meta de votos: 700 !! quando os capítulos baterem eu atualizo de novo

música sugerida: down bad, taylor swift

maratona, capítulos 2/2

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CHARLES LECLERC

canadá race week, race day

Nada deu certo hoje. Nada.

Mal consegui sair do carro. Meus punhos ainda estão cerrados, e a raiva parece correr por minhas veais. O Canadá era pra ser diferente. Eu deveria ter cruzado aquela linha de chegada, não estar aqui, fazendo uma caminha de volta para o paddock.

Eu estou furioso. Furioso comigo mesmo, com o carro, com a corrida, com a equipe. O barulho do motor falhando mais volta por volta ecoa na minha cabeça como uma maldição, e eu só queria poder apagar essa corrida do calendário e da minha mente.

O Canadá deveria ter sido diferente, uma chance de virar o jogo. E o que aconteceu? Outro maldito abandono. Outro DNF para somar à lista que já parece infinita.

Empurro a porta da sala da Ferrari com força, como se isso fosse aliviar a pressão que sinto no peito.

Meus olhos se passam pela sala e franzo as sobrancelhas quando percebo que Amelie não estava aqui. Ela sempre está aqui, principalmente quando algo não sai bem.

Estranho.

Tento respirar fundo, mas a irritação não me deixa. Saio da sala, o olhar buscando por ela em cada canto. Nada.

Precisava falar com Amelie. Precisava falar ela agora. 

- Você viu a Amelie? — Perguntei a um dos mecânicos que passava por perto. Ele balançou a cabeça, confuso.

Passei as mãos no rosto me sentindo cada vez mais impaciente e frustrado. Por que ela tinha que sumir logo agora?!

Vi de longe cabeleira ruiva andando de costas e com uma prancheta em mãos. Era a Silvia. Ela com certeza iria conseguir me dizer onde Amelie estava.

Apresso meus passos em direção a ela e passo as mangas do meu macacão por minha cintura, amarrando ali.

- Silvia! — A chamo, a voz mais ríspida do que deveria. Ela para, surpresa.

- Era exatamente você que eu estava procurando, Charles. — Ela falou, me olhando. - Precisamos treinar suas repostas das entrevistas de hoje.

Franzi as sobrancelhas. Quem fazia isso era Amelie e não ela.

- Amelie. Onde ela está? — Minhas palavras saíram mais como uma ordem, não uma pergunta.

Silvia suspirou de forma pesada, como se estivesse cansada.

- Eu não sei, Charles. Provavelmente em casa? — Sua voz saiu sugestiva.

Em casa? Do que ela estava falando?

- Do que você está falando? O que você quer dizer com isso? — Perguntei, impaciente.

- Ah, ela não te avisou? — Dessa vez, Silvia bateu com a mão em sua testa. - Amelie se demitiu.

Meus olhos se arregalaram e o chão pareceu sair dos meus pés por breves instantes.

- O quê? — Minha voz sai mais baixa do que o normal. - Ela se demitiu?

Perguntei. Apenas para ter certeza de que tinha escutado de forma certa.

- Sim. Amelie se demitiu hoje pela manhã. — Meu corpo pareceu tremer. - Ela não explicou muito, só disse que era uma decisão pessoal.

Silvia continuou a falar, mas não escuto direito. A única coisa que consigo ouvir agora é o batimento forte do meu coração, e a raiva, que cresce mais a cada segundo. Amelie se demitiu? sem nem me avisar?

E por um motivo pessoal? Pessoal? Meu sangue ferve. Amelie se demitiu.

Sem dizer nada.

Sem me avisar.

Sem uma palavra sequer.

Silvia dá um passo para trás, surpresa com a minha reação e passando a me encarar.

- Ela não disse nada? Simplesmente se demitiu sem explicação alguma? — Perguntei mais uma vez. Queria ouvir de novo suas palavras, mesmo sabendo que iria torturar meu coração.

- Ela não falou muito. Disse que era algo pessoal, que precisava de um tempo. — Silvia me encarou. - Você está bem?

Minha mente gira em círculos. As últimas semanas foram... diferentes. Mais intensas. Pensei que estávamos indo bem.

Por que ela faria isso?

- Charles, sei que estavam bem próximos e que você gosta dela. Mas agora, por favor, será que você pode focar aqui? — Silvia falou, me cutucando. - Pode fazer o que bem entender depois, mas temos entrevistas daqui a pouco e não quero que você fale demais.

Estava tão atordoado e com meus pensamentos tão confusos que apenas concordei com a cabeça e passei a seguir Silvia.

A raiva que eu sentia, agora, é só o reflexo de uma sensação muito mais forte. Desespero. E, no fundo, o medo de que talvez eu não conseguisse mais ter contato algum com amelie.

Eu só queria entender o porquê dela ter feito isso.

Por que não me disse nada?

Por que ela se foi assim?

O que eu fiz de errado?

A cada passo que dou ao lado de Silvia, sinto como se carregasse um peso que ameaça me esmagar. Minha mente está presa em um turbilhão de perguntas sem respostas, mas a maior delas é: 

Por que ela foi embora?

Ela disse que não iria.

Tento encontrar algum motivo lógico, algo que explique essa decisão repentina de Amelie, mas tudo o que consigo pensar é em como está tudo dando errado para um único dia.

- Charles, você quer uns minutos para se acalmar? — Silvia falou, se virando para mim. - Essa demissão tem a ver com vocês?

Meu corpo todo gelou. Não sabia o que responder para Silvia.

- Eu não sei. — Respondi, passando a mão no rosto. - Eu não sei porque ela fez isso, Silvia.

- Sinto muito, Charles. — Ela voltou a falar, sorrindo para mim. - Precisa de alguns minutos?

Neguei com a cabeça e voltamos a caminhar. Tinha trabalho para fazer e eu não iria fugir disso. Precisava lidar.

Sorri de forma cínica ao perceber a ironia em meus pensamentos.

"motivo pessoal" - isso ecoava em minha mente de forma quase que torturante, a cada passo que eu dava ao lado da ruiva.

Isso não fazia sentido. Se algo estava errado, por que ela não confiou em mim? Por que ela não deixou eu ajudá-la?

Eu parei de andar e me virei para Silvia, minha expressão séria. Ela suspirou, sabendo que eu iria perguntar sobre a Amelie novamente.

- Silvia, você sabe de alguma coisa? — Perguntei, minha voz saindo um pouco baixa. - Qualquer coisa?

Ela cruzou os braços, parecendo desconfortável.

- Charles, eu já te disse o que sei. Ela se demitiu hoje cedo, disse que era uma decisão pessoal e que precisava de espaço. — Ela disse, gesticulando com as mãos.

Mais uma vez, apenas assenti. A raiva que crescia em meu peito era quase maior do que a tristeza que eu sentia.

E mais uma vez, eu estava sozinho após me entregar demais.

[...]

oiii !!! charles tadinho da silva
AMARAM O DRAMA?