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     AMELIE PARISI

    Desci as escadas da minha casa devagar e meu estômago deu sinal de vida em minha barriga quando senti o característico cheiro de massa de cookie assando. Tinha chegado ontem ás 22h30 e fui diretamente para meu quarto dormir, acordando apenas agora pela manhã.

Minhas energias tinham sido renovadas, já que passei o voô todo apenas sobrevivendo de cochilos mal tirados e alguns episódios de séries. Estava tão cansada e todas as conversas paralelas no avião pareciam ter tirado ainda mais o resto de vitalidade que ainda tinha presente em mim.

Tinha trocado poucas palavras com meu pai e agora estava pronta para finalmente conversarmos e matar a saudades.

- Bom dia, Amelie. — Ele falou assim que entrei na cozinha. - Melhor?

Seu sorriso no rosto era grande e acabei por rir. Caminhei até meu pai e o abracei com força. Tinha sentido tanta falta disso que não conseguia colocar em palavras.

- Eu estava com tanta saudade! — O apertei ainda mais. - Os dias não são os mesmos sem você.

Meu pau dei uma risada baixa e deixou um beijo em minha testa, se afastando e dando uma boa olhada em mim. Estava agindo como se não me visse há meses.

- Feliz aniversário atrasado para minha garotinha. — Ele sorriu tirando um pequeno embrulho do bolso. - Não acredito que completou 21 anos.

Dei uma risada e revirei os olhos de sua fala dramática, estava agindo como se eu tivesse feito 30 anos.

Passei a abrir o pequeno embrulho e sorri quando meus olhos se bateram em um colar com um pingente brilhante de estrela cadente. Meu pai costumava me chamar de "estrelinha" quando eu era menor, com a justificativa de que eu era brilhante como uma e trazia luz para a vida dele e da minha mãe.

Essa lembrança era com certeza uma das melhores da minha infância.

- Obrigada. Eu amei. — Falei e coloquei o colar ao redor do meu pescoço. - É um dos melhores presentes que eu poderia ter ganhado.

- Cada vez que estiver longe de casa e sentir saudades quero que se lembre que sempre será minha estrelinha. — Ele sorriu e deixou mais um beijo em minha testa. - Sua mãe estaria orgulhosa de você.

Senti como uma pontada em meu peito. Sabia que ela estaria orgulhosa de mim, mas não gostava muito de tocar no assunto. Já tinha superado o luto e o fato de minha mãe ter tirado sua vida, mas ainda assim não era um dos meus assuntos favoritos e odiava me lembrar há cada segundo o quão injusta a vida tinha sido com ela.

E de certa forma comigo também.

Forcei um sorriso para meu pai e ele coçou a garganta, caminhando até o forno. Ele sabia que eu não gostava de falar sobre isso, então não insistiu.

Me sentei em uma cadeiras esperando pela fornada de cookies de chocolate quentinhos. Meu pai sempre muito bom em cozinhar e infelizmente eu não tinha herdado esse dom.

- Vi que aproveitou bastante a noite do seu aniversário. — Ele comentou colocando dois cookies em meu prato.

Franzi as sobrancelhas. Do que ele estava falando? Eu não tinha o falado nada e nem postado nada.

- Do que você está falando? — O questionei realmente confusa.

- Tem algumas fotos suas circulando na internet quando deixou uma festa com Leclerc. — Meu pai falou e meus olhos se arregalaram. - Se divertiu?

Senti minhas bochechas passarem a ganhar mais cor e engoli em seco. Não fazia ideia de que fotos eram e como eram. Ou do quão bêbada eu aparentava estar na saída da festa.

E era levemente constrangedor meu pai saber sobre isso. Ou melhor, ter visto isso.

Agora estava ansiosa para encerrar logo esse bate-papo e ir ver as temidas fotos.

- Foi legal. — Falei por fim e levei o cookie até minha boca. - Era apenas uma festa qualquer em miami.

Ele assentiu com a cabeça ainda me olhando e dei uma grande mordida no cookie. Estava cruzando os dedos para que não tivessem mais fotos. Principalmente de quando nos beijamos em seu carro.

- Fico feliz que tenham virado amigos... — Meu pai resmungou dando ênfase na última palavra. - Imagino que tenham se dado bem.

Concordei com a cabeça enquanto mastigava o cookie. Sabia onde meu pai estava tentando chegar com isso apenas pela expressão em seu rosto.

Não sabia porque estava com essas ideias malucas em sua mente, Charles e eu éramos apenas colegas. Talvez amigos. Apenas isso e nada mais.

- Passamos bastante tempo juntos, seria terrível se nós odiamos. — Vim a falar e me lembrei do quão terrível foram meus primeiros dias. - Charles é uma pessoa bem... carismática.

Dei um sorriso para meu pai e ele apenas continuou me olhando como se não estivesse comprando nada do que eu estava falando.

- E como está sendo o trabalho? — Meu pai perguntou mudando de assunto e agradeci aos céus.

- Eu quase não tenho tempo para respirar. — Murmurei não querendo entrar em detalhes. - Mas está sendo uma ótima experiência trabalhar para a Ferrari.

Não estava sendo uma ótima experiência, apesar de ter seus momentos bons, eu ainda me irritava bastante.

- É bom ver você feliz. — Ele falou dando um sorriso que me pareceu falso. - Espero que tenha encontrado seu lugar.

Mais uma vez apenas concordei querendo mudar de assunto logo. Não queria falar sobre Charles com meu pai, era algo estranho. Sentia que estava omitindo informações e ainda estava com o tópico das fotos em mente.

- Como estão as coisas por aqui? Se virou muito bem sem mim. — Falei pegando o segundo cookie.

- Eu faço o que eu posso. — Ele disse dando uma risada fraca. - Já superei que agora minha filha é uma mulher de negócios e não tem mais tempo para o velhote aqui.

- Não diga assim, irei pedir demissão. — Brinquei e peguei mais um cookie da forma. - Isso está incrível! Cookie nenhum se compara ao seu.

- Uma das minhas especialidades na cozinha. — Meu pai falou e passei a me levantar. - Já está satisfeita? Pensei que comeria mais.

Ele apontou para os inúmeros cookies assados e apenas ri enquanto negava com a cabeça.

- Irei comer mais pelo resto do dia. Não aguento mais nenhum. — Falei pegando mais um.

Sem dar chances para meu pai responder eu passei a me afastar enquanto enfiava o cookie na boca. Assim que cheguei em frente a escada eu a subi correndo para meu quarto e fechei a porta atrás de mim. De forma quase que desesperada vim a pegar meu celular, sem saber o que esperar das fotos.

Respirei fundo e abri no aplicativo do instagram, precisava buscar por alguma conta de updates do charles, já que ele tinha inúmeros fãs fiéis. Ou então então alguma página de fofoca de famosos.

Joguei palavras chaves na busca e de primeira já consegui encontrar uma conta de atualizações, então a abri. Meus olhos se arragalaram quando vi o post recente.

O abri e suspirei mais aliviada ao ver as fotos. Não tinha nada demais, era apenas charles e eu deixando a festa, com meu rosto aparecendo um pouco apenas em uma das fotos.

Charles não tinha me enviado mensagem alguma então eu presumia de que ele não tinha visto isso, ou então não se importou.

Estava bem mais calma, de certa forma.

Meu pai não sabia de nada do qual ele não era suposto saber.

E o qual acontecimento que definitivamente não deveria ter acontecido. Estava evitando ao máximo pensar sobre isso, iria apenas fingir que nada realmente aconteceu e voltar a minha rotina normal.

Não queria me lembrar dos seus lábios contra os meus e o quão próximos estavam, me fazendo sentir até mais do que eu deveria sentir.

Neguei com a cabeça afastando tais pensamentos e dei um suspiro pesado. Não tinha acontecido nada demais e Charles também estava agindo no seu normal.

Rolei um pouco pelo feed do instagram e voltei para a aba do meu perfil, precisava atualizar. Estive tão ocupada que já tinha 2 meses desde minha última postagem no feed.

[...]

oiiii eu disse que hoje eu voltaria 💋

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