Décimo Terceiro Passo - lidar com surpresas

Quando perdemos alguém que amamos a dor é grande e deixa marca eterna, mas a morte não é o final de tudo. Acredite e tenha esperança!

Autor Desconhecido

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- Posso te fazer uma pergunta pessoal, Oliver? - Brooke questionou, enquanto caminhávamos lado a lado através da praia coberta de neve.

- O que você quer saber? - Eu a observei.

Ela me buscou mais uma vez ao fim da reunião, garantindo que precisava de um tempo de folga. Eu não discuti, me limitei a seguir ao seu lado. Meu telefone começou a tocar, mas ignorei a chamada assim que vi o rosto de Alex estampado na tela.

Não que eu estivesse com algum problema com meu amigo, na verdade, eu tinha um problema com aquela data.

- Você não vai atender? - ela franziu o cenho.

- Não é nada importante - eu garanti com naturalidade - o que você quer saber?

- Não deve ser nenhuma surpresa eu perguntar algo assim - ela deu de ombros - de qualquer forma, é apenas uma curiosidade.

- Então, você pode perguntar. Está começando a me deixar curioso - eu a observei com um sorriso condescendente.

- Você já me falou da sua esposa e de toda a família dela. Mas e você? Não tem família ?

Eu franzi o cenho diante da pergunta, fazia muito tempo que não precisava contar essa história a ninguém.

- Eu tenho família, mas perdi contato com eles quando entrei na faculdade. Na verdade, isso foi uma desculpa para me afastar.

- Você quer falar sobre isso? - Ela me lançou um olhar preocupado.

Eu suspirei, olhando para o alto sem saber ao certo o que pensar. Eu não tinha objeção alguma em revelar nada a ela, mas era estranho reviver aquelas memórias.

- Pensa rápido, grande artista.

Ela interrompeu meus pensamentos, me acertando no rosto com uma bola de neve. Eu tirei a neve do meu rosto, devagar, enquanto ela gargalhava.

- voce vai se arrepender - eu avisei, me abaixando para formar minha própria bola de neve.

Brooke fugiu de mim, gargalhando enquanto corria, mas mesmo assim eu consegui acertá-la, iniciando uma guerra entre nós dois. Fazia muito tempo que não me sentia tão bem, nós dois pareciamos crianças, aproveitando um dia de neve sem aula.

- tudo bem, eu me rendo! - Brooke se jogou no chão, com as mãos estendidas quando eu estava prestes a acerta-la mais uma vez.

Eu me deixei cair ao seu lado, observando

o céu com uma expressão tranquila.

- Minha família é complicada - eu comecei a relatar - o casamento dos meus pais era um verdadeiro pesadelo.

Eu fiz uma careta ao me lembrar daquele homem. Realmente fazia muito tempo que não tirava um tempo para pensar naquilo.

- Vocês não se davam bem? - A voz de Brooke parecia distante.

- Ele não se dava bem com ninguém - Eu murmurei - nem mesmo com minha mãe, ele gostava de bater nela e tratá-la como uma escrava.

- E ela aceitava?

- Sim, ela aceitava - eu suspirei desgostoso - quando eu estava com dezessete anos, acabei me envolvendo em uma das brigas deles.

- E o que aconteceu?

- as coisas saíram do controle - eu suspirei, ainda observando o céu azul.

Minha mente voltou àquela época me fazendo lembrar da expressão que tomou conta do rosto de minha mãe quando meu pai saiu pela porta. Aquele foi o fim de minha família para mim.

- E então? - Senti sua mão buscar a minha sobre a neve.

- Minha mãe ficou furiosa, ela exigiu que eu saísse da casa para que ele pudesse voltar - eu murmurei - Eu fiquei na casa de alguns amigos e eu já tinha conseguido uma bolsa de estudos. Apenas segui meu plano.

A mão de Brooke apertou a minha suavemente, em sinal de apoio talvez, de qualquer forma, me senti bem com sua companhia.

- Eu sinto muito - ela suspirou.

Nós ficamos alguns segundos em silencio, até que ela, se aproveitando de minha distração, me acertou mais uma vez com uma bola de neve, se levantando e correndo em seguida.

Eu segui seu exemplo, reiniciando nossa batalha de antes, ate que nos cansamos e começamos a voltar para casa.

- E você? Sempre quis ser uma confeiteira? - decidi questionar após alguns minutos em silêncio.

- Meus pais eram donos de um restaurante - ela começou - eu cresci em meio ao caos de uma cozinha. Acho que depois de tudo, eu queria voltar para algo familiar, sabe? Eu decidi estudar, me formei em gastronomia, me especializei em confeitaria. Nada tão complexo.

- Você escolheu a profissão certa - eu comentei.

- Cozinhar me faz feliz, me faz sentir próxima a eles, sabe? - ela comentou.

- Eles pareciam ser bons pais - eu comentei.

- Eram incríveis. Isso era da minha mãe - ela segurou um pingente de cruz que ela sempre usava no pescoço - eu não sou religiosa, mas ela ganhou de meu pai quando eles ainda namoravam.

Eu me aproximei, segurando o pingente antes de olhar em seus olhos. A mão de Brooke se fechou sobre a minha, oferecendo um pequeno sorriso em troca.

Isabel tinha razão, eu precisava enfrentar meus medos e as coisas começariam a melhorar.

Nós caminhamos lado a lado, de mãos dadas, retomando o caminho até em casa. Brooke parecia ansiosa, checando o seu celular o tempo todo, despertando assim meu interesse. Ela estava agindo dessa maneira desde que foi me buscar na reunião.

- Como está sendo seu dia? - ela fez uma pergunta aleatória.

Eu a observei, ela mantinha uma expressão desinteressada, apesar de me lançar alguns olhares de canto de olho de vez em quando. Não teria como ela saber, certo?

- Normal, porque? - eu questionei desconfiado.

- Eu achei divertido, sabe, eu te conheci melhor, te venci na guerra de neve - ela deu de ombros.

- Me venceu? Não é assim que eu lembro.

- Mas foi o que aconteceu,

Antes que eu pudesse retrucar, nós chegamos em sua casa.

- Você pode entrar um pouco? - ela pediu enquanto localizava as chaves no bolso da jaqueta - eu fiz uma torta de chocolate meio amargo que tenho certeza que você vai adorar.

- Uma torta feita pela deusa suprema das tortas? Não poderia negar - eu brinquei, aguardando que ela destrancasse a porta

- Ótimo, além de bonito, é inteligente - ela zombou.

Assim que ela abriu a porta, eu notei uma movimentação na sala escura.

- Brooke, o que...

- SURPRESA!

Eu não pude terminar a frase, as luzes logo se acenderam, revelando todo o grupo ali reunido, além de Emma, Bradley, Martha, Alex e a sua noiva, Camille.

A casa de Brooke estava enfeitada com balões e eu não acreditava no que estava acontecendo.

Ela não pode saber! Como?

- Oliver.

- Brooke - eu fechei os olhos, respirando fundo.

Existe um motivo pra eu fingir que meu aniversário não existe!

- Como você descobriu? - foi a única coisa que consegui dizer enquanto todos aguardavam uma reação minha.

- Bem..

- Como, Brooke? - eu me virei em sua direção.

Eu não sabia como reagir a isso. Eu me sentia em choque, eu não queria! como ela pôde tomar essa decisão? Ela não pensou em como aquilo faria eu me sentir!?

- Bem, eu... - ela parecia petrificada ali enquanto um clima desconfortável tomou conta do ambiente - eu...

- Oliver - Alex deu um passo à frente, sem conseguir desviar minha atenção de Brooke.

- Você não tinha o direito - eu abaixei a voz, dando um passo para longe de Brooke, recebendo um olhar magoado em troca.

- Eu sin...

- Oliver, venha - Martha segurou meu braço com firmeza, me arrastando para longe de Brooke.

- Eu vou subir um pouco - Ouvi ela balbuciar quando Leah se aproximou, desaparecendo escada acima enquanto Martha me arrastava para fora da casa.

Eu me senti mal pela forma como a tratei, mas o que ela esperava fazendo algo assim? Ela sabe exatamente como eu me sinto e...

- Qual é o seu problema? A garota se esforçou pra fazer algo legal pra você! - Martha me deu um tapa no braço usando, um tom severo para me repreender.

Ela levava a sério a história de ser minha segunda mãe!

- O meu problema? Ela não tinha o direito! Me convencer a comemorar a ação de graças é uma coisa, mas isso!? - eu retruquei irritado.

Ela sequer me deu a oportunidade de me preparar!

- A culpa foi minha e não dela - Martha revirou os olhos - eu tive medo de que se você soubesse sobre isso não viria, então a convenci que seria uma boa ideia!

- Porque? Porque você faria isso, Martha? Eu estava bem.

- Ano passado você nem atendeu nossas ligações, eu apenas que te mostrar que nós ainda lembramos, sabe - ela respirou fundo - você é importante para todos nós e... Principalmente para aquela garota. Ela se esforçou para descobrir tudo o que você gostava.

Eu fechei os olhos sentindo a culpa começar a me consumir. Porque eu a tratei daquela maneira? ela apenas quis me agradar!

- Olha, se você realmente não quiser a festa, eu entendo. Mas Oliver, não estrague tudo dessa maneira - ela segurou minha mão - apenas conserte as coisas.

- Eu sinto muito - eu olhei em seus olhos.

- Nós dois conversamos depois, agora resolva isso.

E então ela se afastou, entrando na casa e me deixando ali com meus pensamentos.

- Vamos, onde está a música? - Ouvi a voz de Martha recomendar a alguém.

O que foi que eu fiz? Brooke deve estar se sentindo péssima com minha reação. Ela teve todo o trabalho de organizar tudo, convidar as pessoas que eu gosto e me distrair e eu a tratei dessa maneira.

Após alguns minutos pensando em como agir, decidi ir em busca de Brooke, eu me desculparia com ela e depois poderia resolver com os outros convidados da festa. Eu olhei em volta quando entrei na casa, tentando encontrá-la no meio dos convidados que tentavam agir como se nada tivesse acontecido, mas não a encontrei.

- Ela não desceu mais, parecia chateada - a voz de Emma ao meu lado me surpreendeu, eu me virei a encontrando ali bebericando algo fumegante em uma xícara.

Ótimo, dessa forma pelo menos vou poder conversar com ela em particular.

- Sei que não deve ser a melhor hora para fazer essa pergunta, mas você viu o Anthony? - ela suspirou parecendo um pouco ansiosa - ele disse que viria, mas não chegou e ele estava meio estranho.

- Não, desculpe - eu murmurei, enquanto seguia em direção às escadas.

Eu subi os degraus apressado, ignorando os olhares curiosos que os convidados me lançavam. Cheguei a um corredor com diversas portas de ambos os lados, decidi seguir em direção à uma das portas que estava com as luzes acesas.

Brooke estava deitada em uma cama em meio a um quarto de cores neutras e detalhes azuis. Eu bati com o nó dos dedos na porta aberta chamando sua atenção.

- Oliver... - ela se sentou, desviando o olhar ao me ver.

- Eu posso? - eu questionei um incerto.

- Claro, venha - ela se afastou para que eu me acomodasse ao seu lado na cama.

Eu retirei os sapatos e me deitei no espaço fornecido por ela, passando a encarar o teto. Brooke me observou por um momento antes de se deitar novamente. Permitimos que o silêncio dominasse o ambiente enquanto ambos colocávamos nossos pensamentos em ordem.

- Me desculpe, Oliver. Eu não sabia que você ia se chatear - ela começou.

- Eu que te devo desculpas - eu impedi que ela continuasse, me virando em sua direção - você só tentou fazer algo legal por mim e minha reação foi péssima, eu sinto muito mesmo.

- Eu devia ter te contado - ela virou o rosto para me olhar - eu não poderia supor que você gostaria, não foi certo te pegar de surpresa daquela maneira.

Eu busquei sua mão em cima da cama, a envolvendo com a minha.

- Na verdade, eu sou grato. Sabe, depois que passou a surpresa - eu suspirei acariciando o dorso de sua mão com meu polegar - você fez de tudo para me agradar e me deixar feliz, faz algum tempo que não tenho isso, por minha própria culpa.

Brooke suspirou, se aproximando um pouco mais de mim. Nós voltamos a ficar em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro.

- Agora que você sabe que a culpa foi sua, você pode aproveitar o cuidado das pessoas, sabe? - Brooke comentou - não faz mal.

- Eu acho que estou percebendo isso - eu ofereci um meio sorriso a ela.

Eu fiquei ali a observando por alguns segundos me sentindo feliz de estar ali ao seu lado, pouco a pouco a culpa me deixou enquanto eu observava seu belo rosto.

- Eu tenho um presente para você - Brooke sorriu, se sentando na cama.

- Brooke, você não precisava ter se preocupado - eu me sentei enquanto ela pulava para o chão, indo animada até a cômoda que ficava de frente para a cama.

- Eu espero ter acertado - ela retirou um embrulho de lá, voltando até mim em seguida.

Ela subiu na cama, permanecendo de joelhos à minha frente antes de me estender o embrulho. Eu o aceitei, o abrindo com cuidado retirando um kit de pincéis dali. Um sorriso espontâneo surgiu em meus lábios com aquele gesto.

- Como...

- A Martha disse que você gostava de pintar antes de conseguir o emprego no estúdio - ela comentou - pensei que talvez.. Você gostou?

- Muito - eu a tranquilizei voltando a segurar sua mão.

- Então... Você quer descer? tem uma festa lá embaixo e você é meio que uma parte importante da comemoração - ela propôs depois de um breve silêncio.

- Vamos - eu me levantei.

A festa foi mais agradável do que eu esperava, após conseguir desfazer o mal estar que havia se alojado no ambiente, todos passaram a se abrir mais. Isabel veio conversar comigo, para ter certeza de que eu estava realmente bem com a situação e me parabenizar. Brooke buscou conhecer todos os detalhes, desde meu sabor favorito de bolo até as músicas que eu mais gostava de ouvir e eu me sentia grato por aquilo.

No fim, quando todos começaram a partir eu comecei a pensar em como poderia recompensá-la por tudo aquilo.

- É seu aniversário, você não precisa me ajudar a limpar a bagunça - Brooke se aproximou, enquanto eu recolhia o lixo.

Quase todos haviam partido, com exceção de Leah, Bradley e Martha que ficaram para nos ajudar. Os dois jovens, inclusive, pareciam estar se dando muito bem.

- Mas eu quero ajudar, é o mínimo que posso fazer.

Brooke se limitou a sorrir e servir mais um pedaço de bolo, me estendendo o prato em seguida antes de se afastar.

- Vejo que você conseguiu consertar as coisas - Martha comentou se aproximando.

- Sim, obrigado pelo conselho de antes, eu estava estragando tudo.

Minha sogra me observou com atenção, me ajudando a colocar a louça na maquina.

- Como você tem se sentido em relação à Brooke, Oliver? - ela soltou de maneira despretensiosa, atraindo minha atenção imediata.

- Como?

- Você sabe o que eu quis dizer - ela continuou naquele tom - vocês dois parecem próximos.

- Martha, não é o que você está pensando - eu cocei a garganta.

- E porque não? Seria bom para você se fosse - ela se virou em minha direção abaixando a voz - você sabe que pode se abrir comigo, não sabe?

Eu olhei em volta, me sentindo desconfortável por ter aquela conversa tão próximo de Brooke. Eu me limitei a seguir em direção à porta dos fundos, Martha parece ter entendido o recado e me seguiu.

- E então?

- Martha, eu não sei o que dizer - eu cocei a garganta - é uma situação estranha.

- Você gosta dela? - ela questionou com naturalidade, cruzando os braços na tentativa de se esconder do frio.

- É complicado - eu suspirei.

- Você não precisa me esconder nada, Oliver - ela me lançou um olhar enviesado - Você é como um filho para mim, eu quero sua felicidade.

- Eu gosto dela, mas... Eu me sinto confuso em relação a meus sentimentos. Isabel disse que essa confusão pode ser por causa do medo e que eu tenho que enfrentá-lo, mas eu não sei.

- Sobre o que exatamente você se sente confuso? Você parece ter certeza que gosta dela - Martha perguntou.

- Eu tenho, de certa forma - eu franzi o cenho, na verdade, eu venho me sentido cada vez mais seguro em relação ao meu sentimento por Brooke, mas aquela culpa por estar "superando" a perda de Lizzy ainda estava ali, alojada em meu peito - mas... Eu não sei, eu não sei se esse sentimento é correto.

- Oliver, porque não seria? - ela questionou com sinceridade - você sofreu uma perda terrível, e finalmente está conseguindo refazer sua vida, em todos os aspectos.

- Eu amava a Eliza - ouvi certo desespero em minha voz - eu sei disso, eu a amei como nunca amei ninguém antes, mas.. Se eu realmente me sentia dessa maneira, como eu posso começar a sentir algo tão forte por outra pessoa tão pouco tempo depois de perdê-la? Como isso pode ser correto?

Eu senti o olhar amoroso de Martha sobre mim enquanto absorvia o que havia acabado de contar. Ela segurou minhas mãos de maneira carinhosa, me incitando a olhar em seus olhos.

- Oliver, ninguém é sequer capaz de duvidar sobre seu sentimento por minha filha. Enquanto ela esteve ao seu lado, você a amou, cuidou dela em todos os aspectos, cuidou de realizar seus sonhos. Você a amou como ninguém. Mas isso não quer dizer que você não possa mais se sentir assim. Lizzy partiu - ela acariciou minhas mãos antes de soltar uma delas e pousar em meu peito - ela se foi, mas você continua aqui e tem o direito de prosseguir com sua vida, tem o direito de voltar a amar, de voltar a viver.

- Mas...

- Ninguém te julgará por conta disso, Oliver - ela me cortou - eu não te julgo e eu tenho certeza que minha filha também não julgaria. Ela estaria orgulhosa de você. Enquanto ela esteve aqui, a forma como você a amou foi completa. Mas agora você precisa deixá-la ir, você precisa pegar o seu coração de volta. Está na hora.

Foi então que ao ouvir aquelas palavras aconteceu algo que não acontecia há muito, muito tempo. Algo que eu jamais permiti que alguém presenciasse.

- Eu a amei - eu permiti que as lágrimas viessem à tona.

Martha me abraçou, tentando me confortar enquanto eu escondia meu rosto em seu pescoço, me sentindo um garoto abandonado.

- Sim, você a amou e agora é hora de seguir em frente, querido - ela suspirou com a voz embargada.

- Eu tenho medo - acabei admitindo.

- Nesse caso, eu concordo com sua terapeuta. Você precisa enfrentar seus medos. Tudo ficará bem e você não estará sozinho - ela se afastou secando minhas lágrimas enquanto olhava em meus olhos - você ficará bem, Oliver.

Nós ficamos ali juntos até que eu me sentisse minimamente recomposto para entrar. Martha havia conseguido fazer com que eu admitisse todos meus anseios e eu de certa forma me sentia mais leve, talvez até pronto para uma nova conversa com Brooke.

O som da campainha que passou a soar insistentemente chamou minha atenção quando estava entrando na casa.

- Você fez o que!? - eu ouvir Brooke elevar a voz com quem quer que estivesse na porta.

Eu segui até lá, encontrando Anthony parado na porta e ele de forma alguma parecia normal.

- Anthony, me diz que você está brincando! - Brooke respirou fundo enquanto caminhava até o carro do rapaz.

- Mas eu não pude resistir, ela é incrível! - ele exclamou - mas meu pai me proibiu de entrar em casa enquanto estiver com ela, então, já que eu não tinha comprado um presente ainda.

- Presente? - eu fiz com que ele me notasse.

- Oliver! Eu trouxe seu presente, desculpe não ter vindo na festa, mas eu fui expulso de casa por ele - o rapaz gargalhou, fazendo Brooke me lançar um olhar preocupado.

- Anthony, aconteceu alguma coisa? - eu questionei, me aproximando do carro tentando ver o que tinha ali dentro que prendera a total atenção de Brooke.

- Eu segui seu conselho Brooke, levei Emma na fazenda - ele explicou enquanto eu piscava atordoado sem acreditar em meus olhos - e eu encontrei meu hobby, mas acabei tendo que voltar lá para comprar suprimentos e foi quando eu a conheci e não resisti. Não é o presente perfeito, Oliver!?

Eu observei o filhote de alpaca acomodado no banco do carro, nos olhando com curiosidade.

Ele acabou de falar que isso é o meu presente de aniversário!?

- Você só pode estar de brincadeira - eu fechei os olhos, respirando fundo.

Ele deu a volta, abrindo a porta e retirando o filhote dali o trazendo até mim. Eu não podia negar que era um belo animal, mas que merda eu vou fazer com uma alpaca!?

- Anthony - Brooke parecia completamente sem palavras.

- O nome é Wilson - ele declarou entregando o animal para mim.

Eu o peguei por instinto, sem saber o que fazer a seguir. Eu realmente ganhei uma alpaca?

- Anthony, é uma fêmea - Brooke franziu o cenho, acariciando a cabeça de Wilson.

- Então será a Wilson - ele gargalhou.

- Anthony, eu não posso aceitar uma alpaca - eu tentei devolver.

- E eu não posso voltar pra casa com ela, ou serei um sem teto com uma alpaca - ele deu de ombros antes de caminhar até o carro - além disso, foi um presente, Scott. Você é obrigado a aceitar.

E então ele entrou no carro e partiu, me deixando ali, segurando Wilson, a alpaca ao lado de Brooke que parecia tão perdida quanto eu.

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