Capítulo 15
O parque e o diário
Uma semana se passou desde que Felipe se abriu comigo e contou sobre o acidente com seus amigos. Foi um pouco estranho acordar no dia seguinte totalmente nu com ele ao meu lado, também nu, mas percebi que eu não tinha me importado de verdade com aquilo. Para ser honesto, eu tinha adorado a forma como sua pele desnuda aparentava sendo tocada pela luz do sol matinal.
Adorado até um pouco demais.
Pensamentos como esses ainda eram estranhos e inesplicáveis para mim. Havia aquela angústia profunda todas as vezes que eu me pegava observando Felipe, a forma como suas mãos grandes ficavam juntas às minhas, a maneira que seu cabelo escuro nunca ficava arrumado e, é claro, todos os detalhes de seu corpo. Parte de mim queria se render totalmente àquele sentimento, deixando-me ser levado por ele, enquanto outra parte continuava a berrar que, de certa forma, pensar essas coisas sobre outro homem era errado.
Pisquei os olhos, afastando aqueles pensamentos inoportunos, e me aproximei da casa de Felipe. A manhã de sábado estava fresca, porém ensolarada, perfeita para um passeio, e por isso eu estava tocando a campainha da casa dele às oito horas. Sabia que ele iria resmungar sobre ser muito cedo, pois adorava dormir até mais tarde nesses dias, mas não resisti em esperá-lo com um sorriso feliz nos lábios.
Felipe abriu a porta com os olhos azuis quase fechados de sono, o cabelo despenteado e o corpo coberto somente por uma calça moletom preta que pendia em sua cintura, mostrando parte da cueca.
- Tody. - Ele puxou o "o"- Hoje é sábado!
Ri de sua careta e a carranca acabou aumentando ainda mais por causa disso. Cruzou os braços diante do peito descoberto e franziu o cenho para mim, entretanto, passei pela porta e parei diante dele, abraçando-o e beijando-o na testa. Isso pareceu ser o suficiente, pois a careta de Felipe foi embora, substituída por aquele sorriso radiante e lindo que tinha um poder enorme sobre mim. Era simplesmente impressionante como o meu coração disparava somente em vê-lo sorrir.
- Eu adoro ver você acordando. - Sussurrei em seu ouvido e senti sua pele se arrepiando. Ele ficava extremamente manhoso quando acordava, o que era maravilhoso de assistir.
- Seria muito mais simples dormir aqui, então. - Ele reclamou, provocando.
Ri e afundei o rosto em seu pescoço, absorvendo seu perfume amadeirado. Espalmei minhas mãos em sua cintura, sentindo como a pele de Felipe estava extremamente quente por ter acabado de levantar da cama. Com certeza, dormir na casa dele era muito convidativo, tanto que eu tinha que resistir muito para, simplesmente, não sair de casa no meio da madrugada e me mudar para o abraço quente e reconfortante que ele tinha.
- Ainda tenho que tomar conta daquela casa, Fê. E estou esperando meu pai dar algum sinal de vida.
- Ligue para ele, Tody. - Fê levou as mãos até a minha cintura, finalmente retribuindo o abraço.
- Você acha mesmo que eu já não tentei isso?
Felipe soltou uma gargalha alta, o que me fez suspirar e afastar o rosto de seu pescoço somente para vê-lo. Aquela gargalhada barulhenta fazia meu coração bater mais rápido e minha respiração falhar. Sorri apenas por ver aquela imagem e gravei-a em minha mente, marcando-a bem fundo, porque eu sabia que jamais esqueceria. Observei cada detalhe seu: como a ponta de suas orelhas ficavam avermelhadas, como seus lábios se esticavam graciosamente, como o som que saia por seus lábios era contagiante.
Fiquei tão absorto, que nem mesmo reparei quando Felipe parou de rir e espalmou a palma da mão sobre a minha bochecha de forma leve, virando o meu rosto para o lado e desviando meu olhar de si.
- Pare de me olhar assim. - Reclamou, mas vi um avermelhado extra surgir em suas bochechas.
- Assim como? - Sussurrei, sem compreender por estar muito preocupado em observá-lo.
- Bem... Assim!
Soltei um riso baixo e o puxei para um beijo. Eu estava completamente viciado naqueles lábios e ficava totalmente louco para beijá-los todos os segundos do dia. Era uma tortura ver Felipe passar pelo corredor da escola todos os dias e não poder estar por perto ou então vê-lo morder os lábios e franzir o cenho quando lia algo que gostava no intervalo e não ir lá para aconchegá-lo em meus braços. Quando eu o via, parecia esquecer que qualquer outra coisa era importante. Era um sentimento de necessidade que eu nunca havia sentido antes.
Caminhamos agarrados pela sala, nossos lábios conectados. Felipe escorreu seus dedos por baixo da minha camisa, tocando minha cintura e me puxando para mais perto. Cambaleamos para trás, ambos despreocupados com o caminho, até ele bater com as costas em um móvel e quase derrubar no chão um dos jarros de flores da mãe.
Felipe o agarrou antes que o objeto caísse e depois soltou um "ufa" baixinho quando viu que ele estava intacto em suas mãos, as flores ainda em seu interior, mesmo que desarrumadas. Pousou-o com cuidado sobre o móvel novamente e virou o olhar para mim, revirando os olhos e me puxando em direção às escadas pela mão.
Pouco depois eu o beijava intensamente de novo, mas desta vez, seu corpo me pressionava contra uma das paredes do quarto, cada centímetro nosso colado um no outro. Suas mãos me agarravam com força, prendendo-me possessivamente, e eu me vi perdido na massagem que seus lábios fazim sobre os meus por longos minutos.
Se eu pudesse descrever o paraíso com algumas palavras, diria que ele tem o sabor de um beijo bom. Um beijo dele. Um beijo de Felipe.
Afastei-me de sua boca devagar e falei, nossos lábios ainda colados de tão próximos:
- Eu queria sair para passear com você hoje. Por isso cheguei tão cedo.
Ele se afastou ligeiramente, seus olhos brilhando de entusiasmo, mas logo depois ele mordeu o lábio inferior e deixou o olhar cair, focando sua atenção nos carinhos fracos que fazia sobre minha cintura:
- Dy, mas... Mas e se alguém nos vir? - Sussurrou e, então, ergueu o olhar. - Quer dizer, eu adoraria sair com você, mas eu não sei, sabe, talvez as pessoas vejam e, olha, eu sou invisivel, mas você não. Você é a estrela do time de futebol e seu rosto é conhecido por todo mundo.
Ele tropeçou nas palavras enquanto falava e ouvi-lo dizer que era invisível quebrou algo dentro de mim. Eu era uma das pessoas que, antes, o considerava estranho demais - invisível demais - e que me arrependia fortemente disso. Ele havia mudado minha percepção sobre várias coisas, inclusive sobre si mesmo e sobre quem eu era, então, jamais permitiria que ele desprezasse a própria importância daquela forma novamente. Por isso, segurei seu rosto, espalmando minhas mãos em suas bochechas coradas, e falei:
- Eu gosto de me divertir com pessoas que são importantes para mim e você está no topo da lista.
Ele respirou fundo, impressionado com as minhas palavras. Para falar a verdade, até eu mesmo estava, pois era a mais pura verdade, mas ainda assim difícil de acreditar quando dita em voz alta. Ele era tão importante que eu nem conseguia bem explicar. Era puro, intenso e maravilhoso o que só ele me fazia sentir e cada minuto era importante demais para ser despertiçado.
- Tem certeza? - Disse.
- Tenho. - Falei de volta e ele sorriu. - Eu quero sair com você, Fê.
Então, ele pousou um beijo leve na minha testa e assentiu. Abri um sorriso animado e caminhei até seu armário, escolhendo uma camisa e uma calça - obviamente, ambas as peças de cor preta - e joguei em seus braços. Felipe agarrou de forma desajeitada as roupas, observando para a minha escolha logo em seguida.
- Vamos! Troque-se rápido!
Ele sumiu dentro do banheiro, voltando dez minutos depois. Estava totalmente vestido, o longo cabelo penteado para um só lado desleixadamente e o gosto de menta nos lábios. Calçou um par de coturnos pretos - com alguns detalhes metálicos mínimos - e então o rosto para mim, a ponta de suas orelhas vermelhas.
- Vamos? - Perguntou, baixinho.
Assenti, feliz, e então descemos as escadas em silêncio para não acordar Anne e Cris, que dormiam juntas no quarto da menininha. Pouco depois, entramos juntos no meu carro e Felipe selecionou uma rádio que tocava um rock antigo antes mesmo que eu desse partida no motor.
Dirigi ao som da música, envolvido pela mistura de violão, guitarra e batucadas do menino sentado ao meu lado. A sonolência de Felipe parecia ter ido embora, pois ele sorria abertamente, o rosto sendo acariciado pelo vento frio da manhã, e balançava a cabeça ao ritmo da canção. Peguei a estrada que levava ao parque da cidade e reduzi a velocidade, observando o céu enquanto isso. Pela primeira vez em três dias seguidos de chuva, o sol brilhava forte no céu, mesmo que o clima ainda estivesse ligeiramente frio, deixando tudo ainda mais perfeito.
Em determinado momento, apoiei a mão na marcha do carro e então senti outra mão cobrindo a minha, ajudando a movimentar enquanto eu voltava a aumentava a velocidade. A pele dele aquecia a minha e eu me senti protegido como nunca antes, algo totalmente inesplicável, pois nunca havia me sentido tão bem somente com um simples toque.
Continuei dirigindo até chegarmos no antigo parque da cidade, que havia sido restaurado há poucos anos, e tive a sorte de encontrar uma vaga para estacionar perto da entrada principal.
- Por isso que eu queria chegar cedo. - Falei ao desligar o motor. - Mais tarde, isso tudo ficará lotado de carros.
- E dizer que eu achava que você era burro. - Felipe gargalhou alto e eu bati a mão em seu braço.
- Ei! - Fiz uma careta indignada.
Ele riu ainda mais e se aproximou, transpassando o espaço entre nós e fazendo um carinho na minha bochecha. Sorri com e deixei meu rosto cair para o lado, apoiando-o na mão de Felipe e permitindo que ele continuasse o carinho pela minha pele. Ele tinha aquele brilho de contemplação entre o azul de seus olhos e isso foi o suficiente para eu ter a sensação de estar flutuando.
- Vamos? - Sussurrou e eu, bobamente, apenas assenti.
O parque era um dos lugares mais calmos e relaxantes da cidade. Tratava-se de uma área verde entre as casas e prédios de concreto e ferro, um pequeno ponto esverdeado em meio à selva de pedras e asfalto. O parque tinha sido construído ao redor de um belissímo lago e possuia trilhas de caminhada ao redor da água, brinquedos para as crianças e pistas para bicicletas. Durante os sábados, domingos e feriados, as famílias iam até ali para fazerem piqueniques e, nos meses mais quentes, até mesmo tomarem banho no lago.
O som dos pássaros e animais, o vento frio que corria por nós e o perfume amadeirado que se desprendia das árvores fazia daquele lugar um verdadeiro recanto de paz. Naquela hora da manhã, todo o espaço ainda estava relativamente vazio, com alguns poucos vendedores ambulantes instalando suas carrocinhas para o início do dia de trabalho e alguns esportistas correndo ao redor do lago.
Felipe entrelaçou os dedos nos meus e deixei meu corpo se apoiar no seu, nós dois observando como a luz do sol iluminava a água de forma quase mágica, passeando pelas pequenas ondas que se formavam quando ventava.
- Era nesse parque que você vinha com a sua mãe, não era? - Ele perguntou, de repente.
- Sim. - Ergui o braço que não segurava a mão dele e apontei para o outro lado do lago, onde um pé de cerejeira dançava suas sombras sobre um banco branco de madeira. - Ela sempre se sentava sob a cerejeira quando estava na época das flores.
Ele assentiu, seus maravilhosos olhos azuis virando-se para mim. Eles brilhavam em um tom dourado, refletindo a luz do sol, e era simplesmente a mais bonita visão que eu poderia ter naquela manhã. Fazia anos que eu não visitava aquele parque, pois sempre fazia com que eu me sentisse nostálgico e triste, mas, com Felipe ao meu lado, havia uma nova razão para reviver apenas as memórias felizes e fazer novas naquele lugar.
Por isso, sorrindo, abaixei-me e desamarrei meus cardaços, tirando o tênis e as meias dos pés. Enrolei a calça até ela estar próximo à altura dos joelhos e então, sem mais nenhuma palavra, corri para o lago, afundando meus pés na água rasa e fria.
- Vem! - Chamei Felipe.
- Não é porque você é louco que eu serei também, Benson. - Ele disse, porém sorriu quando corri um pouco pela água rasa, os respingos molhando minha calça e transformando-a em uma obra de arte.
- Achei que fosse uma pessoa aventureira, Fê. Vai mesmo me deixar aqui sozinho? - Resmunguei, brincalhão, e joguei um pouco de água nele com os pés.
Ele fez cara de revoltado pelo ato e arrancou os sapatos imediatamente, correndo para perto de mim e chutando água em mim em retorno, como se estivesse se vingando. Fugi dele, dando pequenas corridas e parando para provocá-lo, gargalhando quando ele tentava me agarrar. Em uma dessas paradas, Felipe acelerou os passos na água e pulou sobre mim com toda a sua força, enroscando as pernas ao redor da minha cintura e fazendo-se pesar sobre minhas costas. Eu não estava preparado para um movimento tão brusco e acabei escorregando, levando nós dois ao chão e afundando nossos corpos na água.
Gargalhei enquanto Felipe saia de cima das minhas costas e escorregava para o chão, sentando-se. E riu alto, lançando o rosto para trás, o corpo molhado e as roupas colando sobre sua pele. Afastei os fios molhados de cabelo do rosto e ri com ele, aproximando-me sem realmente me erguer e sujando por completo minhas roupas com a lama do fundo do lago.
E então ali estávamos nós, sentados no raso de um lago, molhados e risonhos. O sol fazia o cabelo de Felipe brilhar em um tom azulado, parecido com o céu noturno e não resisti em segurá-lo pelo queixo e trazer seus lábios de encontro aos meus. Ele enroscou as mãos ao redor do meu pescoço e me empurrou para baixo, deitando-me na água e deitando-se por cima de mim. Segurei-o perto de mim, minhas mãos sobre sua bochecha e entre o seu cabelo molhado.
Nós nos afastamos e eu o vi acima de mim, as gotas de água escorrendo de seu cabelo e rosto e caíndo sobre mim, a luz solar acariciando sua pele, seus olhos intensos. E o sorriso, gigantesco e brilhante, totalmente direcionado para mim. Percebi que poderia ficar ali para sempre, entretanto, uma família com três crianças adentrou o parque e elas imediatamente correram para perto do lago, forçando Felipe a se levantar e estender a mão para mim, ajudando-me a fazer o mesmo.
Cada pedacinho de nós estava molhado e estávamos no parque havia menos de dez minutos.
- Uma corrida até aqueles brinquedos ali. - Felipe sugeriu, apontando para uma casinha de madeira com escorregadores, onde as crianças brincavam.
- Você sabe que vai perder. - Respondi, erguendo uma sobrancelha.
- Ah, é? - Ele me olhou em desafio.- Isso é o que vamos ver, Benson.
E então, em um piscar de olhos, começou a correr.
Obviamente, eu cheguei antes e me agarrei à estreita escada de madeira que nos levava para o alto primeiro. A casinha de madeira era consideravelmente grande, tendo três divisões de altura que deviam ser superadas por escadas. No segundo lance de degraus, Felipe chegou exatamente no mesmo momento que eu, então me forcei para ir ainda mais rápido, impulsionando-me para cima com os braços. Abaixei-me e passei pela pequena porta de entrada da casinha superior da construção, deixando o meu corpo cair sobre o solo amadeirado, a respiração acelerada.
Felipe entrou poucos segundos depois e eu o provoquei:
- Eu disse que perderia.
Ele riu, tão ofegante quanto eu, e se sentou na minha frente, encostando as costas na parede. A casinha não era muito alta - jamais conseguiríamos ficar de pé ali - ou muito grande, porém era coberta por um teto de madeira e permitia que a luz do sol entrasse por pequenas janelas. Do lado oposto ao que subimos, havia a abertura arredondada de um tobogã.
- Ficar para trás me forneceu uma ótima visão. - Felipe sussurrou e então senti seus olhos percorrerem meu corpo. Involuntariamente, corei.
Corar é pouco. Eu fervi internamente.
Seus olhos não largavam os meus e seguiam todos os meus movimentos com atenção. Ainda ofegante pela corrida até ali, engatinhei até estar diante de Felipe, meus joelhos no chão. Meus olhos desceram até seus lábios e, como se soubesse de todos os pensamentos desejosos que cruzavam minha mente naquele momento, ele lambeu o lábio inferior.
E então, de repente, Felipe desencostou as costas da parede, aproximando-se até capturar meu lábio inferior com os dentes, arrastando-os lentamente até soltar. Com isso, abaixei-me e iniciamos um beijo lento, porém maravilhoso, uma mistura de temporal e calmaria, de uma explosão e uma risada, da noite e do dia, do fim e do início. A mão dele deslizou para a minha coxa e me puxou para sentar em seu colo, uma das pernas de cada lado de seu corpo. Deixei meu peso cair sobre Felipe, encostando nossos peitos e aprofundando nosso beijo.
A roupa molhada nos colou ainda mais, se isso ainda fosse possível. Deslizei meus lábios sobre os seus lentamente, prendendo-o com os dentes da mesma forma que ele havia feito antes e puxando levemente, em uma mordida que o arrepiou. Minhas mãos rodearam seu pescoço e as dele escorregaram sob a minha blusa, tocando seus dedos gelados sobre a minha pele quente e traçando linhas de gelo ali. Felipe as deixou repousar por alguns segundos nas minhas costas e então, ao mesmo que descia a boca para o meu pescoço, passou a levantar minha camisa, repuxando-a lentamente para cima, como se pedisse autorização em silêncio para aquilo.
Ergui os braços, permitindo que a roupa fosse tirada por ele e jogada para o lado. Fechei os olhos, meu corpo entrando em combustão enquanto ele tocava o meu pescoço com a língua e os dentes, enviando prazerosos choques elétricos sob a minha pele. E então, para me tirar do sério de uma vez por todas, Felipe continuou a trilha de beijos, descendo para a minha clávicula e depois ainda mais, deixando um beijo no espaço entre os meus mamilos.
Olhei-o de cima, seu rosto abaixo do meu, eu me permiti pensar que aquela era a imagem mais sexy que eu havia visto na vida. Ele deslizou o rosto pelo meu peito desleixadamente, aspirando com força sobre a minha pele e lançando o ar para fora em seguida. O toque de sua respiração me arrepiou e, involuntariamente, um suspiro saiu por meus lábios.
Ele ergueu seus brilhantes olhos para mim, apoiando o queixo sobre o meu peito, e sussurrou:
- Está tudo bem isso?
- S-Sim.
Sorriu para mim e enterrei meus dedos em seu cabelo, puxando-o até que sua boca estivesse na minha de novo. Nosso beijo se tornou voraz, incansável, tão intenso quando fogo. Seus lábios deslizaram prazerosamente sobre os meus, nossas línguas tocando uma a outra lentamente, e soltei outro suspiro involuntário ao sentir suas unhas arranharem a pele das minhas costas.
Felipe, então, escorregou suas mãos até a base da minha coluna, seus dedos tocando parcialmente minhas nádegas. Eu estava tão envolvido em uma nuvem de desejo, perdido do mundo por seu beijo, que me vi arrebitando o quadril para trás, forçando suas mãos a descerem de uma vez por todas. Ele pareceu adorar isso, pois apertou minha bunda e me trouxe ainda mais para perto, deslizando meu quadril sobre o seu.
E eu soube, no momento em que ele passou a beijar meu pescoço novamente, que nunca tinha me sentido tāo excitado na vida. Havia aquela sensação que deixava meu corpo sem forças, ao dispor dos toques de Felipe, meu pênis estava incomodamente preso pela calça jeans e eu não sabia como estava respirando. Meus olhos estavam fechados e, sob as pálpebras, eu via pontos coloridos piscarem.
E então, tão de repente como um raio, meu corpo foi tomado por um intenso arrepio e um gemido involuntário saiu pela minha boca. Trêmulo, reabri os olhos e baixei o rosto, entrando em colapso ao ver Felipe deslizar lentamente a língua por um dos meus mamilos.
- Felipe... - Sussurrei.
Eu nunca havia sido tocado daquela forma e não sabia responder aos seus toques com algo além de ofegos baixos. Ele usou a ponta da língua endurecida para me provocar, e então, sugou meu mamilo devagar, gerando uma corrente de arrepios seguidos por todo o meu corpo. Agarrei-me a ele como se dependesse disso para viver, afundando o rosto em seu cabelo e gemendo entre os fios enquanto Felipe continuava a me tocar tão intimamente.
Percorri seu braço com a mão até alcançar sua mão, entrelaçando nossos dedos juntos. Ele, em resposta, deixou de lado o meu peitoral e me beijou mais uma vez, pressionando sua boca sobre a minha em um selinho simples e demorado, mas cheio de significados. Por entre o toque, sorri e ele sorriu de volta, quebrando o nosso beijo parcialmente, mas de uma forma boa, de uma forma apenas nossa.
- Isso foi... - Tentei encontrar uma palavra que representasse o que eu estava sentindo, mas não encontrei nenhuma. - Foi...
- Foi. - Fê completou, sorrindo.
Foi nesse momento que ouvimos as vozes altas, barulhentas e infantis vindas dos andares inferiores da casinha de madeira. Suspirei pesadamente, sem querer me afastar de Felipe, mesmo sabendo que era preciso.
- Precisamos sair daqui. - Ele resmungou baixinho. Encostei minha testa na sua, perdendo-me nos profundos poços azuis que eram seus olhos voltados para mim, e não me mexi, exigindo alguns segundo a mais do Universo para ficar ali. - Tody?
- Eu sei. Eu sei. - Reclamei, afastando-me de uma vez por todas e saindo do colo de Felipe.
Ele pegou minha camisa molhada, a qual não passava de um bolo de tecido jogado ao chão da casinha, e franziu o cenho para a roupa.
- Trouxe roupas secas para nós. - Comentei.
- Gênio, onde a gente pode se trocar? - Ele zombou, erguendo uma sobrancelha.
Como uma das crianças que brincavam abaixo de nós, estirei a língua para ele.
- A Casa dos Funcionários do parque não é muito longe daqui, "Gênio".
Ele revirou os olhos para mim e levou as pernas à abertura do tobogã, lançando-me um último olhar antes de se impulsionar para a frente e escorregar pelo tubo fechado e azul. Uma garotinha apareceu pela escada de madeira naquele exato instante e franziu o cenho para mim - provavelmente imaginando o que alguém tão velho fazia ali - e aproveitei para saltar no tobogã também.
Sozinho, corri até o carro e peguei uma mochila vermelha do banco de trás, voltando às pressas para a casinha de brinquedo e encontrando Felipe sentado em um dos balanços. Eu e ele fomos andando lado a lado até a Casa dos Funcionários, uma pequena construção de concreto não muito longe do lago e que servia como depósito para as pessoas que limpavam e organizavam o parque. Enquanto andávamos, percebi o quanto meu coração ainda batia muito mais rápido que o normal e como as bochechas de Felipe, banhadas pelo sol, tinham uma intensa coloração avermelhada. Ao chegar ao nosso destino, troquei de roupa primeiro enquanto Fê ficava do lado de fora, vigiando a porta.
Quando a vez dele chegou, esperei do lado de fora por alguns minutos antes que ele saísse de novo. Assim que saiu, meu queixo caiu ao perceber o quanto a cor mais clara da minha camiseta - cinza claro - havia adornado o seu corpo perfeitamente e, de maneira mágica, intensificado a cor de seus olhos. No entanto, ele parecia desconfortável com a roupa sem ser do mais puro preto, pois rodeou os braços ao redor da própria cintura e olhou desconfiado para baixo. Por isso, puxei seus braços para me abraçarem e colei minha testa à sua.
- Você fica lindo com uma cor mais clara. - Sussurrei perto de seu ouvido e seu maravilhoso sorriso tímido retornou.
O restante do dia foi perfeito. Felipe e eu escalamos árvores, demos pão aos patos do lago e brincamos com um grupo de crianças animadas e barulhentas. Na hora do almoço, Felipe comprou dois hot dogs em uma das barraquinhas e então passamos a tarde juntos, explorando todos os espaços do parque, deitando na grama para observar o pôr do sol alaranjado e, por fim, beijando-nos sob a luz brilhante e dourada.
Quando anoiteceu por completo, estávamos sujos e descabelados, mas Fê sorria como nunca antes e aquilo era simplesmente maravilhoso. As famílias começaram a partir e as luzes do parque foram acessas pelos funcionários, inundando o lugar, dessa vez, com luz artificial. Passar o dia com Felipe, despreocupadanente, fez com que eu sentisse um calor inesplicável crescer dentro de mim, consumindo meu corpo e meu coração cada vez mais. Era a sensação de que tudo poderia dar certo, que a vida nos reservava pequenas surpresas maravilhosas que jamais poderíamos prever.
Ao partimos, aquele sentimento ainda me contagiava e eu não conseguia parar de sorrir. Dirigi calmamente com os dedos de Felipe cobrindo os meus mais uma vez, aquecendo minha mão do vento gelado que adentrava pelo vidro aberto quando cruzamos a costa. Uma música indie aleatória tocava na rádio e me peguei desejando que o tempo parasse ali mesmo, congelando aquele momento para sempre, no entanto, rápido demais chegamos na casa de Felipe e tive que vê-lo destravando a porta de entrada.
Uma voz animada nos surpreendeu assim que passamos pela porta:
- Totó!
Anne correu para mim e me abaixei para erguê-la e girá-la no ar, seus cachos fofos voando pelo ar de forma graciosa. Ela gargalhava quando a coloquei no chão, dando pulinhos animados em direção ao sofá e jogando-se sobre ele, ao lado da mãe. A Sr. Clavien assistia televisão e sorriu para nós, ainda sentada:
- Achei que vocês tinham se perdido no caminho. - Nesse momento, a incansável menininha saltou novamente para o chão e correu para mim, agarrando-se às minhas pernas.
Ri e fiz uma careta para Anne, fazendo com que ela risse novamente, mas então, Felipe puxou a menina pelo braço delicadamente, agachando-se diante dela antes de falar:
- Devolvo ele daqui a pouco, ok?
Ela fez um biquinho tristonho em resposta, mas acabou por assentir. O garoto de olhos azuis deixou um beijo na testa da irmã e depois segurou minha mão, puxando-me em direção à escada.
- Quando sentirem fome, o jantar está na cozinha! - Dona Cris gritou enquanto subíamos correndo os degraus.
Felipe apontou para a cama assim que entramos no seu quarto e sentei nela tranquilamente, tirando meus tênis e esperando que ele se sentasse ao meu lado em seguida. Porém, ao invés disso, ele caminhou até a escrivanhia e tirou de uma das gavetas um caderno fino com capa de couro.
Com o caderno em mãos, Felipe arrancou os próprios sapatos e sentou ao meu lado, apoiando as costas na cabeceira da cama. Imediatamente, rodeei meus braços em sua cintura e apoiei o queixo sobre seu ombro, aproveitando para aspirar o perfume de sua pele mais uma vez.
- Eu quero que você leia isso. - Ele sussurrou, de repente, estendendo o caderno para min. - É um diário. Eu quase nunca usei muito, mas, depois que você apareceu, acabei me apegando a ele e em todas as possibilidades que as páginas em branco me davam. Por isso, quero que você leia.
Segurei o diário como se fosse uma boneca de porcelana, a qual poderia se quebrar em minhas mãos, e o olhei com uma expressão de surpresa:
- Tem certeza? - Um diário era algo extremamente pessoal, profundo e único e, mesmo que nós já tivéssemos aquela relação silenciosa tecida, havia ainda um grande voto de confiança da parte de Felipe em mim.
- Eu tenho.
Pousei o caderno ao meu lado e levei minha mão até a dele. Entrelaçados, nossos dedos pareciam bonitos juntos, como um gracioso buquê de flores. Era estranho pensar coisas como estas - e, ainda mais, sentir o coração correr mais rápido - mas eu não me arrependia dos momentos que passava ao lado dele. Ao lado do garoto de olhos azuis.
- Fê? - Chamei depois de alguns minutos de silêncio, quando apenas aproveitamos o abraço que compartilhavamos. Ele ergueu o rosto para mim e soltou um "hum?" em resposta. - Sua mãe sabe sobre nós.
Deveria ter sido uma afirmação, no entanto, pareceu um questionamento. Ele se remexeu, virando-se no meu abraço, antes de responder:
- Eu nunca disse nada realmente, mas é impossível não perceber, Dy.
Assenti e então baixei os olhos, brincando com os seus dedos presos aos meus. Havia outra dúvida permeando meus pensamentos, mas eu não sabia exatamente como expressá-la sem parecer estranho. No entanto, arrisquei assim mesmo e falei:
- E ela não se importa com... você sabe?
- Como assim? - Seus olhos me analisaram, capturando a forma como minhas bochechas esquentaram repentinamente. - Você quer dizer, o fato de que você é um garoto?
- S-Sim. - Gaguejei sem querer.
Felipe riu do meu nervosismo e levou as costas da minha mão até a boca, depositando um beijo casto ali. Com um suspiro, deixei meu rosto cair sobre o peito dele e senti seus dedos livres se infiltrarem no meu cabelo antes que ele começasse a falar:
- Minha mãe nasceu em um acampamento hippie, no final dos anos 1960. Ela cresceu entre pessoas que visava a Paz e o Amor, independente de sexo e gênero a que pertenciam e, também, viviam de forma simples e comunitária. - De todas as coisas do mundo, a última que eu imaginaria era aquela. - Meus avós só deixaram o movimento quando minha tia nasceu, porém, quando isso aconteceu, minha mãe já era quase adolescente. E é por isso que ela não se importa com todas essas divisões e subdivisões de sexualidade e gênero. Ela me ensinou que nós devemos gostar da pessoa, não do que ela tem entre as pernas.
Fechei os olhos sob aquela revelação e me mantive em silêncio, afundando o rosto no pescoço de Felipe e repousando-o ali. Ele, por sua vez, pareceu entender o meu silêncio como um sinal de que eu estava pensando, o que era a mais pura verdade. Dona Cris parecia solucionar todos os meus menos e inseguranças com um único e minúsculo pensamento: o de que não importa não é se a pessoa que você ama é homem ou mulher, mas somente que você ama.
E, pelas próximas horas, aquele pensamento não deixou minha mente.
••••
Naquela noite, não dormi na casa de Felipe: voltei para meu silencioso e morto quarto. Joguei-me entre os lençóis ainda desfeitos da manhã depois de arrancar toda a roupa do meu corpo, apoiei-me sobre os cotovelos e abri o diário de couro de Felipe.
A primeira coisa que reparei foi sua letra, arredondada e bem desenhada, como se cada palavra, isoladamente, fosse uma delicada pintura. Ele não colocava nenhuma indicação de data em seus curtos textos e eu só soube diferenciá-los pela mudança da cor da caneta.
Logo na primeira página, haviam algumas caveiras desenhadas, ao lado de flores e pequenos pedaços cortados de jornal, assim como frases aleatórias. Passei a folha e me deparei com o primeiro texto de verdade logo em seguida:
Não-querido diário,
O dia foi uma droga, como sempre. Qual a graça de me chamar de Garoto- Morcego? Se fosse pelo menos um apelido engraçado... Gostaria de poder entrar na mente deles e me chamar de um nome mais criativo!!!
Meu coração se fechou ao ler aquelas palavras, pois eu estava envolvidas nelas, e passei algumas páginas, lendo furiosamente. Haviam textos curtos, que falavam sobre as bagunças de Anne, planos para futuras pinturas e algumas datas que eu desconhecia a importância. Depois de mais algumas páginas daquela forma, deparei-me com o dia que nós conversamos pela primeira vez.
Não-querido diário,
Um idiota do time quebrou uma garrafa de vidro na minha cabeça e quem acabou indo me salvar foi Tody Benson. Que irônica vida que eu tenho!
Ps: lembrar de devolver aquela camisa de merda!
Embaixo ele tinha desenhado uma caveira perfeitamente. Mesmo assim, peguei-me sorrindo para o papel pois, depois de todo aquele tempo, ele ainda não havia devolvido a minha camisa.
Passei mais as páginas. Todas elas falavam, nem que fosse somente um pouco, sobre mim e acabei percebendo como a visão dele havia mudado conforme os dias avançavam. De início, eu era somente um imbecil com quem ele estava preso devido a um estúpido trabalho de biologia, mas então, tornei-me importante o suficiente para ganhar um pequeno coração ao lado do meu nome. É claro, nada disso poderia me preparar para o que viria em seguida.
Não-Querido Diário,
Ontem foi horrível. Era a data que eles foram embora por minha causa e eu não aguentei a dor. Acho que fiz mamãe chorar, pois os olhos dela estavam vermelhos. O rostinho assustado de Anne está cravado no fundo da minha mente e eu sei que ela nunca esquecerá o meu surto, mesmo que não saiba o motivo.
Mas então algo aconteceu. Dy aconteceu. Ele veio aqui e não me escutou quando implorei que fosse embora, que nunca mais voltasse. E eu desejava que ele fosse, porque tive medo de machucá-lo também. O que eu poderia ter feito com aquela tesoura? E se eu o machucasse? Se isso acontecesse, eu iria embora de uma vez por todas, sem cometer novamente um erro.
Dessa vez, eu tomaria mais remédios que da última vez. Dessa vez, não deixaria ninguém me trazer de volta.
Parei de ler e respirei fundo, com o coração acelerado e os olhos arregalados, totalmente em choque com o que eu tinha acabado de ler. Minhas mãos começaram a tremer imediatamente e meus olhos encheram de lágrimas, estas ficando presas, sem força para escorrer.
Ele tinha tentado se matar.
Meu anjo de olhos azuis tinha tentado tirar a própria vida.
Ele queria ir embora.
Sem que eu percebesse, as lágrimas escorreram pelas minhas bochechas, acertando as folhas em alguns pontos. O simples pensamento de nunca ter conhecido Felipe, de que ele poderia ter morrido bem antes de eu poder vê-lo de verdade, era suficante e parecia roubar minha alma. Sequei parcialmente o choro das minhas bochechas enquanto voltava a ler o que mais ele tinha escrito sobre aquele dia:
Tody foi perfeito, como sempre. Ele não perguntou nada, só deixou que eu chorasse até não ter mais forças e então me deu banho.
E eu contei. Algo que eu nunca havia contado a ninguém, nem mesmo a você, Diário, fluiu de forma inevitável com ele.
E ele não se afastou.
Não teve medo nem raiva.
Ele não me deixou cair no poço sem fundo.
Ele foi para mim.
Aquela era a última vez que ele tinha escrito no diário, pois as páginas seguintes estavam em branco, e eu chorava compulsivamente depois de ler aquilo. Saber que eu era importante para ele era tão, tão profundo que eu nem mesmo conseguia respirar direito.
Sem enxergar direito por causa das lágrimas, continuei virando as páginas em branco, na esperança de ter algo a mais, até que me deparei com um papel A4 dobrado entre as folhas. Abri-o delicadamente e meu queixo caiu.
Era um desenho meu, com um sorriso enorme no rosto e os olhos brilhando, mesmo sob os traços escuros de um lápis. Emm preto e branco, o desenho carregava a vida intensamente e parecia mais uma foto minha do que qualquer outra coisa. Eu conseguia ver cada pequena marca existente no meu rosto, assim como o caimento perfeito do meu cabelo.
Felipe era mesmo incrível.
Virei mais algumas páginas e então me deparei com outra folha dobrada. Desta vez, eu tinha os olhos franzidos em uma expressão que deixava claro que eu estava tentando fingir que estava com raiva quando, na verdade, segurava o riso. Meus braços estavam cruzados sobre o peito e eu parecia estar sentado sobre a cama de Felipe, pois haviam lençóis enrolados aos meus pés.
Buscando por mais, virei o diário entre as mãos e o sacudi sobre a cama, fazendo mais dois desenhos caírem.
O primeiro me mostrava dormindo tranquilamente, abraçado com o travesseiro dele, de bruços. A pequena cama de Felipe deixava clara que aquele cenário era o quarto dele, assim como a cuidadosa forma como ele havia retratado os raios de sol entrando pela brecha da cortina. Provavelmente, aquele era o mesmo desenho que ele fazia na manhã seguinte ao nosso primeiro beijo, quando eu o atrapalhei.
O segundo me mostrava com os cabelos caídos no rosto, os braços descendo dos dois lados da folha, como se alguém me olhasse de baixo no momento de desenhar. Percebi que aquela era a visão que ele tinha de mim quando eu subia sobre seu corpo nas manhãs e ficava apenas o olhando de cima. Era algo engraçado e único de se fazer e Felipe parecia ter capturado a essência do momento com perfeição.
Segurei o diário contra o peito, olhando para os desenhos que ele tinha feito para mim e então tomei a decisão: na segunda, eu iria falar com Scott e pôr um fim àquela aposta idiota de uma vez por todas. Dali para a frente, não queria mais ter aquele fantasma terrível assombrando os meus dias.
Depois,eu contaria tudo para Felipe, sem poupar detalhes.
Diria que, no começo, ele não tinha importância.
Diria que eu só queria ganhar a aposta.
Diria que tudo mudou.
Diria que eu o amo. Mais que tudo.
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Oi, meus amores.
Me desculpem por trollar vocês ontem. Ao invés de salvas as modificações, acabei postando o capítulo sem querer.
Enfim, esse capítulo aumentou bastante em tamanho e história e espero que tenham gostado. Eu, particulamente odiei ele e prometo escrever melhor nos próximos. Me perdoem pelos erros, me apressei bastante no final para conseguir postar hoje, como prometi.
Xeros 💕
Kyv
PS: QUEM MAIS AQUI MORREU ASSISTINDO SENSE8???? QUE SÉRIE MARAVILHOSA É AQUELA, DEUSES? 😍😍😍
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