033
AMELIE PARISI
O caminho todo de volta para o hotel foi um pouco desconfortável e com um silêncio insuportável, charles e eu apenas trocamos poucas palavras e alguns olhares. O clima definitivamente estava tenso. E de certa forma eu estava tentando o evitar e torcendo para não tocar no assunto. Tinha certeza que já estava sob efeito de álcool.
Ou talvez isso era o que eu queria acreditar.
Já durante o resto do jantar acabei passando um tempo conversando com Lizza, uma das estagiárias do setor de marketing da equipe. Descobri que ela tinha 19 anos e estava há apenas 2 meses trabalhando aqui, então assim como eu, também não conhecia muitas pessoas.
Trocamos nossos instagrams e marcamos de sair amanhã pela noite. Estava até mesmo animada com a ideia, iria finalmente ter uma compainha feminina e com praticamente a mesma idade que eu.
Estava feliz de ter feito uma amiga.
Desliguei o chuveiro e vim a sair dos meus pensamentos que insistiam em ficar recapitulando os acontecimentos da noite. Estava até mesmo meio inquieta com isso e começando a ficar irritada comigo mesma.
Enrolei meu corpo na toalha e me aproximei da porta, tentando ouvir alguma coisa e me sentindo mais aliviada quando não tinha nada além de silêncio.
Charles definitivamente tinha entendido o recado e ido para seu quarto.
Assim que chegamos no hotel e subimos para o meu quarto, tudo o que eu fiz foi tentar o ignorar ao máximo que eu pudesse. Queria que ele voltasse para o seu quarto e não sabia como pedir por isso.
Não era como se eu estivesse desconfortável com sua presença, mas estava um pouco nervosa. Cada vez que o olhava minha mente voltava para o momento em que suas mãos apertaram minha cintura. E eu estava me praguejando por isso.
Tinha até mesmo me sentindo um pouco mal por tentar o tratar com indiferença e me trancar no banheiro até que tivesse certeza de que não estava mais aqui. Charles estava se esforçando para ser legal.
Ou talvez para me beijar.
Neguei com a cabeça afastando meus pensamentos e dei peteleco em meu próprio braço.
Finalmente destranquei a porta do banheiro e vim a sair do cômodo. Ao primeiro passo que dei em direção a cama, meus olhos já se arregalaram.
Não tinha como ser possível.
Tinha 4 travesseiros dividindo a cama e Charles estava deitado de um lado, sem camiseta e com Leo em seu peito.
- Olá! — Ele disparou quando me viu e sorriu, deixando suas covinhas enormes a mostra. - Sabia que tinha deixado o melhor para o final noite...
O olhei incrédula e Charles colocou a mão em frente aos olhos de Leo. Segurei melhor a toalha contra meu corpo e o mandei um olhar feio.
Definitivamente não era o que eu estava esperando encontrar.
- O que isso significa?! — Questionei apontando para a montanha de travesseiros.
- Não quero você invadindo meu espaço enquanto eu durmo. — Ele respondeu dando um sorriso cínico.
Evitei revirar meus olhos quando percebi ao que ele estava se referindo. Ainda não podia acreditar na coragem em que ele tinha.
Suspirei pesadamente já sabendo que ele não iria sair daqui nem tão cedo e caminhei até a beirada da cama, aonde tinha deixado minha roupa de dormir separada. Deveria ter a levado comigo.
Peguei as peças e caminhei novamente até o banheiro, fechando a porta atrás de mim. Me livrei da toalha que estava presa ao meu corpo e vesti a calcinha separada junto do sutiã. Me olhei no espelho por alguns segundos e coloquei o shorts preto de cetim, em seguida da camiseta de alcinhas.
Me sentia um pouco exposta demais com o comprimento do shorts e o decote da camiseta, nas outras vezes em que Charles estava em meu quarto sempre fiz questão de usar algo que cobrisse mais.
Neguei com a cabeça e abri a porta do banheiro, voltando a sair do mesmo e sentindo o olhar de Charles queimar em mim. Não sabia porque ele me encarava tanto.
Assim que parei ao meu lado da cama minhas sobrancelhas se arquearam. Charles tinha divido de maneira imparcial. Estava com o maior espaço!
- Confortável? — Perguntei o olhando e não escondendo meu tom cínico.
- Tenho certeza que irei dormir como o anjo que eu sou. — Ele falou devolvendo meu cinismo.
Apenas respirei fundo e vim a me sentar na cama, cruzando meus braços.
Ao menos não teria que me preocupar em acordar no meio da noite quase sufocada com o aperto de Charles em meu corpo.
- Parece chateada, Amelie. — Ele falou e virei o rosto para o olhar. - Imagino que vai ser difícil para você não ter meus braços por seu corpo quando acordar bêbada de sono no meio da noite.
Meus olhos se arregalaram no exato mesmo segundo e apenas neguei com a cabeça. Não sabia porque tinha ficado tão ofendido com isso, eu nem mesmo me lembrava com clareza.
- Estou com sono. — Falei tentando mudar de assunto e passei a fazer carinho em Leo.
- Temos que acordar ás 06h30 amanhã. — Ele resmungou em meio a uma careta. - Vou colocar você no carro no meu lugar.
O olhei. Sorri grande.
- Vai me deixar dirigir?! — Perguntei sem esconder a animação em meu tom de voz.
Charles franziu as sobrancelhas e rapidamente negou com a cabeça.
- Eu não seria tão irresponsável de largar um carro nas suas mãos. — Ele resmungou e dessa quem ficou ofendida foi eu.
- Eu sei dirigir! Tenho carteira de motorista. — Rebati e ele novamente negou com a cabeça.
- A resposta continua sendo não. — Um sorriso falso apareceu em seu rosto e fechei a cara.
O vi esticar o braço até a parede ao seu lado e a luz foi apagada. O quarto estava totalmente escuro. Me deitei com cuidado para não quebrar a barreira e cobri meu corpo com o cobertor macio. Essa era uma das minhas coisas favoritas dos hotéis.
Charles se mexeu do seu lado da cama e olhei por cima dos meus ombros, estava colocando Leo em sua caminha, pois o cachorro reclamou com um único choro e Charles rapidamente se afastou enquanto murmurava algo em francês.
As vezes queria poder entender o que ele dizia. Para mim soava mais como uma sopa de todas as letras do alfabeto.
Me afundei mais na cama entre os cobertores e fechei os olhos. Não estava com sono e não sabia se iria conseguir dormir, mesmo sabendo que precisaria acordar dentro de algumas horas.
- Amelie, aonde você mora? — Charles perguntou quebrando o silêncio que estava no quarto. - Você tem um forte sotaque italiano.
- Na Itália, Imola. — Respondi como se isso já fosse óbvio. - Algumas ruas antes do autódromo.
- O que?! — Ele disparou e consegui sentir seu corpo se inclinar por cima da "barreira". - Por que nunca me disse sobre isso?
Me virei para o encarar e consegui ver pela pouca iluminação do quarto que estava indignado.
- Você nunca me perguntou sobre isso. — Respondi dando de ombros.
Charles molhou os lábios dando um sorrisinho de lado e voltando a se ajeitar em seu lugar. Já me preparei para o que iria ouvir. Conhecia alguns de seus sorrisos.
- Vou ficar na sua casa. — Ele falou e arragalei os olhos.
Só podia estar ficando maluco se achava que eu iria concordar com isso.
Precisava de férias longe dele.
- Você não pode! Eu moro com meu pai. — Rapidamente falei. - Isso não vai acontecer.
- E eu tenho certeza de que seu pai me adora. — Charles falou e revirei meus olhos. - Sou como um santo para os italianos.
Odiava ter que concordar com Charles, mas ele estava absolutamente certo. Os italianos o amavam, e meu pai não estava tão longe disso.
- Meu pai não gosta de você. — Falei a primeira coisa que veio em minha mente. - Não pode ficar na minha casa.
- Não se preocupe, eu mesmo posso falar com ele. — Bati a mão em minha testa. Isso não poderia acontecer.
Olhei para Charles pelo canto dos olhos e consegui perceber que estava se divertindo com a situação. Tinha um maldito sorriso nos lábios.
- Eu posso falar com ele... — Resmunguei dando um suspiro derrotada.
Charles deu uma risada baixa e meus olhos se fecharam apenas em imaginar a situação. Meu pai costumava falar demais e Charles também, não queria que se conhecessem.
Não iria poder os deixar sozinhos por nenhum minuto sequer.
Iria ter apenas 06 dias a partir de segunda-feira que vem para tentar fazer meu pai dizer um não para Charles ou fazer que Charles mudasse de ideia, pois na semana seguinte a equipe toda já iria para a Itália.
Sempre chegam alguns dias antes da corrida.
Não podia acreditar que isso estava mesmo acontecendo comigo.
Charles se mexeu novamente na cama após o silêncio que se instalou entre nós dois. Parecia incomodado, pois novamente se mexeu.
- Você está menos... nervosa? — Ele perguntou em um tom mais baixo e franzi as sobrancelhas. - Você mal estava olhando para mim.
Engoli em seco e prendi a respiração ao me dar conta ao que Charles estava referindo. Minhas bochechas queimaram e passei a sentir meu coração bater um pouco mais rápido.
Não imaginava que meu nervosismo tinha ficado tão claro assim.
- Não quero que fique desconfortável ao meu lado. Não vou te forçar a fazer nada que não queira fazer. — Ele continuou. - Boa noite, Amelie.
- Boa noite, Charles. — Falei quase num sussurro.
Puxei mais cobertor para cima do meu corpo e suspirei baixo.
Não estava desconfortável com Charles ao meu lado. Pelo menos não como eu estava quando dividimos quarto pela primeira vez.
Estávamos aos poucos virando amigos.
[...]
gp da Itália seguido do gp de Mônaco hmmmm que delicia
demorou MAS saiu
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