Capítulo 42




Para resumir minha vida medíocre, de assassino em série temido erespeitado, passei a um ídolo nacional venerado, para um pai solteiro cheio debaba e de merda, sem dormir, sem comer direito, só carregando a meio quilo paracima e para baixo. Eu estava quase ficando doido! Não, eu nem pensava mais emmatar! Eu sentia vontade de morrer!

   É claro que sentia vontade de matar, mas não tinha como deixar "minha assassinazinha" sozinha. Esse foi o apelido que dei carinhosamente para ela. Ela ia crescer e seguir o exemplo do pai, iria me ajudar a eliminar toda a escória da Terra!

Ela gostava do apelido, sorria toda vez que eu a chamava assim. E meu coração sempre derretia! Nunca pensei em procurar pela Diana, eu estava esgotado física e mentalmente. Ela foi embora porque quis, e eu não iria atrás! Até para burrice tem limites e eu havia chegado no meu!

Talvez minha vida terminasse com um "felizes para sempre" apesar de toda a dor, mas o problema é que comecei a sentir dor de verdade! Eu estava sentindo dores tão fortes na barriga que cheguei a pensar que fosse morrer. Esperei o máximo que pude e, quando não aguentei mais, fui a um médico. Meu medo era acabar morrendo sem ter quem cuidasse da minha filha. Como azar é meu nome, foram detectadas várias pedras nos rins, grandes o suficiente para não sair com medicação. Resultado, eu teria que ser internado e fazer cirurgia.

Tá bom, não era nenhuma doença grave, nem nada, mas com quem eu ia deixar a minha assassinazinha?

Eu parecia um pato, andando todo desengonçado com uma fralda pendurada no pescoço, uma imensa mala com todas as porcarias da Atenas e com ela no colo. Subi com o elevador e entrei na sala.

Eu a reconheci imediatamente, ainda mais bonita que a última vez. Uma blusa de seda azul clara, seus cabelos desciam em harmonia pelos ombros e ela vestia uma calça social preta que a deixava ainda mais elegante. Ela estava de costas e tentei entrar sem fazer muito barulho. Já fui melhor nessas coisas, pois ela me notou e se virou para mim com a arma já engatilhada.

Levou um segundo até Diana 2 me reconhecer. Confesso que eu deveria mesmo estar irreconhecível, com olheiras profundas e toda a má sorte que acomete quem cuida de bebês. Ela revirou os olhos e guardou a arma junto às costas.

— Como entrou aqui sem que eu fosse avisada?

— Tenho os meus meios.

Eu havia ido à empresa em que sabia que ela trabalhava, empresa coisa nenhuma, era o tal negócio de família que construíram e ela tinha uma sala só dela e, sabe Deus, o que ela ficava fazendo lá o dia todo quando não estava "acertando as contas".

Pesquisei bastante para encontrá-la, eu poderia ser um assassino em final de carreira, mas ainda tinha muitas habilidades, circular sem ser visto era uma delas, mesmo estando com o meio quilo nos braços.

— Não me convida para sentar? — Perguntei, apontando para o sofá.

— Não. Cai fora daqui!

— Giovanna, eu preciso de ajuda!

— Cala a boca, desgraçado! Ela disse, correndo e fechando a porta que eu havia deixado aberta, e praticamente me jogou no sofá com bebê e tudo.

— Fale baixo, projeto de gente! Meu nome é Diana! Ninguém pode saber meu nome verdadeiro!

— Certo, me desculpe.

— Cai fora daqui! Eu não sei onde a Diana está e, se soubesse, não iria te dizer!

— Não vim para saber da Diana. Posso te chamar de Jane então?

— Jane? Tá doido, idiota? Que nome é esse?

— Não quero nunca mais ouvir ou falar o nome da Diana e Jane me lembra Giovanna.

— Cala a boca, desgraçado! — Ela arregalou os olhos e olhava em volta como se pudesse ter alguém ouvindo.

— Fala de uma vez o que você quer e cai fora daqui! Tenho negócios a fazer.

— Tenho que fazer uma cirurgia, nada sério, não que se importe, mas preciso fazer e eu preciso que cuide da Atenas até que eu possa voltar.

Tentei explicar a ela como me sentia, e todo o procedimento que iria fazer, mas o que recebi como resposta foi:

— Não te devo nada!

Santo Deus! Essa mulher era ainda pior do que eu! Como ela não conseguia se comover com uma coisa tão lindinha como a Atenas.

— Agora sai daqui! Tenho coisas a fazer!

Fiz então algo por impulso. Coloquei Atenas no colo dela e saí correndo. Não sei se o susto foi grande o suficiente, mas ela não me seguiu, eu corri por vários quarteirões e não vi ninguém da "família dela atrás de mim", só parei quando senti uma pontada novamente entre as costelas, quase chegando às costas. Eram as tais pedrinhas se mexendo!

Foi com grande surpresa que quando acordei no hospital após a cirurgia a vi sentada com a Atenas no colo.

— É a salvação da seca nesse país! Como faz xixi essa menina!

— Oi, Jane — consegui dizer. — Que bom que ficou com ela.

— Que bom? Seu merda! Você acha que eu ia fazer o quê? Você não me deu opção nenhuma!

Ela parou de falar quando a enfermeira entrou dizendo que eu teria alta no dia seguinte, mas em hipótese alguma poderia carregar peso por ao menos uma semana. Olhei para ela com olhos suplicantes.

— Nem vem, seu animal! Eu já tive muito trabalho em explicar porque diabos eu tinha um bebê em minha casa!

— Fica em nossa casa, por uma semana só, por favor.

Nesse momento Atenas sorriu para ela e começou a puxar seu cabelo.

Prendi a respiração esperando a resposta.

— Vamos deixar uma coisa bem clara — ela disse, de cenho franzido e com a voz bem seca — Se você se meter à besta comigo, eu te corto em pedaços e alimento meus cachorros, entendeu? Atiro melhor do que você e já matei muito mais gente do que você, então não se faça de doido comigo não.

Eu não consegui fazer nada além de sorrir. Atenas a havia conquistado assim como me conquistou desde o primeiro dia.

— E tira esse sorriso idiota da cara! Se está pensando que cuidarei de você, está doido! Ficarei unicamente com a Atenas, se quiser comer, que faça, ou arrume uma empregada. Está entendendo?

Apenas confirmei com a cabeça e voltei a sorrir.

Atenas dormiu até chegarmos em casa e assim que ela a colocou no berço e se virou para mim, eu disse:

— Obrigado, Jane.

— Idiota! — ela disse virando as costas e entrando no quarto que disse que seria dela.

Sorri e depois pensei em Diana.

Ela era doce, eu não.

Ela era boa, eu não.

Ela era ingênua, eu não.

Eu estava apaixonado, ela não...

Mas agora...

Eu tinha uma filha e ela não.

E mesmo Jane me dizendo um monte de desaforos. Sei que seríamos uma ótima dupla, tanto para cuidar de Atenas, como para os "negócios futuros", era só questão de paciência e encontrar um modo dela entender que sou mais útil ao seu lado do que longe, e isso sei fazer muito bem... 

FINAL DO LIVRO 1


 Observação: 

Sei que muitos estão revoltados com o final, mas minha forma de escrever é sempre causar surpresas, afinal, qual a graça quando se já sabe o fim? Não, não acabou! A continuação sairá em breve e garanto que será tão chocante quanto agora. O que acontece quando a Diana retorna querendo de volta a filha? 

Não sei quando, estou trabalhando agora em um documentário que será lançado em 2025, mas quando estiver pronto, coloco aqui para vocês.

Não fiquem tristes, a vida não é um conto de fadas que a gente fica com quem a gente gosta. Ou é? A ideia é amar a si próprio sem depender de alguém para "nos completar" ou nos "fazer feliz". Obrigada de coração por todos que acompanham meu trabalho no Instagram, todos são bem vindos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top