Capítulo 25 _ Allysson


Oiii! Oiii! Gente 🥰🥰🥰

Como están?

Então, acho que vocês repararam que há dois capítulos 25. 

O primeiro: Capítulo 25 _ Allysson.

O segundo: Capítulo 25* _ Allysson.

São os mesmo capítulos. A única diferença é um asterisco. E bem, o que vem a ser este "*"?

Basicamente: Pode conter cenas +18. 🔞 

Há pessoas que não se sentem confortáveis, não gostam, de ler cenas "picantes", ou as vezes também tem aquelas que preferem manter apenas o romantismo. Sem o hot.

Então, para vocês que não curtem ler hots. Bem, este é o seu capítulo.

Para aqueles que não se importam ou gostam de ler. Os capítulos com o * conterão cenas +18.

E, reiterando, os sem asterisco contém apenas o gatilho +16 (insinuação sexual, sem detalhes extras). Fiz isso visando uma leitura boa para todo mundo: assim quem não curte hot não precisa ler e quem curte não tem o clima quebrado.

Bom, espero que curtam. 🥰🥰🥰



O depois será o depois, o agora, bem...

Eu avanço.

Pronto para tocar o paraíso mais uma vez. 

Antes de que eu pudesse sentir seu calor contra mim, Maksin se afasta. Ele vai para longe, a respiração mais pesada. A vergonha de ser rechazado tão abertamente me toma e viro o rosto para longe dele, tentando ignorar a queimação que sinto tanto na cara quanto na barriga.

Porque? Porque eu não consigo pensar antes de agir?

Que humilhação...

Garoto idiota! 

Ele ou você?

Ambos! Respondo a mim mesmo.

Está decidido, Maksin Petrov é um completo imbecil e vou odiá-lo para sempre.

Consigo ver pela esquina do olho quando Maks coloca o próprio cinto antes de arrancar o carro. Eu fico ali, sentindo o cheiro do seu perfume e lembrando da promessa que fiz a mim mesmo de odiá-lo para sempre.

Só que.

Não tô conseguindo lembrar porque eu fiz essa promessa.

Foi agora a pouco, certo?

Tipo... foi há uns dois segundos, não é?

E não é apenas porque Maksin é bonito, cheiroso, têm essa aura máscula, este ar de mistério que eu vou me esquecer do porquê eu fiz.

Porque ele foi um babaca, tenho quase certeza. Maksin as vezes é babaca e rude. Pero por algun motivo eso me puene.

Bom, não deixa de machucar.

Uma coisa que é comum a mim.

Tirando a época que não foi bom, é claro, na época que a gente conversava. 

Maksin nunca foi de rir muito (a menos que seja um sorriso sarcarstico), mas as vezes dava uma sombra de um sorriso ou uma pequena gargalhada, a sensação de sua felicidade deixava meu peito mais quente.

E Maksin sempre me escutava, diferentemente do que eu pensava, ele não era impaciente... quando eu falava ele ouvia, opinava, não reclamava quando eu perdia o fio da meada ou me cortava. As pessoas costumam fazer isso, dizem que eu sou tagarela demais. 

Uma vez eu perguntei isso ao Maksin e ele disse que de pessoas tagarelas ele já estava bem treinado. Não entendi, mas ok. 

Tentei reduzir o que eu falava, já que, por mais que ele não reclamasse, eu jurava que ele não estava gostando. Mas ele que começava a falar comigo de novo e de novo. Quando perguntei o porquê, ele não me respondeu, apenas de um meio sorriso e depois perguntou qual era minha sobresa favorita de preparar.

No começo o que eu pensei ser dó ou pena... descobri que, na verdade, era um certo gosto. Maksin gostava de conversar comigo...

E eu perdi isso.

O meio tranco do carro parando mais uma vez me retira de meu transe. Meio tonto ainda pelo bolo em minha garganta, olho do lado de fora, curioso. 

Me deparo com um grande edifício com uma fachada verde e portas de vidro que permitiam que qualquer um pudesse claramente ver o interior branco, com banquinhos verde escuro e poucas pessoas circulando, imagino que por conta do horário.

Rá!

Mas nem que a vaca tussa.

— Não vou entrar no hospital.

Sou decisivo e o encaro por cima, deixando bem claro minha posição... ou seria meu posicionamento? Huumm, as duas frases parece ter sentido sexual... ou será que eu que fico pilhado demais com isso?

— Vai sim! — ele fala já tirando o cinto de segurança.

Vou o quê?

Ah, pera...

— Não vou!

— Vai!

— Não vou!

— Gonzales!

— Maksin!

— Allysson! — Ele fala me encarando profundamente.

É uma batalha.

Olhar contra olhar. Pedra contra contra tempestade. O olhar dele é afiado, não chega a ser mortal, mas é decisivo. Ele quer que eu entre no maldito hospital.

Mas eu não vou entrar.

Não vou!

Minha mente pensa uma coisa, mas meu braço já solta o cinto. Maldição. Saio do carro, fazendo questão de bater a porta com MUITA força, antes de caminhar para dentro do puto hospital.

Amaldiçoo Maksin, a beleza dele, esse tom que mexe com minhas partes irracionais e a maldita manipulação dele. Algo me diz que este imbecil sabe muito bem o efeito que tem sobre mim quando diz o meu nome.

Fico o mais longe possível dele, o que não o afeta em nada!

Porque afetaria? Ele nem gosta de mim.

Tento ignorar minha própria raiva, o que é bem difícil, até que um apito soa, uma nova senha aparece no visor e Maks se levanta. Sigo atrás dele até que entramos em uma sala cheirando a, eca, hospital. Esse olor estranho a limpo que eles têm, mas não o limpo casa e sim, limpo hospital.

Segundos se passam. Eu encaro Maksin que encara o celular. Cappullo. Uma mulher entra, vestida de azul, o cabelo escuro preso num coque firme. Ela me observa com simpatia, mas as olheiras que ela tem demonstram seu cansaço após longas horas de trabalho.

— Você é o Allysson? — Ela deduz, provavelmente por ver meu corpo machucado.

— Sim. — Murmuro. Minha voz delatando meu chateamento com Maks, que nada haver tem com ela.

— Pode me falar o que aconteceu?

— Eu... — duvido se posso ou não falar, não quero me meter em problemas.

— Foi uma briga, Ingrid.

Quem responde é Maks, a voz contundente e fria, como se não houvesse espaço para mais contestações da parte dela. Quanto a Ingrid? Parece surpresa dele saber o nome dela.

Então eles não são conhecidos.... mas como é que o Maks sabe o nome dela quando ela ainda nem se apresentou??? Maksin parece ver que estamos surpresos, fecha os olhos com uma expressão de forçada calmaria e aponta em direção ao peito dela.

— O crachá. Ingrid, pode, por favor, cuidar dele sem fazer muitas perguntas, a não ser que sejam de valor e importância médica?

Ingrid cora. Não sei se pela vergonha ou porque Maks fica ainda mais gostoso dando ordens.

— Claro. — E depois de responder ela se vira para mim. — Primeiro vou comprovar sua pressão e febre, depois os ferimentos, ok?

Assinto com a cabeça e ela faz o que prometeu, depois de examinar meu braço e dizer que eu iria precisar de pontos em um dos cortes, ela pede para eu tirar a camisa. É claro que eu faço.

Maksin solta um grunhido, fico quente só de imaginar que ele ficou excitado vendo mi corpithio.

— Чертовы ублюдки, я должен был сломать вам все кости.¹ — Ele amaldiçoa ainda olhando para mim, a enfermeira também parece impressionada, olho para baixo e daí eu vejo:

Na lateral do meu corpo há uma grande hemácia, ou é hemodiálise, hematoma? Tanto faz, de um roxo intenso com um toque de preto e laterais esverdeadas.

Solto uma risada frouxa.

— Relaxa, Maksin, aquela vez que tu acabou comigo fiquei bem pior. — Rio, lembrando dos meus machucados, mas o sem graça não ri de volta.

Ao invés disso, aperta a boca até que ela forme uma linha fina e encara com fúria meus machucados, seu rosto meio distante como se ele estivesse pensando na vez em que me bateu.

— Ele também tá mancando. — Depois de longos minutos em silêncio, tipo muito longos mesmoooo, é a primeira coisa que ele fala.

Nisso a enfermeira já tinha tirado praticamente toda minha roupa, limpado meu sangue, colocado curativos no meu rosto (daquele tipo que puxa a pele para que ela emende mais rápido) e dado pontos no meu braço. Que ela afirmou não estar quebrado.

Graças as costelas e a perna, sou levado para o raio x.

Acaba que eu não tive nada quebrado, só uma coisinha no músculo que me faz ganhar um daqueles sapatos estranhos, então pude levar alta, graças a Dios. Minhas costelas ganharam faixas e um remedinho para dor.

Passamos tanto tempo ali que, apesar de ter gostado de Ingrid e do outro médico, solto um Graças a Deus quando me liberam.

Quando chegamos na recepção, Maksin manda eu aguardar sentado em uma das poltronas. Então, obviamente, eu fico andando de um lado para o outro.

Acabo perguntando para um sujeito que passa por ali se aquele hospital é público, ele ri da minha cara com tanto gosto que imagino que a resposta é não. Para não arranjar confusão, o melhor é mexer no celular. Então abro meu insta, logo de cara me deparo com algo chocante:

Thales aos beijos com Lúcia.

Que traidor de uma figa! E que vadia! Essa vaca não merece o Maksin.

— Pensei ter dito para você ficar sentado!

— Lúcia é uma vaca! — Grito, mais pelo susto de ser pego fazendo algo "errado". E recebo um olhar atravessado do Maksin.

— Já disse para você não falar assim dela!

— Mas ela tá te traindo! — Ergo meu celular para mostrar o vídeo a ele, que só revira os olhos e bufa.

— Não tem como me trair se não estamos em uma relação, Gonzales. Eu e ela somo apenas amigos.

— Então, porque você estava beijando ela?

Ele estreita os olhos para mim.

Isso, já não é da sua conta.

Ok.

Atingiu meu coração. Abaixo a cabeça envergonhado, sinto o gosto de sangue quando mordo meu lábio para conter a próxima vergonha que eu iria passar.

— Quanto deu os gastos do hospital? Eu vou te devolver o valor.

Mais uma vez ele estreita os olhos para mim, embora desta vez não com tanta rudeza. Depois ele encara as portas do hospital que dão para a rua sem movimento do lado de fora.

— Vamos! Nesse fim de semana vai ter um festival aqui, os hotéis devem estar cheios.

— Pare de falar o que eu tenho que fazer!

— Prefere dormir ao relento?

Ele fala já andando e eu só o sigo, em meus trupicos lentos, porque não há outra opção. Desta vez ele não me ajuda, mesmo que a tipoia no meu pé faça com que fique muito, muito ruim mesmo caminhar.

Entro no carro, sem falar nada. Considero não colocar o cinto só de teima, mas seria energia gasta atoa.

Assim que apenas recosto a cabeça na janela, segundos se passam antes de que eu começe a  sentir minha cabeça pender, meus olhos se tornarem pesados e o mundo escurecer.



Um barulhinho ao fundo, uma luzinha incomoda, estico meus ossos sentindo minha carne começar a relaxar. Espreguiço-me e a lateral do meu corpo grita de dor então paro e volto a deitar contra o quentinho e a abraçar o macio... pera, mas que macio é este?

A curiosidade não vence a preguiça e por mais que eu queira abrir os olhos, eles se recusam a fazer o que peço. Então volto a relaxar e...

Tá, onde é que eu tô?

Me remexo, sinto a calidez de um tecido debaixo de mim e deve ser um lençol, também há um tecido sobre mim, talvez um edredom? Caramba! Eu tô numa cama?

Como? Quando? Onde?

Que que tá acontecendo???

Tantas questões fazem com que o sono vai embora.

Me ergo ali, rápido até demais e minhas costelas reclamam por isso. A primeira coisa que vejo é um painel à minha frente com uma televisão enorme. As paredes são brancas, em uma delas há um destaque feito com triângulos em preto, branco e dourado que, aliás, também é a cor da madeira da cama. Os lençóis são negros e as almofadas brancas e, deixa eu adivinhar, douradas também.

A meu lado direito há uma sacada de vidro transparente, tipo cristal, que deixa a vista aberta, está escuro então devo ter só tirado cochilo. Já do meu outro lado, há um tapete enorme e dois pufes bonitinhos com uma mesinha de centro, mais a lá tem uma porta que, no momento em que bato o olho nela, se abre revelando Maksin.

— Finalmente você acordou.

Suas palavras não saem incomodadas ou enfurecidas, é mais como se ele estivesse apenas falando o obvio por falar.

— Você está bem? — Ele pergunta franzindo o olhar em minha direção, como se me analisasse.

Se eu não conhecesse ele tão bem, diria até que está preocupado comigo.

— Onde a gente tá? — Pergunto e ele franze a sobrancelha me encarando com aquele olhar enfático que me estremece por dentro.... Mas qual o problema? Que que eu fiz agora? Espera. Que tal se eu: — Eu estou bem.

Pelo visto era o que ele queria, já que para de me olhar como se fosse desgarrar minha alma e arrancar todos os meus segredos. Eu já ia perguntar sobre onde a gente tá novamente, quando ele volta a me observar e questiona:

— Está doendo muito?

— Não. — E rio, porque é legal ver ele um pouco preocupado comigo, infelizmente isso faz com que tudo doa e solto um gemidinho de dor. — Merda!

Antes que eu pudesse falar: "Não foi nada". Maksin já estava a meu lado examinando minhas costelas enfaixadas.

— Tente não fazer movimentos bruscos. — Ele resmunga depois de uma análise completa. Em seguida sai de perto, pega algo na mochila (onde foi que ele arranjou uma?) e me entrega. É um comprimido junto a uma garrafinha d'água. De onde, raios ele tirou isso? — Toma é para a dor.

E dito isso ele e o seu cheiro incrível de recém tomado banho se afastam.

— Então, onde a gente tá? — Pergunto depois de tomar o comprimido. — É num hotel?

É um bom chute, parece um quarto de hotel e tudo mais. O único problema é a cama ser de casal, a não ser que...

— Dormimos juntos?

Quase que consigo escutar o revirar de olhos que Maksin me deu.

— Não, eu dormi no chão. — Dito isso ele cruza os braços, não há mais preocupação no seu olhar e sim aquela braveza que ele sempre dedica a mim — Quer pedir o jantar?

Uma pergunta comum que saindo dele soa como um mandato de prisão. Mas pera...

— Jantar?

— Você dormiu por quinze horas Allysson, já são sete e meia da noite.

— Ah.

Dormi por quinze horas? Isso não é normal não.

— Vou pedir o jantar, você pode assistir tevê, tomar um banho, o que quiser. — Maks fala, parecendo impaciente.

Mas impaciente pelo que?

Tanto faz, ele sempre é assim, mesmo. E, cacete, ainda tô com cheiro de hospital. Banho. É vou tomar um banho.

O banheiro é em branco e dourado, num mijei em uma privada tão linda quanto esta, então tiro uma foto e mando para os meninos. A mensagem não chega, eles não devem ter sinal. Bom, depois eles me respondem, quero saber o que mais aconteceu.

Preciso tirar a porcaria da tipoia para tomar banho, tento me curvar, mas minhas costelas, e eu, gritam de dor.

— O que foi isso? — A voz de Maks vem do lado de fora, parecendo... aflita?

— Não consigo tirar essa porcaria do meu pé.

— Eu comprei uma que você pode usar no banho, Gonzales — ele fala parecendo puto. — Justamente para você não precisar se curvar para tirar.

— Entendi.

Maksin parece cada vez mais rabugento, eu hein.

Entro no chuveiro, não na banheira. Deixo a água o mais quente possível, o que não é uma boa ideia porque só de encostar na minha costela sinto ondas de dor e, bom, esqueci de tirar a faixa. Então, eca, a tiro ali mesmo debaixo do chuveiro, deixo a água um pouco menos quente e pronto.... o banho perfeito.

Maksin tá preocupado comigo? Apesar do que ele disse aquela vez?

Foi que nem quando os meninos me encurralaram e enforcaram, ele querendo saber sobre a marca. Talvez eu realmente importe a ele, nem que seja um pouquinho, poquito mesmo.

Posso até imaginar se ele gosta de mim, sexualmente falando, já que aquela vez ele retribuiu o beijo. E, caralho, como ele sabe beijar, só de imaginar me sinto ficar quente e meu pau endurece.

Se há alguma chance com Maksin, nem que seja uma mínima, que melhor situação que esta para tentar alguma coisa?

Eu.

Eu.

Eu vou dar em cima de Maksin Petrov.

Quando desligo o chuveiro não estou apenas renovado, mas completamente carregado com uma energia nova. Visto só o roupão preto, deixo minhas roupas ali mesmo, no chão e saio do banheiro.

Uma fina nuvem de névoa branca me segue.

Estou preparado para um comentário irritado de Maksin, mas não é ele que vejo quando saio do chuveiro e sim um rapaz, um pouco mais baixo que eu, troncudo, com uma barba alinhada e vestido formalmente.

— Oi! — Cumprimento levantando a mão.

— Oi! — Ele responde atrasado o bastante para tornar tudo muito esquisito, seus olhos repousados em meu corpo e em partes que ainda não amoleceram. — Isso aí parece bem dolorido.

Mas que cara de pau!

É meu primeiro pensamento, mas logo percebo que ele não deve estar falando da minha animação e sim dos machucados. Isso me dá ainda mais vergonha...

— Ah, isso não é nada, eu sou bem resistente.

O rosto dele é quem fica avermelhado, a pele clara deixa transparecer mais, e daí percebo o duplo sentido.

Cacete! Qual o meu problema hoje?

Preciso sair deste assunto, preciso sair deste assunto, preciso... Já sei!

— Qual o seu nome? — Pergunto num impulso e querendo muito que ele me olhasse nos olhos e parasse de brincar com a ponta da língua.

Ok. Fui eu quem começou, mas tô até me sentindo desconfortável aqui. Ele tá me olhando como se eu fosse um pedaço de pão e ele o sujeito sem comer a horas. O que fica estranho é que eu tô machucado, será que ele é masoquista?

Não, nesse caso seria sadista...

— Meu nome é....

— Ícaro. — Maksin interrompe, surgido do nada e o olhando o garçom de forma tão gelada que até eu me estremeço. Ele tira de sua carteira duas notas de vinte e estende a ele. — Sua gorjeta.

Ícaro assente meio apressado e pega o dinheiro saindo dali adoidado, Maksin o acompanha com o olhar até que a porta se fecha, deixando só nos dois.

— Você dá gorjeta aos funcionários?

Bom, sei lá fiquei curioso, não é algo comum no Brasil, né?

Maks ignora minha pergunta, me observa com um olhar julgador e irritado cruza os braços contra o peito, ficamos assim por uns instantes até ele finalmente abrir a boca novamente.

— Pedi bife ao molho madeira acompanhado de risoto de cogumelos.

Ele fala apontando para uma bandeja de comida que até o momento eu não tinha notado estar ali.

— Como você sabe?

— Como eu sei o quê?

— Bom, é que esses são meus pratos preferidos e imaginei que você soubesse, quer dizer, tipo assim, não?

Silêncio. Silêncio. Silêncio e mais silêncio.

Engulo o sapo e como a comida, Maksin não me acompanha e quando pergunto o porquê ele apenas responde que já jantou.

Termino de comer e vou assistir um filme, novamente sem comentários. Puta que pariu que irritante!

— O quê?

Pelo visto falei a última parte em voz alta. E quer saber? Foda-se.

— Você é irritante!

— O sentimento é reciproco, então.

Novamente fica calado, como se fosse a porra de um buda ou sei lá o que. 

Taco uma almofada nele.

Ele a agarra no ar, antes que atinja seu precioso rosto.

— Qual a merda do seu problema, Gonzales?

— Você é a merda do meu problema, Petrov, porque cê tá me tratando assim?

— Eu sempre te trato assim.

— Pois está pior!

— Isso é coisa da sua cabeça. — Dito isso fecha os olhos, deixando lícito ² que eu estou agindo como um louco.

E ele acha que ficar sentado ali com ar superior vai dar o assunto o assunto por encerrado, mas não, não vai, não vai MESMO. Taco outra almofada nele que, malditos reflexos, a rebate para longe e vira o rosto em minha direção, os olhos relampejantes.

— Gonzales. — É mais que meu nome, é um alerta, um grunhido, uma ameaça.

Não sinto medo, me recuso a ficar com medo, não depois daquele dia da maconha... não depois de hoje. Maksin tem que parar de me confundir tanto!

— Para com isso! Apenas para! — Grito furioso. E as palavras saem mais facilmente da minha boca do que jamais pude pensar. —  Você não pode agir todo preocupado e depois me tratar assim, não é justo!

— Eu não agi preocupado.

Mentiroso.

Minha mente sussurra, ao mesmo tempo em que vem a dúvida: Será que realmente ele não está agindo?

Porém, não. Nem eu sou tão burro assim.

— Ah é?! Então porque não deixou aqueles caras me arrebentarem?

— Eu não ia assistir alguém apanhando injustamente.

— Você não precisaria assistir, se não tivesse me procurado!

— Não deixaria um colega, não importa qual, para trás sabendo que podia se meter em perigo.

— Tá dizendo o quê? Que só me ajudou porque parecia que eu tava querendo sair daquela situação? Porque era uma luta injusta?

— É um ponto de vista.

Ele fala sério, como se fosse o dono da verdade, sem arredar o pé.

— Então que tal eu sair daqui e procurar uma briga um a um, hein? Se eu apanhar você não precisa se meter.

Sua primeira reação é arregalar os olhos, como se não acreditasse que eu falei aquilo. Quando percebe que eu tô falando sério, sérião, sua mandíbula endurece, assim como seu corpo ele parece tenso e irritado.

— Não.

Uma única palavra. Uma decisão.

— Não? Você está sendo contraditório Maks. — falo com o tom mais cínico que eu posso usar, só quero irritá-lo mais, assim como ele está me irritando.

— Não me chame assim.

Eu podia chamá-lo assim, mas não posso mais. Porque não somos amigos.

Ele pode me salvar, mas não porque se importa e sim porque é um dever.

Eu não posso me machucar não querendo e não posso fazer por querer.

Ele é absurdo.

Mas já que não posso chamá-lo de Maks. Já que ele não se importa, então... eu faço o que eu quero, já que ele também só faz o que quer.

— Ótimo. — Digo me erguendo da cama.

— Onde você vai?

— Procurar uma briga justa, talvez num hospital público pro cara tá tão machucado quanto eu e ser algo de igual para igual.

— Para de show.

— Entendi, já sei porque você não quer? É tipo possessividade? Uma vez foi tu que bateu e agora é só tu e nunca mais?

Dessa vez ele levanta emputecido.

— Não brinca com isso.

— Porque não?

— Deita na cama, Gonzales, você não vai arranjar briga com ninguém hoje.

— Você não manda em mim.

Então ele me olha como se me desafiasse:

Tenta sair então, vem ver se consegue passar por cima de mim. 

Isso me enfurece, taco outro travesseiro nele.

Ele rebate para longe, praticamente ruge o aviso:

— Não se atreva a fazer isso de novo.

Então, é claro que eu faço.

Maksin agarra a almofada no ar, me preparo para lançar outra, mas ele já está muito perto de mim e sua mão prende meu pulso tão forte quanto ferro. Sinto o mundo se desequilibrar e já não estou em pé e sim deitado, derrubado.

Maksin me derrubou na cama.

Estranhamente, não sinto o impacto de dor nas minhas costelas, mas o mistério não fica muito tempo sem ser revelado, já que consigo sentir os dedos quentes de Maksin na minha pele, ele amorteceu a minha queda.

Queda este que ele provocou.

Ele está bem em cima de mim, me encarando. Ainda parecendo furioso, a raiva parecendo deixar o ar com eletricidade estatística³. Apesar de inicialmente estar tão puto quanto ele, o sentimento começa a dar lugar a algo bem mais impuro enquanto observo aqueles olhos cinzas que me encaram ficando cada vez mais escuros.

Sinto minha respiração acelerar, tento desviar o olhar o que é inútil, já que a intensidade de Maksin não diminui, vejo seu maxilar trincado, ele o paerta cada vez mais como se tentasse se controlar e isso me arranca um arquejo. 

Se controlar para quê?

Não me bater, será?

Apesar de isso soar mais lógico, meus instintos dizem que não é isso. Não fico apavorado. Ao contrário, meu corpo reage de uma forma um tanto quanto "peculiar", o que é péssimo, já que o volume crescendo em minhas calças logo vai se fazer notar.

E então, esses olhos que parecem querer me destruir, vão sair da hipótese e ir direto para execução.

— Aí! ­ — Exclamo graças a uma pontada de dor nas costelas.

Deve ser por causa da posição.

Quando vejo a raiva em seu olhar desaparecer, passando de um segundo a outro para preocupação, então percebi que falei em voz alta.

— Eu te machuquei? — Ele pergunta parecendo tão, tão aflito que eu apenas, apenas rio.

Ele me assiste por alguns segundos, seu rosto se fechando cada vez mais, enquanto eu tenho que tirar lágrimas dos olhos.

— Qual a merda do seu problema, Gonzales?

— Não, não. — Ofego, segurando seu braço quando ele tenta se afastar e abro um sorriso de orelha a orelha. — O que? Não posso mais rir?

Lanço a última parte como um desafio, porque sei que meu deboche o afeta. Tento provocá-lo para arrancar sua fúria, sua preocupação, tudo e qualquer coisa que eu puder, apenas quero uma reação.

Diria até que estou obstinado, porém nem isso posso mais afirmar, já que minha determinação vai indo embora deixando apenas ele.

Ele. Sua pele quente contra a minha. Ele e o ardor que causa em minha garganta. Ele e o desejo por mais ou apenas pelo momento. É estúpido, mas sinto que me contentaria e seria feliz apenas por isso, por ter minha mão em sua pele, por ter seu contato.

Eu poderia apenas segurar sua mão e isso me deixaria feliz.

Me sinto feliz e gargalho ainda mais, juro que gosto de arrancar sua raiva, já que seus olhos se tornam ainda mais lindos, mais transparentes, mais, mais...

— Você é tão magnético. — Só percebo que as palavras saem de mim quando vejo sua expressão mudar, para confusa.

Eu deixei Maksin confuso.

— Magnético?

— Sim, atraente, magnético, impressionante.

— Está dizendo que eu sou bonito?

— Você é bonito, mas é mais do que isso, muito mais do que isso.

— Você... — ele franze as sobrancelhas parecendo não saber o que responder.

Mas ele ainda está sobre mim, nossa proximidade é tamanha que não consigo deixar de encarar sua boca, os lábios rosados sempre para baixo, numa expressão azeda.

— E é gostoso.

— Qual o seu problema Gonzales??

— Eu que te pergunto, não pode ficar assim em cima de mim e esperar que eu seja racional, mal, mal sou no dia a dia quanto mais em momentos como esse...

— Gonzales!

— Posso beijar você??

— O quê?!

— Desta vez eu estou sóbrio.

Péssima escolha de palavras, outra vez. Maksin me encara com fúria, não sei se pela sugestão, não sei se pela recordação que eu fumei, mas seus olhos são uma tempestade em cinza e negro.

É tão intenso que estremeço por dentro, perdendo as forças. Deixo meus dedos escorregarem por seus braços, não tenho certeza se por receio, por fraqueza, ou só para aproveitar, ao menos um pouco, do momento.

Talvez os três, meu coração acelera, agitado e ansioso.

Sou tão estúpido.

É tudo tão forte, mas sei que isso é só da minha parte.

Ficou claro depois de agora.

— Foi mal... — começo a sussurrar, finalmente afastando minhas mãos dele.

Mas são agarradas antes que eu o faça.

— O quê? — Antes mesmo que o sussurro saia de minha boca, sinto meu corpo mais uma vez ser afundado no colchão.

Sinto meus braços se moverem, porque eles os move, pondo-os acima de minha cabeça. Com uma mão, ele agarra meus dois pulsos os prendendo juntos.

E estamos cara a cara, o ar escapa entre seus lábios e ele me encara com tanto desejo que sinto meu corpo estremecer, em toda minha vida esta é a primeira vez que alguém me observa assim.

Como se eu fosse um copo d'água e ele um individuo a dias com sede.

— Maksin... — tento sussurrar, mas minha voz é quebrada quando ele se aproxima ainda mais.

Seu nariz desliza levemente por meu rosto, levando correntes elétricas por meu sangue que me estremecem por inteiro, ele para perto do meu ouvido, deposita um beijo em minha têmpora que me arranca um arquejo sofrido.

Talvez eu também esteja a dias sem tomar água.

— Você é provocante até demais... — a voz sai mais rouca do que jamais ouvi.

Novamente ele desliza por mim e não tenho reação alguma, totalmente entregue a ele. Tão, tão intenso, mas é impossível não sentir tudo mais intenso, não quando Maksin para mais uma vez a centímetros do meu rosto, prolongando o momento, quase como uma tortura.

Uma deliciosa de se sofrer.

— Provocante demais. — Ele murmura mais uma vez, me analisando de uma forma que me agito no lugar, mas suas mãos me impedem de sair. — Allysson.

E sua boca vem contra a minha, dominante e brutal no ponto certo, ele toma de mim tudo o que posso e mais além, meu primeiro instinto é brigar pelo controle, mas Maksin não permite, ele me segura com firmeza e quando percebo sigo seus movimentos com prazer.

— Maksin. — A palavra arranha minha garganta, eu já sem ar. Tremo contra ele, meu corpo implorando por algo a mais.

E ele me dá.

Me dá tudo o que eu nunca imaginei, me deixa totalmente entregue a ele, me leva as alturas de uma forma que jamais senti antes. É mais do que toques é o céu e o inferno sobre mim, sem controle aceito tudo o que ele me dá e imploro por mais.

E quando tudo termina, caio exausto sobre a cama, os rastros de minha excitação sobre mim e baixo a seu olhar predatório.

Ele me observa como um tigre analisa a presa, como se eu fosse sua caça, suponho que há certa satisfação por me ver ali assim, "destruído" por ele, porém ainda está presente sua própria "animação" como se ele não tivesse tido o bastante e, é claro, há nuances de irritação.

Sempre há.

Mas não agora, não hoje. Não depois do que fizemos.

Estico o braço e dedilho por sua barriga, ele não se afasta, então desço mais e mais, mais , sentindo minha boca salivar só com a proposta do que pode acontecer.

Um baque na porta, me interrompe.

Soa como se alguém tivesse esbarrado sem querer. Mas é o suficiente, já não sinto meus dedos contra sua pele quente, Maksin se afasta e desta vez quando nossos olhares se encontram ele parece mais irritado que excitado.

Ah, não. Não. Por favor.

Não sei se rio, se choro, se quebro tudo.

— Maksin. — minha voz sai quebrada, porque no meu âmago sei o que ele fará, mas não quero acreditar, não de verdade.— Isso foi um erro. — É a última coisa que diz antes de marchar para longe e fechar a porta atrás de si.

E eu fico naquela cama, coberto com sêmen e ainda me recuperando do melhor orgasmo da minha vida.

Mas o cara que o proporcionou diz que foi um erro.

— Porra.

Sussurro para o vazio, puto da vida.

Porra .

Mas que cu!

Não é possível isso, não! 

Quer saber? Cansei.

Quantas vezes mais ele vai fazer pouco caso de mim, assim?

Não vou deixar barato, não

Maksin vai me pagar.

Ah se vai.



¹ Chertovy ublyudki, ya dolzhen byl slomat' vam vse kosti. Malditos bastardos, eu deveria ter quebrado todos os seus ossos.

² Allysson aqui confundiu lícito com implícito. 

³ Já aqui, ele confundiu estatística com estática.


🧡💛💚💙💜🧡💛💚💙💜


Demorei, mas cheguei 😅

Espero que tenham curtido o capítulo, apesar dos pesares kkkkkk.

Esse Maksin, vou te contar hein, minino complicado (mas ele tem seus motivos). 

Enfim, os próximos capítulos estão sendo desenvolvidos e cenas mais intensas e também mais tensas vem por aqui, tal como o retorno do prólogo... deixo aberto a imaginação.

Enfim, espero que tenham gostado.

E até mais! 🥰🥰🥰

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top