o n e
"Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes.
Por que estamos sempre presos e correndo.
Das balas? Das balas?"
-Harry Styles

Dashiell Lysander.
Atualmente...
Céus! Nunca mais eu bebo na minha vida, minha cabeça dói tanto, que eu posso sentir que minhas têmporas cogitaram explodir. Sento-me na cama, sentindo o amargor na boca, depois, enchendo-se de saliva, aquele bendita aguinha salgada, a queimação no estômago se tornou maior e corri para o banheiro, pondo até mesmo meus órgãos para fora.
Acho que farei promessa de não encostar mais um pingo de álcool na boca!
Assim que me sentir melhor, levantei-me do chão, tampei o vaso e em seguida, dei descarga. Me encarei no espelho, e Deus! Estou um caco. Max irá me pagar, por me arrastar para aquele maldito bar.
Escovei os dentes, na tentativa de tirar aquele gosto horrível de vômito da boca, quando caminhava em direção ao box, senti pares de mãos rodearem minha cintura. Olhei por cima do ombro, e notei uma cabeleireira loira, ela estava tão horrível quando eu.
Tirei suas mãos de mim, e adentrei o box, ligando o chuveiro, senti a água congelante bater em minha pele, me fazendo ofegar, cogitei até mesmo tomar banho quente, porém, sabia que não me despertaria dessa maldita sonolência.
- Bom dia para você também. - A garota, a qual não sei o nome, ainda estava ali, em pé, me encarando, esperando algo que nem mesmo eu sabia o que era.
- Meu dia se tornaria bom, se você e sua ilustre presença sumissem da minha frente. - Lhe dei um sorriso debochado.
- Você é um ogro! - A garota gritou.
- Eu sei. - Fiz pouco caso, e continuei a tomar meu banho.
- E também é um idiota, grosso, egocêntrico e ridículo, um horroroso!
- Você só foi um pouco longe demais no ridículo e horroroso. Por favor, eu sei que sou extremamente gostoso, e também, você estaria sendo meio contraditória, como você disse ontem mesmo? Ah! "Estou secando você desde a hora que chegou. Você é bem gato, quer dizer, isso seria eufemismo, você é lindo e...
- Cala essa boca!
Eu ri.
- Olha, Mia, Lia, Priscila, seja lá qual nome você tenha, se puder ir embora, ficarei mais que agradecido. - Desliguei o chuveiro, e enrolei uma toalha na cintura.
A garota bufou, revirou os olhos e saiu a procura de suas roupas.
Caminhei até o closet, e assim que entrei nele, escutei a porta do quarto ser batida com força. Comecei a rir, pois toda vez era essa mesma situação, o que elas pensam, que temos uma noite de sexo e BOOM! Estamos casados? O meu saco!
P
eguei meu celular enquanto passava a mão no cabelo, admirando meu reflexo no espelho, reparei na barba, que estava por fazer.
Liguei meu aparelho, e Céus, achei que fosse travar, de tantas ligações perdidas e mensagens para responder. Dentre todas as chamadas, a da minha mãe me chamou atenção, ela quase nunca liga. Enfiei o celular no bolso, e sai de casa, cinco minutos atrasados. Odeio atrasos.

- Atrasado. - É a primeira coisa que minha secretária me diz, assim bate os olhos em mim. - Trinta minutos atrasado, todos naquela sala de reunião estão virando animais pela demora.
- Cancele! - Tento ser o mais breve possível.
Ando o mais rápido para que ela não me acompanhe, mas por incrível que pareça, ela consegue correr com aqueles benditos saltos, o barulho do atrito deles contra o chão está me dando nos nervos.
- Mas senhor, não posso, essa reunião já foi adiada 3 vezes!
- Mas que inferno, mulher! - Grito com ela, que arregala os olhos, e dá um passo para trás, assustada.
Algumas pessoas ao redor, nos encaram, com expressões confusas, outras de reprovação. Mas não me importo, nunca me importei. A garota à minha frente encolhe levemente os ombros e aperta o ipad que está em sua mão, com força.
- D-desculpe, cancelarei a reunião, senhor. - Diz, e sai andando, com pressa
Assim que ela cruza a porta da sala de reuniões, escuto a voz de indignação de todos que estavam na sala, realmente, eu não poderia mais adiar aquela merda. Porém, eu não estou com cabeça para absolutamente nada. Eu só queria mesmo a minha casa, minha cama, somente relaxar.
Atravesso os corredores da empresa como um furacão, o restante das pessoas nem ousam olhar, ou sequer me desejar bom dia. Não, eu não estou em um bom dia, se eu dissesse que está péssimo será eufemismo.
Assim que entrei na sala, me deparei com Max, sentado à mesa com alguns papéis em mãos.
- Puta merda, até que enfim! - Se levanta. - Eu tenho uma merda muito grande para te contar. - Diz nervoso.
- Não me diga que engravidou alguém. - Dou-lhe um meio sorriso. A verdade é que eu não queria mesmo conversar, minha cabeça parecia uma bomba prestes a explodir.
Sentei-me em minha cadeira, e cruzei os dedos, sustentando meu queixo neles.
- Irmão, é muito pior. - Um suspiro foge de seus lábios. - Parece que... Bem...
- Mas que diabo, Maximilian, diga logo o que quer, e suma! - Digo, impaciente.
- Maitê e Vicente... Parece que eles... Eles vão se casar.
Ergo às minhas sobrancelhas totalmente surpreso. Aquele filho da puta é tão burro, que desconfio que seja mesmo o meu irmão. Depois de seis anos, tudo o que ele viu, tudo o que eu passei, e mesmo assim, ele resolveu ficar com ela, casar com ela.
- E o que diabos eu tenho a ver com isso, Max? - Perguntei, pois eu realmente não tinha nada a ver com aquela merda toda.
- Sua mãe me ligou, e disse que quer toda a família reunida para o casamento. E, bem... Talvez eu tenha feito uma coisinha não muito legal.
- Que merda você fez? - Perguntei, já sentindo meus nervos se aflorando.
- Ela perguntou se você já tinha alguém por aqui, já que vocês não andam se falando... E talvez eu tenha dito que você estava... Noivo?
- O QUÊ?! - Brando, batendo as mãos com tudo na merda de vidro. - Mas o que diabos você tinha na cabeça, Maximilian?
- Céus, o que queria que eu dissesse? A tempos você não liga para sua mãe, e a mentirinha escapou sem querer. Não queria que ela pensasse que você não superou aquela merda toda!
- Acontece que eu já superei, inferno! - Brandei.
- Não parece, e a primeira coisa que ela iria pensar se chegasse sem alguém, é que você não superou aquele demônio que você chamou de esposa. - Max murmurou. - O que eu quero dizer, é que você parou de se permitir amar. Desde aquele maldito dia, eu não tenho mais reconhecido você.
Bufo alto, eu não precisava de um sermão. Não quero ninguém bancando o psicólogo comigo, sei muito bem me cuidar, e eu não preciso de ninguém, não preciso que me velem e cuidem de mim, não preciso de porra nenhuma.
- Eu sempre fui o mesmo, Max. E quanto ao Dashiell que estava casado, foi apenas uma fase, eu só estava malditamente apaixonado, coisa que não vai acontecer de novo. - Digo, convicto.
- E como tem tanta certeza? - Aperta os olhos, me encarando.
- Somente tenho. O "amor", deixou feridas incuráveis em mim, e eu não quero me apaixonar novamente, justamente para não passar o que eu passei. Nós dois sabemos como foi aquela época. - Ergo as sobrancelhas. Suspiro alto, lembrando de tudo o que aconteceu no passado.
Eu não tenho medo do amor, tenho medo do que ele me causa e das cicatrizes que deixa, eu não me permitir amar, é uma forma de me proteger, uso uma armadura a qual eu não tenho a mínima vontade de tirar.
Passo o ar de frio, arrogante, "sem coração", mas a verdade é que eu só sou alguém quebrado, e os caquinhos não têm concerto.
Max passa a mão em seus cabelos loiros, totalmente frustrado, ele sabe de tudo, tudo mesmo. Ele me ajudou quando eu estava na merda, sempre foi assim.
- Olha, se você quiser, pode desmentir aquela merda. Ela vai entender que foi somente uma brincadeira. - Tenta reverter a situação.
- Não sei o que fazer. - Passo a mão no rosto, também frustrado. - Não quero mentir para minha mãe, Max. Ela sempre foi um doce comigo, acho que eu não sei se sustentaria essa mentira, ainda mais com ela. Papai é até fácil de enganar, mas a mamãe parece uma feiticeira, um erro, e ela descobre toda essa merda. Mas também, não quero que ela pense, que não superei tudo aquilo do passado. Tenho e guardo minhas mágoas, porém, não quero que me tratem como uma bomba, que pode explodir com tudo à qualquer momento. Que se dirijam à mim com cautela, ou que também me tratem como um bonequinho de porcelana. - Reviro os olhos.
- Por isso que estou com um pé atrás agora. Tenho medo da sua mãe, quer dizer, medo seria eufemismo perto do que sinto. - Bufo uma risada.
"toc toc"
Aqueles toquezinhos, aqueles malditos toquezinhos!
- Entra! - Grito, e a porta se abre relevando minha secretária.
Nalla é uma garota bem novinha, se ela tiver 20 anos, seria muito. Baixa, pele morena. Dona de um cabelo negro enorme. Os olhos dela são como uma maldita floresta, uma mistura de verdade com castanho. Um contraste esplêndido.
Ela parece ser uma garota bem inocente, tem um jeito tímido, fica vermelha por qualquer coisa, isso é bem irritante. Ela tem um olhar incisivo, apesar de ser quieta, observa tudo muito bem, tem ótimos pontos de vista, por isso decidi colocá-la como minha secretária.
Hoje ela usava uma blusa social, com uma gravatinha preta, que combinava com sua saia plissada, que iria até as coxas. Parecia uma garota de colegial, o que dava uma quebra no look, que o transformava em algo mais formal, eram seus saltos. O Scarpin ficava fodidamente bem nela.
Ouço alguém pigarrear, e noto que encarava a garota demais. Reviro os olhos para Max, que tinha um sorrisinho malicioso no rosto, Nalla percebeu e ficou mais vermelha que um bendito pimentão.
- Senhorita? - Chamo sua atenção.
- Senhor, desculpe. Mas um rapaz chamado Ettore está lá fora, e se recusa a sair sem falar com você. - Ela termina de falar, e suspira.
Nalla odeia ficar no mesmo ambiente que eu por muito tempo. Como eu sei? Ela fica com alguns tic's nervosos, a perna balança o tempo inteiro, ela coça a orelha de segundo em segundo. Fora que gagueja mais que um gago.
- Tudo bem, só isso? - Pergunto, tentando ser o mais paciente possível.
- Não senhor. Sua lista de afazeres, eu tentei não deixar muita coisa para o senhor se ocupar hoje, mas foi meio impossível, visto que vem adiando muitas coisas. - Mordisca o cantinho do lábio inferior e coça a orelha. Ela me deu uma alfinetada?
Escuto um risinho baixo de Max, e o fuzilo com o olhar.
- Pode mandar tudo para meu computador. - Digo, e encosto na cadeira cruzando os braços. Nalla me analisa e suspira.
- Ok. - Diz, e se retira apressada.
- O quê? - Pergunto a Max, que me encarava.
- Nada. - Dá uma sorrisinho de lado.
- Abre logo a porra desse bico, infeliz. - Reviro os olhos.
- Ela seria uma ótima canditada para nosso plano.
- Nem fodendo!


Primeiro capítulo, meus solzinhos.
Espero muito que gostem, e me digam quando encontrarem erros!
Comentem, votem e compartilhem.
Boa leitura!🔅
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top