante, nos tornamos amigos, até que ouvi dizer que estava falando mal de mim pelas costas e acreditei antes mesmo de falar com ele. Fiquei muito brava e brigamos. Ontem, ele me mandou mensagem me chamando para jantar com a irmã e um amigo hoje à noite e aceitei.

— OH! MEU! DEUS! — Mari levou as mãos em concha em direção a boca.

— O que foi?

— Você tem um encontro!

— Não é um encontro.

— Sua mãe sabe?

— Não.

— Como pretende ir?

— Não posso ir...

— Por quê?

— Minha mãe não vai deixar sair de casa. Você e sua mãe são nossas visitas, estou muito feliz em vê-la. Não pense besteira, está bem? Só estou dizendo que... — fui interrompida pelo chamado de minha mãe para um lanche da tarde. Tinha acabado de almoçar, mas ela tinha feito bolo de chocolate...

Quando voltamos ao quarto lembrei que tinha tarefa de casa, mas deixei para fazer no domingo; precisava dar atenção a minha amiga. Ficamos conversando por um bom tempo até que minha mãe enfiou a cabeça pela fresta da porta e disse que tia Annie tinha me convidado para dormir lá hoje. Mari e eu nos entreolhamos e minha mãe começou a dizer que era para recusar a oferta, mas Mari foi mais rápida, dizendo que adoraria conhecer a tia Annie. Agradeci mentalmente por isso. Nossas mães permitiram que fôssemos e imediatamente começamos a arrumar nossas coisas, assim que terminamos, descemos a escada correndo. Nossas mães foram na frente do veículo enquanto Mari, Renan e eu fomos atrás, mal contendo a empolgação. Chegamos à casa de tia Annie, que nos recebeu com um enorme sorriso, nos abraçou forte e acenou para nossas mães. Estranhei o comportamento da minha tia, nem chamara minha mãe e a de Mari para entrar um pouco... não era de seu costume.

— E então, meninas? O quem contam de novo? — Tia Annie fechou a porta enquanto nos acomodávamos no sofá. Não precisei apresentá-la a Mari, pois insistia que logo a conheceria tão bem quanto eu.

— Não há muito o que dizer... — dei de ombros.

— Agora vocês poderiam subir e se instalar nos quartos, certo? Logo sua amiga Ally deve chegar. — Seguiu para a cozinha e me senti completamente confusa. Por que Ally viria aqui? Subimos as escadas até o segundo andar e indiquei o quarto de hóspedes a minha amiga, que era de frente ao meu. Meu quarto era decorado para parecer um castelo, uma escolha minha de quando era criança e o tio Camillo se ofereceu para mudar a decoração à minha escolha. Admito que não me incomoda nem um pouco que ainda seja assim, continuo gostando desse tipo de coisa. O quarto de Mari foi decorado em estilo campestre, piso de madeira e paredes em tom de bege, quase branco, o resto da decoração acompanhando esses tons.

— Gostou do quarto?

— Sim. É lindo!

— É mesmo... — comentei enquanto analisava cada canto. Me lembrava dessa casa tão bem...

— Pode arrumar suas coisas, eu me viro aqui! — Colocou a mala na cama e sorriu.

— Ok.

Entrei no meu quarto e absorvi cada detalhe. Ainda bem que nunca gostei de castelos encantados, não suportaria a decoração toda rosa e lilás... A decoração do meu quarto era em estilo Royal, em tons de branco, vermelho e dourado. A cama possuía um dossel, coisa que sempre quis quando criança e o tio Camillo construiu para mim, enquanto tia Annie fazia as delicadas cortinas. Sentei na cama de costas para a porta e comecei a desfazer a pequena mala.

— Não se preocupe, vou te ajudar. — A voz de tia Annie me assustou e dei um pequeno pulo me virando em sua direção.

— Tia? Ajudar em quê? — Um sorriso despontou em seu rosto e chegou mais perto.

— Encontrar seu namorado.

— Namorado? — Demorei alguns segundos até entender o que quis dizer. — Ah!... Não. Ele não é meu namorado.

— Seu amigo, então. Por que se encontram escondidos? — Sua voz se manteve baixa durante toda a conversa, como se sussurrasse algum tipo de segredo.

— Pensei que soubesse de tudo...

— O que exatamente não sei? — Seus olhos possuíam um brilho astuto e sua expressão era divertida.

— Ah... nada. Minha mãe não gosta muito desse meu amigo. Ela pensa que namoro um outro amigo meu, que me leva para casa sempre que pode. — Não sei porquê, mas me senti muito mal por mentir e de alguma forma, sentia que ela sabia a verdade e podia ver minha mentira.

— Entendi. Eles virão buscá-la?

— Eles?

— Sei que o encontro não é só com o garoto.

— Ah. Acho que sim. Vou telefonar e perguntar. Preciso mesmo avisar que estou aqui.

— Está bem. Você e sua amiga podem ficar à vontade. Vou estar na cozinha preparando um lanche. — Sorriu e saiu do quarto tão rápido quanto entrou. Mari estava entrando no cômodo.

— Seu quarto é simplesmente... medieval! — Ria enquanto observava os detalhes.

— É. Sempre gostei assim.

— É mesmo muito bonito.

— Quer ver o resto da casa?

— Sim. Vamos.

Andamos por todos os cômodos da casa de tia Annie até chegar a vez do jardim dos fundos, mas Mari quis ver imediatamente a casa na árvore, ignorando todas as flores e pequenas árvores ao nosso redor. Ignoramos também o porão e o sótão.

— A vista é linda...

— Sim. — Disse automaticamente, sem prestar muita atenção no que falava.

— Está tudo bem com você?

— Sim. Por quê?

— Está quieta...

— Estou com um pouco de dor de garganta.

— Mentirosa. Está assim por causa do encontro. — Falou uma voz vindo detrás de nós.

— Quem é você? — Mari perguntou enquanto nos virávamos.

— Essa é Ally.

— Olá, prazer em conhecê-la! — Abriu um sorriso radiante.

— Sou a Mari, o prazer é todo meu.

— Tudo bem, Ally? Você disse que estava com problemas... — tentei demonstrar o quanto fiquei preocupada por meio da minha expressão.

— Sim. É que... ela já sabe? — Ally olhou de Mari para mim e vice-versa.

— Do encontro? Sei. — Mari se adiantou.

— Não. Não é isso. — Sorriu de leve.

— Não, ela não sabe.

— Acha que podemos confiar nela? — Lançou a Mari um olhar de análise.

— Acho que sim...

— Confiar em mim para quê? — Mari estava com uma expressão confusa.

— Vamos a um encontro que... não é exatamente normal. — Explicou deixando um quê de mistério no ar.

— Ai meu Deus! Por quê? Vocês não pretendem sair sem pagar, não é?

— Não! — Dissemos juntas, mas depois Ally assumiu a palavra. — Nem todos serão humanos.

— Vocês vão invocar espíritos? — Os olhos esverdeados de minha amiga quase saltaram das órbitas. Rimos. Depois Ally pulou para o chão e Mari elevou a voz para perguntar se tinha acertado.

— Descubra por si mesma. — Ally passou para o outro lado da cerca e sumiu de vista.

— Meninas! Venham comer! — Chamou tia Annie. Levantei-me no mesmo instante e comecei a descer as escadas, Mari me seguiu com agilidade.

— Eu acertei mesmo? — Disse de novo. Apenas ri e balancei a cabeça dizendo que não iria dizer nada. — Ai que suspense!

— É. Suspense...

Comemos em silêncio os deliciosos quitutes da tia Annie e depois fomos nos arrumar. Tínhamos suítes e por isso poderíamos nos preparar ao mesmo tempo. Isso se minha tia não tivesse vindo falar comigo...

— Com licença, querida. Posso entrar?

— Claro, tia. — Estava escolhendo uma das roupas que trouxera para vestir.

— Ligou para o rapaz?

— Não. Pretendia ligar depois do banho...

— Certo. Não se esqueça e boa sorte no encontro!

— Não é um encontro.

— Certo, certo. Vou sair e não sei se volto a tempo de me despedir de vocês antes de seu passeio.

— Sair? Para onde? Desculpa, não quis ser intrometida.

— Tudo bem. Só digo que você tem seu encontro e eu tenho o meu. — Deixou o quarto antes que pudesse perguntar mais alguma coisa. Mesmo com bilhões de perguntas na cabeça, desisti de segui-la e fui me arrumar.


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