Orgulho e Preconceito
"Um só passo falso acarreta uma série de desgraças".
- Orgulho e preconceito
Um dia eu li uma frase onde dizia, se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último. Sabe aquelas coisas que acontecem na sua vida que pelo mais insignificante que seja na hora, você nunca mais esquece? Foi o que aconteceu quando eu li essa frase. Desde então eu comecei a pensar nisso todas as manhãs quando acordo, eu só não consigo fazer aquele dia, ser o melhor possível, ou fazer tudo que quero como se fosse o último. Acho que a única vez que isso aconteceu foi na noite passada, quando eu não mandei ele parar, eu simplesmente vive intensamente , sem pensar em ninguém, apenas em mim.
Depois de uma longa noite sem dormir, levanto com uma ressaca enorme, me arrumo e desço para tomar café. Hoje vamos viajar de volta para Nova Iorque e estou morrendo de preguiça, passar mais de sete horas em um avião é um porre.
— Oi querida, você está bem? — Bella pergunta olhando para minha cara destruída. Ela é tão maravilhosa, eles tem tanta sorte de ter uma mãe como ela.
— Estou bem, obrigada por nos receber, eu amei conhecer a senhora - abraço ela.
— Minha casa sempre estará aberta para vocês, e quando eu for a Nova Iorque irei te procurar.
— Vai ser um prazer.
— Faça uma boa viagem e lembre-se, às vezes, tudo que você precisa é se reencontrar contigo mesmo, deixa tudo acontecer no seu tempo, porque o caminho é longo, mas a vista é linda no final — paro um pouco tentando processar o que ela quis dizer. Ela sabe do nosso namoro falso?
A viagem de volta foi mais longa que esperava. Passei grande parte escutando música tentando fugir das perguntas das pessoas e lendo o livro A Elite. Que não sei porque, lembrou muito a minha história com o Jason, ela apaixonada por Maxon e Aspen e não sabe com quem ficar. Quem eu quero enganar, ele nunca vai ter olhos pra mim, essa é a grande diferença. Mas eu espero que a Nicole tenha realmente mudado, apesar de tudo, quero que ele seja feliz.
— Eu deixo vocês em casa — Jason insiste, mas nego.
— Não precisa, obrigada — pego as coisas e chamo um táxi. Poderíamos até ir de ônibus, mas desde que o elenco do filme foi divulgado, em todo lugar tem alguém me perseguindo, então não é uma boa ideia.
— Ei... — ele segura meu braço antes deu entrar — tudo bem? — Assinto — podemos conversar hoje?
— Não posso, tenho muito trabalho para fazer — entro no carro e coloco novamente meus fones. A música only love can hurt like this começa a tocar e um nó se forma em minha garganta, o que está acontecendo comigo.
— Por que você e o Jay estão brigados? — Lizzie pergunta me tirando dos meus pensamentos.
— Quando não estamos? - sou sincera, acho que desde que nos conhecemos nunca conseguimos nos entender e sei que grande parte é minha culpa, quando o julguei achando que ele que tinha feito eu ser demitida.
— Vocês sempre estão se matando, mas dessa vez, não sei, parece mais sério — respiro fundo — Kah, pode me falar, não sou mais criança. Apesar de ter me comportado como uma quando você me trouxe pra cá.
— Eu não sei, é complicado — deito minha cabeça em seu ombro e sem querer deixo escorrer uma lágrima.
— Espero que vocês se resolvam, gosto tanto de vocês dois juntos.
— Mas nunca foi real, Lizzie, você sabe disso.
— Eu não acho. O jeito que um olhar para o outro parece personagens dos meus livros, tão apaixonados — sorrio com a imaginação dela, queria tanto que fosse fácil assim. Fácil como num filme.
— Não viaja, garota, eu mal conheço ele e esse negócio de amor, só existe em contos de fadas, não se iluda — o resto do caminho fomos em silêncio. O aeroporto é um pouco distante do Brooklyn então demoramos um pouco.
— Cadê as mulheres da minha vida? — Olho para porta do prédio e não acredito.
— Dylan — grito correndo para abraçar ele.
— Oi minha gata, você está acabada — olho para ele indignada.
— Ela está sofrendo pelo boy magia dela — Lizzie que responde e os dois começam a falar da minha vida como se eu não estivesse ali.
— Não estou sofrendo nada, não sei se você lembra, eu me perdi em uma floresta, estou resfriada e passei horas em um avião, por isso estou assim, cansada.
— Acreditamos em você, querida — ela passa a mão em meu ombro como se estivesse me consolando e saí.
Porque ninguém me escuta? Bufo e vou para meu quarto irritada, preciso de um banho. Visto meu pijama e me jogo no sofá roubando um pedaço de pizza da mão da Lizzie que reclama, mas não estou nem aí.
— E aí, como foi a viagem? — Deito abraçando o Dylan. Como é bom ter meu melhor amigo de volta.
— Péssima, não era para eu ter ido — falo triste.
— O que aconteceu?
— Passamos a viagem toda brigando, mal estamos nos falando e... — Baixo a cabeça com vergonha de falar o que aconteceu entre a gente na floresta.
— Mas vocês vivem brigando, por que dessa vez iria ser diferente? - eu não tinha percebido isso até todo mundo ficar falando, mas realmente é verdade, acho que sempre que estamos juntos achamos um jeito de acabar irritando um ao outro.
— Porque eu não tinha dormido com ele — ele abre a boca chocado. Eu nunca tinha dormido com ninguém antes, nunca namorei sério, então estava esperando a pessoa certa, mas a pessoa certa foi a mais errada que aconteceu. Deixo algumas lágrimas caí.
— Ei não fica assim, vocês vão se resolver logo. Vocês trabalham juntos, impossível não se falarem e de certa forma ainda estão em um relacionamento — ele faz aspas com as mãos.
— Não estamos, nunca assumimos para ninguém, foi apenas um beijo. Isso não significa nada.
— Não foi um beijo para vocês e por essa sua carinha triste, tem muito mais coisa envolvida.
— Tudo está acontecendo tão rápido, eu não sei o que acontece comigo quando estou perto dele. Tudo saí do meu controle e odeio isso.
— Você gosta dele?
— O quê? Não — até parece que eu iria gostar dele, logo de um mauricinho — eu só acabei me metendo em uma furada, queria nunca ter conhecido ele.
— Sua vida mudou completamente depois que ele entrou nela, e você não pode negar que a maioria para melhor — nisso ele tem razão, apesar de ser famosa ter seus pontos negativos, mas tem muitos positivos também. Eu nunca vivi tão bem em minha vida, e nem comecei a gravar ainda e é bom saber que posso dá o melhor para minha irmã, foi o meu plano desde que meu pai faleceu.
— Tudo esta uma verdade loucura. Você acredita que esses dias um grupo de garotas me pararam na rua e ficaram todas histéricas ao me ver, tirando fotos, gritando, foi muito vergonhoso.
— Agora você vai ter que se acostumar com isso, não tem como deixar de ser famosa.
— É só por agora, quando acabar o filme não irei mais trabalhar com isso, então uma hora eles vão esquecer.
— Se você está dizendo — ele dá de ombros e deito em seus braços novamente.
Colocamos o filme Um dia mas o cansaço fez eu dormir nos primeiros minutos.
Acordo com meu celular tocando. Pego para ver quem é e não acredito — Jason... — Embora eu tenha passado as últimas horas tentando convencer a mim mesma de que não gosto dele, tudo muda assim que ouço sua voz.
— É muito tarde? — Ele pergunta.
Apertando os olhos para enxergar os números verdes do despertador, vejo que é muito tarde, sim, mas respondo:
— Não, tudo bem.
— Você estava dormindo?
— Quase. — Levanto para não acordar o Dylan que está dormindo ao meu lado.
— Eu estava pensando... será que posso dar um passadinho aí?
Novamente olho para o despertador, apenas para confirmar a insanidade da pergunta.
— Acho que não é uma boa ideia — respondo, não sei se quero vê-lo agora.
Ele fica em silêncio tão demorado que chego a pensar que ele desligou.
— Desculpe por ontem — ele fala finalmente.
— Hmm... Tudo bem — resmungo, sem saber direito o que falar.
— Tem certeza de que é muito tarde? — Ele pergunta, com a voz grave e persuasiva. — Quero muito vê-la. Não vou demorar.
Sem perceber um sorriso se forma em meus lábios, mas ultimamente a gente só faz brigar ou ignorar um ao outro, por que isso agora?
— A gente se vê amanhã no trabalho — digo, mesmo querendo muito ver ele, acho que precisamos conversar, se resolver, não podemos ficar assim.
— Amanhã a gente não trabalha — ele fala e lembro que amanhã é domingo.
— Depois a gente se fala então — tento arrumar outra desculpa, mas não consigo.
— Já estou aqui na porta, só falta você abrir — fico paralisada sem saber o que fazer, será se eu abro ou não — Por favor, só quero conversar — resolvo abrir a porta.
Ele está encostado na beirada da porta com seu casaco na mão, ele guarda seu celular no bolso da calça e se aproxima de mim, ficamos calados por alguns minutos até que falo.
— O que você quer? — Pergunto quase em sussurros.
— Eu não sei, só precisava te ver — sinto o cheiro forte de bebida vindo dele — desculpa, eu... — ele fica mexendo em algumas mechas do meu cabelo sem falar nada.
O vento faz a porta do meu apartamento abrir e ele ver o Dylan dormindo no sofá. Seu olhar volta pra mim, mas agora ele está com raiva.
— Espera, você está dormindo com esse cara? — Ele pergunta apontando.
— O quê? Não, estávamos só... — antes que eu possa explicar, ele joga o casaco no chão — espera Jason — peço, mas ele apenas entra no elevador e vai embora sem deixar eu explicar.
Entro e me jogo no sofá novamente. O que acabou de acontecer aqui e porque ele está com ciúmes?
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