Capítulo 11 - Allysson
— Gonzales, você fica. — O treinador fala logo após mandar todo mundo sair.
Renan me encara preocupado e meus amigos estancam no lugar parecendo relutarem em sair. Este tipo de proteção que eles têm comigo me deixa contente e isso é o suficiente para eu criar coragem dando um aceno para que vaiam embora, tudo o que não precisamos é de mais confusões por aqui.
Cinco minutos depois da breve discussão que nosso grupo teve sobre o melhor pré-aquecimento o treinador subiu com o restante do time.
Foi impressionante. Ele ficou vermelho na hora, completamente furioso, seus olhos se apertaram mais e mais, deixando ele parecendo um bode e para piorar a veia de seu pescoço chegou a pulsar e ele bufava... bufava como um touro. Ou seria melhor comparar como um bode raivoso?
Bode ou touro?
Assim o bigode e a barbicha fazem parecer mais com um bode que com um touro.
Mas o peitoral faz com que pareça mais com um touro...
O Touro Ferdinando.
Não, não combina...
Que tal o bode Capixinha.
Pera... Não deveriam ser nomes reais... Ou talvez não devesse ser?
Tem uma música do Bruce Lee com Bode não é? O Bode e a Ovelha senão me engano.
É vou chmá-lo de bode. O treinador bode nos deu a maior bronca de nossas miseráveis vidas. Sinto meus ouvidos sangrarem só de recordar. E ele deixou muito bem pontuado que queria que o time principal se assemelhasse a perfeição e por isso deveríamos trabalhar em conjunto.
Isso e mais um monte de baboseiras que ignorei.
Na verdade, a maior parte, esses professores tem um sério problema com ampliar as coisas credo.
Fiquei sabendo que uns dias atrás o professor de teatro deu zero para todo mundo quando a aula não chegou no nível que ele queria, mas ele nem chegou a explicar como queria.
Bando de malucos.
E agora, após um longo e cansativo treinamento, o treinador pede que eu fique para trás.
Porque sinto que vem mais um discurso de merda?
— Senhor Gonzales tem ideia do que é o câncer? — Ele pergunta após chegarmos em sua sala, sentando-se na confortável poltrona e colocando os pés por cima da mesa.
— Não, não senhor.
— São células malignas, que começam a atuar no corpo matando as boas, no início atacam apenas um conjunto, depois um tecido, depois um órgão, até por fim matar a pessoa. — Ele fala me encarando firme. — Essa é uma ótima metáfora para o que está ocorrendo aqui, senhor Gonzales.
— O que está acontecendo aqui?
— Acho que estou lidando com um câncer. — Ele fala me assustando.
— Câncer? Senhor se está com câncer deveria estar no hospital não aqui, tem que se tratar, colocar a saúde em primeiro lugar
— Não está compreendendo senhor Gonzales. — O treinador me interrompe. — O Câncer está no time.
— No time? Alguém do time está com câncer, meu Deus do céu!! Isso é horrível.
— Ainda não compreendeu Gonzales. — O treinador estapeia a mesa. — Você é o câncer!
— Eu sou um câncer?
— Não me refiro a doença em si, Gonzales, pegue a metáfora. — Ele fala já parecendo exasperado.
Se ele disse que câncer mata célula por célula, até chegar a matar o indivíduo, então... espera, quem seria o indivíduo? Tipo o indivíduo será o time? Ok, o indivíduo é o time e a célula são meus colegas, mas então quem são os tecidos? Ele falou de tecidos, certo? Não, quer saber? É melhor ficar apenas nos simples. Então se o indivíduo é o time e eu sou o câncer, quer dizer que eu estou matando meus colegas...?
— Entendi, então eu sou um câncer para o time.
Na verdade, agora que falei em voz alta... isso me magoou bastante. Quer dizer, cara, eu sou um câncer?
— Digamos que até o presente momento você ainda seja apenas uma benigna que pode vir a se tornar um câncer.
— Então... eu não sou um câncer?
— Mas tem o potencial de um. Não pense que eu não sei que foi você que incitou aquela estúpida pegadinha contra o Thales, você está começando a matar o time Gonzales, e por isso eu te dou um aviso, sabe o que fazemos quando descobrimos um benigna com potencial para câncer?
— Sou lerdo, lento e um pouco burro, mas não completamente estúpido treinador, sei muito bem como tratam o câncer.
— Ótimo, então é melhor que saiba que será retirado de imediato do meu time caso coisas assim voltem a acontecer, é um bom zagueiro Gonzales, eu diria que o melhor, mas habilidades podem ser substituídas.
— Entendi, treinador.
— Bom, agora vá.
Saí a passos lentos, as palavras do treinador, voltando uma e outra vez na minha mente, ele havia deixado bem claro como Thales era mais precioso para o time do que eu, a sensação de inutilidade e falta de objetivos infundiu meu ser. Eu realmente era um bom para nada, um inútil, um...
Quer saber, fodas. Eu não me doeria tanto por isso, futebol nem é meu maior sonho mesmo.
Como se o destino contrariasse minha linha de pensamentos, meu celular começa a tocar. O som único que só indicava uma pessoa.
— Alô! — Falei assim que atendi o celular.
— Boa Noite, hermano, que coisa feia, atender o telefone na escola.
— Meu treino acabou de acabar. Assim que tô livre. — E foi você quem me ligou, tive vontade de falar, mas não consegui.
— Isso é decepcionante Allysson, recebi uma ligação do treinador dias atrás e ele disse que você não está indo muito bem.
— Bem isso estava acontecendo, mas já melhorei.
— Tem certeza? É melhor você treinar muito hermanito, se esforçar ao máximo e conseguir entrar num time júnior de futebol. Lembre-se que os olheiros vão assistir os campeonatos esse ano.
— Eu já sei, Alejandro, relaxa.
— Relaxa? Relaxar... Eu já estou relaxado, mas você pelo visto está mais ainda.
— Não é isso. — tento me explicar, mas ele não me dá a chance.
— Não importa o que seja! Gostaria de recordar que aqui em casa não teremos peso morto, então ou você entra para um time de futebol, ou vai para a rua, não invisto mais um centavo em seus estudos.
— Não precisa se preocupar, Ale.
— Então dá duro no futebol, maninho, ou ao menos trate de arranjar um cérebro novo, porque com esse daí, mal, mal para trabalhos braçais você serve.
E depois disso apenas escutei o beep do telefone indicando que ele tinha desligado.
Não foi uma surpresa, sempre que ficava impaciente fazia o mesmo. Uma e outra vez.
Mas ainda assim foi inevitável, senti meus olhos arderem, e minha garganta fechar quando contive a vontade de chorar. Fechei as pálpebras, e respirei e inspirei calmamente, até minhas órbitas pararem de arder, contudo minha garganta permanecia embolada e ardida, provavelmente se eu tentasse engolir qualquer coisa agora teria muita dificuldade.
— E aí Gonzales, como foi a DR com o treinador? — Francis grita ao longe.
Ele e seu grupinho, exceto por Thales, vinham em minha direção. Procurei com os olhos por Maks, mas ele também não estava em parte alguma.
— Enfie pelo rabo suas gozações Regbo. — Se Maks não estava eu não ia me conter de falar o que penso.
— Nah, o único que gosta de tomar pelo rabo aqui é você. — Eles e os amigos zoam.
— Gosto mesmo, quer saber como é a sensação?
— Credo, ninguém quer saber de algo tão nojento.
— Que engraçado, acha nojento, mas na primeira oportunidade fica manjando minha bunda. — Solto com ironia na voz.
— É porque uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Eu não quero levar, mas marretar... é outra coisa. — Ele dá uma gargalhada nojenta, me encarando de cima abaixo. — E ignorando o fato de você ser você, seria muito fácil de de traçar só por causa desse traseiro.
— Tem razão, se colocasse uma mordaça, era vapo, vapo. — Issac acrescenta.
Apesar de já estar acostumado com esse tipo de "brincadeiras" por parte desse grupinho em especial, não posso controlar precisamente minhas emoções, e a irritação faz minha pele esquentar, e meus punhos se fecharem automaticamente, prontos para socar a cara de um desses idiotas. Mas ao invés de me levar pela emoção, apenas cruzo os braços e abro meu melhor sorriso de desprezo.
Existe mais de uma forma de ferir um homem.
— Sonhem o quanto quiserem rapazes, mas esse corpinho aqui não é deposito de lixo não.
— Sério? — Pergunta Francis nada abalado. — Porque para mim você é a puta mais barata do mercado.
Os amigos urram de diversão, fazendo ele se sentir o maioral, seu sorriso de vitória é tão nojento que sinto uma repentina vontade de fazer com que ele engula, não importa por quais métodos.
Sorrindo ladinamente. Ladinamente. Outra palavra que aprendi de Maks. Fico sempre repetindo. La – di – na – men - te, é tão legal!!!
Foco, foco, Allysson! Então, sorrindo ladinamente, falo:
— Essa puta aqui só aceita certos documentos, e pelo que vi de você e seus amiguinhos no vestiário, vocês não chegam nem na metade do que é necessário.
Bingo. O sorriso deles morrem na hora, uma coisa é real, falar do tamanho do pau de um cara é atingir o ego mesmo.
— Seu maldito desgraçado!!! — Francis aperta os punhos em fúria.
— O que foi Regbo? Sem argumentos? — Faço uma falsa cara de tristeza. — Se preocupa não, bebê, a verdade é tipo passar limão na ferida, doí, mas passa. Você supera.
— Gonzales!!! Eu juro que... — ele ameaça, mas o interrompo.
— Que o que? Eu guardaria esse tom mocinho, porque Renan vai saber disso.
As palavras surgem o efeito desejado, ele para de imediato com uma expressão de medo, mas não por muito tempo, sou capaz de ver como seu rosto se ilumina, antes de que ele sorria triunfante.
— Diga o que quiser Maksin Petrov está a nosso favor.
Merda! Merda! Não pensei que ele pudesse jogar isso, mas é verdade, Maksin agora está ao lado deles, tudo por causa do muy jodido Thales, e agora? Maksin pode até ser um idiota cheio de normas, regras e baboseiras, mas era a pessoa mais irritantemente leal que eu já conheci nessa vida, ele sempre se coloca ao lado dos amigos, sem importar o quê... Bom, menos quando se trata de bullying. Porque ele é o louco do bullying.
E que eles estão fazendo é tipo um bullying, não é? Não tenho certeza. Bom o que vale é a tentativa.
— Acha mesmo que se eu contasse minha versão para Petrov ele ia ficar do lado de vocês?
Isso fez com que eles perdessem um pouco da postura confiante.
— Ele não acreditaria em você. — Ele fala, mas até um cara burro como eu, consegue perceber que ele não tem confiança nenhuma no que diz.
— Acreditaria sim, a gente pode até não se dar bem, mas ainda somos colegas de quarto e tenho certo crédito... — dessa vez quem soa pouco confiante sou eu, mas eles estão praticamente borrando as calças e nem percebem.
— Que se foda então Gonzales.
E dito isso, eles saem em um passo tão apressado que eu diria que estavam quase correndo.
Não consigo me conter, e dobro sobre mim mesmo tentando sufocar as gargalhadas que surgem do fundo do meu peito. Rio por causa dos garotos, pela boa sensação de vê-los com o rabo entre as pernas, algo tão pequeno estúpido e inútil, me faz querer rir, rir, rir e... chorar.
Sinto novamente minha garganta apertar, e meus olhos queimarem, mas ainda assim contenho a mim mesmo, chorar é coisa de gente fraca, e eu sou um Gonzales. Gonzales não choram, não reclamam ou mostram fraqueza.
E mesmo que meu dia tenha sido uma merda eu não posso cair na tentação de derramar lágrimas, do que adiantaria? Chorar não faria minha posição no futebol melhorar, chorar não faria com que o treinador me odiasse menos, chorar não faria com que meu irmão me humilhasse menos, chorar não faria com que, de repente, eu pudesse funcionar direito, chorar não faria que minha burrice diminuísse, chorar não faria com que magicamente meus sonhos se tornassem realidade, chorar não faria com que meu irmão voltasse a me amar como quando éramos pequenos...
Chorar não traria nada disso. E mesmo que meu dia tenha sido uma completa merda, e que meu desejo fosse apenas me encolher num canto e desaparecer por alguns instantes, eu não posso.
Um pigarro de desagrado faz com que eu saia da minha mente e volte para a realidade.
— O que quer Thales? — Respondo grosseiro. Apenas a mera ideia de que ele pudesse ter me visto quase chorar, faz com eu tenha uma grande vontade de parti-lo em dois.
— Porque tão na defensiva, Gonzales? — Consigo sentir na pele o sarcasmo em sua voz.
— Diz logo o que quer e vaza.
— Porque eu deveria? Que eu saiba o pátio é público.
— Eu estava aqui primeiro.
— E eu cheguei agora, e não pretendo sair. — Ele fala pausadamente.
— Que se foda então, eu vou.
Blefando, viro de costas para ele, mas antes que possa dar um passo para longe ele fala:
— Mas é claro que vai.
Não vou reagir. Não vou reagir. É uma isca, uma armadilha, você é maior do que isso Allysson, você não vai ceder as provocações dele. Não vai.
— O que espera Gonzales? Xô.
Não vou reagir, não vou reagir, não vou....
— Eu saio na hora que me der na telha.
— Mas é claro que sai. — Ele fala debochado.
— Sim, saio!! — Grito em afirmação.
— E o que foi que eu disse?
— Você disse zombando!
— SE você diz que eu disse...
— Para de me provocar.
— Ou o quê? Vai pedir para seus amiguinhos escreverem na minha testa de novo?
— Quem sabe. — Respondo, mesmo que não tenha sido exatamente um pedido, eles fizeram porque queriam. — Ou talvez peça algo pior.
Ameaço, e a raiva paira inteira sobre o olhar dele.
— Como o que? — Ele finge pensar um pouco antes de dizer. — Tipo me chutar propositalmente ao invés de chutar a bola?
— Oh Thales, isso foi apenas acidente. — sorrio, como diria Maksin, de forma cínica.
— Claro, um acidente que ocorria sempre que era eu com a bola no pé.
Dei de ombros, ainda debochado.
— Jogaram cocô de cavalo no meu armário, puseram sangue de porco no meu travesseiro, encheram minha garrafinha com xixi, passaram cola na minha cadeira, tudo isso também foi um acidente?
— Aconteceu tudo isso com você? — Pisco os olhos com fingida inocência. — Depois de tantas coisas me admira que ainda esteja no time.
Minha fala faz com que ele ria amargo.
— Querem que eu saia do futebol? Foi por isso que aquela vez rasgaram minhas roupas e eu não pude ir para a competição? — Pelo amor de Deus, foi no ano passado. Supera, poxa.
— Hei, não sei como isso aconteceu, mas não é minha culpa você ser mais maior que todos aqui, e que acabou não podendo usar a roupa de mais ninguém.
— Então tá falando que a culpa é minha?
— Claro que não, claro que não, você não pode se culpar por ser alto, certo?
— Maldito cínico.
— Pues Gracias.
Dou meu melhor sorriso sarcástico, no qual ele retribui com uma gargalhada debochada.
— É incrível como você mal, mal fala português direito e ainda consegue falar espanhol.
— Espanhol é meu idioma nativo, idiota, cresci na Argentina.
— Bom isso explica muita coisa.
— Rá. — Bufo irritado. — Você fala como se soubesse muita coisa.
— Bom, seria prepotente demais dizer assim, mas se for para comparar, sei muito mais do que você.
— Porque você pensa que sim.
— Não. Porque considerando nossas notas, eu sei, no mínimo, sessenta por cento a mais do que você.
— Notas não definem inteligência.
— Mas definem futuro, e pelo visto o seu é de ser um morto de fome.
— Cierra la puta boca, Ribeiro.
— O que foi? Toquei na ferida Gonzales?
As palavras dele vão direto no meu coração, trinco meus dentes pela raiva, mas ao invés de me deixar levar, resolvo rebater em nível de igualdade.
— Você provoca só porque sabe que pode correr a qualquer momento para atrás da saia de mamãe Petrov.
— Isso é mentira. — Ele fala tão irritado quanto eu.
— Sério? Porque eu acho que o franguinho aqui não tava aguentando a pressão, então pediu para ele ser tua babá.
— Petrov é meu amigo!
Ao invés de falar com palavras, me abaixo e faço o som de uma galinha, batendo os braços e tudo. De imediato o rosto de Thales assume uma coloração avermelhada, e dessa vez é ele quem aperta os punhos com raiva.
— Você fala como se não fizesse isso sempre, com Renan, por exemplo.
— Isso foi uma afirmação, Ribeiro?
— Não!!! Quer dizer sim, porque você usa seus amigos fortões para te defender.
— Oh, Ribeiro, você sabe muito bem que não preciso deles para me defender. — Falo cutucando seu peito. — Você já provou na carne, lembra?
— Filho da puta.
— Continue, continue, xingar é a única coisa que você sabe fazer.
Falo já me afastando, satisfeito com a discussão ganha.
— Não, não é o único que eu sei fazer.
Sua voz tinha um desafio implícito, e eu como o bom competidor que sou, me viro para ele aguardando as próximas palavras.
— Eu sou bom no futebol, na natação, no artesanato e na escola. Meu futuro está cheio de possibilidades. — Ele ergue os olhos para mim, um brilho sarcástico paira sobre eles. — Já você? Pode até ser bonzinho no futebol, mas é de resto? Você não vale nada.
— Ribeiro. — Falo ameaçante.
— Não comece a ladrar, Gonzales, como se eu não tivesse falando a verdade, você e seus amigos me perseguem porque sabem que sou eu quem vai ser chamado pelo olheiro, e você ficará para escanteio, como sempre.
— Não é verdade.
— Nah, nós dois sabemos que é sim, então porque não seja um pouco mais humilde pra já começar a aceitar o seu futuro de pedir esmolas.
— Hijo de perra...
— Para que toda essa braveza, Allysson. — Ele fala meu nome com tom debochado, depois ergue as sombarcelhs com fingida pena. — Ah, entendi, ainda está em negação sobre seu futuro?
Dessa vez não respondo anda, apenas paro no lugar, os punhos tão cerrados que chegam a formar nós brancos, o corpo levemente estremecendo pelo calor da raiva.
— Pois deixe-me recordá-lo, foi uma vez, lembra? Estávamos ali no estacionamento em frente, e pelo que seu irmão gritou....
— Não se atreva, Ribeiro. — Grunhi irritado, aquela peste escutou uma conversa que não devia, e pelo visto se delicia no prazer de um dia poder revela-la e me humilhar.
— Oh, não sofra Gonzales, ele te deu tantas opções.
— Ribeiro.
— Ou passa no futebol. Ou, era algo como.... — Ele finge pensar. — Como vender seu corpo na rua, já que você não serve mais para nada, certo?
Aperto meus dentes com tanta força que quase consigo escuta-los trincar, mais uma palavra mais uma palavra do maldito e eu o mataria.
— Não faz essa cara, Gonzales, acabei de te dar uma terceira opção, se não quer foder para poder comer, pode apenas utilizar esse carisma para pedir...
Ele não conseguiu terminar a frase, nesse momento eu via vermelho, e Thales, ah Thales Ribeiro como você iria me pagar.
Dei um impulso para trás e levantei a mão em punho, pronto para acertar uma de direita naquele moleque.
Iria tirar aquele sorriso presunçoso de uma forma ou de outra. Avancei contra Thales, mas apenas dei de cara com um "muro". Talvez um pouco mais macio do que concreto, mas ainda assim duro para calho.
Um muro feito de carne, e com olhos tempestuosos extremamente raivosos
Me sentia até meio zonzo, quando o escutei falar;
— Nós dois teremos uma conversa bem séria, Gonzales.
Eu só posso ter atirado pedra na cruz na vida passada.
Não é possível!
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