Capítulo 28
Ação de Graças, um momento de gratidão e família.
A única “família” de Illinois com quem mantive contato é meu pai e Jacob, com quem converso pelo menos uma vez por semana. Meu pai nunca foi um homem falante e afetuoso. Na maior parte do tempo, sua paternidade atinge um nível físico: comida, abrigo, roupas. Embora ele nunca tenha sido cruel ou temperamental, ele também não teve tempo ou energia para facilitar um vínculo. Isso tudo para dizer que não temos mais o que conversar três minutos após uma ligação. Com Jacob e eu, estar ao telefone não é diferente de estarmos sentados juntos em uma sala. Nós conversamos, trocamos atualizações sobre qualquer coisa relevante ou nos sentamos em um silêncio sociável enquanto o outro está ocupado.
O início deste feriado, no entanto, trouxe uma questão urgente à minha mente, e John provou ser uma caixa de papelão inestimável. Ele é mais inteligente do que minha avaliação inicial acreditava. Ele também tem uma boca espertinha.
O problema?
Jane Powell. A mãe de Sam.
Obviamente, preciso da aprovação dela. Deitado na cama, franzo a testa para o teto enquanto coloco meu colar em volta dos dedos. Ele tem minha chave do quarto no final, e o barulho constante levou John a colocar fones de ouvidos. Ele não ouvirá se eu chamar seu nome. Então, em vez disso, atiro uma bola de futebol de espuma em miniatura na cabeça dele.
Ela ricocheteia em seu crânio, caindo no chão. Ele não tem reação nenhuma além de uma piscada lenta e irritada e as pontas dos dedos parando no meio do pressionamento de tecla. Estendendo a mão, ele tira um fone de ouvido do ouvido e se volta para mim.
— Sim?
— Então…
Antes que eu possa jogar todos os meus pensamentos a seus pés, ele suspira alto. Depois, ele pausa o que estiver tocando em seu Spotify.
— Certo, o quê?
— Então, o que devo fazer com a mãe de Sam?
Fiz a mesma pergunta ao Jacob. Houve um momento de silêncio no telefone, depois uma explosão de gargalhadas:
— Puta merda, cara, você está tão fodido.
— A mãe dele? — John atira de volta.
— Tipo, para colocá-la por dentro da situação.
John bufa, mas rapidamente tenta esconder com uma tosse. Ele se tornou… decididamente antipático comigo desde que o coloquei naquela situação estranha com o Sam. Aparentemente, Sam é bom demais para mim.
— Bem, qual é a metodologia usual? Ameaças de desmembramento?
Viu? Espertinho.
— Preciso que ela goste de mim.
John me lança um olhar seco e sem graça.
— Por que ela gostaria de você?
— O que…? Como é, porra?
— Quero dizer que ela especificamente não tem motivos para gostar de você.
Faço uma careta para ele, porque embora eu saiba que ele pode ser útil, ele está fazendo de tudo para não ser.
— Faço Sam feliz. Isso é motivo suficiente, não é?
John abre a boca e depois fecha. Ele parece uma mistura entre pensativo e exasperado.
— Quero dizer, você parece fazê-lo feliz, mas isso é realmente suficiente? Você não sabe nada sobre ela, então é difícil dizer se ela ficaria satisfeita com isso. Ela sequer sabe que ele é gay?
— Ela sabe.
— Hum… — John cantarola, esticando as pernas debaixo da mesa. — Então, vamos abordar a segunda maior preocupação: sua idade e o fato de você ter sido aluno do Sam. Ambas as coisas fazem com que ele fique mal.
A verdade temporária disso nunca deixará de me irritar.
— Certo. — Eu resmungo, retomando meu movimento incessante no colar (só para irritar o John). Ele pisca lentamente e dolorido de novo, então sei que está funcionando.
— Então, por que não ser honesto com ela?
Viro minha cabeça para olhar para ele.
— Honesto, como?
Fica claro que John estava esperando por esse momento, porque de repente ele está trabalhando sua expressão e tom como se eu fosse o público de alguém em seu show de improvisação. Exceto que ele está fingindo ser eu e está sendo um verdadeiro idiota sobre isso:
— “Olá, Sra. Powell, meu nome é Dean Saunders. Você pode me conhecer como… a estrela em ascensão de Fresno? A ESPN não quis calar a boca sobre mim na semana passada... Sim, uma merda bastante impressionante. De qualquer forma, no início deste ano, eu torci o braço de seu filho para que ele se envolvesse em um relacionamento sexual comigo, seu aluno de dezoito anos, mesmo que ele estivesse apenas tentando fazer seu trabalho. Então, eu o segui por todo o país sem ter nenhum tipo de discussão significativa sobre isso. E, de alguma forma, eu o intimidei para me amar. Gostaria de sua bênção, por favor.”
Cristo, por que contei isso a ele?
— Eu não o intimidei para me amar. — Eu bufo. — Sou… adorável, seu idiota.
— “Ah, e provavelmente também sou um narcisista furioso. Ou um sociopata, talvez. Então, sobre essa bênção…”
— Você está implorando por um soco agora…
John quebra o personagem para rir do clichê contundente. Bufo para mim mesmo, voltando-me para o teto. Quer eu tenha feito isso da maneira certa ou não, estou feliz com o andamento das coisas. Agora é quarta-feira e o fim de semana anterior foi um sonho. Passar a noite com Sam foi…
Eu senti muita falta disso. Nós nos fodemos até a morte, sim, mas todo o resto — conseguir abraçá-lo enquanto eu dormia, acordar com ele, fazer refeições juntos, perambular por Berkeley em um encontro improvisado. Se Sam estava atolado pela culpa ou pelas reservas, eu não saberia dizer. Ele estava brilhando. Feliz, relaxado. Deus, foi bom, e me matou ir embora. Cada segunda a sexta parece um século, arrastando-me por mais cem anos até poder vê-lo novamente. Ele finalmente está retribuindo, ele até me mandou mensagens de texto primeiro. Sei que não parece um grande marco, mas quando se trata de Sam...
É algo enorme.
— Olha, você não precisa dizer exatamente assim — retoma John. — Mas, se você conseguir ficar sozinho com ela e colocar tudo na mesa, isso absolveria Sam de qualquer delito. Você tem sido o instigador desde o primeiro dia. Depende apenas se ela conseguir superar a sua idade e história.
Mentir não é realmente uma opção para Jane. Por um lado, somos todos da mesma cidade. Nunca tive motivos para encontrá-la, mas ela pode se lembrar de mim. Ela morou lá até dois anos atrás, quando o pai do Sam faleceu. Mesmo que ela não se lembre de mim, como John disse, meu rosto está estampado em toda a ESPN. Se ela alguma vez estiver em um bar ou restaurante com grandes TVs, ela saberá exatamente quem sou. “Acabado e recém-saído do MWC, Dean Saunders, um calouro de dezenove anos em Fresno…”
Com estranhos, saber a minha idade é irrelevante, porque a de Sam não é nítida.
Jane não é uma estranha e sabe exatamente a idade de seu único filho. Terei que ser honesto e sincero, sem que Sam saiba. Ele nunca, jamais, me apresentará a ela, pelo menos não até que eu esteja perto dos trinta. Não quero ficar escondido da mãe dele por uma maldita década inteira. Mas a única maneira de conhecê-la é no campus. Essa é outra viagem para Berkeley, tudo sem o conhecimento de Sam. Depois, ainda tem a grande possibilidade de ela não concordar com a minha idade ou com a nossa história. Ela pode não estar bem com isso de tal forma que o tiro sai pela culatra para Sam. Não posso simplesmente… ameaçá-la para que me aceite.
…posso?
Os riscos podem superar os benefícios neste caso. Está um pouco fora do meu controle. Se eu destruir o relacionamento dele com a mãe, o jogo acaba.
— Droga. — Resmungo, mas John já voltou sua atenção para a mesa com todos os botões no lugar. De qualquer forma, está quase na hora da minha ligação noturna com Sam. Se eu for sutil o suficiente, talvez ele esteja disposto a fornecer alguns detalhes sobre a personalidade de sua mãe. Ação de Graças, família… esses tópicos se misturariam. Não seria estranho mencioná-la. Admito que minhas razões para tudo isso são um pouco egoístas. Nós dois só temos três dias de folga, mas ele com certeza vai querer passar o feriado com a mãe. Talvez a Black Friday também.
Quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira. São três dias extras que eu poderia passar com ele. O mesmo vale para as próximas férias de inverno. Com Jane no escuro e Sam desesperado para manter as coisas assim, isso é tudo jogado fora. Os exames acontecem entre os dois intervalos, então nosso tempo já pode estar interrompido.
Meu telefone começa a tremer em cima da mesa onde o deixei para carregar. Pegando-o, hesito ao ver o nome e o rosto de Sammy aparecendo na tela. O medo açoita meu peito, uma vez que o meu primeiro instinto é: algo está errado. Ele nunca iniciou uma ligação antes. Coloco o telefone na lateral da cabeça e expiro uma saudação apressada e preocupada:
— Ei, está tudo bem?
— O que…? Sim, está tudo bem. Por quê?
— Você…
Oh, oh!
Derreto de volta na cama. Já passa das oito e sempre conversamos ao telefone depois das oito. Pela primeira vez, em vez de esperar minha ligação, Sammy me ligou. Se eu disser algo como “você nunca me liga primeiro!” isso o deixará envergonhado. Ele pode fazer de tudo para nunca mais ligar. É mais um marco, e um calor formigante percorre meu sistema vascular, bolhas estourando em meu estômago.
— Não, nada. — Suspiro, tentando manter o grande sorriso longe da minha voz. — Estou apenas… feliz que você ligou.
Ele bufa, envergonhado de qualquer maneira.
— Terminei a avaliação mais cedo, então eu… — Ele hesita. — Pensei em ligar. Quando você terminou?
— Tipo, trinta minutos atrás. O treino foi até tarde hoje à noite.
— Você não está atrasado em nada nas suas aulas, certo?
Não reprimo a provocação na minha voz.
— Por quê? Você quer supervisionar minha detenção?
John, que terminou seu trabalho e está preparando um saco de banho, lança um olhar escandalizado por cima do ombro. Ele não tem senso de humor, eu juro. Sam também não, aparentemente, porque um gemido agonizante ecoa pelo fone.
— Vá em frente e faça piadas, mas se você começar a ir mal nas aulas, eu te proíbo de vir nos finais de semana. Você precisa manter sua média e já tem muito que fazer com treinos e jogos.
— Besteira! — Eu respondo, me jogando de pé como se Sam pudesse ver o extremismo da reação. — Posso colocar minhas coisas em dia na sua casa!
— Você está muito distraído. — Ele atira de volta. — Sei que o fim de semana passado foi impulsivo, então não posso usar isso contra você, mas tenho certeza de que contribuiu para você estar atrasado, se estiver.
— Eu não estou.
Há dois trabalhos para amanhã à noite nas quais nem pensei, muito menos toquei. O plano era fazê-los juntos entre as aulas da manhã e o treino da tarde. Estou quase tentado a contar isso a ele, porque…
Seu tom estrito e crítico está me excitando. Isso está me levando de volta ao início do meu último ano, quando o “Sr. Powell” se apresentou como meu professor de literatura naquele semestre. Não pude acreditar na minha sorte quando o consegui novamente no semestre da primavera. Ele costumava me dar um sermão assim, antes de… bem, você sabe. Antes de eu tornar minha missão na vida, foder seus miolos. No entanto, a ameaça de ser banido de seu apartamento aos domingos é séria demais para arriscar.
— Você tem certeza?
— Sim, Samuel, tenho certeza.
— O que… — Ele gagueja com o uso desconhecido de seu nome completo. — Não… me chame assim, nunca. Estou com arrepios, ugh.
Percebendo uma oportunidade, pergunto:
— Ninguém nunca te chamou assim?
— Não, quero dizer, meu pai, mas só quando ele estava chateado.
— A sua mãe não?
Ele bufa.
— Não, ela me chama de “Sammy” também, especialmente quando está chateada. Ela nunca grita, apenas suspira.
Então, ela não é uma mulher temperamental. Isso não significa que ela seja gentil ou compreensiva. Muitas mulheres mais velhas e elitistas têm aquele ar irritadiço, onde podem estalar a língua ou suspirar de decepção por algo que realmente não o justifica — esperando a perfeição, e às vezes até isso não é o suficiente. Explosões de raiva não são o único sinal de uma personalidade pobre. Continuo, já que Sam e eu realmente não exploramos essa parte da vida dele:
— Você tem um bom relacionamento com ela?
— Minha mãe? Sim, eu tenho. Não concordamos em tudo, mas ela faz o possível para entender meus pontos de vista. Ela sempre esteve ocupada, mas sempre fez o possível para me priorizar. Mesmo agora, este é o apartamento dela. Ela se ofereceu para me deixar ficar aqui de graça, mas eu recusei.
Então, talvez não seja irascível. Dentro de suas possibilidades, ela fez o que pôde para tornar a transição dele para a Califórnia o mais indolor possível e, segundo o Sam, ela não ficou surpresa nem incomodada por ele ser gay. Como num jogo de Tetris, os blocos de Jane estão começando a se acumular — tudo o que resta é nivelar a grade. Se a felicidade geral de Sam é sua maior prioridade, só preciso convencê-la de que seria a melhor pessoa para o trabalho. De preferência na próxima semana.
— Ela vem para o Dia de Ação de Graças?
— Não, ela está organizando um “Ação de Amizade” para alguns de seus colegas. Eu disse a ela que passaria um pouco.
— Sério? — Deus, até para os meus próprios ouvidos, eu me animei como um Labrador ao som de uma coleira. — Então posso…
— Só se você estiver em dia com tudo e trouxer o que precisa para estudar para as provas. — Ele diz com firmeza, antes que a timidez se insinue em seu tom. — Você pode vir… quinta à noite.
— Porra, sim.
É desnecessário dizer que eu me esforço totalmente para encerrar minhas tarefas e colocar em dia o que deve ser entregue na próxima semana. Os cursos introdutórios para iniciar minha tentativa meia-boca de bacharelado incluem: Conceitos de Computação, Laboratório de Conceitos de Computação, Princípios e Sistemas de Contabilidade Financeira e Análise Estatística I…
Oh, me desculpe. Você adormeceu com aquela lista terrivelmente tediosa? Porque é uma dificuldade real manter as pálpebras abertas durante as aulas. Não consigo expressar o quanto me importo com o conteúdo desses cursos, mas sou um homem com motivação renovada. Se você se lembra, compartilho três deles com Cecília. Ela está cursando administração e especializando-se em psicologia. — Que empreendedor — acabamos sendo colegas de mesa por opção, já que considero ela menos irritante do que a maioria dos meus colegas de classe — incluindo alguns caras da equipe.
Jaylin, Max, Nash e alguns outros estão espalhados por essas salas. Aparentemente, negócios é um curso descartável popular entre os atletas. Cecilia diz que isso se deve ao fato de exigir menos inteligência e esforço inatos, com um breve “sem ofensa” acrescentado ao final da dura observação. Não posso ficar ofendido com algo que soa tão verdadeiro, pois até acho o material banal e repetitivo. Depois que ficou claro que ela não tinha o menor interesse sexual por mim, foi mais fácil fazer tentativas genuínas de fazer amizade com ela. Ela é inteligente e teimosa às vezes. Confortável em sua própria pele e em seu lugar no mundo, com um senso de humor tão seco que chega a ser ressecado.
Assim como John, ela não é fofoqueira nem tagarela. Ao contrário de John, ela mantém círculos amplos e sobrepostos de amigos e conhecidos – por isso é ainda mais impressionante. Eu não contei a ela sobre Sam, mas enquanto nos sentamos um ao lado do outro, ela está a um passo de distância de revelar quaisquer segredos profundos e obscuros que possam ser encontrados na rolagem e no toque do meu telefone. Obviamente, as fotos menos picantes de Sam aparecem com frequência.
Na semana passada, quando houve uma pausa na palestra, eu poderia ter ficado… um pouco desanimado. Ela não fez rodeios:
— Acho que fui presunçosa. — Ela murmura, inclinando-se.
— O quê? — Olho para ela, perdido demais na fantasia para sequer traduzir uma palavra como presunçosa.
Seus olhos saltam incisivamente para o meu telefone. Mais especificamente, a selfie mais recente de Sam que eu estava pensando.
— Oh… — Dou de ombros, sem vergonha.
— Eu nunca disse que tinha namorada.
— Você definitivamente não fez isso. — Ela admite. — Ele é fofo. Longa distância?
— Infelizmente.
— Ele está te esperando em Illinois?
— Berkeley.
Ela me lança um olhar fulminante.
— Cara, isso é a uma hora daqui.
— Eu sei. — Suspiro, porque para mim essa distância às vezes parece intransponível. Ele sente oceanos e continentes inteiros de distância.
— Oh, meu Deus. — Ela ri baixinho, atenta às pessoas que trabalham ao nosso redor. — Nunca conheci o cara e já sinto pena dele.
— O que diabos isso quer dizer?
— Ser amado por você deve ser exaustivo.
Não consegui me defender porque estou consciente o suficiente para saber que isso provavelmente é verdade. Deixando o sexo de lado, Sam parece geralmente exasperado com minhas travessuras — carinhosamente exasperado, mas mesmo assim. Como Cecilia é a única mulher com quem me relaciono à vista dos outros, ela se tornou um incômodo acidental. Os rumores se espalham como uma praga ou um incêndio e, sem que nenhum de nós seja questionado, o consenso geral é que estamos namorando. Quando isso é mencionado, eu nego. Tenho certeza de que ela faz o mesmo, mas sem sucesso. Essas negações não são levadas a sério e é um tema quente entre meus colegas de equipe.
É uma grande dor na minha bunda.
Através de treinos, corridas, reabilitação, banhos, trocas, isso é trazido à tona constantemente. As quartas-feiras são reservadas para o programa de fortalecimento de Nelson na sala de musculação. É um dos nossos dias mais curtos, duas horas de levantamentos ininterruptos e exercícios de peso corporal, com duração das quatro às seis. Nelson chama isso de “o mínimo do que vocês, meninos, deveriam ser capazes de fazer”, mas é um caso brutal e draconiano que colocaria o mais forte dos homens na cola. Até eu me sinto magro e com uma doença terminal no final, espremido como um trapo entre os punhos retorcidos. Então, você pode imaginar como pode ser irritante receber perguntas e comentários estúpidos durante a recuperação.
Antes de tomar banho, a maioria de nós busca reparos na terapia de calor — seja na sauna ou no jacuzzi. Inclusive eu, há um grupo de sete pessoas empilhadas nos bancos de madeira de dois níveis da sauna mal iluminada. Recostando-me no banco atrás de mim, com a parte de trás da minha cabeça apoiada no assento, estou respirando profundamente em uma toalha quente e seca colocada sobre meu rosto. A maioria de nós está nua, exceto por toalhas modestas, já que os chuveiros são os próximos na agenda. Max, Jaylin e Shawn ocupam os bancos à minha frente, assim como mais três caras ocupam a parede mais distante da porta: Marcus, Caleb e Richie.
A conversa fútil deles é algo sem sentido, dada a pouca atenção que estou prestando a eles, apenas uma coleção de sons ásperos batendo nas paredes porosas. Não percebo que estou sendo abordado até que Jaylin levanta a voz uma oitava:
— Dean!
Sem levantar a cabeça nem tirar a toalha:
— O quê?
— Droga, cara, você desmaiou?
Richie, um atacante tão corpulento quanto parece, bufa.
— Ele estava fora, Cahill.
— Como assim fora, cara?
— Provavelmente fora de si, fantasiando sobre aquela gostosa que ele pegou.
Deus do céu, me poupe.
— Quem? — Marcus pergunta, de alguma forma fora da conversa. Ele dorme, come e caga usando aparelho para os ouvidos. Eles são à prova d'água, então ele toma banho com eles metade do tempo também.
— Cecilia Greene. Ela está em algumas das nossas matérias de pré-requisitos em negócios.
— Oh, oh! Sim, merda, ela é boa.
— Dean está metido nos negócios dela. — Shawn ri.
Traço o limite com trocadilhos. Eu não posso aguentar muito. Tirando a toalha do meu rosto, levanto a cabeça para olhar para quem está na minha linha de visão.
— Pelo amor de Deus, não estamos juntos.
— Besteira! — Jaylin acusa, rindo. — Você deveria vê-los na aula, sussurrando e fazendo essas merdas…
— Ei, existe essa nova coisa revolucionária chamada ser amigável. Conversar? Ela não gosta de mim desse jeito, e eu não gosto dela desse jeito.
— Isso é loucura, cara. Por que não?
Estou no meu ponto de inflexão. De pé, há mais acidez genuína em meu tom do que consigo controlar:
— Se você está tão curioso, convide-a você mesmo para sair.
Por um momento, há um silêncio penetrante na sauna quando saio dela. Pouco antes de a porta se fechar na minha bunda, Richie diz:
— Parabéns, Cahill, você o irritou.
Pela porta, Jaylin explode:
— O quê? Eu?! Que merda eu fiz?!
Para piorar a situação, não é como se eu pudesse dormir quando voltar para o dormitório. Tenho que encerrar as tarefas mencionadas acima, ambas consistindo em uma quantidade absurda de matemática. John é péssimo em matemática, e também não é a matéria mais forte de Sam. O bom e velho Google é tudo o que resta para me ajudar nesta era das trevas. Já passa das sete quando volto, e John está esparramado em sua cama no meio de uma rolagem estúpida pelas redes sociais. Ele é cortês o suficiente para tirar um fone de ouvido na minha entrada.
— O que está acontecendo com você?
Se eu abrir a boca para responder agora, não será nada que John mereça ouvir. Desabo na minha própria cama com força suficiente para fazer as molas gritarem e as ripas gemerem, vasculhando a contragosto minha bolsa em busca do meu notebook e dos livros necessários. Ele me olha confuso por um momento, mas deduz que outras perguntas não serão bem respondidas. Coexistimos em silêncio e consigo trinta minutos de trabalho.
Uma tarefa é enviada, a outra está a quatro perguntas de distância. Está quase na hora de ligar para Sam, e minha mente está ansiosa para evitar resolver o desvio padrão e tratar de quem realmente importa.
O pensamento começa bastante inocente: uma revisão do fim de semana anterior, antecipando o próximo. Mas, nesse meio, tem… muito sexo. No fim de semana anterior, eu fodi ele de todas as maneiras, menos para cima, até um ponto em que ele teve que me dar uma palavra de segurança perto das duas da manhã. Ele jurou que estava desidratado devido à perda excessiva de líquidos.
O que… era crível.
Como uma formiga singular, há um pequeno começo de uma ideia correndo entre meus ouvidos. Sempre que bato na bunda dele, ele fica tenso como um louco, pingando manchas molhadas no lençol. Outra coisa que adoro é sentir aquela carne almofadada quicando bruscamente na palma da minha mão.
Como é da natureza do pensamento, um se arrasta até o outro até que você esteja a cem saltos do original.
Sammy me deixaria… espancá-lo? Tipo, dobrá-lo no meu colo?
Olhando fixamente para a tecla de equação no topo da tela, S = σ = ∑ ( x − x ¯ ) 2 n, minha imaginação entra em ação. Posso sentir o músculo de seu estômago vibrando nervosamente sobre meus quadríceps, suas costas e ombros rosados de vergonha. Com uma mão, prendia seus pulsos no meio da coluna. Sabendo que isso está chegando, ele ficaria assustado, mas irritado o suficiente para fazer uma bagunça no meu colo. Sam é tão sensível que não consegue evitar reagir bem à dor. Quanto mais rude sou com ele, mais forte é o seu orgasmo. Nunca discutimos isso explicitamente, exceto alguns comentários provocativos, mas…
Aposto que ele me deixaria fazer isso.
O primeiro golpe o faria pular do meu colo e ele engasgaria com um grito. Quanto mais tempo durasse, ele choraria como nunca antes. Ele estaria soluçando, sem fôlego demais para formar uma palavra. Babando, soluçando. Peito apertado por respirar. Corpo se contorcendo com nervos destroçados, contorcendo-se em busca de alívio. Ele gozaria absolutamente intocado, encharcando entre minhas pernas. Quantas vezes seriam demais? Dez? Quinze? Quero que sua bunda brilhe. Quero que ele se lembre da dor por dias, sentindo como se a parte inferior das calças estivesse irritando a pele cheia de bolhas. Quero que ele se lembre do estalo da minha mão machucando sua bunda toda vez que ele se senta.
Se ele me deixar fazer isso, é melhor eu fazer direito. Clicando em uma nova aba, percebo que minha boca secou. Embora eu não consiga vê-lo atrás da tela do meu notebook, meu pau está em posição de sentido, latejando com uma pulsação própria. Olhando por cima, John está profundamente absorto em seu telefone. Ele vai me falar uma montanha de merda se avistar a barraca que estou armando em moletom. Deslizando na cama, alinho minhas costas com a cabeceira frágil e levanto os joelhos.
Meu pau dói com o peso do meu notebook, mas o que mais posso fazer?
No meio da missão paralela do Google em que embarquei, meu telefone toca antes que meu alarme de “ligar para Sam” tenha chance.
Sorrindo de orelha a orelha, arranco-o do carregador.
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