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CHARLES LECLERC
Eu odiava festas.
- Você precisa sair, se distrair. — Era o que Pierre tinha dito, empurrando um copo na minha mão assim que entramos.
Para ele, era como se uma festa cheia de gente que eu mal conhecia fosse apagar a confusão na minha cabeça.
O lugar estava lotado, a música alta o suficiente para quase me deixar surdo. Risadas ecoavam, conversas se misturavam, e eu deveria estar no meio disso. Fazendo parte. Mas tudo parecia errado.
Porque Amelie não saía da minha cabeça.
Ela havia se demitido sem dizer uma palavra. Sem explicação. E desde então, o silêncio dela era ensurdecedor. Eu mandei mensagens, liguei — claro que liguei — mas tudo que recebi foi uma falta repostas que me consumia mais do que qualquer resposta vaga poderia.
- Ei, Charles, terra chamando! — A voz de Pierre me trouxe de volta ao bar. Ele me olhava como se soubesse exatamente onde minha mente estava. E provavelmente sabia. - Você vai ficar aí com essa cara a noite toda?
- Talvez. — Dei um gole no copo, mas a bebida desceu amarga. Tudo parecia fora de lugar.
- Ela vai responder. — Ele disse, mais baixo, como se isso fosse me convencer.
- Não sei se vai. — Minha voz saiu mais firme do que eu pretendia.
Pierre deu de ombros e apontou com o queixo para uma garota do outro lado do bar. Alta, morena, e claramente interessada. Ela me olhava como se já tivesse decidido que ia falar comigo, mesmo que eu não dissesse uma palavra.
- É disso que você precisa. Um pouco de distração. — Ele balbuciou. - Os peitos dela são enormes.
Eu ri, mas sem humor.
- Porque peitos enormes podem resolver tudo, certo? — Falei em um tom totalmente cínico.
- Não, mas ajuda. — Ele deu um tapinha no meu ombro antes de se afastar, me deixando sozinho com meus pensamentos. E a garota.
Observei Gasly se misturar entre as pessoas, e dentre elas, estava Arthur. Meu próprio irmão estava sendo cúmplice nisso tudo.
Bebi mais um gole da bebida em meu copo e não demorou muito para a garota a se aproximar, um sorriso confiante no rosto. Ela era bonita, mas não era quem eu queria.
- Charles, certo? — Sua voz era doce, mas soava forçada.
- Certo. E você é...? — Perguntei, levantando uma sobrancelha, mesmo sem me importar realmente com a resposta.
- Emma. — Ela sorriu de lado, inclinando a cabeça. - É um prazer te conhecer.
- O prazer é todo meu. — Respondi automaticamente, devolvendo o sorriso.
- Então, o que um piloto famoso está fazendo encostado no bar como se preferisse estar em qualquer outro lugar? — Ela perguntou, brincando com o dedo na borda do próprio copo.
- Talvez porque eu prefira. — Dei um meio sorriso, vendo ela rir.
Emma puxou o decote do vestido um pouco mais para baixo e se inclinou em minha direção. E realmente, os peitos dela eram ainda maiores de perto.
- Você é honesto. Gosto disso. — Ela se aproximou um pouco mais, os olhos brilhando. - Mas talvez você só precise de uma boa companhia.
- E você está se oferecendo para o trabalho? — Perguntei, com o mesmo sorisso que eu costumava usar quando flertava.
- Talvez. — Ela mordeu o lábio, claramente querendo sair daqui. - Vai aceitar?
Eu ri, mas era automático, como todo o resto.
- Depende. Você faz o serviço completo? — Meu olhar retornou para ela.
- Muito mais do que você imagina. — Ela respondeu, confiante, e tocou meu braço levemente. - Você é ainda mais bonito pessoalmente, sabia?
- É o que dizem. — Respondi empurrando o meu copo com whisky para ela.
Ela começou a falar sobre algo, talvez sobre carros, ou corridas, ou sobre o quanto ela adorava Mônaco. Eu não prestava atenção. Só ouvia metade das palavras dela, o resto preenchido por meus pensamentos que não paravam um só segundo.
Mas ainda assim, eu flertei. Era automático. Respondi às perguntas dela e devolvi alguns sorrisos maliciosos. Me inclinei mais perto quando ela me encarava, coloquei a mão em sua coxa e até mesmo a subi por dentro de seu vestido, em direção a sua calcinha já molhada. Era fácil. Fácil demais.
Mas ao mesmo tempo, não era nada.
Se eu quisesse, poderia a levar para qualquer canto dessa festa e a comer.
Ela tocou meu braço, e por um segundo, pensei em continuar. Talvez Pierre tivesse razão. Talvez eu só precisasse disso, algo para me distrair, algo simples. Mas a ideia de outra pessoa, de alguém que não fosse Amelie, me deixou desconfortável.
A ideia de outra pessoa me tocando, ou das minhas mãos no corpo de outra mulher, não parecia certo.
- Você quer dançar? — Ela perguntou, esperançosa.
Olhei para ela, mas o rosto que vi na minha mente era o de Amelie. A memória dela rindo, falando sem parar sobre algo que nem lembro. E percebi que não importava o que eu fizesse, ela estava lá. Sempre estaria.
- Na verdade... — Me afastei devagar, tentando não soar rude. - Acho que vou pegar outra bebida.
A expressão dela entristeceu um pouco, mas ela disfarçou bem. Eu me senti pior ainda, mas continuei andando.
De volta ao bar, Pierre me encarava com uma sobrancelha arqueada.
- Você é um caso perdido. — Ele negou com a cabeça.
- Provavelmente. — Suspirei, apoiando os cotovelos no balcão.
E enquanto o barulho da festa continuava ao meu redor, tudo o que eu conseguia pensar era:
O que foi que eu fiz e porque Amelie estava me evitando?
Eu olhei para o copo vazio à minha frente, sentindo que nada disso fazia sentido. A noite estava se arrastando, e a ideia de continuar ali, flertando com uma garota que não me importava, parecia ainda mais vazia. Eu sabia que não iria conseguir a tocar, mesmo que a levasse para meu apartamento.
Pierre resmungou algo do meu lado, dessa vez com um olhar mais sério.
- Você precisa parar de se torturar. Vai ver, ela está apenas ocupada. — Ele falou, e empurrou seu copo de whisky em minha direção. - Ou com algum problema, sei lá. Não é o fim do mundo.
Eu sabia que ele estava tentando me consolar, mas não conseguia me convencer.
- Eu só não entendo. Ela simplesmente sumiu. Sem explicação, sem aviso. — Eu disse, com a voz baixa, mais para mim mesmo do que para ele.
Pierre deu um suspiro e olhou para mim com uma expressão que indicava que ele estava tentando encontrar as palavras certas.
- Às vezes as pessoas fazem isso, Charles. Não é porque você fez algo errado. Às vezes, elas só precisam de tempo. Talvez ela precise de um espaço para lidar com algo que você nem sabe. — Pierre finalmente disse algo que prestava.
Mas mesmo assim, eu não conseguia deixar de me sentir rejeitado. Ela não era como as outras pessoas. Amelie é diferente.
- Cara, vamos tentar aproveitar essa noite. Eu sei que não vai mudar o que você está sentindo, mas ao menos vai tirar a cabeça um pouco disso. — Ele falou, dando um sorriso para mim. - Vamos beber um pouco.
Eu não queria, mas sabia que ele estava certo. Eu precisava me distrair. Não que fosse resolver tudo, mas talvez fosse um começo. Então, antes que pudesse pensar mais pedi ao barman uma dose de tequila.
Iria beber até esquecer o meu nome e até esquecer tudo isso o que estava acontecendo.
[...]
atualizada 🤝
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