Capítulo 11


Que porra é essa?

Que merda.

O que foi esse caralho?

Quero dizer isso de centenas de maneiras diferentes.

Que porra estou fazendo? Por que estou sendo tão infantil, fazendo birra como a criança que Sam disse que eu sou?

E que porra Jamie Rosenthal pensa que está fazendo? Eu não sou cego, e ela tem estado no traseiro de Sam desde que pisou nas dependências da escola. Na sexta-feira retrasada, eu o vi conversando com uma loira fumante no estacionamento da escola, antes de ela ser apresentada como nossa professora substituta na segunda-feira. Eu não conseguia distinguir os detalhes mais sutis, por estar no campo, e minha distração acabou por me render um soco no estômago.

Ela está interessada nele? Ele está interessado nela?

De jeito nenhum. Sammy tem que ser estritamente gay, certo? A maneira como ele pega um pau, é como…

Então, novamente, nunca discutimos isso. Minha história fala por si e Sam está bem ciente da minha fluidez no quarto. Mas não sei quase nada sobre seu histórico de namoro ou preferências sexuais, exceto que ele namorou pelo menos um homem que era bastante dotado. Ele poderia ter namorado muitas mulheres também.

Porra, porra, porra.

Não tem como, certo?

Mas ela é outra professora. Ela tem a idade dele. Ela é gostosa pra caralho. Eles têm muito mais em comum do que ele e eu. Agora ele está saindo para beber com ela? 

Claro que escutei, você já deveria me conhecer a essa altura, vamos lá.

Então, por favor, acredite em mim quando digo isto: não estou orgulhoso do que fiz no sábado. Sammy pode não ter me dado uma palavra de segurança mais uma vez, mas isso não significa que esteja tudo bem. Sei disso, ok? Agi mal, em vez de apenas sentar e conversar com ele. Ainda sou muito covarde para dizer a ele o que quero, ou como me sinto. Estou com medo de sua rejeição e sei que, enquanto eu for estudante nesta escola, ele me recusará categoricamente. Estou tentando o meu melhor para esperar.

A semana passada, no entanto, foi um inferno. Não tenho permissão para me aproximar dele, não posso mandar mensagens para ele, mas ela fica pendurada nele como uma segunda pele feia e falsa durante todo o almoço e entre as aulas? Ele também não me passou nenhum bilhete. Não haviam luzes verdes. Na sexta-feira, eu estava vendo vermelho de tanto ódio. Meus pés desenvolveram vontade própria e quebrei uma de nossas regras: abordei-o depois da aula. O diretor quase nos pegou, mas adivinhe?

Eu tinha o sinal verde… Mais ou menos. Ele não discutiu quando eu disse que estaria lá às sete, então tomei isso como uma vitória e segui em frente. No entanto, durante toda a noite de sexta-feira e todo o dia de sábado, uma tempestade de sentimentos desagradáveis ​​estava crescendo e trovejando através de mim, turvando meu julgamento. Tentei me exercitar na academia, tentei queimar tudo em uma corrida de dezesseis quilômetros, tentei tomar banho com água quase fervente, mas aqueles sentimentos feios permaneceram. Sammy enlouqueceu se acha que alguém como Jamie pode satisfazê-lo.

Ele é um vagabundo nascido para ser meu, por completo, ele só precisa de um pequeno lembrete — esse foi o meu pensamento original, e meio que saiu do controle. Ao passar pela porta da frente, foi como se eu tivesse deixado minha sanidade e senso de controle em sua varanda. Vê-lo sentado ali no sofá, tão bonito como sempre, apesar de tudo o que eu vinha sentindo durante toda a semana, me derrubou. Eu queria arruiná-lo, fazê-lo chorar, fazê-lo gritar, fazê-lo gozar no meu pau repetidas vezes. Eu queria lembrá-lo de seu lugar, de quem seria melhor em servi-lo: eu, obviamente. Eu disse a mim mesmo que estava tudo bem porque ele estava me deixando fazer isso, ele não me impediu com a palavra de segurança, exceto quando eu o estava empurrando para seu primeiro orgasmo.

No entanto, o “calor do momento” dificilmente é uma boa desculpa. Eu disse algumas merdas muito, muito fodidas para ele, e o repreendi implacavelmente, sem qualquer gentileza. Deve ter parecido uma chicotada, considerando que a última vez que fizemos sexo foi um caso tão lento e gentil, cheio de… bem, amor. Mas não chamarei isso de fazer amor, não tenho cinquenta anos. Sei que provavelmente fiz um estrago nele, e ele devia estar sofrendo no dia seguinte. Eu não deveria transar com ele assim, a menos que ele concorde explicitamente, que posso estar lá no dia seguinte para ajudá-lo.

Também é desnecessário dizer que depois disso fiquei um desastre. Eu não podia ligar para ele, enviar uma mensagem de texto ou passar para ver como ele estava. Tive que sentar, sozinho com o que havia feito, e orar a Deus para que ele não me expulsasse de sua vida para sempre. Farei tudo o que tiver que fazer, direi tudo o que tiver que dizer, desde que possa merecer o seu perdão. Então, é claro, vou direto para a sala dele na segunda-feira de manhã.

Não foi nada como eu queria. Ele foi frio, impessoal e hostil. Ele também não está usando meu relógio. É apenas desgosto ou alguém veio por trás de mim e enfiou uma faca nas minhas costas? Parecia algo como isso. Tento sufocar o início de um pedido de desculpas meia-boca, porque é o melhor que posso fazer agora, mas não consigo fazer nem isso. Por causa da Sra. Rosenthal, a ruína de toda a minha existência.

Decidi obter uma perspectiva de alguém de fora e só há uma pessoa a quem posso recorrer.

— Ei, Jacob, quer vir em casa mais tarde?

— Sim, cara, vou me trocar e estarei aí às quatro.

Então, aqui estamos agora. Estou relaxado em meu puff, Jacob está balançando para frente e para trás na cadeira da minha escrivaninha despreocupado. Entre nós, há uma caixa de pizza pela metade cheia de manchas de gordura e um pacote de três latas de cerveja que já foi um pacote de seis. Na minha velha e minúscula TV, Jacob está fazendo poeira de mim em Tekken 7. As derrotas repetidas não pioram meu temperamento como normalmente fariam, e o fato de que estou em uma sequência de derrotas tão horrível em primeiro lugar já é uma dica. Jacob me dá um olhar de soslaio.

— Deixa isso, cara. Sei que você não me convidou só para consumir carboidratos e tomar uma surra em Tekken.

Eu gemo, porque ele está certo, eu só não queria reduzir uma amizade de longa data a desabafar sobre meus assuntos. Seria uma atitude idiota convidá-lo, reclamar dos meus problemas e depois mandá-lo embora. 

— Bem, já que você tocou no assunto…

Coloquei tudo sobre a mesa, tudo, exceto o tratamento inadequado que dispensei a Sammy no sábado à noite. Jacob escuta pacientemente enquanto eu expresso minhas frustrações com nossa nova professora e seus modos astutos, sua flagrante atenção para com Sam. Em pouco tempo, ele está me olhando como se eu fosse o filho da puta mais estúpido do mundo. Faço uma pausa, piscando para ele.

— Ok, então… — Ele começa devagar — você está chateado porque… você acha que a Sra. Rosenthal gosta do Sr. Powell?

— Sim?

— Cara — ele fica inexpressivo — a Sra. Rosenthal gosta de todos os caras jovens e ligeiramente atraentes da escola. Ela tem estado pendurada em você também! — Ele aponta a mão para mim.

— Ela tem?

— Sim, cara! Ela está flertando com você como uma louca. Cristo, até onde sua cabeça está enfiada na bunda do Sam? Ela é apenas uma vagabunda, cara. Quero dizer, ela é gostosa pra caralho, não me entenda mal. Eu pegaria, mas há uma fila. Ela provavelmente deixaria toda a equipe correr atrás dela.

Fico sentado com essa perspectiva recém-descoberta por um momento. Reviso minhas memórias da última semana e meia, e a Sra. Rosenthal definitivamente está… do lado assanhado da coisa. Ela ri muito de coisas que não são nem remotamente engraçadas. Ela dá socos no meu peito, vira o cabelo, abre sorrisos como se estivesse em um comercial da Colgate. Ela definitivamente tem preferência pelos estudantes atletas. Meu Deus, ela é uma vagabunda.

— Mas, ela o convidou para sair! Para beber!

— O Sr. Powell não é gay?

— Não sei! Achei que sim, mas e se ele também gostar de garotas?

— Bem, você perguntou a ele sobre isso? O que ele disse?

— Eu… — As palavras ficam presas na minha garganta como uma bola de mel. Jacob me lança um olhar estranho.

— O quê? Você foi à casa dele no sábado, certo?

— Fui… — Jacob pode me ler como um livro, e minha expressão deve estar dizendo tudo o que não consigo dizer. A culpa, a vergonha e o desconforto.

— Cara, o que você fez? — Ele se endireita em seu assento. Deixo cair meu rosto em minhas mãos, esfregando violentamente.

— Eu só… eu estava chateado, cara! Fiquei pensando nisso a semana toda, e quando o vi eu… não sei, simplesmente perdi o controle!

— Você não… Você bateu nele ou algo assim?!

— Não, não! — Nego imediatamente — nós apenas… fizemos sexo, tipo, três horas seguidas.

— Fizemos sexo — Jacob repete me imitando — posso ler as entrelinhas, cara, não sou retardado… Ao contrário de você. Sei como você fica quando perde a paciência, e se você transasse com ele daquele jeito? Por três horas? Você estragou tudo, parabéns. É um milagre que ele tenha vindo para a escola na segunda-feira. Merda, é um milagre que ele não esteja paralisado. 

Ouvir Jacob regurgitar todas as minhas dúvidas, medos e arrependimentos para mim me faz sentir como se a corda de uma forca apertasse minha garganta. Aprecio isso de qualquer maneira, porque Jacob sempre, sempre é honesto comigo, especialmente quando eu realmente estraguei alguma coisa. Ele faz isso por mim com frequência.

— Eu sei, eu sei, você está… Totalmente certo. O que diabos devo fazer agora? Não é fácil ter uma conversa com ele, tenho que esperar que ele me deixe ir. Eu não posso ser visto… encurralando ele na escola, sabe? É muito arriscado, quase fomos pegos por White na última sexta-feira.

— Vice-Diretor White?

— Sim.

— Que porra é essa, Dean?

— Vamos lá, cara, isso não vem ao caso!

Bebidas com Jamie Rosenthal.

É... bizarro. Olho discretamente ao redor do bar, procurando pelos médicos com cara de porco, porque isso deve ser algum tipo de mundo paralelo. Chegamos a um lugar chamado Rodney's, que passou por três reformas desde a sua construção. É uma estrutura de setenta e cinco anos, e a primeira reforma ocorreu quando Illinois adotou códigos de construção. Agora, é o que há de mais sofisticado que existe por aqui. Jamie e eu ainda formamos uma dupla incomum, e nos destacamos da pior forma ao entrar.

Ela não é do tipo que se importa com a atenção, no entanto, e ela consegue uma pequena mesa de canto para nós assim que entramos. 

— O que você quer? Por minha conta!

— Uh, me surpreenda?

Ela retorna com duas cervejas grandes — as marcas estão além da minha compreensão — e duas JägerBombs*. Deus me ajude, não bebo JägerBombs. Infelizmente sou muito educado para recusar qualquer coisa, no entanto, e é uma atrás da outra. Tenho uma tolerância alta a álcool, então a primeira rodada não me incapacita como acho que ela esperava que acontecesse. Tenho certeza de que ela associa minhas proporções corporais à minha tolerância, como a maioria das pessoas faz. O cara pequeno com certeza ficará bêbado em dez minutos ou menos. (*NT: JägerBomb é um tipo de drink que utiliza um copo maior de Jägermeister — licor de ervas de origem alemã — e dentro desse copo um menor com red bull)

A noite continua e fico agradavelmente surpreso ao descobrir que estou… Gostando da companhia dela. Deixando de lado sua atitude vagamente pedófila, ela é uma pessoa genuinamente interessante para conversar. Ela é espirituosa, suas histórias são coloridas e ela pergunta tanto sobre minha vida quanto sobre a sua própria. Seus pais são engenheiros de software abastados, ela é filha única, cresceu em Ann Arbor e está ocupando o lugar do Sr. Candy porque suas famílias têm laços pessoais estreitos.

Minha guarda está bem baixa depois de uma hora e meia, e estou muito menos sóbrio do que quando entrei. Jamie percorreu o assento até que nossas coxas estivessem pressionadas uma contra a outra. Eu não pensei nada sobre isso, até que ela passou os dois dedos pelo meu peito. 

— Ei, Sammy, posso te perguntar uma coisa?

— Hum, claro, o que houve?

Ela se inclina para mim, perto o suficiente para que eu possa sentir seus lábios, pegajosos de gloss, arrastando-se contra minha orelha.

— Você está dormindo com Dean Saunders?

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