18

Alex

As coisas agora estão funcionando, me sinto muito mais leve e feliz. Depois de anos de espera, pude ficar perto da Liv, e dizer tudo o que eu precisava, e estou aliviado pelas coisas entre nós terem dado tudo certo. Ficamos deitados no sofá por um bom tempo, o que eu não achei ruim.

— Alex?

— Oi.

— Como vai ser as coisas de agora em diante? Você tem uma vida na cidade, e é chefe e dono de um restaurante.

Eu pensei bem sobre isso, daqui até a cidade são mais do que três horas de viajem. Não teria como eu ficar indo e voltando todos os dias, e nem tenho condições de manter agora nosso namoro a distância. Conversei com o Miguel no trajeto até aqui, e ele me ajudou a fazer algo que fosse funcional para ambos os lados, tanto o nosso trabalho quanto ficar ao lado da Liv, se ela aceitasse namorar comigo.

— Eu sei. Eu quero continuar aqui, do seu lado. Eu quero passar o resto da minha vida com você, e sei que você prefere aqui do que a cidade, e eu gosto daqui também. É claro que vou ficar aqui, se você permitir. — Ela se levanta sentando no sofá e eu faço mesmo sentando ao lado dela.

— É claro que eu permito. Eu não vou deixar você alugar um quarto, enquanto está aqui, sendo que você tem a mim. Você é muito bem vindo aqui.

— E os seus pais?

— Eles não vão ligar. Meu pai talvez fique um pouco irritado, mas ele vai superar. Minha mãe ama você, e ela não vai ligar. Aliás, a propriedade também é minha. — Sorri.

O pai dela pode acabar tendo um ataque, depois de saber que eu não me afastei da filha dele, como ele queria, mas eu tinha deixado bem claro que não me afastaria da Liv.

— Agora sobre o trabalho, vou apenas uma vez ao mês na cidade para ver como estão indo as coisas, resolvendo coisas administrativas online, mas vou procurar algo para fazer aqui, se tiver uma vaga aqui na pousada que vocês tiverem precisando, eu estou disponível, independente de que cargo é.

Liv fica pensativa e em seguida assente.

— Eu vou ver, talvez tenha. Mas eu preciso ter certeza antes de dar certeza.

— Tudo bem… É, a alguns dias atrás, não sei se faz mais de três semanas ou dias, mas eu vi uma mulher andando pela cidade, parecida com você. — Falo lembrando, querendo logo ter certeza, e que eu não tinha me enganado.

— Era eu! — diz surpresa. — Eu tinha ouvido alguém me chamar, eu pensei que não fosse comigo, a Vi pensou o mesmo. Nós duas estávamos na cidade para ver o campus da faculdade dela, e estávamos pegando o carro por aplicativo para voltarmos à rodoviária. Eu não acredito que era você!

— Eu gritei o seu nome, e o Miguel até pensou que eu tivesse me enganado, mas era realmente você!

— A gente poderia ter se reencontrado naquele dia, mas pelo visto não era o que o destino queria.

— Não costumo em acreditar em destino, mas ele me trouxe de volta para você, então estou acreditando nisso.

Levantamos do sofá, depois de ficarmos muito tempo ali. E foi quando lembrei do copo quebrado perto da porta, aproveitando que ela não está prestando muita atenção para isso, vou atrás das coisas para limpar.

— Não precisa, pode deixar que eu pego — tento impedir ela de pegar os cacos com as mãos.

— Foi eu que derrubei, deixe que eu pego para você.

— Tudo bem, eu pego os cacos primeiro e você me ajuda com a sacola.

Colocamos os cacos na sacola, e colocamos uma fita escrito que o que tinha dentro era vidro, para que ele tenha o fim correto. Depois secamos o chão.

— Onde está as suas coisas? — ela pergunta após sair do quarto, após tomar banho, enquanto eu fiquei no sofá esperando ela voltar.

— Não trouxe muita coisa, está no carro. E tem as minhas coisas que eu deixei aqui.

— Então vamos pegar logo, e deixar tudo pronto.

— Ok. Miguel quer te conhecer, foi ele quem me trouxe e está aqui. Mas vou logo avisando que ele às vezes, pode ser muito desbocado, mas ele é uma boa pessoa.

— Vou ficar feliz em conhecer seu amigo, e também agradecê-lo por ter te trazido. Vamos agora... — somos interrompidos pelo celular dela que começa a tocar em cima do sofá. — É minha mãe. Vou ter que atender, posso falar com ela sobre a gente?

— Claro.

  Ela atende a ligação, levando o celular até o ouvido.

— Oi mãe, só um minuto que eu já falo com você — ela afasta o celular do ouvido. — Vai indo pegar suas coisas, enquanto falo com a minha mãe. Depois eu vou te encontrar, e fala com o João, ele sabe onde está suas outras coisas.

— Não quer que eu fique, para te ajudar a falar com eles?

— Não precisa, minha mãe e de boa, mas agora com o meu pai, é melhor eu conversar com ele sozinha, e tentar acalmar a fera.

— Tá bom — beijo ela na bochecha, e saio a deixando falar com a mãe sozinha.

Caminho até a recepção, encontrando João atrás do balcão, ele parecia concentrado em algo no computador, enquanto tem vários outros livros em cima do balcão. Eu não sou muito curioso, de ficar olhando as coisas dos outros, mas chamou a atenção ao ver livros de disciplinas da escola. Depois que eu saí do ensino médio, nunca mais peguei em um livro didático.

— Está estudando?

— Ah, oi Alex. Eu não te vi aí! — diz dando um leve pulo de susto. — Estou, sei que é horário de trabalho, mas eu só estava estudando, porque não apareceu ninguém.

— Não precisa se justificar, eu não mando aqui, e nem acho que alguém vai ligar. Como você disse, não tem ninguém mesmo. Mas o que você vai fazer, uma faculdade?

— Não, na verdade eu estou e estudando para um concurso, para uma vaga de professor no povoado.

— Ah, não sabia que você queria ser professor.

Ele sorri.

— Quase ninguém imagina isso. Eu fiz a graduação e a licenciatura online, e agora que surgiu uma vaga estou aproveitando. Não tenho certeza de que vou passar, mas não custa nada tentar.

— Que isso cara, você vai conseguir. Está se esforçando bastante, e vai haver várias vagas depois, não desista. Mas quando vai ser a prova?

— Na próxima segunda feira.

— Vou estar torcendo por você — digo sincero. — Só não esqueça de descansar um pouco um dia antes da prova, só revisar algumas coisinhas e vai dar tudo certo.

— A Olivia não poderia ter encontrado uma pessoa melhor — sorri.

— Que nada. Você e a Vitória são os melhores amigos que ela poderia ter tido. Eu não tive oportunidade ainda de pedir obrigado por você e a Vitória ter me ajudado, eu não estaria aqui junto com a Liv, se não fosse vocês.

— Então quer dizer que vocês dois?

— Sim, estamos namorando. — Eu ainda nem acredito o que acabou de acontecer horas atrás, mas estou tão feliz.

— Meus parabéns para vocês dois, estava torcendo para isso acontecer.

Sorri, agradecendo.

  Para não interromper mais, o deixo quieto para estudar, e pergunto onde está as minhas coisas, na qual ele me entregou, e em seguida levo de volta para o lugar onde vou passar os dias de agora em diante, a Liv não apareceu na recepção, o que significa que ela ainda deve estar falando com os pais dela, e eu também nem demorei muito.

Ao entrar na sala, vejo Liv andando de um lado para o outro com o celular no ouvido. Passo por ela levando minhas coisas, que é só uma mala, no quarto dela. E volto para sala.

— Olha, a gente fala depois mãe.... Eu sei, eu... depois nos falamos, quando tudo estiver mais calmo — de costas para mim vejo ela tensa, seus ombros estavam caídos. O que significa que a conversa não foi nada boa.

Espero ela desligar o celular, e me aproximo dela, a abraçando.

— Quer conversar? — pergunto apoiando minha cabeça em seu ombro, e ela se vira em meus braços ficando de frente para mim.

— Não foi nada fácil. Acho que falar pelo celular não dá muito certo mesmo — beijo o canto da sua boca, tirando um leve sorriso dela.

— O seu pai não gostou de saber, que sou eu o seu namorado?

Bem, as coisas não iriam ser fáceis com o meu sogro, e agora eu preciso dar um jeito nisso. Eu não quero que a Liv fique triste por isso.

— Não mesmo, mas ele vai ter que aprender. Eu amo você, e nada pode mudar isso.

— Sinto muito, queria ser um namorado melhor para você, eu... — ela me interrompe.

  — Alex, nunca mais diga isso, não mesmo. Você é você, e eu amo por isso. Não tem essa de ser melhor. Agora vamos esquecer disso, e deixar que as coisas se acalme. — Ela desfaz o abraço e segura minha mão.

Agora olhando, sua mão cabe perfeitamente na minha. Sua mão é tão macia e quente. E eu me pego sorrindo.

— O que foi? — pergunta sem entender.

— Nada.

— Trouxe todas as suas coisas?

— Só as que eu deixei aqui, preciso pegar o resto no carro do Miguel. Eu não trouxe muita coisa, só o essencial. Não sabia se você iria querer algo comigo.

— Tá vendo a importância de contar as coisas de uma vez? A gente poderia ter economizado todos esses dias.

— Mas ainda temos o resto da vida.

— É, muito tempo. Agora podemos ir ver o Miguel? Estou ansiosa para saber como ele é, minha mãe e a Vi já viram ele, só eu que não.

— Eu acho que ele deve estar mais ansioso do que você. Ele me aguentou todo esse tempo me ouvindo falar sobre você.

— Ele é um bom amigo. — rimos.

Saímos da casa, ainda de mãos dadas e nem precisamos subir para o quarto do Miguel para o encontrar, na porta da recepção. Sem nos ver, ele vai para fora e a gente o acompanha. Ele mexe no celular, e eu assobio para chamar a atenção dele. Miguel se vira guardando o celular no bolso, e seus olhos estão surpreso ao ver nós dois. Vejo seus olhos sobre mim, em seguida para Liv e depois para nossas mãos juntas.

— Caramba, finalmente conheci a famosa Olivia! — ele se aproxima feliz a abraçando.

— Ah, oi! — diz ela surpresa com o abraço, e eu solto nossas mãos.

— Você não imagina o que era ouvir esse cara bêbado, falando de você como um bebê chorão. Eu torci cem porcento para que vocês ficassem juntos, e agora deu tudo certo.

Vai começar, eu sabia que ele iria começar a contar coisas vergonhosas sobre mim para ela, ele ama me provocar.

— Eu fico feliz por você ter torcido pela gente, e por ouvir ele dizer sobre mim.

— Amigos servem para isso, não é mesmo — ele me acerta uma cotovelada. — E então, como as coisas vão indo?

Ele simplesmente agora está andando com ela, me deixando para trás.

Mais que ousado!

— Vão indo bem, melhor do que eu poderia imaginar. Alex e eu somos oficialmente namorados, e espero que não fique triste de perder o seu amigo.

— É, eu vou sentir saudades dele. Mas isso iria acontecer um dia mesmo.

Sentamos em um banco, ficando eu e ele em uma ponta, e ela sentada no meio. Deixo os dois conversarem enquanto observo a natureza.

— Alex? — escuto a voz da Liv, e presto atenção.

— É o amor mesmo, olha como ele está.

— O que? — pergunto sem entender

— A gente te chamou três vezes — diz ele.

— Eu tava perdido em pensamentos.

Liv segura minha mão.

— Espero que não esteja se arrependendo das suas decisões.

— Nunca. Se tem algo que eu vou me arrepender é de ter demorado dez anos, só isso. Agora da decisão de ficar com você, eu nunca vou me arrepender disso. — levo nossas mãos até minha boca, beijando os nós dos seus dedos.

— Vocês dois são fofos juntos. — Miguel diz e olho Liv nos olhos, sentindo suas bochechas corarem.

°

Na hora do jantar, resolvemos jantar juntos com os hóspedes mesmo.

— Miguel, eu gostaria de que você fosse lá em casa, almoçar um dia desses antes de ir embora. Se você quiser, é claro — pediu ela.

Nós dois tínhamos combinado, de o chamar. Liv realmente gostou dele, e dizendo ela, que quer me conhecer também por ele. E ela não precisa nem pedir, porque Miguel parece saber quase tudo sobre mim, coisas que eu nem sabia que gostava, ou lembrava que tinha feito.

— É claro que eu aceito.

— Ah, está de volta até que enfim e inteiro! — escuto uma voz feminina e familiar atrás de mim, e me viro vendo a Vitória.

— Quem te contou? — perguntou Liv se levantando para cumprimentá-la.

— O joão, já que pelo visto a minha melhor amiga não anda vendo as minhas mensagens.

— Desculpa, eu esqueci de ver o celular. Mas senta com a gente, já jantou?

Ela se serve antes de sentar a mesa, na cadeira ao lado do Miguel, que está sentando de frente para mim.

— Como está Alex? — pergunta ela simpática.

— Bem. E obrigada por tudo.

— De nada. E oi Miguel, que bom ver você de novo.

— E você também — diz com um sorriso no rosto, todo simpático, e chuto a sua perna por debaixo da mesa, e ele me olha sem entender, e eu apenas o encaro.

— E então, o que está acontecendo entre vocês dois, se resolveram, quando vai ser o casório? — pergunta ela rápido de mais e olho para Liv que responde primeiro.

— A gente está namorando, e vamos fazer as coisas irem um passo de cada vez. Sem pressão, o casamento isso fica mais para frente.

Não conversamos sobre isso ainda, é muita informação para um único dia.

— Quando for o casamento, não esqueçam de me chamar para ser padrinho. — Avisa Miguel.

— Não vamos esquecer de te chamar, você já é nosso padrinho. Assim como a Vitória com certeza é. — Respondo, e Vitória me olha assentindo devagar.

Ela é muito misteriosa, quando as coisas entre a gente pode parecer estar bem, ela pode muito bem acabar com você.

— Quanto tempo pretende ficar? — pergunta Liv para Miguel.

— Três dias no máximo.

— É uma pena, tão pouco tempo.

— Infelizmente não posso ficar muito tempo, mas quem sabe não venho passar as férias com vocês.

— Seria ótimo. E quando vier não será como hóspede. — Liv diz.

— Anotado.

— E a Vitória também não vai ficar muito tempo, vai ir para faculdade — acrescenta, e eu olho para a Vitória.

— Meus parabéns.

— Obrigada.

— Grande conquista, parabéns. Está animada? — Miguel pergunta com um sorriso no rosto.

— Obrigada. Quando eu penso, meu coração fica a mil.

Os dois começam uma conversa, enquanto Liv e eu ficamos conversando, a cada minuto pessoas, que não eram muitas, saíam das suas mesas voltando pra os seus quartos.

— Onde está a Larissa? Não há vi enchendo o saco de ninguém — pergunto após dar uma olhada ao redor.

— Já faz um bom tempo que ela finalmente foi embora.

— Mas paz para gente então.

— Só espero que ela não volte. — concordo com ela.

  Depois do jantar, e de Liv estar conversando com a amiga. Aproveitei para puxar Miguel para um canto afastado delas.

— Eu estou de olho em você — aviso sério.

— O que quer dizer com isso?

— Você tem que tomar cuidado, a Vitória não é alguém que se deve mexer.

— Por isso o chute? Eu sei, eu não quero nada com ela, eu só estava sendo receptivo. E aliás, não quero levar um soco que nem ela deu em você.

— É bom mesmo, Vitória parece saber de coisas que ninguém sabe.

— Não tenho segredos, assim como você tinha. E aliás, no final ela não sabia sobre o seu segredo. Acredito que quando ela disse aquilo para você, só estava preocupada com a amiga dela.

— Mas é bom deixar avisado,estou fazendo isso como o seu amigo. — Ele coloca a mão sobre o meu ombro.

— Não precisa se preocupar, agora vá atrás da sua namorada, ela está te esperando.

Me viro vendo Liv andar até mim com um sorriso no rosto. Ela deveria sorrir mais, a deixa tão linda e acaba comigo. Sinto que com ela posso esquecer os meus problemas, sei disso só de olhar aqueles olhos.

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