Nono Passo - Recomeçar

O mundo é redondo,

 e o lugar que pode parecer o fim poderia ser o início. 

Baker Priest

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— E então, como vocês passaram o feriado? — Isabel questionou com interesse.

Estávamos na segunda semana de dezembro e havíamos passado quase quinze dias sem reuniões com o grupo por conta da ação de graças. Sem reuniões oficiais, pelo menos. Anthony, Leah, Brooke e eu vínhamos nos encontrando com frequência desde o feriado e de certa forma, aquilo estava sendo agradável.

— Meu pai e eu visitamos a família dele no Kentucky, fazia algum tempo que não os via — Taylor relatou — foi legal.

— Fico feliz, Taylor — Isabel sorriu — E quando a você, Leah?

— Oliver, Anthony e eu nos juntamos com uma amiga — ela sorriu.

— Mesmo? Isso parece promissor — Isabel aprovou — Como você se sentiu com isso, Oliver?

Nós passamos alguns minutos trocando experiencias sobre o feriado, contando o que cada um havia feito. Eu estranhei o silencio absoluto de Louis, que sempre era tão participativo durante as reuniões. Ele parecia desconfortável com o assunto, como se a ação de graças não fosse uma boa data para ele.

— Algum problema, Louis? — Eu questionei na primeira oportunidade.

— Não, problema algum, apenas não gosto da comemoração — ele respondeu, se movendo desconfortável.

— Que tal falarmos sobre isso, Louis? — Isabel sugeriu — Nós podemos ajudar.

— Não, eu...

— Não é você quem vive falando que faz mal ficar guardando as coisas? — Anthony o interrompeu — Qual é, você praticamente me obrigou a procurar um psiquiatra!

— Você já procurou um? — Taylor interferiu.

— Está nos planos de um futuro próximo — ele deu de ombros — Mas eu não sou o assunto nesse momento.

— Que tal se você se preparar para compartilhar algo na próxima reunião? — Isabel surgiu em seu tom apaziguador de sempre — Se você se sentir confortável, obviamente.

— Talvez — Louis desviou o olhar parecendo desconcertado.

Leah mudou de assunto e Anthony acabou contribuindo, ao relatar sua falha tentativa de cozinhar como um Hobby.

— Você deve continuar tentando, Anthony — Isabel instruiu — em algum momento você vai encontrar o seu hobby.

— Eu já decidi qual será o meu Hobby, o Scott vai me ajudar com isso — Anthony me surpreendeu.

— Eu vou? — eu pisquei atordoado com a nova informação.

Com o que ele pensa que eu vou ajuda-lo? Ele enlouqueceu?

— Você vai me ensinar a desenhar — ele explicou — eu tenho certeza que vou me sair bem nisso, sou um artista nato.

Eu o encarei boquiaberto, sem saber exatamente como eu deveria responder àquilo. Não é possível que ele esteja falando sério, porque ensinar algo ao Rivera, me faz ter vontade de parar de desenhar de vez!

— Acho melhor deixar esse assunto para a próxima reunião também — Isabel decidiu encerrar tudo, para meu alívio.

Eu me levantei e segui até a saída após me despedir de todos, eu planejava ir para casa e me arrumar o mais depressa possível, mas Leah correu em minha direção.

— Oliver, espera, eu vou com você — ela avisou, se apressando para caminhar ao meu lado.

— Vai passar na confeitaria? — eu questionei, observando Anthony encostar no balcão para conversar com Emma.

— Brooke pediu pra eu ir direto pra casa dela — ela negou com a cabeça — o movimento estava fraco hoje, então ela decidiu aproveitar antes que comece a correria de fim de ano.

Eu observei o céu fechado por densas nuvens, a temperatura já se aproximava de zero e ainda não tínhamos tido nenhum dia de neve, mas talvez hoje fosse o dia.

— O movimento aumenta muito nessa época? — eu questionei interessado.

— Todas as lojas da Washington Street ficam abertas até mais tarde, por causa dos enfeites de natal e tudo mais — ela explicou, caminhando ao meu lado direito para que eu tivesse facilidade em vê-la.

— Então ela vai trabalhar até mais tarde? — eu franzi o cenho, pensando em como ela se viraria sozinha — ela vai contratar alguém para ajuda-la?

Ela pareceu pensativa por um momento, considerando a possibilidade enquanto caminhávamos, mas logo balançou a cabeça negativamente.

— Eu passo algumas vezes lá para ajudá-la, mas ela é teimosa, não acho que vá contratar alguém.

Eu pensei naquele assunto enquanto caminhávamos. Eu não gostaria que Brooke ficasse sobrecarregada, ela deveria contratar alguém. Vou sugerir isso a ela hoje, durante nosso passeio.

— De qualquer forma, devemos garantir que ela se divirta hoje — Leah comentou sorridente.

— Sim, faremos isso — eu retribui seu sorriso.

Nós caminhamos por algumas quadras em um silêncio confortável, eu gostava da companhia de Leah. Apesar de tudo, ela era inteligente e divertida. 

— Oliver, eu posso te fazer uma pergunta pessoal?

— Se for sobre o meu olho, eu não enxergo com ele — eu avisei, franzindo o cenho.

Não conseguia entender a fascinação que todo mundo nutria por um olho ferido.

— Bom saber, mas não era sobre isso — ela riu.

Não pude evitar meu próprio sorriso sem graça, eu deveria ter ouvido qual era sua dúvida antes de me manifestar.

— Pode falar.

— Você e Brooke estão bem próximos, não estão? — ela mordeu o lábio inferior, me pegando desprevenido.

Eu não sabia como responder aquela pergunta. Brooke e eu de fato tínhamos nos aproximado após nossa conversa antes da ação de graças, mas... Porque eu me sentia constrangido por ela ter descoberto isso? Não era nenhum tipo de segredo, certo? Eu mesmo compartilhei toda a situação com o grupo e não deveria me envergonhar.

Então porque eu sentia como se eu estivesse no primário, e as outras crianças tivessem descoberto uma paixão secreta por alguma garota da minha turma?

— Bem, sim — eu confirmei um pouco sem graça.

Aquilo era ridículo, eu não tinha motivo para me sentir assim! Brooke era uma boa amiga, apenas isso!

— E você está se sentindo bem com isso? — ela perguntou — quero dizer, você antes parecia dividido sobre a relação de vocês.

— Nós conversamos e chegamos  a um acordo sobre nossa amizade — eu decidi tentar mudar de assunto — Eu decidi que todo aquele medo de me aproximar de alguém fora do grupo era irracional.

Leah absorveu a informação por alguns segundos, antes de dar de ombros.

— Fico feliz que esteja pensando dessa maneira, Oliver — ela sorriu.

Nós não demoramos para chegar até a casa de Brooke, eu deixei Leah na porta e segui até a minha, com a promessa que as buscaria perto do horário que combinamos de nos encontrar com Anthony.

O Congress Hall Hotel havia aberto as portas para o público, a fim de realizar o anual festival "Winter Wonderland", onde o hotel decorado para o natal, organizava algumas atividades especiais, como decoração de casa de gengibre, café da manhã com o papai noel, algumas apresentações de música e teatro, fora as barracas com comida, um carrossel e um trenzinho que dava volta pelo hotel.

A noite prometia ser agradavel.  Brooke estava muito animada e acabou me contagiando com o passar dos dias. Eu tomei um banho, e me concentrei em me arrumar, vestindo um sueter preto, casaco também preto e calças Jeans.

 Quando estava quase pronto, a campainha soou. Eu estranhei o fato de Brooke ir até minha casa, eu tinha certeza de que havia combinado que iria busca-la.

Minha surpresa foi completa ao encontrar Martha e Bradley Spencer parados à minha porta. Martha parecia a mesma mulher distinta de sempre, seus cabelos castanhos levemente ondulados na altura dos ombros estavam arrumados com a elegância de sempre, concedendo à minha sogra, uma aparência jovial para uma senhora que se aproximava dos sessenta anos.

Bradley era parecido com a avó, e sua barba estava por fazer, conferindo a ele uma aparência um pouco mais velha que seus vinte e seis anos. Bradley, ao contrário de Martha, parecia desinteressado em estar ali.

— Oliver, oi — ela me envolveu em um abraço afetuoso, me deixando sem nenhuma outra opção além de retribuir.

— Martha, Bradley... O que... — eu balbuciei, sem saber o que dizer .

A resposta, porém, veio de Bradley, que decidiu se manifestar, apesar de aparentar seu típico mal humor.

— Alex comentou com minha avó que precisava buscar os últimos desenhos, e ela acabou se oferecendo para vir. Você quer falar pra ela que foi uma péssima ideia? — ele murmurou.

Eu me afastei e pude ver nos olhos de Martha que ela realmente temia que eu a dispensasse. Mas como eu poderia?

Martha era muito mais do que minha sogra. Quando me mudei para a Philadelphia, me afastei de minha família, por conta de desentendimentos com meu pai. Eu estava sozinho, porém isso mudou quando conheci a família Spencer.

Eles me acolheram como se eu fosse um de seus filhos, especialmente Martha que participou de vários momentos importantes de minha vida como se fosse minha mãe. ela esteve em minha formatura, me ajudou a escolher o anel de noivado e a planejar como faria o pedido. Ela apenas não entrou comigo na igreja porque minhas irmãs vieram para a cerimônia. 

Depois de tudo isso, eu não poderia dispensá-la. Não, eu devia muito a ela.

— Eu estou feliz em vê-la, Martha — eu garanti, olhando em seus olhos.

— Espero que não esteja atrapalhando nada, Oliver, é que quando vi essa oportunidade, eu não pude perder — ela começou a se explicar. 

— Entrem — eu pedi, dando passagem aos dois — vocês não estão atrapalhando nada, de maneira nenhuma.

Os dois entraram em minha casa, observando atentamente minha sala.

— Você arrumou um belo fim de mundo para se enfiar, Scott — Bradley comentou, olhando em volta.

— É uma bela casa, Oliver — Martha lançou um olhar reprovador para o neto — você parece estar bem estabelecido aqui.

— É um ótimo lugar, foi bom para recomeçar — eu comentei — sentem-se, vocês aceitam beber alguma coisa? café?

Me esqueci de meu compromisso com Brooke e Leah enquanto dava atenção aos Spencer, notei que estava bastante atrasado quando a campainha soou novamente, interrompendo meu relato sobre minha rotina nos últimos dias.

— Oliver, eu sei que você está aí — Brooke chamou diante da minha demora para abrir a porta — você não vai me enrolar tão fácil, grande artista!

— grande artista? — Bradley ergueu uma sobrancelha de maneira questionadora, enquanto eu seguia depressa até a porta.

Assim que eu abri, encontrei Brooke em pé ao lado de Leah, ela vestia um suéter uva com calça jeans justas e botas de cano alto com um longo casaco por cima. Seus cabelos soltos balançavam com a brisa gelada que a atingia e seu rosto corado pelo ar frio.  Leah estava ao seu lado.

— Brooke, Leah desculpem. Aconteceu um imprevisto — eu tentei manter a voz baixa para não atrair a atenção dos Spencer.

Como se aquilo fosse possível de alguma forma.

— Está tudo bem, Oliver? — Martha questionou, se levantando do sofá.

— Desculpe, eu não sabia que você estava com visitas — Brooke comentou sem graça ao ver minha sogra se aproximar.

— Olá — Martha sorriu para Brooke.

Agora eu devo ter muita coisa para explicar.

— Martha, essas são Brooke e Leah — eu decidi iniciar as apresentações — Garotas, essa é Martha Spencer, ela é a mãe da Lizzy.

— Srª  Spencer, é um prazer conhecê-la — Brooke se adiantou, me empurrando suavemente para fora do caminho, apertando a mão de minha sogra.

— Brooke, certo? Vocês são as amigas que Oliver comentou? do grupo? — Martha questionou, após cumprimentar Leah.

— Sim — Leah respondeu timidamente, tendo seu olhar atraído por Bradley, que permaneceu no sofá.

— Bradley Spencer — Ele levantou a mão, saudando as duas garotas.

Martha voltou ao sofá, na tentativa de dar um pouco de privacidade para nosso pequeno grupo. Brooke observou seus passos até o sofá antes de se virar para mim.

— Você ainda vai, não é? — ela mordeu o lábio com um olhar ansioso — não será a mesma coisa sem você...

— Brooke, não dá — eu neguei, apesar de me sentir decepcionado — eles vieram de longe e...

— E você pode levá-los — ela sugeriu — vamos, eles vão adorar conhecer Cape May.

— Eu não sei — eu respirei fundo, pensando naquela possibilidade.

Eles ficariam confortáveis em nos acompanhar?

— Pelo menos pergunte, por favor — eu não poderia resistir àquele olhar suplicante que ela me lançava.

Com um suspiro, eu segui até a sala pensando em como propor aquele passeio.

— Martha, Brooke quer saber se você e Bradley gostariam de ir a um festival — eu comecei.

— Vocês vão adorar, de verdade — Brooke insistiu.

— Você ia, Oliver? — Martha me observou.

— É claro que ia, você não percebeu? — Bradley revirou os olhos.

— Vocês devem ir com a gente, é uma ótima oportunidade para conhecer Cape May — Leah se manifestou.

Martha acabou aceitando depois de alguns momentos de indecisão, em alguns minutos, nós estávamos caminhando para encontrar Anthony na frente do hotel. Brooke e Leah seguiam ao lado de Bradley, apresentando algum interesse em conhecer o rapaz, provavelmente por conta de sua idade. Minha sogra me fez companhia por todo o percurso, fazendo alguns comentários aleatórios sobre a beleza da cidade, mas meu olhar estava fixo em Brooke, e ela parecia perceber isso, já que constantemente olhava para trás, fazendo com que nossos olhares se cruzassem.

Ela se manteve distante até que chegamos ao hotel, quando Brooke não pode mais segurar sua excitação. Assim que Martha se distraiu com a decoração natalina, Brooke me puxou em direção ao Stand de decoração de casas de gengibre, onde Anthony estava trabalhando em uma casa com Emma.

— Vamos, você vai me ajudar com isso — ela declarou, me obrigando a me sentar ao seu lado, com uma pequena casa de gengibre esperando para ser decorada à nossa frente.

— Você quer mesmo fazer isso? — eu questionei olhando em volta em busca dos Spencer, que estavam com Leah em outra barraca.

— É claro que sim, vamos lá, você cuida das jujubas — ela sorriu alegremente segurando o saco de confeitar.

Nós trabalhamos na casinha juntos, Brooke passava o creme branco pelo telhado para que eu pudesse colar todas as jujubas ali e simular as telhas antes de partir para as portas e janelas, mas ela estava constantemente comendo as balinhas.

— Você vai deixar nossa casa sem telhado — eu ralhei com ela.

— Isso seria verdade se eu estivesse comendo todas as jujubas, mas estou pegando apenas as amarelas — ela se justificou — todo mundo sabe que não se faz telhas com jujubas amarelas.

— E desde quando? Eu estou vendo muitas casas com jujubas amarelas nos telhados — eu apontei.

— Aquelas pessoas não sabem de nada — ela retrucou, voltando sua atenção para a casa.

Eu observei a forma delicada que ela manuseava o saco de confeitar, fazendo alguns arabescos na lateral da casa.

— Você inventa essas regras — decidi provocá-la — a sorte é que eu estou responsável pelas jujubas, se fosse por você, não teríamos mais nenhuma.

— Sim, eu sou responsável pelo saco de confeitar — seu sorriso se abriu ainda mais.

Brooke se inclinou, segurando delicadamente meu rosto e virando para o lado direito, tampando assim, minha visão do que ela pretendia. Suas mãos eram macias e a forma como ela segurava meu rosto era quase como uma leve carícia. Senti o contato frio e pegajoso do glacê  com a pele de minha bochecha esquerda.

— O que você pensa que está fazendo? — eu murmurei, tendo apenas um pequeno vislumbre de seu sorriso.

— Deixando você menos rabugento — ela cantarolou — assim não vai se importar quando eu quiser pegar as jujubas.

— Brooke...

— Não se preocupe, não estou desenhando uma flor, será algo como uma caveira, ou um raio. Sabe, algo bem másculo, não se preocupe — ela brincou — o que você acha de irmos no carrossel depois?

— Carrossel? Você está falando sério? — eu tentei virar o rosto para encará-la, mas Brooke o segurou firmemente.

— E porque não?

— Você tem quantos anos mesmo? — eu a provoquei — vai demorar muito com isso?

— Hey Scott, está testando uma tatuagem? — Anthony zombou da outra mesa.

— Calado, Anthony — Brooke avisou — ou você será o próximo!

Ouvi alguns passos se aproximarem de nossa mesa, mas não pude conferir quem era, já que estavam em meu ponto cego.

— Eu não sou especialista nisso, mas não era a casa que devia estar sendo confeitada? — a voz de Bradley denunciou o dono dos passos.

— É uma bela decoração — Martha comentou, fazendo com que eu me sentisse um pouco desconcertado pela situação.

— É, não é? — Brooke finalmente soltou meu rosto, com um sorriso satisfeito nos lábios — eu sou uma artista!

— Um coração, Brooke... Foi apenas isso que você desenhou, não tem nenhuma obra de arte aí — Leah riu.

— Coração? — Eu ergui uma sobrancelha. 

— tudo bem, eu não sei fazer nenhuma caveira — ela gargalhou. 

— Nossa casa ficou muito mais bonita que a sua, Brooke — Anthony se aproximou com Emma ao seu lado — não é, Carter?

— Eu aposto que consigo fazer melhor se tiver alguma ajuda — Bradley sugeriu, olhando significativamente para Leah — o que me diz?

— Eu vou tentar também — Martha parecia estar de bom humor quando assumiu um lugar vago para começar a confeitar sua casa.

Brooke logo aproveitou a distração de todos e me puxou para o carrossel, correndo e rindo como uma garotinha. Ela aguardou uma abertura e embarcou no brinquedo que estava vazio, não me deixando outra opção a não ser segui-la.

Brooke gargalhava alegremente, fugindo de mim cada vez que eu tentava alcançá-la, se esquivando entre os cavalos ali pendurados.

— O que você está fazendo? — eu tentei alcançá-la mais uma vez.

— Você não vai conseguir me pegar, grande artista — ela zombou, correndo na direção oposta.

Eu revirei os olhos em meio a um sorriso, me virando assim que sua gargalhada ficou mais próxima novamente. Brooke estava crente de que eu a estava seguindo, de forma que não percebeu que eu continuei parado no mesmo lugar, apenas esperando que ela desse a volta completa no carrossel. Assim que ela apareceu novamente em meu campo de visão, olhando para trás tentando me encontrar, eu me preparei para o impacto, a segurando em meus braços quando esbarrou em mim.

— Não foi tão difícil no fim — eu sorri abertamente, olhando em seus olhos azuis.

Minhas mãos envolviam sua cintura com firmeza, Brooke ergueu o rosto a fim de olhar meus olhos, com a respiração um pouco descompassada por conta da tentativa de fuga. Meu sorriso diminuiu um pouco ao notar nossa proximidade, seu corpo estava totalmente pressionado ao meu, suas mãos repousavam em meu peitoral e seu rosto estava a poucos centímetros de distância. Brooke piscou parecendo igualmente afetada por nossa proximidade.

Levei minha mão até seu rosto, acariciando sua bochecha, observando como ela era bonita. O tipo de beleza que pega a qualquer um desprevenido, e os deixa imaginando se ela é real.

Brooke mordeu o lábio inferior, me encarando com expectativa. Eu aumentei  um pouco a pressão em sua lombar, trazendo seu corpo para mais perto do meu antes de respirar fundo e fechar os olhos. O que eu estou fazendo!?

Brooke é minha amiga. Apenas isso!

Eu a soltei imediatamente, forçando um sorriso, ao notar a confusão em seu rosto.

— Nós devíamos nos juntar a todos, tenho certeza que o Anthony deve estar tentando competir com alguém — eu propus.

Brooke balançou a cabeça em concordância, se afastando de mim em seguida. Eu respirei fundo, sentindo uma lágrima descer de meu olho esquerdo. Apanhei o lenço e a sequei, aproveitando para limpar o coração que Brooke desenhou em meu rosto. Eu aguardei o carrossel dar uma volta completa, traduzindo bem o que acontecia dentro de mim antes de saltar para o chão e seguir Brooke.

Nós passamos mais algum tempo ali, até que Anthony sugeriu que fossemos a um restaurante na Washington Street para jantar antes de irmos embora. Nós conseguimos nos divertir durante o restante da noite, apesar da culpa pelo o que eu tive vontade de fazer antes com Brooke que me consumia.

Eu tentei manter uma distância aceitável dela, passando a dedicar minha atenção quase exclusivamente à Martha que estava maravilhada com a cidade, ainda mais quando os primeiros flocos de neve começaram a cair durante nossa caminhada de volta para casa.

— Você está muito bem, querido — ela comentou observando as luzes natalinas — a vida que você tem levado aqui é melhor do que eu imaginava.

— Sim, eu tenho conseguido me reerguer — eu confirmei.

— Lizzy ficaria feliz em te ver assim, Oliver — Ela segurou minha mão — Você merece cada coisa boa que tem acontecido na sua vida, e minha filha concordaria com isso.

Eu continuei olhando para frente, pensando em uma maneira de responder àquilo, mas nada parecia apropriado.

— Lizzy te amava Oliver, e eu falo como a pessoa que mais a conhecia no mundo. O maior desejo de seu coração, era a sua felicidade — Ela sorriu para mim — mantenha isso em mente.

Mantenha isso em mente.

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