Capítulo 41


Uma semana havia se passado sem que Diana tivesse notícias dele, eu a encorajei ir ao trabalho dele para saber o que havia acontecido, mas ela disse que nunca pegou o endereço. Isso só aumentou a minha raiva. Como ela pôde acreditar nele sem nem ao menos checar as informações? E se fosse mentira? Diana era uma idiota mesmo!

Por fim, ela disse haver anotado sei lá onde o local onde ele morava com a mãe e passou o dia todo revirando o quarto buscando o tal papel. Eu sentia um prazer mórbido em imaginar a hora que ela chegasse no local e soubesse do "trágico assalto", mas não foi assim que aconteceu e eu, que imaginava que um dia poderia ser suspeito, acabei tendo que defender a Diana! Que ironia!

Bom, ela achou o papel e foi ao endereço e eu não fui junto. Queria que ela sofresse muito e voltasse correndo para os meus braços. Para entender que ninguém a amaria mais do que eu, mas quando ela voltou, ela disse que não havia mais ninguém morando no local, que a casa era alugada e que a imobiliária não poderia passar informações a menos que tivesse uma ordem judicial. Foi minha oportunidade para tentar convencer essa besta de que o cara nunca a amou, que ele a usou o tempo todo e que, quando viu que ia mesmo me conhecer, resolveu sumir sem deixar rastro.

Ela não parecia muito convencida e alegava que algo deveria ter acontecido, mas com os dias passando, ela foi sendo tomada por uma melancolia e parecia estar começando a acreditar. Se ficasse nisso, seria ótimo!

Ficaria triste algum tempo, depois melhoraria, nós teríamos nosso filho e viveríamos felizes para sempre. Mas não é que o defunto achou uma forma de me incomodar mesmo após morto?

Um mês após a morte do infeliz, minha casa se encheu de policiais. Meu primeiro pensamento foi: me pegaram, agora quem cuidará da Diana?

Mas o que o policial disse foi:

— A senhora, sem o direito de permanecer calada, tudo o que disser pode e será usado no tribunal. Caso não possa pagar por um advogado, o ministério público irá providenciar.

— O quê? Vocês só podem estar doidos! — Gritei desesperado. — Qual a acusação?

— A senhora é suspeita de assassinar o senhor Eros Alves de Oliveira para receber o seguro de vida no valor de um milhão, sendo a única beneficiária.

Diana desmaiou nos braços do policial e eles a levaram desmaiada mesmo. Fiquei tentando me acalmar, eu poderia levar o recibo de compras da loja, mas isso seria suspeito, então fui apenas com dinheiro para pagar sua fiança e entender melhor que diabos estava acontecendo.

Lá fiquei sabendo que o idiota tinha feito um seguro de vida em nome da Diana e principalmente que o cretino que contratei não levou o carro, isso fez com que a polícia entendesse como algo planejado e não apenas um assalto. Pensei em várias possibilidades, mas não ia me arriscar a entrar em contato com o assassino para perguntar o que houve. Não seria muito difícil localizar um carro daqueles, pensando bem, eu também não levaria. Eu preferia que Diana nunca tivesse descoberto a morte dele, que acreditasse a vida toda ter sido abandonada, mas já tinha acontecido, então agora tínhamos que lidar com o fato da melhor forma possível.

Disse ao delegado que estávamos na data em que ele me informou do assassinato em uma loja de bebês, que Diana nem sabia do tal seguro, o que era verdade e, depois de várias averiguações e provas, fomos liberados. Se eu morri no dia em que descobri ela estar grávida, ela morreu com o babaca.

Diana nunca mais foi a mesma, perdeu o interesse por tudo, incluindo o bebe, eu morava sozinho mesmo estando com ela, ela vagava pela casa como uma alma penada, quase não falava.

Cheguei até a colocar na terapia para que pudesse ajudar, mas nada adiantou, Diana estava definhando a cada dia. Eu pensei, muito otimista, que quando o bebe nascesse as coisas poderiam melhorar. Mas não melhoraram. Aliás, algo ainda mais absurdo aconteceu.

Fazia uma semana que Diana havia tido uma linda menina. Enquanto ela curtia a dor dela, eu cuidei de todo o enxoval para o bebê, decorei o quarto, comprei o berço e todas as porcarias de que os bebês costumam gostar. Naquela manhã, fui ao mercado comprar leite, pois Diana se recusava a alimentar a filha. Eu ainda tinha esperanças de que tudo fosse melhorar um dia. Era eu quem ficava com a bebê a maioria do tempo, pois toda vez que ela pegava a criança, chorava e soluçava tanto que acabava assustando a menina.

Assim que cheguei em casa, ouvi a bebê gritando em plenos pulmões. Meu estado de alerta ligou imediatamente. O carro não estava na garagem e nem o repolho que sempre vinha me receber. Subi correndo as escadas e vi a bebe chorando no berço, quase perdendo o fôlego a pobrezinha. Assim que a peguei no colo, vi um pedaço de papel que estava embaixo dela. O abri com as mãos trêmulas:

"Meu querido, Jeff. Não encontro palavras para agradecer tudo o que fez por mim ao longo desses anos. Você é o melhor homem do mundo e lamento muito não corresponder às suas expectativas. Sei que Atenas ficará melhor com você do que comigo, eu não consigo olhar para ela sem pensar que, se eu não estivesse grávida, o Eros nunca teria feito aquele seguro e nunca teria morrido. Cheguei à conclusão de que o assassino sabia da quantidade de dinheiro de toda a indenização trabalhista e achou que conseguiria tomar da mãe dele, mas acabou mal, pois tinha investido em um seguro idiota. Fiquei sabendo que ele fez acordo onde trabalhava para receber bastante dinheiro e fazer o meu seguro, então a culpa da morte dele foi minha e nunca vou me perdoar. Eu não quero essa criança, registre-a, é sua filha agora. Vou esperar junto ao espinafre que Deus tenha piedade de mim e me leve também".

De sua sempre irmã... Diana.

Eu caí de joelhos com a bebê no colo e chorei como nunca havia chorado em minha vida.

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