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AMELIE PARISI

   Terminei de arrumar minha mala para a partida de voô amanhã cedo com destino a China e me senti mais aliviada ao ver que consegui colocar tudo o que iria precisar ao longo da semana. Estava animada para finalmente começar de fato a trabalhar. Não sabia ao certo o que podia esperar mas certamente iria dar todo o meu melhor, não é todo dia que uma oportunidade como a que estou tendo cai dos céus.

Me sentei em minha cama dando um suspiro cansado e olhei a bagunça que havia feito na procura por coisas que levaria. Iria arrumar mais tarde. Minha única certeza era de que voltaria cansada demais da viagem para arrumar um quarto. Iria poupar a Amelie do futuro de passar por isso.

Três batidas na porta do meu quarto vieram a me chamar a atenção e apenas murmurei um "pode entrar". A porta se abriu e meu pai adentrou com um pequeno sorriso no rosto. Podia dizer o quão orgulhoso ele estava apenas pelo brilho em seu olhar. Ele veio a se sentar ao meu lado e deu um suspiro pesado seguido de uma fraca risada.

- Pensei que ainda iria levar mais alguns anos para ter que me despedir da minha garotinha. — Ele veio a falar em um tom dramático e apenas ri.

- Vai ser apenas uma semana, você vai conseguir sobreviver. — Vim a falar e cutuquei seu braço.

Meu pai assentiu com a cabeça mantendo o mesmo sorriso nos rosto e passou a me olhar. Sabia que estava com um certo medo de me deixar se aventurar pelo mundo.

- Sua mãe também estaria orgulhosa de você. — Ele disse ainda me olhando. - Sabe disso, não é?

Assenti com a cabeça e ele passou o braço por meu ombro, me dando um abraço de lado. Por mais que já tivesse 5 anos do acontecido a morte de minha mãe ainda era um tópico sensível, tanto para mim quanto para meu pai. Minha mãe foi uma mulher excepcional. Incrível como profissional e uma mãe e esposa dedicada. Amava o que fazia e foi uma grande jornalista colunista na área de moda e entretenimento.

Lutou até onde pode contra um quadro clínico de transtorno depressivo recorrente. Em seus dois últimos ano de vida teve péssimas recaídas, onde os remédios e as internações psiquiátricas já não surtiam mais efeito algum. Aos poucos foi perdendo a vida devido a dor que a destroçava. No dia em que decidiu tirar sua vida minha mãe seguiu sua rotina normalmente até a madrugada, que foi onde saiu sem que eu meu pai víssemos, deixando apenas duas cartas: Uma de adeus pedindo para que não buscassemos por ela e a deixássemos ir e outra para mim, onde tinha as mais belas palavras.

Dois dias depois minha mãe foi encontrada sem vida em um quarto de hotel. A causa da morte foi constatada como overdose e abuso de substâncias ilícitas. Tanto meu pai quanto eu já estávamos sem esperanças de a encontrar ainda viva, mas de toda forma foi um enorme baque em nossas vidas. Meu pai sempre tentou se manter forte por mim e deu o seu melhor para que eu tivesse o restante de minha adolescência como uma pessoa normal de 15 anos, mas sabia que ele estava desmoronando. Eu também estava.

Mesmo com toda a ajuda ainda não foi possível salvar minha mãe de si mesma.

- Você tem um futuro brilhante pela frente, Amelie. Não deixe que ninguém tire isso de você. — Ele voltou a falar deixando um beijo em minha testa. - Estarei sempre há uma ligação distância e caso necessário compro passagens e vou para onde você estiver.

Acabei por sorrir. Sabia o medo que meu pai tinha de me perder.

- Prometo dar sempre o meu melhor. — Falei para o mais velho ao meu lado. - As coisas estão apenas começando.

Ele se levantou dando uma olhada em meu quarto e fez uma careta. Sabia o que estava pensando. Detestava bagunça.

- Vou deixar você arrumar esse caos que causou no quarto. — Ele falou caminhando até a porta. - Lembre-se de dormir cedo, seu voô é ás 07h30.

- Não irei me atrasar. — Garanti e ele veio a sair do quarto, fechando a porta atrás de si.

Passei as mãos em meu rosto e me joguei des costas na cama. Sabia que minha vida estava de fato apenas vindo a se iniciar agora.

[...]

oiiiii

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