06

 Olivia

Já faz uma semana desde o dia da torre, desde então estamos tendo uma ótima relação um com o outro. E a cada dia que passa, descubro algo cada vez mais sobre o Alex, o que faz a Vitória ficar com um pouco de ciúmes. 

 Ele estava demorando muito, e eu estava com fome, já que ontem a noite eu nem comi. Já tínhamos uma certa intimidade um com outro, então resolvi ir até o quarto dele. Mas ao invés de bater na porta e esperar ele abrir, quando eu fui ver eu já estava abrindo a porta. A situação poderia não ser pior, se eu não tivesse entrado justo quando ele estava sem camisa. Me viro rapidamente ficando de costas para ele, encarando a porta enquanto meu rosto queima de vergonha. 

 — Eu não vi nada — aviso. — Eu deveria ter batido antes de entrar. 

 — Não, tudo bem. Pode virar. 

 Devagar me viro, e o mesmo já estava pronto. Olho seu rosto e procuro algum sinal de estar irritado por eu ter entrado no quarto dele do nada. 

 — Me desculpe mesmo por ter entrado assim do nada…

 — É serio, relaxa que não foi nada de mais — sorri. — Já estou pronto, podemos ir? 

 — Sim, já não era sem tempo, estou morta de fome. 

 — E quando você não está? — diz brincando, e eu bato em seu ombro. 

 Entramos na minha casa. Hoje resolvemos tirar um dia para descansar, Segundo Alex, os domingos são para exatamente isso. 

 — Não liga para a bagunça. — aviso. 

 — Porque você insiste em dizer, para eu não ligar para a bagunça. Sendo que não há nenhuma? 

 — Sei lá, força do hábito — dou de ombros. — O que vamos fazer hoje? 

 — Tenho alguns filmes salvos no drive. — ele mostra o celular. — Podemos assistir hoje o dia todo, e aí depois vemos o que vamos fazer. 

 — Ok, mas primeiro o meu café. 

 Alex se diz ser um bom cozinheiro, e além de ser chefe de cozinha, deixei que comandasse a cozinha hoje, na verdade ele que insistiu em preparar algo.

 — O cheiro está bom, agora vamos ver o gosto. — sento na cadeira ficando de frente a ele, sentindo o cheiro das panquecas quentinhas no meu prato. 

 — Está duvidando dos meus dotes culinários? 

 — Não.

 — Espere só ver quando você comer o meu macarrão cremoso, ou meu espaguete a bolonhesa. Você vai me pedir de joelhos mais. 

 — É o que vamos ver. — sorri em desafio.

 Depois do café da manhã, lavamos os pratos e partimos para a sala. Assistimos uns dois filmes de comédia, que me fez rir tanto. Na hora do almoço, só por conta da minha brincadeira de mais cedo, ao duvidar dele, ele resolveu fazer espaguete a bolonhesa. Enquanto ele mexia na panela e cortava os ingredientes, eu fiquei só olhando, sentada na mesa. Olhar Alex preparando o almoço era tão relaxante, e, ao mesmo tempo ele parecia tão gostoso. 

 Merda Olivia, o que você está pensando? 

 Quer dizer, ele parece que saiu de um sonho, sabe cozinhar que é uma beleza, e ainda é bonito. Quem casar com ele é muito sortudo ou sortuda. 

 — Aqui está. — ele coloca o prato na minha frente, e se senta olhando para mim. 

 — Cadê o seu prato? 

 — Vou esperar você comer primeiro. 

 — Vai ficar vendo eu comer? — assente. — Assim eu vou ficar com vergonhar. 

 — Você com vergonha? Até parece, vou fingir que eu acredito — ele empurra o prato para mais perto de mim. — Mas vai, só uma colher quero ver o que você achou. 

 Respondo fundo, e pego a colher com um pouco do espaguete, e o levo até a minha boca. Sabe quando você come algo, que parece que explodiu o sabor na sua boca, algo que você nunca comeu antes, mesmo já tendo provado essa receita antes? É o que eu estou sentindo agora. Eu já comi espaguete a bolonhesa antes, tantas vezes, eu até mesmo fiz, mas esse aqui, tem o melhor gosto de todos. O que foi que ele colocou de diferente nesse prato?

 — O que você colocou neste tempero? — pergunto após saborear um pouco mais. 

 — Nada. A mesma receita normal. 

 — Isso aqui tá incrível! 

 — Da para ver os seus olhos brilhando. — sorri.

 — Alex, acho que você não vai embora por tão cedo. Eu acho que nunca comigo algo tão bom assim. Vou precisar de você cozinhando para mim, para sempre. 

 — Seu futuro marido ficaria bravo. 

 — Não tem problema, eu me casaria com você. 

 Ele ri. 

 — Só por conta da minha comida? 

 — Por conta de tudo! 

 — Está bem, chega de elogios por hoje — diz sorrindo e vejo seu rosto corar. — E vamos comer antes que esfrie. 

 — Eu detesto te admitir isso. Mas você está certo, você é um chefe de primeira, e o meu favorito. 

 — Quantos chefes você conhece? 

 — Contando você, um. 

 Ele balança a cabeça. 

 — Você é inacreditável. Quando eu for embora, quero que um dia passe no meu restaurante, aí faço um prato especial para você. 

 — Eu vou cobrar em!

 No fundo sinto um pouco de aperto no coração. Ele vai embora, desde o começo eu sabia disso. Mas a cada dia que passa, eu me apego cada vez mais a ele. 

 °

  Estava com tanto sono a tarde, não sei porque foi que eu comi doce de sobremesa após o almoço, dessa vez foi especialidade minha, fiz mosaico de gelatina ontem, para hoje. E depois de descansar do almoço, deitamos no tapete com as almofadas sobre nossas cabeças. Doce, deitar no chão, e o filme, é praticamente pedir para eu dormir mesmo. 

 — Me desculpa eu não deveria ter dormido, acabei pegando no sono. — falo me espreguiçando. 

 — Não, tudo bem. Você só dormiu hum… a tarde inteira?

 — O que?! — Me viro para a janela e vejo que a claridade do sol já é baixa. — Nossa, você teve todo o trabalho de procurar e pegar esses filmes, e eu fui lá e dormi. 

 Procuro o meu celular, e o encontro em baixo da almofada. Já são 17:40. 

 — Não, tá tudo bem. Você estava cansada, e foi bom você ter dormido, está a precisando. 

 É verdade, um bom cochilo a tarde, até que tirou um pouco do meu sono acumulado. Agora quero só ver se na hora de eu ir dormir se eu vou ter sono. 

 — Terei que te recompensar depois por ter dormido. 

 — Não precisa. 

 — Precisa sim. 

 Estico a minha perna, e me arrependo em seguida, uma dor na batata da perna direita, como se o osso tivesse se torcendo. Coloco a mão na perna como se isso fosse adiantar alguma coisa. 

 — O que foi? Onde tá doendo! — pergunta preocupado. 

 Mordo minha boca para não gritar. Essas coisas sempre acontecem comigo. 

 — É uma câimbra insuportável na minha perna. Quase todas às vezes que eu estico a perna, dá essa dor. 

 — Vamos ao médico. — diz se levantando rapidamente. 

 — Não precisa, eu estou bem. — a dor insuportável passou, então solto a minha perna e coloco os no chão novamente. 

 — Não parecia alguns minutos atrás!

 — Estou bem de verdade, só dói alguns segundos. Já passou, viu. — falo mexendo a minha perna. 

 Depois da câimbra, o local fica um pouco dolorido, mas depois passa. Mas não conto isso para o Alex, porque pelo jeito ele realmente poderia me levar ao hospital. 

 — Segundos agonizantes. — comenta. 

 — Sim. 

 Ele senta de volta no tapete, e eu me levanto sentando ao seu lado. O filme continua passando e mesmo sem entender o que está acontecendo, continuou assistindo. 

 — Eu vou ficar aqui com você hoje a noite, vai que você sente essa dor de novo, quem vai te levar até o hospital? — fala quebrando o silêncio que ficou entre nós.

 — Não precisa Alex, essas câimbras acontecem de vez e quando, e raramente. Eu só preciso lembrar de evitar esticar a minha perna ao espreguiçar, não fique preocupado comigo. 

 — Sério, eu tenho que ficar preocupado com você. Se você visse o jeito que ficou, entenderia. 

 Sorri. 

 — Me desculpa por te assustar, mas já passou. 

 Levanto do tapete, e sua mão segura o meu braço. 

 — O que está fazendo? 

 — Preciso beber água. 

 — Nada disso, pode ficar aí que eu vou buscar para você. — diz se levantando e solta o meu braço. 

 — Não precisa, estou bem olha. 

 Dou alguns passos e uma voltinha. Mesmo assim ele me acompanhou até a cozinha, e ficou esperando eu tomar a minha água. Na primeira vez em que tive isso, foi na piscina, sorte que era rasa e eu estava perto da borda. Ninguém ligou muito, já que passou em seguida. A segunda eu estava em casa, deitada no sofá quando aconteceu, e depois disso perdi a conta, mas ninguém se preocupou tanto quanto Alex agora. Por isso acho que é nada de mais.

 °

 Acordo de manhã com o barulho da porta sendo destrancada, o que me fez levantar assustada. Assim como eu Alex acabou de acordar. Ele tinha ido até o quarto tomar um banho, e depois voltou para assistir um último filme, só que como já estava tarde, pedi para que ficasse comigo, e dormimos no colchão que colocamos na sala, ao invés de dormir no tapete. 

 — Mãe! — exclamo surpresa por ver ela aqui, ainda mais essa hora. 

 E que horas são?

 Ela está segurando algumas sacolas, e eu corro para ajudá-la. Enquanto Alex se levanta do colchão. 

 — Oi, como vocês estão? — pergunta ela com um semblante calmo no rosto. 

 Ela nem ao menos ficou surpresa com o Alex estar aqui. Meu Deus, o que ela deve estar pensando!

 — É.... e, a senhora não avisou que veria. 

 — Muda essa cara menina, parece que peguei você fazendo algo errado. — ela ri seguindo para a cozinha e eu sigo atrás. 

 — Eu acho melhor eu já ir indo. — diz Alex com vergonha. 

 — Não. — respondemos em uníssono. 

 — Nada disso Alex, você fique para o café da manhã. E o seu pai já está vindo Olívia, ele só foi pegar algumas coisas no carro. E não vou aceitar um não de resposta Alex. 

 Enquanto minha mãe ficava na cozinha, preparando o café. Alex e eu corremos para pegar as coisas na sala e levar para o meu quarto. 

 — Obrigado por ter ficado ontem a noite, e me desculpe pela minha mãe ter acordado você. 

— Não precisa se desculpar, sua mãe é legal. E eu já estava acordado. 

 — Olívia, preciso da sua ajuda! — grita minha mãe da cozinha. 

 — Acho melhor a gente ir. 

 °

 — O Alex mãe, é um bom cozinheiro. Acho que bom é muito pouco para definir o que ele é. 

 — Sério? Você trabalha com quê? — pergunta ela que está sentada na minha frente, ao lado do meu pai, e Alex está de frente para ele, ou seja do meu lado. 

 — Sou Chef de cozinha. 

 — E trabalha em um restaurante ainda. — complemento. 

 — Quando você voltar para a cidade, certamente iremos lá fazer uma visita. — avisa minha mãe. 

 — Claro, eu convidei a Olivia para ir, e vocês estão mais do que convidado a ir também. 

 Desde que chegou meu pai não está falando tanto quanto costuma falar, ele apenas cumprimentou Alex, e nem fez nenhum comentário. Ele parece realmente cansado. Minha mãe percebe o meu olhar para ele, e logo desvia um pouco triste. Mas logo volta a falar com Alex como se nada tivesse acontecido. 

— Fico feliz que vocês dois estão se tornando amigos. — comenta dona Júlia. 

 — É, ontem eu tive uma daquelas cãibras irritantes, e ele ficou aqui comigo. 

 — Ah, sim, entendo. Atencioso da sua parte. 

 — Verdade, mesmo eu falando para ele que não precisava se preocupar. 

 — De qualquer forma atencioso. Vamos ficar o resto do dia aqui hoje Alex, eu não sou chefe como você, mas faço um delicioso Jantar, e você está convidado. 

 — Creio que a comida da senhora deve ser maravilhosa. — diz ele. — E estarei aqui. 

 No fim do café, Alex estava conversando com a minha mãe, e aproveitei que ela estava ocupada, para chamar o meu pai para uma conversa. Realmente, minha mãe está certa de se preocupar com ele, eu já estou começando. 

 — Pai podemos conversar? — pergunto ao puxar para um canto da sala. 

 — Sim. 

 — O senhor está bem? Me diga a verdade. 

 — Eu estou sim, só... cansado. 

 — Mas isso não é normal, está mais cansado do que o normal. Precisa ir ver um médico. 

 — Não, não preciso. Vou ficar bem logo. 

 — Pai, eu estou falando serio. Nossa saúde não se brinca. 

 — Eu estou falando sério, não preciso de um médico. Já basta a sua mãe enchendo o meu saco — diz irritado, em seguida suspira. — Me desculpe, não deveria estar agindo assim com você. Eu vou ver um médico em breve. 

 Não queria que essa conversa se tornasse uma discussão, então apenas assenti. Deixo ele se afastar indo até a minha mãe. Não sei se ele realmente vai ao médico. Quando minha mãe disse eu pensei que não era tão sério, na sexta em que eu fui ver os documentos para resolver, ele não estava tão pior como hoje. Mas o Sr. Fernando sempre foi cabeça dura. 

 — Oi, está tudo bem? — Alex pergunta.

 — Sim. 

 Ou é pelo menos o que eu acho. 

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