Capítulo 40
Eu ficava arrumando desculpas, dizendo que o irmão da Silvinha já tinha encontrado a Diana antes e que o pior havia acontecido e que ela nunca quis me contar, mas, no fundo da minha alma, eu sabia que esse feto nada tinha a ver com aquele psicopata.
Diana morava comigo há mais de dois anos, então era óbvio que, se Cristo não estivesse voltando à Terra, minha Diana não era tão pura e tão inocente como eu havia pensado idiotamente.
Meu sangue fervia e gelava simultaneamente e eu precisava me manter frio e com a cabeça no lugar para tomar uma providência. Parei de vomitar, me recompus, embora minha cabeça desse voltas e minhas mãos estivessem tremendo, fiz um esforço sobre-humano para controlá-las e fiquei bem quieto esperando uma oportunidade de ir vê-la.
Giovanna não havia me falado sobre essa criança. Será que ela sabia? Sabia quem era o pai? Pai, coisa nenhuma! Esse bebê era meu! Assim como Diana, era minha! E assim que eu pegasse o desgraçado, esse bebê ficaria órfão antes mesmo de nascer!
Demorou mais três longas horas até que eu pudesse ter permissão e ir ver a Diana. Felizmente, a enfermeira disse que ela estava acordada e já tinha perguntado por mim muitas vezes. Assim que entrei no quarto e a enfermeira nos deixou a sós, os olhos dela brilharam e ela me disse:
— Eu te amo tanto, Jeff!
Aquilo me deixou muito desconsertado, eu nem sabia mais o que dizer. Eu havia imaginado esse encontro de tantas formas, inclusive a matando, mesmo sabendo que, no fundo, eu nunca faria isso, mas gostei de imaginar que teria coragem. Imaginei que ela me imploraria perdão, ou até que ela mesma tentasse me matar, mas nunca imaginaria ouvir essa frase.
Ela se sentou na cama e me estendeu a mão. Eu a segurei e ela me disse com lágrimas nos olhos:
— Não era assim que eu queria que soubesse, eu estava buscando uma oportunidade para te contar de uma forma melhor. Sei que você sempre foi um irmão muito ciumento! — Ela disse sorrindo, enxugando uma lágrima do olho.
Não tive tempo de abrir minha boca, ela levantou a camiseta e colocou minha mão em sua barriga, dizendo:
— O bebê está bem e você vai ser um ótimo tio!
Aquilo foi o fim para mim, eu retirei a mão imediatamente e me afastei três passos, estava atordoado e não fazia ideia de que diabos estava acontecendo em minha vida!
Então, ela me pediu para que eu me sentasse e me contou toda a tragédia. Eu sabia que ela tinha começado a estudar, estava em um daqueles programas para pessoas que largaram os estudos e depois recuperam o tempo perdido. Ela disse que conheceu um rapaz chamado Eros.
Eros! Só pelo nome, eu já tinha motivos suficientes para matá-lo! Quem, em sã consciência, nomeia um filho para ser o Deus do Amor. Pois, muito bem, Eros, eis aqui o Deus da Morte e estou sedento para te conhecer!
Diz ela que foi amor à primeira vista, que ele era um rapaz ótimo e trabalhador, que sustentava sozinho a mãe doente. Era motorista de uma família rica e ganhava até razoavelmente bem. Disse que as suas intensões eram boas, que eles iriam se casar, que ele queria muito me conhecer e que foi ela quem evitou todo esse tempo, pois sabia que eu a protegia como irmã!
Eu estava a cada palavra mais enojado, fiquei mudo o tempo inteiro em que ela falava. Ela tentou me tranquilizar dizendo que o idiota com nome de cupido já tinha terminado os estudos, e que havia começado a fazer faculdade de engenharia, era muito inteligente e havia ganhado uma bolsa. Logo, eles teriam dinheiro para alugar um lugar só para eles e se prepararem para cuidar do bebê.
Sinceramente, eu achei que me conhecia. Talvez eu nunca tenha amado alguém como Diana e provavelmente nunca mais iria amar. A verdade é que morri naquele momento, me tornei frio, não, eu não sabia o que era frieza até aquele minuto. Todo e qualquer sentimento desapareceu de dentro de mim. Tudo o que as pessoas chamam de frieza, em matar a sangue-frio, em desovar corpos, nada se comparava ao ter que sorrir para alguém que está apunhalando seu coração. Em meus pensamentos, a única coisa constante era a vingança.
Eu sorri como um ator, disse a ela que adoraria conhecer meu cunhado e que torcia muito pela felicidade deles e que, acima de tudo, estava feliz pela saúde do bebê.
Diana me abraçou com tanta ternura e energia que meus olhos se encheram de lágrimas. Eu ganhava a migalha de um abraço enquanto aquele imbecil a tinha só para si. Eu consegui disfarçar muito bem, ela não percebeu em momento algum as minhas intenções. Tudo o que eu pensava era que iria arrancar o feto de sua barriga e fazer com que aquele demônio o comesse antes de matá-lo!
Quatro meses se passaram e estávamos de casa nova, por incrível que pareça virei meme, pessoas começavam a escrever sobre o herói que havia sido "usado" por um serial killer. Chegaram até me convidar para fazer um comercial, mas é claro que neguei. Nossa casa estava na cidade e bem mais localizada agora. Diana não quis se mudar com o idiota dela, disse que não queria me deixar ainda, com isso eu ganhava tempo. Eu estava rastreando os passos daquele energúmeno e pronto para o ataque. Havia adiado toda vez que ela tentou marcar um encontro, inúmeras desculpas e todas muito eficientes.
A barriga dela já começava a aparecer e toda vez que eu a olhava, eu sentia ânsia de vômito por carregar algo que deveria ser meu. Ela saía todo final de semana e, se era para ficar com ele e não, eu nunca a segui, eu não iria deixar pistas. Eu sempre ficava em casa fazendo algo, mas já estava tudo planejado, por mais que eu quisesse torturá-lo e cortá-lo em vários pedaços, eu não poderia ser pego. Desde que saímos do hospital, eu nunca mais matei ninguém e já tinha até me convencido de que iria encerrar minha carreira de assassino. Eu até gostava da paz e tranquilidade em que vivíamos e seria a vida perfeita se ela não estivesse grávida de um idiota. Então, não. Eu teria que voltar a matar, nem que fosse apenas mais uma vez.
Eu já tinha o plano perfeito e eu não acredito que tive coragem de fazer o que fiz. Sempre tive contatos especiais e com alguns arranjos encontrei um assassino de aluguel. Ele foi muito bem pago para dar um único tiro no motorista, jogar os demais passageiros para fora e levar a Ferrari embora. Ele poderia fazer o que quisesse com o carro, desde que matasse e bem morto o motorista. Tinha que parecer um assalto!
E claro que não fui idiota de colocar minha cara para o assassino ver, eu fiz tudo através da Dark Web, compra segura, sem rastros e garantia do serviço. Fiquei bem triste por eu mesmo não poder acabar com o desgraçado, mas se eu fizesse e um dia, Diana soubesse, ela nunca iria me perdoar.
Exatamente no dia e horário combinado, a levei em uma loja de artigos para bebês e disse a ela que fazia questão de comprar alguns presentes para meu "sobrinho". Foi a desculpa perfeita, ficamos horas olhando, escolhendo, comprando e as vendedoras, assim como as câmeras de segurança, saberiam estarmos ali caso algum dia descobrissem o corpo, se é que alguém ia se dar ao trabalho de investigar um idiota chamado Eros.
Investigaram, mas isso fica para depois...
Chegamos em casa com muitas coisas, tantas que nem cabia no carro e ficaram de entregar no dia seguinte, até o Abobrinha ganhou uma cama nova em folha.
O jantar para eu conhecer o desgraçado estava marcado para as 13:00 do dia seguinte. Fiz questão de comprar um almoço perfeito, em um restaurante bem caro, e preparar a mesa com muito capricho. E quando deu 13:30 e ele não apareceu e nem atendeu às ligações insistentes de Diana, eu sorri satisfeito. Estava feito! Eu saboreava os pratos deliciosos enquanto a observava olhar a cada segundo, ora pela janela, ora para o celular. E não, eu não senti nenhum remorso. Muito pelo contrário, a comida nunca me pareceu tão saborosa!
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