05

Alex

Definitivamente, ter vindo aqui não sei se foi uma boa ideia. Depois de ontem e de ter ido na maldita torre, só fez as coisas entre mim e a Olívia ficarem piores. Evitei falar com ela hoje, e ainda continuo evitando. Não sei se ela confiou na minha mentira, mas quem mandou eu ter ido lá ontem. Eu tinha realmente ido mais cedo, mas senti vontade de ir depois de novo, o que foi uma péssima decisão. 

 Estou um pouco afastado da multidão, me arrependo de ter vindo, não curto muito festas, e também não conheço muitas pessoas. Mesmo de longe, consigo ver a Olivia dançando junto com a Vitoria. Seu olhar se encontra com o meu, e desvio rapidamente. Bebo o refrigerante do meu copo, e disfarçadamente olho de volta, mas não vejo sinal de nenhuma das duas. 

 — Procurando alguém? — quase derrubo o meu copo das minhas mão.

 — Você quase me assustou. 

 — Foi mal, não foi minha intenção. Só vi que você estava sozinho, e vim te fazer companhia. — ela olha para o copo em minhas mãos. — Não bebe?

 — Estou dirigindo. 

 — A metade aqui está dirigindo hoje a noite e estão bebendo, então significa que você segue regras. — dou de ombros enquanto continuei olhando ao redor procurando a Liv. 

 — Quando a Olivia disse sobre você… 

 — Ela falou de mim? — minha atenção volta rapidamente para ela. 

 — É claro, assim como todo mundo dessa cidade, até pensamos que você poderia ser uma má influência para o povoado, mas pelo pouco que vi, você não é esse tipo de pessoa. 

 — Como você pode ter tanta certeza, você mal me conhece. 

 — Você é um Chefe de cozinha, e um dos donos de um restaurante chamado Jardim dos sabores, tem 26 anos, mora junto com Miguel, em um apartamento no centro da cidade… — eu a interrompo. 

 — Como é que você sabe dessas coisas? — pergunto surpreso e um tanto chocado por ela saber tudo isso sobre mim, mesmo que pouco. 

 — Não posso revelar meus truques, o importante que eu preciso saber bem sobre as pessoas, ainda mais em quem estão interessados na minha amiga.

 — Não estou interessado na sua amiga.

 — Sabe, já te disseram que você não mente muito bem? 

 Olho para ela, tentando procurar algo diferente, algum resquício de que ela saiba de alguma coisa. Até que ela começou a rir. 

 — Você encara todo mundo assim? — pergunta e eu nego. — Desculpe te incomodar, e te trazer a impressão errada. Mas eu precisava confirmar se você não era nenhum psicopata, que está afim da minha amiga. 

 — Você vai me dizer como sabe as coisas sobre mim? 

 — Ah, não vou dizer não. Não quero trazer problemas para outra pessoa, mas não se preocupe, não é como se fosse encontrar seus segredos. — ela ri e eu fico tenso. — Ah Olivia está demorando, eu já vou indo. Tenha uma ótima noite Alex. 

 — Para você também. — falo baixo, sentindo meus pensamentos a mil. 

 No fim, ela disse sobre os meus segredos na brincadeira, ou foi algum tipo de ameaça? Pego o celular do meu bolso, e mando mensagem para Miguel.

 “Eu não sou tão famoso, ao ponto 
de as pessoas saberem sobre mim, certo? ”


A mensagem só chega, e ele não aparece online. Um pigo de chuva cai na tela do meu celular, e eu desligo o colocando de volta no meu bolso. Ótima hora para começar a chover. Bebo o resto do refrigerante, e jogo o copo de plástico no lixo. Melhor ir embora, essa festa nem tava tão boa assim mesmo. 

° 

A chuva caiu forte assim que eu entro no carro, e saio do estacionamento pegando a estrada de terra a caminho da pousada. Ainda bem que inventei de ir embora antes que a chuva piorasse. No caminho, abaixo da chuva vejo Olivia andando com passos apressados. Ela enlouqueceu de andar em uma chuva dessa? Paro o carro ao lado dela abaixando o vidro, e ela se vira assustada, mas suspira aliviada ao me ver. 

 — Entra aí! — peço, e ela abre a porta entrando no carro.

 — Obrigada. E desculpa por molhar seu carro. — diz e ela cruza os braços se esquentando. 

 — Não tem problema. 

 Pego o meu moletom que eu deixo no banco de trás e entrego para que ela se vestisse. 

 — Para que isso? 

 — É para você vestir, pelo menos para você ficar quente até chegar em casa. — ela pega o moletom das minhas mãos e o veste. E ligo o aquecedor para que ela se sentisse melhor, volto a dirigir. 

 — Por que não esperou que a chuva passasse?

 — Eu já tinha saído antes de começar a chover. Não tinha onde me abrigar, então resolvi seguir em frente. E obrigada pela carona novamente. 

 — Não tem de que. A vitória estava te esperando antes de eu ter saído.  

 — Eu mandei mensagem para ela avisando que estava indo embora. 

 — Espero que a sua decisão de ir embora não foi por minha culpa. 

 — Não, claro que não foi. A festa já tinha acabado e eu queria ir para casa descansar.

 Percebi que ela não estava muito para conversa, então ficamos quietos. Durante o percurso, eu só pensava em dizer a verdade para ela, eu sei que ela já está brava comigo, e contar logo poderia ser melhor… ou não. Ao chegar na pousada a chuva não parou nenhum instante, ao contrário, ela piorou. Estaciono o carro e o desligo, e tiro o cinto de segurança, me preparando para descer. 

  — Podemos conversar? Antes de descermos. — pede, e eu concordo com a cabeça. 

 Engulo em seco, esperando a conversa que vem a seguir. Esperava que ela me xingasse ou brigasse comigo sobre ontem, mas suas palavras foram opostas. 

 — Eu sinto muito pela a forma que agi ontem, não tinha motivo algum para ser grosseira com você, e mesmo assim fui. Eu me arrependi das minha palavras no estante em que você se virou para ir embora. — ela faz um pausa. — Eu não sei o que deu em mim, eu acho que foi por conta que eu já estava estressada, e com sono, e despejei tudo em cima de você. Por isso gostaria de pedir desculpas. 

 Enquanto ela falava, tudo na minha mente se resumia a querer dizer a verdade para ela. Vai que ela me perdoa agora?

 — Tudo bem, não precisa se desculpar. O que aconteceu fica no passado, vamos esquecer isso. 

 — Me desculpa de verdade?

 — Sim, claro — a olho nos olhos dizendo a verdade. — Se você me perguntar, eu nem lembro o que aconteceu ontem. Eu vi você ontem? — brinco e seu humor muda. 

 — Você é inacreditável. Mas realmente, eu fui uma completa idiota. 

 — Não fala isso, você não é idiota. Eu já esqueci do que aconteceu. Que tal só seguirmos em frente?

 — Pode ser. Acho melhor a gente descer logo antes que a chuva piore ainda mais.  

  — Infelizmente eu não tenho guarda-chuva. — aviso. — Teremos que correr. 

 — Tudo bem.

 Na chuva, descemos correndo do carro até a pousada. Molhamos uns poucos, mas nada que um bom banho quente não resolva. 

 — Que chuva insana tá lá fora em. — uma garota mais jovem que a Olívia diz. Ela está com guarda-chuva em mãos, enquanto segura uma ecobag com livros dentro na outra mão. — Está ótimo para dormir. 

 Eu nunca a tinha visto antes, aqui. Mas seus traços pareciam familiar demais, até que me lembrei da vitória. As duas certamente podem ser da mesma família. 

 — É melhor eu ir indo, meu pai está me esperando. — avisa a garota após um carro buzinar lá fora, indo até a porta. 

 — Muito obrigada por hoje. E tenha uma boa noite. — diz Olívia e as duas de despedem. 

 Olívia tranca a porta, e em seguida nossos olhares se encontram. 

 — Eu acho melhor ir para o meu quarto. — falo me afastando em direção a escada. 

 As luzes piscaram, e meu primeiro pensamento é que poderia faltar luz. Espero estar no meu quarto primeiro, antes que isso aconteça. 

 — Eu também vou indo. — diz ela pensando certamente o mesmo que eu. 

 Subo o primeiro degrau, quando o apagão ocorre. E no mesmo segundo o local se ilumina com o clarão de um relâmpago ao longe. E logo tudo fica em completo escuro novamente. 

 — Alex!

 — Estou aqui. — desço o degrau, e estendo o braço, até encontra-lá.

 Sua mão tateia até chegar nas minhas mãos, no qual ela segura, e sinto meu corpo arrepiar com o seu toque. 

 — Ahm… me desculpe por isso, mas você poderia me levar até o meu quarto? Meu celular está descarregado, e não tem como eu ligar a lanterna, e eu não estou enxergando nada.  

 — Claro. 

 Pego o celular do meu bolso, e o sacudo acendendo a lanterna. Me aproximo dela, que entrelaça os braços sobre os meus, e deixo que a me guie até onde devo ir. É a primeira vez desde dez anos atrás que estamos tão próximos. Um trovão alto faz ela pular ao meu lado de susto, não me lembrava que ela tinha medo do escuro ou da tempestade. 

 — Você está bem? — pergunto. 

 — Foi só um susto. Eu costumava me assustar e ter medo de chuvas como essa quando criança. Mas hoje em dia não tenho mais, mas eu só não gosto de andar no escuro sem uma lanterna… E lá vai eu de novo, dando detalhes sobre a minha vida, como se você quisesse saber. 

 — Eu gosto, já te disse. 

 — É aqui. — paramos no fim do corredor em frente a porta. 

 — Precisa que eu entre? 

 — Não precisa, até aqui já está… — a luz volta iluminando o corredor. — Até que enfim, acho melhor nós dois irmos para a cama, antes que ela resolva ir embora de verdade. 

 — Sim. Fique bem, tenha uma boa noite. 

 — Você também. 

 Espero ela destrancar a porta e entrar, para depois eu seguir o meu caminho. Ao chegar no meu quarto, a luz não acabou, o que foi bom, deu tempo de eu tomar banho e deitar na cama. E com o som da chuva lá fora, e os pingos na janela, eu durmo feliz, melhor do que ontem a noite. 

°

 Acordo, com a claridade da janela em meu rosto. Levanto e olho para o dia lá fora, nem parece que caiu um temporal ontem a noite. Tiro o meu celular do carregador, e vejo que pela hora ainda dá tempo de tomar o café. Para não demorar muito e acabar perdendo, me troco vestindo uma roupa simples, e me certifico de me lembrar depois que preciso lavar as minhas roupas, antes que eu fique sem nada para vestir. 

 Pego o meu celular e desço as escadas indo até a sala de jantar, que é onde ocorrem as refeições. A alguns hóspedes sentados pelas mesas espalhadas pelo local, pego um prato e uma caneca e me sirvo. Procuro uma mesa vazia, e me sento sozinho, e enquanto tomo o meu café, vejo as mensagens do Miguel, que ele mandou ontem em resposta ao que mandei. 

 “Temos umas notícias ou outra em alguns sites que citam você, mas não muita coisa, que invada sua privacidade. 
Por quê? Tem fãs aí?”

 “A amiga da Liv, Vitória, me pegou de surpresa ontem a noite falando comigo sobre mim. Ela sabe que eu moro com você, e fiquei desconfiado de que ela saiba de mais alguma coisa. 
 E ela ainda não quer me dizer quem disse tudo para ela. ”


 A mensagem é enviada, mas ele não responde na hora. Então deixo o meu celular de lado. Vejo Liv conversando com uma mulher mais velha, que percebi, que trabalha aqui. Nossos olhos se encontram, e ela acena para mim, e a senhora ao lado dela, acena com a cabeça para mim. E eu as cumprimento de volta. Minutos depois, eu ainda não tinha acabado o meu café, Liv se aproxima da minha mesa.

 — Posso me sentar aqui? 

 — É claro. 

 — Teve uma boa noite de sono? — assinto. — Obrigada pelo seu moletom, eu cloquei ele para lavar, e depois eu te devolvo. 

 — Sem pressa. 

 — Hoje a tarde você vai estar ocupado?

 — Não. — respondo rapidamente. 

 Eu não tinha nada para fazer mesmo, além de lavar a minha roupa, mas não é algo que tomaria muito o meu tempo. 

 — Ótimo. Você não se incomodaria, em ir em um lugar comigo hoje a tarde? 

 — Não vejo problema algum, mas aonde vamos? 

 — Você vai ver quando chegarmos. Então nos vemos às 16h lá na frente. Tchau Alex. 

 Da forma rápida que ela chegou, ela foi embora. 

 °

 Estava curioso para saber a onde ela estava me levando, mas ela disse que era uma surpresa, e esperava que eu fosse gostar. No meio do caminho, percebi para onde ela estava me levando. 

 — Tem certeza disso? — pergunto parando nos degraus da escada que leva até em cima da torre. 

 — Você mesmo não disse que tinha esquecido? Vamos lá.— ela segura a minha mão puxando para que a seguisse. 

 O lugar está mais limpo que ontem, sem uma grande camada de poeira o folhas. Tem um tapete no chão em frente a janela aberta, e duas almofadas e uma cesta. 

 — Surpresa! 

 — Uau! Você teve todo esse trabalho, não precisava.

 — Claro que precisava. Essa é a minha forma de me redimir com você, e também para nos conhecermos melhor. 

 — Então a senhorita me trouxe a um encontro? — sorri, e o rosto dela fica vermelho de vergonha. 

 — Não é bem um encontro, é só uma forma de nos conhecermos melhor, como amigos, e um pedido de desculpas. 

 — Eu entendi. Além disso, eu quero ser o primeiro de nós dois, a te levar a um encontro. 

Ela pisca duas vezes, surpresa com o que eu disse. 

 — Eu estou brincando. — minto, e ela suspira. 

 Pelo menos ela acreditou, isso é verdade. Pelo jeito que as coisas estão indo, tenho um pouco de esperança que algo que possa acontecer entre nós. Como a Dona Júlia disse, eu tenho uma segunda chance. Eu era apaixonado pela Liv de dez anos atrás, e com esse tempo que passou, eu percebi isso, e ainda continuo apaixonado, é… e eu não tenho medo de assumir isso para mim mesmo. 

 — Não brinque com essas coisas, se não eu acabo acreditando. — diz sorrindo, e não sei agora se ela está dizendo sério ou está brincando comigo. 

 Nós dois sentamos no tapete, e Liv tira as coisas de dentro da cesta, mostrando o que trouxe, frutas, bolo e pães do café da manhã, e suco. Mesmo não estando com fome, comi porque sei que ela gastou o tempo dela fazendo algo para mim que nem precisava.

 — Eu acho que eu sou muito protetora com esse lugar, só eu sabia sobre aqui, então eu pensava que aqui era só para mim sabe? Um lugar que eu posso vir e ficar sozinha.

 — Não precisava me trazer aqui, é o seu lugar. 

 — Não é só o meu, eu quero que seja seu. Pelo menos por agora, que você está aqui. E como você descobriu, não tem o porquê de não deixar que você tenha acesso aqui. 

 Liv realmente não se lembra mesmo de mim. Há dez anos, a mesma garota que me fez subir um pé de árvore para entregar uma manga, após me acertar sem querer com ela, fez com que saíssemos explorando por aí, seguindo trilhas que quase fez com que nós dois nos perdêssemos, e no meio disso encontramos aqui.

— Vamos fazer um jogo de perguntas? — diz mudando de assunto. —  Eu achei um na internet. Podemos fazer as perguntas, e nós dois respondemos. 

 — Pode ser.

 Ela coloca as coisas dentro da cesta, a afastando para o lado, e deita colocando o travesseiro embaixo da cabeça. Faço o mesmo com ela, deitando ao seu lado. A tela do celular dela está aberta para que nós dois consigamos ler. 

— Cor favorita? — lê a primeira pergunta. — Eu amo qualquer cor pastel. 

— Azul. 

— Quais são seus hobbies? Ficar na natureza, explorar. 

— Assistir series ou filme. 

 — Hum… próxima, comida favorita? Bolo com sorvete. 

 — Isso é uma sobremesa!

 — Portanto uma comida, de qualquer forma. Vai, e a sua?

 — Eu não sei, gosto de tantas coisas. 

 — Não tem nenhuma que você goste mais? — balanço a cabeça. — Vou te ajudar com isso depois. Agora, próximo. Qual é o seu pior medo? Escuro, cobra, aracnídeos. 

 — Altura. 

 — Filme favorito? Nenhum, não assisto. 

 — Como assim você não tem um favorito? Terei que fazer você ter um. 

 — Então estamos quites, eu te ajudo com a comida, e você com os filmes. Próxima, o que você queria ser quando criança? Eu queria ser artista plástica. 

 — Astronauta. 

 — Você não é astronauta, é?

 — Não. Desisti disso, não daria muito certo, não conseguiria viver longe daqui. Depois que vi os vídeos de como é o espaço, me fez desistir na hora. Eu sou chefe de cozinha agora. 

 Eu entendi que na vida é importante você querer fazer o que gosta, no começo, quis fazer medicina, pensando que iria gostar daquilo, e até mesmo pelo o dinheiro, mas percebi que estava sendo mais pelo o dinheiro do que pelo fato de gostar em si. Mas a gastronomia me encantou, e aí entendi o porquê de ser importante você fazer o que gosta. 

 — Imagino que você deva fazer comidas deliciosas, trabalha com algum tipo de culinária em específico? 

 — Nosso restaurante não tem uma culinária especificada, depende do que o cliente quer. Mas os pratos que eu faço são os mais populares, e pratos típicos da cidade, sem deixar de trazer a elegância ao prato. Eu viajei por um tempo para fora, para poder estudar a culinária de outros países, e vi cada prato, mas estranho que o outro, mas o sabor era magnífico. 

— Você chegou a comer aqueles insetos fritos? 

 — Não, isso eu não tive coragem. 

 — Nem eu teria. Mas mudando de assunto, você tem irmãos? 

 — Miguel. Ele não é o meu irmão de sangue, mas eu o considero como um. Ele e eu abrimos um restaurante no qual somos donos.

 — Vocês dois são chefes? 

 — Sim. Nos conhecemos na faculdade de gastronomia, e um sonho de um se juntou com o sonho de outro, e deu no que deu. E agora chega de falar de mim. E você? Me fale um pouco sobre você. 

 — Como percebeu, sou filha única. Nasci aqui, e estou desde então. Ajudo os meus pais administrar aqui, não fiz nenhuma faculdade fora, só cursos a distância. 

 — Nunca pensou em viajar para fora? 

 — Nunca cheguei a pensar nisso, eu amo tanto ficar aqui que nunca pensei em querer conhecer o mundo lá fora. 

 — Compreendo. Você tem algum sonho? Ou algo que ainda não tem feito na vida? 

 Já tínhamos fugidos das perguntas da internet, então comecei a perguntar coisas que eu não sabia antes. 

 — Ver uma ópera, ou uma orquestra. Vejo na internet, é algo tão lindo de se ver. Já visitou algo assim? 

 — Não. Nunca me interessei. Mas quem sabe um dia você não vá. 

 — É quem sabe um dia. 

 Uma ideia brilhou na minha mente, e faço uma nota mental para não esquecer disso no futuro. 

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