"A verdade é que estou cansada."

- Paixão de aluguel

Pov Katherine

Eu poderia falar tudo o que eu sinto agora. Mas quem disse que eu consigo? Na verdade, eu nem sei exatamente decifrar isso, minhas emoções, meus sentimentos. São tantas coisas acontecendo, a pessoa que me salva, me destrói, e ao mesmo tempo, ela faz sorrir, me fez chorar e questionar todos os meus princípios. E esse contraste me deixa parada no mesmo lugar com meus sentimentos indecifráveis.

Levanto um pouco tonta ainda devido à grande quantidade de álcool que ingeri. Vou para cozinha beber água e só então percebo que não estou em casa, como que eu vim parar aqui?

Estou dormindo no quarto da Mia, ela deve ter me trazido para cá depois que saímos da festa. Eu nem costumo beber, mas essa noite foi uma loucura, tudo está sendo uma loucura ultimamente.

Vou à cozinha pegar uma água e na volta, vejo a porta do quarto do Jason entreaberta, mas o que me chama atenção é ele se mexendo muito e falando alguma coisa, como se estivesse com medo. Todos os meus sentidos me falaram para voltar a dormir, mas claro que eu não iria conseguir fazer isso, então entro no quarto e fico sem saber o que fazer, será que devo acorda-lo?

— Jason... — chamo ele mexendo em seu braço — ei, acorda, você está tendo um pesadelo. — Ele está suado e assustado, mas ao me ver ele suspira aliviado — tudo bem? — Pergunto e ele me puxa me abraçando forte, fico parada sem muita reação, sem saber como agir, na verdade, eu não estou sóbria suficiente para isso.

— Sim, acho que foi a bebida. Você é uma péssima companhia, Grey. Fazia tempo que não bebia assim — sorrio tentando desviar e me afastar dele. Ficar tão perto dele assim, sem camisa, não é uma boa ideia. Porque ele é muito bonito,  gostoso e ainda tem pequenas covinhas quando sorrir, eu amo covinhas, sempre achei um charme, então como não se apaixonar? — Já está com ressaca?

— Não, ainda estou bêbada — sorrio — você vai ficar bem? — Pergunto e ele apenas me encara sem falar nada. — Eu tenho que ir — beijo sua bochecha.

E tento sair do quarto, mas ele segura meu braço me impedindo de levantar. 

— Porque você fez aquilo, porque fez exatamente o que menos queria, só para me ajudar?

Eu penso em mil coisas na qual eu poderia dizer agora, por ser uma burra, uma idiota, ou que tenho esperanças de um dia ele acordar e perceber que ela não o merece.

— Porque por mais que eu tente, eu não consigo não me importar com você e eu sei que você gosta da Nicole, mas eu também sei que ela nunca vai te fazer feliz. E sabe o que dói mais? É não conseguir me afastar de você — sinto uma lágrima cair em me rosto.

Porque ele foi aparecer na minha vida, estava tudo dando tão certo. Estudar, fazer faculdade de cinema, ser uma diretora de sucesso, essa sempre foi a meta, e relacionamentos nunca esteve nela. Porque você está desviando disso agora, Katherine?

— Porque dessas lágrimas, querida? — Ele me chamou de querida? Ele não pode fazer isso, apenas Maxon tem esse direito.

— Você não pode me chamar assim.

— Assim como, querida?

— É, você não pode estragar essa palavra, apenas homens perfeitos podem falar — ele estreita os olhos esperando eu explicar — apenas Maxon, Adam e todos os caras perfeitos dos meus livros podem chamar elas de querida, por favor, não estraga isso — choramingo. Eu sei que é besteira, mas por muito tempo a única coisa que eu tinha era os livros para me fazer companhia, então essas coisas são importantes pra mim.

— Então você não acha que sou bom suficiente para te chamar de querida? — Quer saber, dane-se, qualquer coisa amanhã culpo a bebida e finjo que não falei nada disso.

— O que você acha? — Pergunto triste — eu só estou aqui por que você precisa de mim, mas você ama ela e entre nos nunca vai rolar nada e não se preocupe, isso não vai ser um problema, assim que você conseguir o que quer, eu sumo da sua vida — eu jamais o impediria de ser feliz, apesar de ter certeza que ela não é capaz de fazer isso — agora eu preciso ir dormir — tento sair novamente, mas ele não me solta.

Ele faz um carinho em meu rosto me olhando confuso. Eu estou tão cansada disso, dessa farsa idiota, de ter sempre que ser responsável, de nunca ter escolhas na minha vida, porque sempre estou pensando nos outros acima de mim. Eu só queria que isso acabasse logo.

— Eu não quero que você faça isso, eu não quero te perder, eu só não sei o que fazer, K, estou tão confuso, perdido — seu olhar parece longe, não sei exatamente o que pensar. Uma hora ele é um idiota, outra ele fala essas coisas, eu só queria que ele se decidisse.

— Então descubra e faça algo, porque não consigo mais — me esforço para falar. E ele se vira ficando por cima de mim — o que você está fazendo — sussurro tentando controlar minhas emoções. 

— Algo — ele responde e na mesma hora me beija.

Os lábios de Jason se moldam perfeitamente aos meus, enquanto minhas mãos passeiam por suas costas.

— Ah, Kat, as coisas que você me faz... do jeito como me sinto quando estou com você — ele sussurra junto a minha boca. Por mais que ele me deixe irritada, eu não consigo evitar, eu não consigo deixa-lo. 

Ele tira minha camiseta e joga longe e de imediato volta a me beijar. Minha pulsação está aceleradíssima. Ele pressiona os lábios em meu peito e começa a me beijar lentamente enquanto desce meu corpo.

Sua boca sobe por minha coxa, deslizando até...

Pois é. Ali eu já tinha me entregado completamente a ele...

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Acordo um pouco tonta, com o celular tocando, coloco minha mão na cabeça que, aliás, está explodindo. Abro os olhos lentamente devido à claridade, parece que alguém tentou arranca-los de mim. Por que eu fui beber a noite toda? Choramingo.

Olho para o lado e não... Só pode ser brincadeira. Levanto o lençol e percebo que estamos sem roupas, ótimo.

Tento levantar o mais calma possível para não acordar ele. Pego o celular e atendo. Uma voz masculina desesperada falar na outra linha.

— Jason... — olho para o celular e percebo que não é o meu e sim o dele.

— Oi, é a Katherine, ele está dormindo. Aconteceu alguma coisa, Christian? — Pergunto preocupada.

— Emma, ela não está bem... — sua voz de choro me causa angustia, será que aconteceu algo com o bebê? — Estamos no hospital, vem pra cá, por favor.

— Estamos indo... — desligo o telefone com as mãos tremulas.

Puxo o cobertor dele e me enrolo. Aí que gato, suspiro, por que caras babacas têm que ser tão gostosos? Poderia facilitar né? Foco Katherine, você tem que acordar ele e contar o que aconteceu.

— Jason, acorda — balanço ele — é a Emma, precisamos ir — ele abre o olho devagar e fica me olhando como se não tivesse entendendo nada.

— O que tem minha irmã? E porque você está pelada em minha cama e porque eu estou pelado?

— Quer mesmo que eu explique? — Ele deita a cabeça no travesseiro passando a mão em seus olhos — Emma não está se sentindo bem, precisamos ir ver ela.

— O que aconteceu? — Ele pergunta levantando, pega uma roupa em seu closet e veste.

— Não sei exatamente, só que ela passou mal. Vou chamar a Mia e vamos encontrar ela no hospital.

Pego uma roupa da Mia e visto, não posso chegar lá com a roupa que estava ontem, só basta minha cara de ressaca. Descemos e vamos para o estacionamento pegar o carro dele. Ainda é cedo, não passa das seis horas da manhã.

— Posso? — Peço a chave do carro segurando na mão dele que está tremendo, ele apenas assente e me entrega. Depois de alguns minutos chegamos, agradeço por não ter muito transito ainda, ou iriamos demorar o dobro de tempo.

— O que aconteceu? — Mia pergunta quando ver Christian.

— Não sei, ela só acordou gritando de dor. Estou tão preocupado — o marido dela chora nos braços de Mia.

Jason se vira e vai até uma parte mais reserva onde não tem ninguém e começa a chorar. Eu nunca tinha visto ele chorar antes, fico olhando para os três e definitivamente não sei o que fazer, como ajudar.

— Ela vai ficar bem, tenho certeza — abraço ele por trás passando minha mão em seu braço. Ele se vira e me abraça forte.

— Não pode acontecer nada com ela e nem com o bebê, ela não vai aguentar. Eu já vi ela chorando tantas vezes por não conseguir engravidar, agora isso, não pode — sinto um aperto no coração. Ela me falou tudo que aconteceu com ela e o porquê da dificuldade de conseguir engravidar. Ela ter conseguido é um milagre, ela não pode perder agora.

— Não vai acontecer. Vamos ter esperança — tento conforta-lo, mas é difícil sem saber exatamente o estado dela.

— Sabem o que falam sobre ter esperança?

— Causa tristeza eterna — contínuo sua frase e abraço ele mais uma vez.

Vou até à cantina e pego quatro cafés para a gente, minha cabeça está explodindo, imagine a deles. Uma senhora que aparenta ter uns quarenta anos se aproxima da gente, pela sua roupa deve ser uma médica.

— Família de Emma Hastings — ela chama e ficamos todos de pé — ela está bem agora, mas precisa de repouso e muito cuidado. Estamos tratando de um distúrbio preexistente que aumente o risco durante a gestação, como ou uma pré-eclâmpsia, pode causar o desprendimento da placenta e o bebê pode nascer precocemente, aumentando o risco de ter problemas logo após o nascimento — olho para o Christian e ele só está parado escutando atentamente enquanto deixa algumas lágrimas escorrer em seu rosto.

— O que podemos fazer para isso não acontecer? — Pergunto.

— Não muito, apenas não deixe ela fazer nenhum esforço e se sentir qualquer dor, procure o médico dela urgente — assinto — ela vai ser liberada, mas repetindo, repouso absoluto.

Acompanho ela para assinar os documentos da liberação já que nenhum dos três estão raciocinando muito bem ainda. Deve ser muito doloroso saber que ela tem todo esse risco e pelo, o que conheço Emma, vai ser complicado eles conseguirem fazer ela ficar quieta todos esses meses.

Christian e Jason ajudam a ela a ir para cadeira e levam ela devagarinho até o carro. Como eles vieram de táxi, vamos todos juntos no carro do Jason. Dirijo com o máximo de cuidado possível, tanto para não machucá-la quanto pelo fato de não ter dormido bem a noite, ou melhor, não ter dormido nada. Vamos direto para o loft dos dois.

~~~~~~

— Emma já está dormindo, Chris vai ficar com a Emma — Mia se joga ao meu lado no sofá.

— Que bom, podemos reversa para ter sempre alguém com ela. Só não posso vir pela manhã, porque tenho aula e os dias de gravação.

— Você não precisa fazer isso.

— Mas eu quero, não é incomodo — sorrio pra ela.

— Agora precisamos conversar — ela me olha desconfiada e com um sorriso malicioso — posso saber onde você estava ontem à noite?

— Não é o que você está pensando — tento me explicar. Apesar de ser exatamente o que ela está pensando.

— Me conta tudo, quero saber todos os detalhes — fico com vergonha, eu nunca tive amigos, então nunca fui de me abrir muito com ninguém, principalmente com essas coisas. 

Quando eu morava com minha mãe ela nunca deu liberdade de falar nada com ela e quando vim para Nova York eu me fechei completamente para tudo. O Dylan foi o único que conseguiu entrar na minha vida antes deles.

— Não e preciso de um banho — corro para o banheiro e me tranco antes que ela consiga entrar. Que detalhes, aqueles que eu nem consigo lembrar direito?

Entro no chuveiro e aos poucos as lembranças da noite passada vão voltando em minha mente. Foi tudo tão perfeito, mas, ao mesmo tempo, horrível pelo fato dele está confuso entre mim e outra. E eu não preciso disso, ele nunca vai ficar comigo, ele a ama e eu tenho que esquecer ele. Mas como se passamos o dia junto fingindo um namoro idiota?

Eu não posso estar apaixonada, não por ele, não por alguém que ama outra. Eu passei anos da minha vida tentando evitar isso, evitar gostar de alguém. Katherine foco no seu plano, no seu futuro. Homens nunca fizeram parte dele. Por favor, não mudar isso agora.

Pego o roupão e visto, saio e me jogo na cama ao lado da Mia. Hoje resolvemos passar o dia aqui, caso Emma precise de algo.

— Tudo bem? — Assinto fazendo cara de choro. Ela me abraça e não diz mais nada. Como eu pude ser tão burra, duas vezes, ainda mais — ele não te machucou, né? — Ela pergunta preocupada e nego — e, porque está assim? Ontem vocês estavam tão felizes, não vai dizer que a noite com meu irmão é tão ruim assim.

— Não é, foi perfeito, por isso mesmo estou chorando.

— Porque você gosta dele — choro mais ainda — uma hora ele vai acordar e perceber que você que o faz feliz. Eu nunca vi ele tão sorridente, se divertindo como ele fica quando está com você. Você o faz feliz e tenho certeza que ele também te faz.

— Isso não vai acontecer, pessoas como ele nunca ficaria com alguém como eu, e não estou disposta a tentar e me machucar mais ainda.

— Kat...

— Isso não vai acontecer, Mia. Sou boa demais para ser segunda opção de alguém, desculpa não posso — ela me olha triste.

Eu preciso de alguém que pense em mim todas as manhãs antes de acordar e todas as noites antes de dormir. Não de alguém que está me usando para conquistar outra.