V

"Nem todos os caminhos são sem volta. Alguns, inclusive, nos levam a um novo começo..."
JoeFather

Senti o ar invadindo o meu peito.

Chegava a queimar e um ardor se instalou nele.

Aquela estranha ausência de dor que sentia antes havia desaparecido. Então, ainda de olhos fechados, senti uma emoção muito grande e chorei.

Quando a enfermeira tocou o meu ombro eu me esquivei assustado. Depois, com os olhos embaçados pelas lágrimas, a vi sorrindo e percebi que ela era uma senhora bem bonita.

- O senhor tem visita! - disse-me a enfermeira ainda sorrindo.

Esbocei um sorriso em agradecimento, que se apagou ao ver Paul na porta de entrada do quarto.

- E aí, vizinho? Que susto você nos deu - disse ele de forma amigável.

Eu não consegui dizer nada e o meu semblante assustado chamou a atenção dele.

- Calma, John, foi só um acidente. Essas coisas acontecem...

- Perdão! Não é isso! - consegui dizer, tropeçando nas palavras.

- Quem se desculpa sou eu, pois você passou por um grande susto, eu sei. Mas é que você me encara como se eu fosse a morte querendo lhe abraçar...

Eu fiquei ainda mais apavorado e ele soltou uma risada debochada que me fez sentir um tremendo idiota.

- Calma, rapaz! Você ainda vai viver muito. Todos temos direito a uma segunda chance...

Depois de dizer isso, ele piscou, me deu um leve tapa no ombro e foi embora.

Nem consegui agradecer pela sua visita. Minha mente ainda repetia a sua última frase.

No fim, acabei não vendendo a casa, mas me tornei um grande amigo de Paul e seus filhos. Acabei conhecendo uma prima dele e anos depois nos casamos, enchendo aquela minha grande casa de vida, através dos filhos que tivemos.

Quando já estava bem velho e finalmente a morte me levou, havia meia dúzia de pessoas tristes em volta do meu leito, mas era chegada a hora do meu descanso.

Diferente da experiência de anos atrás, nem bem minha alma flutuou para longe do meu corpo, a escuridão me envolveu e ao longe já pude notar os meus guias chegando, para me conduzir pelo caminho.

Não senti nem um pouco de medo desta minha última aventura. Havia vencido o medo de viver em vida e agora encarava o meu destino com felicidade.

Quando nos aproximamos da passagem luminosa, soltei as mãos dos anjos, os abracei e segui meu caminho, rumo ao desconhecido.

Desta vez eu estava preparado para, finalmente, dizer adeus...

FIM

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