O jogo do amor/ódio

É estranho andar e tentar enxergar as coisas pelos olhos de outra pessoa.

- Sally Thorne - O jogo do amor/ódio

Pov Jason

Costumamos achar, que nossos problemas são os piores e que ninguém a nosso redor, pode estar passando por algo mais pesado que você, e que só reparamos ao nosso redor, percebemos o quanto o mundo pode ser cruel com algumas pessoas.

— Eu não posso perder minha irmã, ela é a única coisa que tenho — engulo seco o que ela diz.  Katherine e eu, estávamos prestes a começar mais uma discussão, nem sei porque, quando ela recebe uma mensagem dizendo para comparecer na escola da irmã, com urgência. Parece que ela cuida dela sozinha e está desempregada e pode acabar perdendo a guarda dela, caso alguém descubra.

— Você não vai perder ela, é apenas uma conversa — tento acalma-la apesar de ser inútil, eu não sei o que faria se estivesse em seu lugar.

— Você não está entendendo, eu não tenho nada, nem emprego, graças a você — ela diz essa última parte com raiva.

— Eu não fiz nada, Katherine, e não é hora de discutir isso, você precisa se acalmar, ou aí sim! Vai fazer alguma besteira — ela baixa a cabeça — ei, não fica assim — passo as mãos em seus cabelos fazendo ela olhar para mim. 

— Eu vou te ajudar, eu prometo, não deixar nada acontecer com você e nem com sua irmã — não sei porque, mas sinto a necessidade de ajuda-la, mesmo com todas nossas brigas, eu não consigo tirar ela da minha cabeça. Olho em seus olhos e por um instante parece que o tempo paralisou e só tinha Katherine, eu, e esse encanto entre nós, que não consigo mais decifrar o que significa.

Escutamos algumas pessoas passando no corredor, nos afastamos automaticamente, um pouco constrangidos, com o que acabou de acontecer.

— É melhor voltarmos, devem estar te procurando — ela diz e apenas assinto, seguindo ela de volta para o set de filmagens.

Hoje não estou conseguindo me concentrar, não paro de olhar para Katherine, pensar no que ela me falou, em como deve ser difícil tudo isso, eu queria muito conhecer melhor ela, sua história e como elas duas vieram parar aqui sozinhas.

— Está ótimo, podem parar — A Oli, fala chamando minha atenção — obrigada querida, entraremos em contato em breve. — Ela olha pra mim com uma cara nada boa — gente por hoje é só, obrigada — tento sair de fininho, mas ela me ver antes que eu consiga — volta aqui — paro e me viro tentando, fazer a cara mais fofa possível — Jason Montgomery Salvatore, ou você sai do mundo da lua e foca em seu trabalho, ou eu juro que te demito.

— Você não faria isso comigo, você me ama — falo me achando, ter sua melhor amiga como sua chefe, é ótimo.

— Vamos ver, senhor Salvatore, vamos ver — ela diz enquanto caminha até sua sala, tenho que aproveitar e ir atrás da Katherine. Corro atrás dela, e a alcanço antes que ela consiga sair. Ela vai para o colégio da irmã dela gora e preciso ir junto para ajudar.

— Onde você pensa que vai? — Ela pergunta quando me ver.

— Com você, onde mais eu iria? — Respondo como se fosse ótimo.

— Não vai não, no mínimo você vai estragar tudo, e fazer eu ser expulsa de Nova York.

— Claro que vou, preciso te ajudar e você vai chegar bem mais rápido, indo comigo de carro — aponto para meu camaro conversível que está logo a frente.

— Chato... — dou de ombros e abro a porta para ela entrar.

Como não estou querendo chamar muita atenção, coloco um boné e um óculos escuro para não ser reconhecido. Meu público maior, são jovens, então entrar em um colégio cheio deles não é uma boa ideia no momento.

— Eu juro que se você fazer besteira, eu pinto esse seu cabelo que você tanto ama, de rosa, igual a Barbie Malibu.

Passamos um tempo sentados na recepção enquanto a diretora atende uns alunos que estavam brigando mais cedo, queria ter visto, mas chegamos tarde. Após alguns minutos de espera, finalmente entramos numa sala rustica, com algumas estantes e prateleiras organizadas pelo local, e com um grande birô e poltronas na frente.

— Olá senhorita Grey, sente-se, por favor — uma mulher que aparentar ter meia-idade, com cabelos castanhos, e um olhar intimidador, diz. Sentamos a sua frente e ela começa a ler algumas coisas em uns papéis — a senhorita é responsável legal, por Elizabeth Grey?

— Sim, sou eu.

— Presamos muito pelo bem-estar dos nossos alunos, então chamamos a senhorita aqui para saber como está é a vida dela em casa, com a mudança de estado, a perca da mãe, deve estar sendo difícil. Como é a convivência de vocês?

— Realmente não é fácil, perdemos nossa mãe, mas estamos bem, Lizzie e eu nos damos muito bem — Katherine responde um pouco nervosa.

— E a vida financeira de vocês? — Vejo ela receosa sem saber o que dizer, então respondo eu mesmo.

— Katherine meu amor, fala logo, eu já te falei que uma hora ou outra, você vai ter que assumir — digo e ela me olha sem entender — Dafne, né isso? — Pergunto para a mulher na nossa frente e ela assente — você está falando com a mais nova estrela do cinema, Katherine vai estrela comigo o novo filme da Olívia Thompson — tiro meu boné e óculos e só então ela parece me reconhecer — você realmente quer saber da vida financeira de uma atriz.

— Me desculpa, eu não fazia ideia que estava com duas estrelas na minha frente, peço mil desculpas pelo incómodo, vocês aceitam uma água, um café? — Arqueio a sobrancelha para ela, incrível como ela mudou completamente o jeito de falar com a gente. O que o dinheiro e a fama não fazem né.

— Não, muito obrigada. Podemos ir agora, somos muito ocupados, saímos de uma gravação muito importante para isso — Katherine diz e sorrio de lado, acho que conseguimos ganhar um tempo até ela se reerguer.

— Claro, desculpa mais uma vez, e não se preocupe sua irmã vai ter a melhor educação aqui.

— Acredito que sim — ela sorri e aperta na mão da Dafne. Voltamos para meu carro sem ela falar nada, acho que não vai me matar não.

— O que você fez? Eu não sou atriz — ela exclama exasperada.

— Agora vai ser, então é melhor começar a ensaiar, porque amanhã você vai ter que convencer a Olivia que o papel é seu.

— Cara, eu ainda vou te matar.

— Não vai não — digo com um sorriso falso para ela — agora vamos, precisamos passar o roteiro e você tem que contar tudo para sua irmã, vai que alguém pergunte algo a ela e ela fale que é mentira.

Ela mora no Blooklin, é um pouco afastado de onde estamos e vamos demorar um pouco para chegar, então resolvo perguntar sobre ela.

— Qual é sua história, como vocês vieram parar aqui sozinhas?

— Eu vim fazer faculdade, sempre foi meu sonho estudar cinema aqui, e eu queria conseguir um emprego bom, para dá um futuro melhor para minha irmã.

— E cadê seus pais?

— Meu pai morreu a alguns anos atrás e minha mãe um dia depois da festa onde nos conhecemos — arqueio a sobrancelha surpreso — eu acho que nunca contei isso para ninguém, a não ser o Dylan. Quando meu pai morreu minha mãe mudou completamente, ela não cuidava mais da gente, começou a beber, fumar, se relacionar com idiotas que a maltratavam, batiam nela e em mim quando eu tentava ajudar. Então comecei a trabalhar em um barzinho para sustentar a Lizzie. E quando terminei a escola ganhei uma bolsa para estudar aqui e não pensei duas vezes antes de vim, mas minha mãe não gostou muito e me afastou delas, e eu nunca mais a vi, porque ela morreu e eu nem sabia que ela estava tão doente.

— Nossa, eu sinto muito, não imagino sua dor — a maioria das pessoas são mais fortes do que pensam. Elas só esquecem de acreditar algumas vezes e foi isso que eu vi na Katherine, ela estuda, trabalha e da duro para conseguir se sustentar, muitas pessoas já teriam desistido.

Ela me conta mais alguns absurdos nos quais já viveu e fico sem palavras para descrever o quanto ela é forte. Enquanto passamos algumas falas da cena que vamos fazer o teste amanhã, ela começa a fazer um jantar pra gente, o melhor, macarrão com almondegas. Sinto muita falta de comida caseira, como Mia e eu passamos o dia fora, normalmente nunca cozíamos, então compramos pizza ou vamos para casar da Emma, nossa irmã mais velha, ela como é dançarina, não como muito essas coisas, então sempre tem comida boa e saudável, o bom de ter irmã mais velha é isso, podemos explorar.

Resolvo ajudar abrindo um molho de tomate, mas como sou um desastre, derramo todo em minha camisa e Katherine começa a rir.

— Você é muito desastrado — ela diz tentando parar de rir — nem para abrir um molho de tomate serve. Ele pega da minha mão e coloca na pia.

— Eu sou uma verdadeira decepção — brinco — se importa se eu lavar a minha camisa para não manchar?

— Claro que não, me dá que lavo enquanto você termina, ou tenta né — ela rir e finjo está triste. Acho que nunca tinha visto ela sorrir assim, ela sempre está brava com alguma coisa, ou melhor, comigo. Tiro minha camisa, e vejo ela olhando fixa para mim. Sorrio de lado e resolvo irrita ela um pouco. Me aproximo e me inclino aproximando nossos rostos, ela ainda está sem reação.

— Gosta do que ver? — Sussurro em seu ouvido, ela pigarreia e diz.

— Já vi melhores — ela pisca e me empurra saindo da cozinha. A marrentinha voltou.

— Bom, já ensaiamos a cena do acordo, da briga não precisa, já que brigamos naturalmente, então está faltando a cena que eles estão dançando em um clima de romance, eu sei que não vai ser difícil, já que está apaixonada por mim, mas não julgo, sou irresistível.

— Menos, seu cabeção, bem menos. — Ela diz e começamos a encenação, coloco a música I'm Not The Only One, do Sam Smith para tocar e começamos a passar o texto. Ela passa as mãos pelo meu pescoço, enquanto as minhas abraçam sua cintura.

— Em meio a tudo isso, tinha momentos que eu realmente me sentia eu mesmo — falo enquanto dançamos lentamente pela cozinha — e isso só acontecia quando eu estava com você.

— Porque eu, porque se apaixonar por mim?

— Porque você me viu quando eu era invisível — seus olhos penetrantes me fizeram esquecer que eu estava atuando e acho que ela esqueceu também, pois não falou mais nada, só ficou ali apreciando o momento enquanto eu a guiava. — É, senhorita Grey, até que você não é tão insuportável — falo ainda com as mãos em sua cintura.

— Isso é um elogio, mauricinho? — Dou de ombros e ficamos ali abraçados em uma dança lenta e excitante.





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