Décimo Segundo Passo - Enfrente Seus Problemas

Refazer a vida é como reformar uma casa. 

Nem sempre dá pra consertar sem ter que demolir e construir tudo de novo. 

Mario Franco

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Uma nevasca caia de maneira feroz do lado de fora. O vento rugia com força enquanto eu observava da janela. A neve se acumulava na calçada, eu ficaria preso em casa por algum tempo, não que eu estivesse pensando em sair.

Mas o som da campainha me surpreendeu.  É impossível que alguém tenha saído durante essa tempestade! Quem seria louco o suficiente para isso? Caminhei até a porta, abrindo e encontrando Brooke parada ali.

Ela usava um vestido nem um pouco apropriado para o clima e parecia não se importar com a temperatura.

— Brooke, o que...

— Vamos dar uma volta, Grande artista? — ela sorriu, estendendo a mão para envolver a minha.

— Você enlouqueceu!? Você vai congelar — eu tentei puxá-la para dentro, mas ela permaneceu onde estava.

— Vamos, Oliver — ela segurou minha mão me puxando para fora.

Eu me desesperei ao notar que usava apenas a calça do pijama, ela vai morrer de hipotermia e vai me matar também!

Mas ao contrário do que imaginava, a temperatura estava agradável, mesmo após afundar meu pé descalço na neve fofa. Dei alguns passos, a seguindo em direção à praia, piscando atordoado. Aquilo não fazia sentido algum.

— O que está acontecendo? — eu balbuciei, notando que ela seguia para o mar.

— Apenas confie em mim, Oliver — ela voltou a me olhar com um sorriso encorajador.

Eu soltei sua mão, parando no meio da praia, para seu desapontamento.

— Vamos, Oliver. Confie em mim.

— O que é tudo isso? — eu questionei olhando em volta.

— Se você confiar em mim para isso...

— Eu não posso — eu neguei dando um passo para longe dela, vendo seu olhar decepcionado.

— Mas...

Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, eu dei as costas e a deixei para trás, sentindo a temperatura ao meu redor começar a cair.

Eu pisquei atordoado encarando o teto do meu quarto. Mais uma vez esse sonho!

Desde nossa conversa, esse mesmo sonho vinha se repetindo, no início eu sequer saía de casa, mas vejo que as coisas começaram a avançar. 

A questão é, o que isso tudo significa?

Por mais que Brooke tenha me aconselhado a conversar com alguém, eu ainda não tive a chance, talvez eu resolva isso hoje na reunião. Eu respirei fundo e me levantei, tentando tirar aquele sonho de minha mente, mas todo meu esforço foi em vão. No fim, aguardei ansiosamente pela reunião, para que pudesse me abrir.

Nós nos encontramos no horário e local de sempre, Isabel parecia disposta a deixar Louis em paz hoje, não forçando para que ele se abrisse, mas antes que ela pudesse perguntar a mais alguém, eu me manifestei.

— O que você sabe sobre sonhos? — eu chamei sua atenção.

— Sonhos? Que tipo de sonhos? — Seu olhar se tornou perspicaz.

— Eu tenho sonhado a mesma coisa nos últimos dias — eu comecei a relatar, procurando ignorar o olhar de Anthony sobre mim — e não é com a minha esposa, o que é um pouco estranho para mim.

— Nos conte o sonho, Oliver — ela pediu e eu me senti um pouco desconfortável ao me tornar o centro das atenções, mas precisava me abrir sobre aquilo!

Eu relatei o sonho, ignorando os olhares atentos sobre mim e preferindo ocultar providencialmente o fato de eu saber quem era a mulher que me levava para fora de casa, na verdade, eu preferi sequer contar que era uma mulher, apesar de Anthony me encarar com uma expressão ilegível.

Era óbvio que ele sabia de quem eu estava falando, mas não se manifestou sobre o assunto, para meu alívio.

— E sobre a pessoa que aparece no seu sonho, você a conhece? — Isabel perguntou.

— Sim. Eu conheço a pessoa — eu respondi.

— E como você acha que esse sonho se encaixa nesse momento de sua vida? — ela prosseguiu, após pensar por um momento.

— Como? — eu pisquei atordoado.

Essa não era exatamente a função dela? Me explicar o significado de tudo aquilo?

— Sabe, tudo o que tem acontecido em sua vida, você não acha que possa ter uma relação? — ela insistiu me fazendo pensar.

Bem, talvez a situação toda com Brooke e a forma como estou me sentindo sobre isso, mas...

— Eu não sei.

— Eu posso ter alguma ideia — Anthony murmurou.

— Oliver, aconteceu alguma mudança que está te causando, não sei... Medo? — ela sugeriu ignorando Anthony.

Eu pensei mais uma vez em toda a situação que eu estava vivendo com Brooke, eu tenho me sentido confuso com tudo, mas isso é medo?

— Eu não sei, eu... Os sentimentos que eu tinha por uma pessoa estão mudando e eu tenho me sentido confuso em relação a isso, mas não sei se isso é medo — admiti. 

— Talvez esse sonho seja a forma que seu inconsciente encontrou para externar o medo que você ainda não tinha percebido que estava presente — ela tentou explicar — Toda essa confusão que você tem sentido, pode ser fruto desse medo.

— Mas e toda a tempestade, a temperatura agradável apesar da neve? — eu insisti.

— Isso tudo é a confusão que se instaurou em você. No início, parece que tudo é uma tempestade, a situação está péssima. Mas quando você realmente sai e começa a enfrentar, percebe que não está tão ruim, na verdade é inclusive agradável.

— Então se eu decidir enfrentar o meu medo, a confusão vai me deixar? — eu franzi o cenho.

— Exatamente, se há um problema, nós devemos enfrentá-lo de frente — ela concordou — Mas não significa que você deva enfrentá-lo sozinho, todos estamos aqui para apoiá-lo em cada passo.

Eu permaneci pensativo após a explicação de Isabel. Então a solução para meu problema é enfrentá-lo? Eu não conseguia mais ouvir o que Leah ou Taylor tinham a dizer, minha mente acabou formulando inúmeras maneiras de enfrentar o que venho passando, mas nenhuma parecia adequada.

Ao sair da reunião, Anthony passou a caminhar ao meu lado, me deixando um pouco desconfortável.

— Então... Você e a Brooke — ele comentou despreocupado em voz baixa, parando um pouco antes da porta.

— Olha Anthony...

— Scott, apenas me escute — ele me interrompeu quando estava prestes a inventar qualquer desculpa — Eu já disse isso para Brooke e farei o mesmo com você. Essa situação toda tem de tudo para ser uma grande merda.

— Eu não acho que será — eu balancei a cabeça em negativa — sei que você se preocupa com ela, mas...

— Não apenas com ela, Oliver — ele suspirou — vocês dois. Pelo o que aconteceu na reunião, você parece disposto a tentar.

— Talvez — eu desconversei, apesar de ter pensado bastante, ainda não tinha chegado a uma conclusão — e mesmo se isso acontecer, Brooke prometeu que teria paciência.

— Essa é a questão, Oliver. Ela não tem paciência. É o que me preocupa — ele suspirou — Apenas tente não estragar tudo, se você não estiver pronto ou disposto, apenas avise a ela de uma vez.

Anthony abriu a porta logo depois, saindo do hotel e me deixando pensativo para trás. Mas antes que pudesse reagir, avistei Brooke encostada em seu Mini Cooper. Ela sorriu assim que me viu e eu não pude deixar de corresponder, deixando meus pensamentos sobre os sonhos e a conversa com Anthony de lado. Ela vestia calças Jeans com uma cacharrel rosa, um casaco e um gorro rosa e cinza.

— O que você está fazendo aqui? — eu questionei ao me aproximar dela, beijando seu rosto.

— Eu decidi tirar a tarde de folga hoje — ela explicou — estava cansada e a loja esvaziou bastante, então aproveitei.

Brooke acenou para alguém na entrada do hotel, e eu me virei encontrando Taylor e Leah saindo lado a lado.

— Entre no carro, Oliver — ela se desencostou da lataria, com um sorriso satisfeito no rosto.

— Porque? — eu franzi o cenho — o que você está planejando?

— Um sequestro — ela sorriu — entre no carro.

Decidi não questioná-la, apenas me limitei a abrir a porta e me acomodar como poderia naquele pequeno espaço, enquanto Brooke dava a volta e assumia o assento do motorista. Ela logo nos colocou em movimento, parecendo estar de excelente humor por ter conseguido uma folga.

— Como foi a reunião? — ela perguntou quase em seguida.

— Foi boa — eu respondi de maneira evasiva, não queria ter aquela conversa com ela, não naquele momento.

Na verdade, o que eu realmente queria desde o momento que a vi ali, era aproveitar a tarde de uma maneira agradável com minha amiga. Não necessariamente de forma romântica.  não depois de todas as confusões de minha mente, apenas queria aproveitar sua companhia.

— Você sumiu por esses dias — eu comentei olhando pela janela do carro — onde estamos indo?

— Eu pensei que depois do que aconteceu, seria melhor te dar um tempo para colocar a cabeça no lugar e conseguir decidir sobre o que fazer. Mas hoje eu estava entediada e pensei, porque não levá-lo para conhecer um lugar legal e diferente de tudo o que ele já viu?

— Brooke, onde você vai me levar? 

— Você vai ver — ela cantarolou.

Depois disso, eu decidi deixá-la manter o suspense, observei o céu limpo com um sol frio que brilhava sobre a neve branca que cobria a paisagem. Brooke e eu permanecemos em um silêncio confortável, apenas aproveitando a companhia um do outro.

— Onde estamos? — Eu franzi o cenho ao observar a paisagem rural do lado de fora.

— É uma fazenda — ela explicou entrando em uma estrada particular — eu sempre ouvi as pessoas falando desse lugar e decidi conhecer hoje.

— Uma fazenda? — eu estranhei.

O que nós dois faríamos em uma fazenda coberta de neve? Mas Brooke parecia decidida de que aquilo seria uma boa ideia. Assim que ela estacionou o carro, eu olhei em volta me sentindo um pouco perdido. O que é esse lugar?

— Brooke, tem uma lhama desenhada nessa placa — eu franzi o cenho.

— Não é uma lhama, é uma alpaca! — ela sorriu naturalmente.

— Como?

— Isso aqui é uma fazenda de alpacas, Oliver. Não é incrível? — Ela estremeceu um pouco antes de enlaçar meu braço, na tentativa de se aquecer.

Eu a observei, me sentindo dividido entre absorver a informação que ela acabara de me oferecer, e reparar na maneira que ela estava vestida. Ela de forma alguma estava vestida para passear ao ar livre com a temperatura de três graus negativos. Não que estivesse como em meus sonhos, apenas não se agasalhou o suficiente.

— Feche o casaco, você não tem luvas melhores? — eu questionei, observando as pontas de seus dedos de fora.

— Eu não pensei que estivesse tão frio — ela sorriu encabulada.

Nós caminhamos até a casa da fazenda, com Brooke ainda envolvendo meu braço. Eu me sentia bem com sua companhia, apesar de todas as complicações que nos cercavam.

— Pelo menos suas botas são boas — eu observei seus pés se afundarem na neve.

— Eu não sou boba — ela zombou antes de acenar para um casal de idosos que saíram na porta da casa.

Eles se aproximaram com um sorriso no rosto, prontos para nos recepcionar. O homem ajudou a senhora a caminhar até nós pela neve, com um olhar de expectativa no rosto.

— Bem vindos, estão aqui para um tour? — ele se manifestou.

— Sim, nós ouvimos sobre esse lugar e decidimos conferir — Brooke sorriu apertando ainda mais meu braço — Vocês estão disponíveis?

— Claro que sim, venham — a mulher sorriu em resposta parecendo empolgada — Eu sou a Bárbara e esse é o meu marido Warren, é um prazer recebê-los.

— Então, vocês estão aqui para conhecer nossos pequenos monte de pelos — Warren sorriu, compartilhando da mesma empolgação da esposa — as visitas não são tão frequentes com a chegada do inverno.

— Estamos ansiosos para isso — Brooke garantiu, enquanto nós os seguíamos.

— Você pelo menos sabe o que é uma alpaca, Brooke? — eu sussurrei.

— Calado, nós vamos aprender muito sobre elas — Ela sussurrou de volta ainda sorrindo.

E realmente aprendemos, Bárbara e Warren nos forneceram um tour completo, com todas as informações sobre os animais. Brooke ficou encantada com eles imediatamente, eram muito dóceis, e no fim, Bárbara nos deu algumas cenouras para que pudéssemos alimentá-las.

— Ela está lambendo minha mão — Brooke riu quando a alpaca se inclinou para pegar a cenoura.

Aquele riso encheu meu interior, era algo extraordinário vê-la em uma situação tão espontânea. Com certeza guardarei esse momento em minha mente por um longo período.

— Elas fazem isso — Warrem a tranquilizou — não se preocupe.

— Ela não vai cuspir em mim, certo? — Brooke franziu o cenho parecendo um pouco receosa, me fazendo rir de sua reação — O que foi, Oliver? É uma preocupação honesta!

— Você não ouviu ele antes? Ela só faz isso quando se sente ameaçada — Eu a provoquei, estendendo a mão e acariciando a cabeça de Dorothy, a alpaca — Ela parece ameaçada?

Brooke levou a mão até a minha, se movendo com cuidado para não assustar Dorothy, ou talvez para não me assustar. Seus dedos repousaram sobre os meus e pude sentir seu toque mesmo através das luvas que separavam nossas peles. Arrisquei olhar em sua direção, ouvindo os batimentos de meu coração aumentarem, meu sorriso foi um reflexo involuntário ao avistar seu belo rosto.

— Vocês formam um belo casal — Bárbara comentou sorrindo — estão juntos há muito tempo?

Nós dois olhamos para a mulher, Brooke parecia constrangida com a situação, ela desviou seu olhar, recolhendo a mão imediatamente enquanto o sorriso deixava seu rosto.

— Não, nós... — ela mordeu o lábio inferior.

— Nós nos conhecemos há algumas semanas — eu a cortei. 

Não precisamos dar explicações para desconhecidos, não é?

— Sim... algumas semanas — Brooke confirmou, parecendo um pouco atordoada.

— Bom, foram as primeiras semanas de muitas, eu arrisco dizer — a mulher gracejou antes de começar a ir em direção a uma construção perto da casa principal — Venham, vou mostrar a nossa loja a vocês, nós temos vários produtos com lã de Alpacas, se vocês se interessarem por algo.

— Talvez uma lembrança, quem sabe? — Warren piscou.

Eles nos deixaram na loja e Brooke caminhava por ali, observando tudo com empolgação. Ela parecia disposta a comprar cada coisa exposta na loja, mesmo que não fizesse a menor ideia da utilidade.

— Vamos, eu preciso de um novo cachecol — ela se enrolou em um, fazendo com que eu me inclinasse para retirar de seu pescoço.

— Você não precisa de um cachecol, Você não os usa — eu o devolvi para o lugar.

— Você não tem como saber disso, me conhece a pouco tempo — ela reclamou.

— Sim, mas durante o tempo que te conheço, as temperaturas quase sempre estavam baixas e você nunca está com um — eu ergui a sobrancelha — então você vai apenas gastar dinheiro com algo que você não vai usar.

— Mas eu preciso de um desse! — ela mudou o foco, passando a ponta dos dedos por um cobertor felpudo — olha como é fofo!

— Tenho certeza que você tem bons cobertores — eu ri a puxando dali.

— Um urso...

— Sabe o que você precisa? Um par de luvas — eu peguei algo que parecia ser mais quente do que as que ela usava — é o que vamos levar.

Seu olhar se iluminou ao observar o par de luvas felpudas de cor acinzentada que eu lhe ofereci.

— São lindas — ela sorriu, as pegando de minhas mãos.

— Vamos, eu vou comprar para você.

— Não precisa, eu posso pagar.

— É um presente — eu a interrompi.

Uma expressão surpresa tomou conta de seu rosto antes que ela sorrisse.

— Um presente? Porque eu te sequestrei?

— Não, — não pude evitar de rir — um presente porque eu gosto de te ver sorrir.

Brooke corou diante de minhas palavras, mas ela se refez logo, colocando um sorriso no rosto mais uma vez e seguindo até alguns gorros que estavam na prateleira ao lado.

— Se é esse o caso, então eu vou comprar isso pra você — ela escolheu um.

Nós saímos da Loja após efetuar nossas compras e decidimos voltar para casa. Passar aquela tarde com Brooke me ajudou a decidir o que fazer em relação a tudo. Isabel estava certa, já estava na hora de enfrentar meus medos.

— O que você achou das lhamas? — Brooke perguntou após alguns minutos em silêncio.

— Alpacas — eu corrigi.

— São mini lhamas de qualquer maneira — ela deu de ombros — gostou delas?

— Eu gostei da companhia — eu virei meu rosto em sua direção para observá-la — obrigado pela tarde.

Ela sorriu e voltou a ficar em silêncio, mas aquilo não importava. O silêncio era confortável entre nós e de certa forma me ajudava a pensar em meus próximos passos. Seria possível que eu estivesse me apaixonando? Sim, eu sabia que sentia algo por Brooke, mas estaria tão evoluído?

Brooke estacionou seu Mini Cooper na porta de minha casa, suspirando alto ao desligar o motor.

— O sequestro chegou ao fim, grande artista — ela sorriu — obrigada pelas luvas.

— Obrigado pelo gorro — Eu retruquei — e pela tarde.

Eu tinha que descer do carro e Brooke parecia aguardar por isso, mas eu não conseguia deixá-la. Não ainda.

— Você deve me achar maluca por te obrigar a fazer essas coisas — Ela desviou o olhar.

— Um pouco, mas você não me obrigou a nada — eu garanti — eu gostei muito de conhecer as lhamas.

— Alpacas — ela voltou a olhar em meus olhos, sorrindo.

Eu tinha me inclinado um pouco em sua direção, levei minha mão até seu rosto acariciando sua pele. Seu olhar acompanhava atentamente meus movimentos, parecendo ansiosa por minhas próximas ações.

— Tanto faz — eu balancei a cabeça antes de guiar minha mão até sua nuca, a puxando para mim.

Brooke não hesitou em corresponder o beijo, ela se moveu como pode no pequeno espaço, tentando se agarrar à mim. Seus lábios eram macios e sua língua dançava em minha boca junto à minha com paixão. E a coisa mais surpreendente para mim, era que eu conseguia corresponder àquele sentimento.

— O sequestro terminou melhor do que eu esperava — ela ofegou ao quebrar o beijo, mantendo sua testa encostada à minha.

Eu depositei um último beijo carinhoso em seus lábios antes de soltar sua nuca e me afastar. Meus batimentos cardíacos estavam acelerados enquanto observava Brooke ali com um sorriso contido aguardando minha reação.

— Obrigado, Brooke — levei suas mão até os lábios, beijando seus dedos antes de abrir a porta — Te vejo amanhã.

Ela acenou enquanto eu saia do carro. Entrei em casa, repassando em minha mente todos os detalhes desde que acordara naquela manhã.


O mesmo cenário que eu já estava me acostumando se formou ao meu redor mais uma vez. A tempestade, a neve, a campainha, tudo parecia exatamente igual. Quando Brooke apareceu em minha porta, acabei resistindo um pouco menos, seguindo até o mar.

— Apenas confie em mim, Oliver — ela pediu enquanto me guiava até a água.

— Mas...

— Você não vai se arrepender — ela garantiu se aproximando de mim — me dê uma chance.

E então ela deu um passo em direção ao mar, fazendo com que meus pés se movessem. Eu permaneci olhando em seus olhos a cada passo, tentando lhe dar aquele voto de confiança. Foi quando a água atingiu meus dedos.

Senti meu corpo estremecer, e o temor começou a crescer em mim, mas antes de qualquer coisa Brooke soltou minha mão e para meu desespero, se jogou de uma vez na água, sumindo por alguns segundos.

— Brooke, Brooke! — eu a chamei, mergulhando atrás dela. Eu precisava alcançá-la!

— Estou aqui — ouvi sua voz ao meu lado.

Me virei em sua direção, vendo seus cabelos molhados grudados em seu rosto sorridente.

— Você me assustou — eu a segurei, com medo que ela voltasse a afundar, notando pela primeira vez a água morna.

— Desculpe, mas eu disse que você não se arrependeria — uma pequena luz se acendeu na água ao lado dela, seguida de milhares outras, transformando a água quase em um céu estrelado.

— O que é isso?

— Eu disse — ela ergueu a mão, acariciando meu rosto.

E então eu acordei.

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