Capítulo 12
O bar está girando.
Meus ouvidos são habitados por um guincho alto e estridente e não consigo ouvir mais nada.
Não estou… nem de longe sóbrio o suficiente para processar isso, e Jamie sabe.
Vamos! Vamos. Controle-se, Sam. Negue, apenas negue, negue como se sua vida dependesse disso. Não há tempo para questionar nada: como ela sabe, porque me convidou para falar sobre isso dessa maneira, quais são seus motivos. Foco, vamos lá.
Faço uma expressão profundamente ultrajada, como se estivesse ofendido até os ossos.
— Por que você… Me perguntaria algo assim? Claro que não, não!
Ela ri.
— Ah, vamos lá, Sammy. Você realmente achou que eu não ia notar?
Jamie enfia o dedo na gola da minha camisa e puxa, forçando-a para baixo da minha clavícula. Claro como o dia, há uma mordida feia e roxa que apenas começou a amarelar nas bordas. Bato na mão dela.
— Isso não é do…
— Do Dean? Mas é, não é?
— Não é… — parece fraco e difícil de acreditar até mesmo para os meus próprios ouvidos.
Jamie estala a língua, olhando para mim como se eu fosse uma criança de quatro anos que acabou de ser pega com o pulso enfiado no pote de biscoitos.
— O Sr. White pode ter acreditado naquela historinha na sexta-feira, mas infelizmente para você não sou tão simplória. Dean foi quem fechou e trancou sua porta, e até puxou a pequena cortina de privacidade. Quando você abriu isso para Christopher, bem… — Ela coloca a unha bem cuidada do dedo indicador no lábio inferior, puxando-o para baixo, longe dos dentes — aqui, estava terrivelmente inchado e vermelho, como se você tivesse acabado de ser beijado apaixonadamente.
Olho firmemente para frente.
— Isso é totalmente circunstancial, se é que é alguma coisa.
— É, você está certo, mas acho que você é um cara honesto, Sam. Tão honesto… Para o seu azar. Se eu espalhasse um pequeno boato, quem sabe o que poderia acontecer…
Ela disse “se”, o que significa haver algo que ela espera conseguir com isso.
— O que diabos você quer de mim?
Ela se recosta na cabine, dobrando as pernas esbeltas e macias na altura dos joelhos e levantando a cerveja da mesa para acabar com ela.
— Bem, você não acha que está sendo um pouco ganancioso?
— Desculpe?
— Você está monopolizando a torta inteira, Sammy. Eu só quero uma pequena fatia, e a de Dean é... saborosa demais para deixar passar. Você entende, certo?
Vou vomitar, sem dúvida: seja aqui mesmo na mesa, no cascalho lá fora, ou na segurança do meu banheiro. Talvez a razão pela qual ela tenha conseguido farejar isso tão rápido quando ninguém mais o fez foi porque ela é propensa às mesmas tendências.
— Não tenho controle sobre o que Dean faz ou deixa de fazer — gritei, honestamente.
— Hmm, não tenho tanta certeza. Você claramente o prendeu em algum tipo de coleira, porque há rumores de que ele tem estado completamente celibatário nos últimos meses, tudo por causa de sua “namorada de fora da cidade”, que ninguém nunca conheceu.
— Isso não tem nada a ver comigo.
— Olha, eu só quero a chance de atirar, só isso. Solte-o. O que quer que você pense que está acontecendo entre vocês dois, não está. Para Dean, você é apenas mais um corpo quente que ele conseguiu conquistar, e ele passará para o próximo em um piscar de olhos no segundo que você fechar a porta na cara dele. No verão, ele vai embora. Ele fará seu nome na faculdade, então talvez o veremos na tela grande todos os domingos à noite no outono.
Tudo o que ela disse é verdade. Está tudo na mesma linha do que já estive pensando comigo mesmo, mas ouvir isso em voz alta, de uma mulher como ela…
Eu não consigo respirar. É assim que tudo acaba para mim? Revelado por Jamie Rosenthal, por que ela quer dormir com o mesmo aluno com quem estou dormindo atualmente? Por que eu era estúpido e fraco o suficiente para aceitar dormir com um estudante? A saliva está se acumulando em minha boca, a sensação desconfortável de náusea está subindo pela minha garganta como uma escada. Eu me viro para olhar para ela, fazendo o meu melhor para me recompor.
— Vou dizer de novo. Não tenho absolutamente nenhum controle sobre Dean, e nunca me importei com quem ele está transando. O que quer que você escolha fazer, suponho que isso dependa de você.
Ela projeta o lábio inferior em um beicinho falso.
— Ah, vamos lá, não me olhe desse jeito. Eu realmente gosto de você, Sam, e quero ser sua amiga. Infelizmente... definitivamente não somos o tipo um do outro — ela ri — também não quero ver você perder o emprego, só estava fazendo uma sugestão, só isso.
Tiro minha carteira do bolso de trás e coloco duas notas de vinte sobre a mesa.
— Isso foi ótimo. Boa noite!
Jamie não me impede, simplesmente me dá boa noite com um pequeno movimento dos dedos. Saio da mesa, atravesso a sala principal em direção à porta e saio do Rodney's com meu mundo inteiro de cabeça para baixo. Não estou bêbado, mas também não estou sóbrio o suficiente para dirigir. Faço isso mesmo assim, porque não há ninguém para quem eu possa ligar. Prefiro não pegar um táxi e deixar meu carro num lugar como esse, que estará fechado pela manhã. Talvez eu morra no caminho para casa, podemos esperar por isso. Minha casa fica a dez minutos de distância e passo todo esse tempo lutando contra um ataque de pânico.
Tecnicamente, eu não admiti nada, mas isso importa num grande esquema como esse? Ela parecia tão… Confiante pra caralho.
Nunca conheci o arrependimento tão intimamente como agora. Quero culpar Dean, mas não consigo fazer isso. Pode não parecer assim na maioria das vezes, mas estou numa posição de autoridade sobre ele. Estou errado, não importa como você pense. Eu deveria ter acabado com suas travessuras assim que começaram, mas eu… gostei da atenção, eu acho. Esta cidade não tem nada nem ninguém para mim, exceto o fantasma do meu pai, então o menor fragmento de atenção positiva me fez sentir mais vivo do que qualquer coisa desde sua morte. Dean gostou de mim o suficiente para me perseguir por meses. Ele gostou de mim o suficiente para aparecer espontaneamente em um aeroporto a duas horas de distância para me buscar. Ele gostou de mim o suficiente para me dar um presente de aniversário — o único que recebi fora o da minha mãe. Ele gosta de mim o suficiente para, aparentemente, não foder mais ninguém, alegando uma namorada falsa.
Agora, descobri que também gosto dele. Coloquei-me em posição de deixar crescer sentimentos genuínos, apesar de saber qual seria o resultado natural, apesar das potenciais consequências. Dean tem toda a sua vida pela frente. Ele tem muitas chances de amar, perder e amar novamente. Sei que tenho apenas trinta anos, mas trinta é uma idade difícil para ter que admitir que você está tão sozinho. Gostar dele ou não é discutível no grande esquema, porque se Jamie deixar escapar um boato ou reunir algum tipo de evidência concreta para apresentar à administração, estará acabado para mim. Eu sabia que isso poderia acontecer e fiz o que fiz de qualquer maneira.
Dean também. Não importa o quão popular, atlético e atraente ele seja, dormindo com um professor? Ele estará lá em cima na cruz comigo.
Talvez eu devesse pedir demissão mais cedo e ir morar com minha mãe na Califórnia do Sul, começar minha vida enquanto ainda posso. Se eu fizer isso, sairei do caminho de Jamie. Só posso rezar para ela deixar nossa reputação intacta.
Amanhã terei que contar a ele.
Algo está errado.
Realmente, muito errado.
Sam parece… mal. Ele está escondendo bem, agindo como faria normalmente, mas há círculos escuros e insones sob seus olhos. Seu olhar, geralmente nítido e brilhante por trás dos óculos, está assombrado e abatido. Ele também não me olha no rosto. Ele bebeu com a Sra. Rosenthal ontem à noite…
O que diabos aconteceu?
Eles dormiram juntos? Ele está se sentindo culpado?
Não, não, eu não deveria tirar conclusões precipitadas. Veja onde isso me levou da última vez. Precisamos conversar e eu preciso… Ser honesto com ele sobre as coisas que quero. Parece que não conseguirei esperar até a formatura, porque Sammy está começando a se parecer cada vez mais com areia, escorrendo pelos meus dedos. Apertá-lo em meu punho não o manterá por perto. Felizmente, ele deixa um bilhete no canto da mesa para eu anotar no final da aula. A data de hoje é a única escrita e seis é a hora. Posso trabalhar com isso.
As próximas seis horas, poderiam muito bem ter sido seis anos. É como se sua namorada chegasse em você com a mensagem “precisamos conversar” e depois transformasse você em um fantasma pelo resto do dia. Sammy não disse nada parecido, mas está escrito nele: sua expressão, postura, tom de voz. A espera está me matando, mas posso pelo menos fingir ser um homem paciente. É o mínimo que posso fazer. Não há treino às terças-feiras, a menos que Celner esteja no meio de uma crise pessoal, então vou direto para a academia. Meu corpo é uma confusão de energia inquieta, músculos travados e tensos, nervos saltando como grãos de pipoca no micro-ondas.
A barra é a melhor terapia que farei agora, então tento pressionar, agachar e remar a cabeça para algum tipo de clareza. Desisto às quinze para as seis, tomo banho, me troco e vou até a vizinhança de Sam. O sol ainda é um farol brilhante pairando no horizonte, então me certifico de não ser visto pelos carros que passam quando entro na garagem abandonada. Somente quando o céu escurece e há um véu para atravessar é que finalmente me aventuro a sair do meu esconderijo e corro a distância restante até a varanda dele. Estou… ansioso, eu acho. É um sentimento desconhecido e não posso dizer que sou um grande fã, mas sei que é um “compre um leve dois” na construção de um relacionamento.
A porta está destrancada como sempre, e anuncio minha presença ao passar por ela:
— Sammy…?
— Cozinha — ele responde de volta e parece… morto por dentro, porra.
Na cozinha, Sam está sentado na bancada de sua grande ilha. Ele não tomou banho nem trocou as roupas do início do dia. Ele ainda está com o crachá no pescoço, calçado, pelo amor de Deus. Ao lado dele, há um copo meio vazio da mesma bebida que ele bebia há algumas semanas. A garrafa está a uma colher de chá de ficar completamente vazia, então ele bebeu mais de um copo. Ele tem uma caixa de lo-mein* do único restaurante chinês da cidade pressionada contra o peito, beliscando o macarrão com um par de pauzinhos como se estivesse se forçando a comê-lo. (*NT: Lo mein é um prato chinês com macarrão. Geralmente contém vegetais e algum tipo de carne ou frutos-do-mar, geralmente carne bovina, frango, porco ou camarão.)
Ele levanta a cabeça quando dou a volta na ilha e seus olhos estão… vazios, exaustos.
— Sam, o que diabos está acontecendo? — Tiro dele o meio litro de macarrão e ele não se preocupa com isso. Em vez disso, ele vai até o copo, talvez para dar algo para as mãos fazerem. Deslizo-o para fora do seu alcance, e isso pelo menos me rende um olhar fraco. Chamo seu nome novamente, com mais firmeza.
Ele enfia os nós dos dedos nas órbitas dos olhos e depois deixa cair as mãos em uma pilha mole no colo.
— Estou terminando isso, Dean. Isso é tudo que eu queria te dizer.
…
Desculpe-me, mas que merda?
A fúria acende nas profundezas do meu peito, e sou muito lento para eliminá-la.
— Que merda você está pensando! — Eu retruco, totalmente incrédulo. — O quê, sem motivo? É tão fácil para você, Sammy? Isso é por causa de…
Sam suspira, e é um som tão cansado, como se ele não tivesse um pingo de energia para lutar.
— Eu não deveria ter que te dar uma razão. Eu só… Quero parar. Eu não deveria ter deixado nada disso acontecer em primeiro lugar.
Sei que não deveria. Eu realmente não deveria, mas as acusações estão voando da minha boca antes que eu possa recuperá-las:
— Isso é por causa da porra da Sra. Rosenthal? O que, você gosta dela? Você dormiu com aquela vadia ontem à noite?
Isso, mais do que tudo, dá vida a Sam. Seus olhos se abrem. Ele olha para mim como se eu fosse o bastardo mais estúpido que já respirou, antes de cair na gargalhada histérica e incrédula.
— Oh, meu Deus, você é... realmente tão estúpido? Foi isso que te deixou tão bravo no sábado? Você acha que a Sra. Rosenthal está interessada em mim?
— Por que diabos eu não pensaria isso?! Você saiu com ela ontem à noite!
Sam franze a testa ferozmente e, para minha completa surpresa, empurra meu peito com toda a força. Dou um passo para trás, pois não esperava que ele me afastasse fisicamente.
— Foda-se, Dean! Você…! Ela não me quer, seu bastardo estúpido! Ela quer você idiota, você!
— O que… do que diabos você está falando? Quero dizer, eu sei que a vadia é habilidosa, mas…
Com uma voz muito mais calma e fria, ele diz:
— Ela me convidou para sair ontem à noite para me dizer que sabe.
— Sabe… o quê?
— Que você e eu estamos fazendo sexo.
Meu cérebro atinge a personificação de um disco arranhando no meio de uma festa lotada de cocaína.
Meu corpo fica tenso, a adrenalina inundando todos os sistemas. Estou olhando para Sam como se ele tivesse acabado de abrir um buraco no meu peito e não houvesse “primeiros instintos” em que confiar. É uma reinicialização completa, que dura talvez trinta segundos. Você podia ouvir um rato espirrar na sala ao lado.
Quando o pensamento retorna, naturalmente, meu primeiro instinto é a raiva. Eu imediatamente capto essa merda, optando por respirar fundo e raciocinar.
Eu sei, segure seus dedos. Ficar com raiva não ajudará em nada.
— Como… ela poderia saber disso?
A Sra. Rosenthal está no campus há uma semana e meia. Sam e eu quase não interagimos na escola, não mais do que qualquer outro aluno e professor. Só o abordei duas vezes, na sexta-feira passada e ontem de manhã. Não é como se ela tivesse me flagrado fodendo-o na mesa, estávamos apenas conversando. Não nos comunicamos de outra forma e faço um grande esforço para não ser visto entrando e saindo da casa dele.
Sam reclina-se no topo elevado do bar, cruzando os braços sobre o peito.
— Até onde sei, ela não tem nenhuma prova concreta. Quaisquer que sejam as… Dicas que estávamos dando, ela fez um palpite muito, muito bem fundamentado. Ela viu você também, na sexta-feira. Ela viu você fechar e trancar a porta da minha sala de aula, e quando abri para o Sr. White, ela disse…
Ele franze a testa, tocando os lábios com as pontas dos dedos.
— Ela disse que parecia que eu tinha acabado de ser beijado.
Aquela vadia sorrateira e maldita. As peças se encaixam em minha mente enquanto Sam fala, e percebo os buracos. Ela o convidou para sair, apenas os dois, para tocar no assunto. Ela está atrás de alguma coisa.
— Ela ameaçou você com isso? Por quê?
Sam, mais uma vez, me lança um olhar como se estivesse exausto com minha burrice.
— Claro que ameaçou. Eu já te disse, estou no caminho dela — ele gesticula para mim, deixando cair a mão no ar, e balança os olhos — você é o melhor por aqui, Dean. Ela acha que estou monopolizando você, alguma merda assim. Assim que eu terminar o que quer que esteja acontecendo, você retomará seu jeito de pular de corpo em corpo. Então, parabéns, você não terá que se preocupar tanto desta vez.
Se acalme, aquiete seu temperamento, controle-o.
— Então, deixe-me ter certeza de que entendi direito. Rosenthal está ameaçando denunciar você se, o quê, eu não transar com ela?
— Isso é com você. Ouça, por favor — Sam enfatiza o apelo, olhando-me diretamente nos olhos — durma com ela, não durma com ela, não faz diferença para mim. Faça exatamente o que você quer fazer, Dean, como sempre fez. Estas… nada mais são do que as consequências naturais de minhas próprias ações… Ela não precisa ter provas, ela só precisa trazer isso à tona como uma preocupação para a administração. Isso é... por minha conta, completamente, então o que quer que ela decida fazer…
— Pare — não posso continuar ouvindo para onde ele está levando isso. Estou tão chateado que mal consigo ver direito. Estou puto, com ele, comigo mesmo e com aquela cadela conivente da Rosenthal — Sammy, você pode ser honesto comigo, pelo menos uma vez?
— Estou sendo honesto, o que…
— Você gosta de mim?
Ele olha para mim, pasmo. Finalmente, finalmente, há alguma cor em suas lindas maçãs do rosto, algum brilho em seus olhos salpicados. Sua boca vermelha e rachada abre e fecha impotentemente, e seus dedos finos apertam as rugas na bainha da camisa. Ele abaixa a cabeça depois de um momento, usando aqueles cachos escuros e elásticos como um véu.
— O que… isso tem a ver com alguma coisa?
— Porque eu gosto de você. Eu gosto tanto de você que, na verdade, me deixa louco. Conheço você melhor do que você pensa, e sei que você é um grande marica. Essa merda toda com a Sra. Rosenthal, essa é a desculpa perfeita para você, não é? Você não conseguiu me parar sozinho, então agora ela está fazendo isso por você. Você não poderia fazer isso porque gosta de mim, você me quer por perto, mesmo que isso faça você se sentir uma merda.
Há um tremor sutil em seus ombros e suas mãos estão brancas como ossos contra o tecido da camisa.
— Isso deixa você desconfortável? Faz você se sentir uma merda? Você ainda acha que está se aproveitando de mim, fazendo algo errado? Eu não dou a mínima, e com certeza vou ajudá-lo a superar isso, porque você é todo meu agora. Não há “até a formatura” ou “até o verão” em minha mente, não há linha de chegada. Então, você pode admitir. Diga-me que você gosta de mim, pela primeira vez.
— Eu… — Sua voz falha, e é um barulho agudo que rebate em seus armários. Ele levanta a cabeça e sua expressão tira meu coração da minha bunda. Ele parece arrasado, indefeso, mas resignado: um sorriso vacilante e dolorido e olhos vidrados com a ameaça de lágrimas — sim, eu gosto de você. Mas, que bem isso vai me fazer agora, Dean? Se ela… Levar isso à administração, provavelmente perderei meu emprego. Não apenas isso, mas se eu for demitido por dormir com um aluno? Nunca mais poderei ensinar.
Com sua admissão, sinto que é seguro abordá-lo novamente. Eu me coloco entre suas coxas quentes e firmes e o atraio para um abraço apertado, descansando meu ouvido onde seu coração bate. Com este início de intimidade física, Sam rompe.
Ele passa os braços em volta do meu pescoço, apertando com força, e chora em meu cabelo. Há uma estranha mistura de sentimentos me dominando. Estou emocionado, muito feliz, com sua disposição em admitir algum afeto por mim, sua disposição em confiar em mim para um apoio emocional.
Também estou fervendo de raiva pelo fato de ele ter sido reduzido a um estado de necessidade de apoio emocional, em primeiro lugar. Se eu pudesse impedir, ele nunca mais choraria, a menos que fosse no meu pau. Sei que isso não é realista, as pessoas choram, mas foda-se. Sua tristeza parece estar abrindo buracos em mim, dói tanto sentir seu corpo tremendo assim contra o meu.
— Sammy, ei… Você pode olhar para mim, por favor?
Ele leva vários minutos para fazer isso e eu lhe concedo todo o tempo que precisar. Quando ele finalmente se afasta o suficiente para fazer contato visual, cerro os dentes ao ver seu rosto. Olhos vermelhos, nariz escorrendo, boca trêmula, ele parece uma criança.
— Você se lembra do que eu disse na primeira noite em que vim aqui?
Ele balança a cabeça e realmente ri.
— Você disse um monte de merda estúpida naquela noite…
— Sim, mas também disse que preferiria quebrar a perna de um informante do que deixar você perder o emprego.
— Dean, não, você não pode…
— Relaxe, relaxe, não vou quebrar nenhuma perna, mas eu quis dizer isso, Sam. Não deixarei você perder o emprego, nenhum boato se espalhará e nada será relatado a ninguém.
— Como…? Como você pode prometer algo assim?
Deixo um pouco dessa raiva passar pela minha expressão e ele recua.
— Bem, eu posso não quebrar a perna dela, mas ela vai desejar que eu tivesse quebrado. Sei que você ainda não confia em mim, mas estou literalmente te implorando, deixe-me cuidar disso. Eu não dormirei com ela, eu não quebrarei a perna dela, mas ajeitarei isso na próxima semana.
— O que você vai fazer então?
— Você verá. Não voltarei aqui até que esteja pronto, e seja o que for que você veja esta semana, quero que ignore.
Sam parece totalmente pasmo, como se não pudesse acreditar no que está ouvindo. Acho que parece bom demais para ser verdade, mas nem ele sabe do que sou capaz. Não estou tentando parecer uma espécie de cosplayer de Billy Badass ou John Wick, apenas me conheço. Posso ser um verdadeiro pedaço de merda, se a situação for difícil, e não estou acima da manipulação ou de arruinar uma vida se for preciso. Às vezes fico com um pouco de falta de empatia, posso admitir isso.
A Sra. Rosenthal não tem noção da minha personalidade. Sei exatamente o que ela pensa de mim e tenho certeza que é o que todos presumem rapidamente:
Sem cérebro, superficial, um pouco narcisista, não dou a mínima para qualquer coisa, exceto atletismo e foder alguém. Honestamente, a última parte era bem verdade, tipo, cinco meses atrás. É inconcebível — às vezes até para mim — que eu coloque os desejos, necessidades e sentimentos de outra pessoa à frente dos meus. Dean Saunders não é um nome sinônimo de coisas como: compromisso, altruísmo, monogamia e inteligência emocional. Então, eu sei o que ela espera que aconteça.
Sammy cortará meu fornecimento regular de sexo. Aceitarei o fim inevitável do nosso arranjo físico e retomarei a perseguição de saias sem pensar duas vezes. Claramente não estou acima de foder meus professores, e ela é uma mulher objetivamente gostosa. Estou apaixonado, não cego. A cadela é nota dez. Então, sendo uma dez forte, ela mostrará os peitos, deixar cair alguns lápis convenientes na frente da minha mesa, fazer alguns elogios e, teoricamente, eu deveria estar comendo na palma da sua mão com unhas de acrílico.
Volto minha atenção para Sammy, que parece vagamente desequilibrado.
— Mais uma coisa. Eu… Sam, olha, sobre sábado, eu… sinto muito pela maneira como agi. Eu estava fora dos limites, eu sei disso. Você estava certo, e eu estava ficando louco pensando ter algo acontecendo entre você e ela. Fiquei chateado e descontei em você, mas isso não é desculpa. Eu só… merda, sinto muito mesmo, Sammy. Juro por Deus, eu nunca mais vou tratá-lo assim, a menos que você queira.
Sam me estuda por um segundo, antes de suspirar do fundo dos pulmões.
— Eu… perdoo você, e não depende totalmente de você. Deixei você fazer isso, afinal. Eu… só estava disposto a aceitar tudo o que você tinha para dar, eu acho. Isso é culpa minha também.
Não tenho certeza de como responder a isso, para ser honesto. Parte um pouco meu coração pensar que ele aceitou esse tipo de comportamento meu por causa de… o que, baixa autoestima? É o melhor que ele vai conseguir? Deus, eu sou um idiota. Levará os próximos dez anos para compensar uma façanha como essa, mesmo que Sam aparentemente seja tão rápido em perdoar. Teremos que trabalhar na confiança dele.
— Tudo bem, já chega. Coloque sua doce bunda no chuveiro e fique confortável.
Abstive-me de sexo naquela noite, tendo como missão aliviar ao máximo o sofrimento físico e mental de Sam. Presumo que ele não dormiu muito na noite anterior, dada a ameaça da Sra. Rosenthal ao seu sustento, porque suas pálpebras estavam caindo como se tivessem pesos de chumbo pendurados nelas às nove da noite. Coloquei-o na cama e passei a mão para cima e para baixo em suas costas macias e quentes, até que ele estava à beira do precipício de seu primeiro ciclo de sono REM.
No dia seguinte, começou a operação “Destruir aquela vadia”.
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