12. [3/3] Aquele que vai embora
Jimin teve muita dificuldade em adormecer. Toda vez que ele fechava os olhos se lembrava de como era ter as mãos de Jungkook perambulando por seu corpo e então a sensação persistente de lábios lindos molhados.
Mas acima de tudo, ele não conseguia parar de pensar no som que a mão de Jungkook fez quando soltou seu pulso e caiu no sofá de couro. Esse era o som da vergonha.
Jimin adormeceu ao amanhecer, devido à exaustão. Quando acordou, o sol estava alto no céu, e ele estava suado por causa da temperatura quente. Depois de um momento de sonolência, ele se levantou em pânico.
Quanto tempo ele dormiu? Ele nem se preocupou em se trocar, ele apenas correu para fora de seu quarto e foi para a sala para verificar se Jungkook ainda estava lá.
O sofá estava vazio.
Eu devia ter esperado, Jimin disse a si mesmo, mas não pôde deixar de se sentir um fracasso. Ele se jogou no sofá cobrindo o rosto com as mãos.
E agora? Como ele deveria explicar isso para todos? Para Jungkook?
Ele ficou lá por um longo momento e apenas quando estava contemplando suas alternativas que eram se afogar no chuveiro ou perseguir Taehyung por ajuda, ele ouviu o som de chaves farfalhando e então o som de uma porta, sua porta de entrada, sendo aberta.
Lá, com uma bandeja na mão e duas xícaras de café fumegantes, estava Jungkook.
Quando o mais novo viu Jimin no sofá, congelou na soleira.
— Fui comprar um café já que esse foi o negócio se me lembro bem. Também tomei a liberdade de pegar uma camiseta do seu varal, espero que isso não seja um problema. — Disse Jungkook, coçando a cabeça.
Se Jimin não estivesse tão bagunçado e se a situação fosse menos complicada, ele já teria corrido em sua direção para pular em seus braços e provavelmente beijá-lo como se não houvesse amanhã.
Mas ele era Park Jimin, adulto mudo de trinta anos, então ele apenas acenou com a cabeça.
— Vou me trocar, leve o café para a cozinha, estarei lá em um minuto. — Jimin finalmente falou, sentindo-se um pouco estranho.
Jungkook assentiu enquanto entrava.
Ele era um garoto de 21 anos, mas de alguma forma ele parecia o verdadeiro adulto, e Jimin o bebê. Jimin correu para pegar uma muda de roupa e depois para o banheiro para lavar pelo menos o rosto.
Quando entrou na cozinha, sentia-se revigorado, mas não pronto para o que estava por vir. No entanto, ele calmamente se sentou na frente de Jungkook e pegou seu café. Talvez beber cafeína não fosse a ideia mais brilhante, considerando o quão nervoso ele já estava, mas ele precisava ser um ser humano funcional e possivelmente ganhar alguns minutos para tentar ordenar o discurso em sua cabeça.
Jungkook estava bebendo também, mas ele não tirava os olhos de Jimin.
— Nós vamos conversar, Jungkook. Eu não vou deixar você sair sem esclarecer as coisas. — Jimin disse gentilmente enquanto observava a maneira como os ombros de Jungkook estavam tensos e seus gestos mecânicos.
Jungkook suspirou.
— É só isso…
Jimin focou sua atenção em Jungkook, a maneira como ele mordia seu lábio inferior e seus dedos apertavam o copo de papel. Suprimindo seus instintos que estavam gritando para ele ir atrás de Jungkook e foda-se o resto, Jimin colocou seu café de lado e colocou sua mão sobre a de Jungkook. Eles travaram os olhos imediatamente e, apesar de seu tumulto interior, Jimin estava prestes a fazer seu discurso, as palavras mais gentis que ele poderia conjurar para rejeitar Jungkook, quando o mais novo deixou escapar um alto, cru e tão sincero:
— Eu gosto de você. — Ele falou e Jimin congelou em seu assento, travado no olhar de Jungkook enquanto sentia a pele que estava em contato com o mais novo, queimando. — Antes de você dizer qualquer coisa, você tem que saber que eu gosto de você, Jimin hyung. Provavelmente desde o começo, diabos, provavelmente desde que eu tinha dez anos. Mas naquela época eu não tinha uma ideia completa do que significava gostar de alguém. Eu continuei. Estive de olho em você ao longo dos anos, fiquei feliz em saber de seus progressos, pois eu também cresci, imaginando se nossos caminhos se cruzariam novamente. E então eles se cruzaram. Não posso deixar você escapar por entre meus dedos, não quando sei que você sente algo por mim. Nós poderíamos ser algo especial. Nós poderíamos nos apaixonar hyung. Deus sabe que eu já estou me apaixonando. — Jungkook disse sorrindo.
Jimin pensou que ser atropelado por um trem seria menos doloroso. Mas ele tinha que manter seu ponto de vista. Seria para melhor.
— Quando você vai embora Jungkook?
— O que?
— Eu estou perguntando quando você vai embora.
— Em um mês. Eu deveria sair em duas semanas, mas decidi ficar um pouco mais. — Jungkook elaborou.
— E daí, nós nos apaixonamos e então você vai embora? — Jimin perguntou novamente fixando seu olhar em Jungkook que parecia confuso. Jimin retirou a mão. — Jungkook, eu tenho trinta anos. Eu tenho um emprego, uma renda estável e uma vida estável. Quando eu levo em consideração um parceiro em potencial, estou procurando essas coisas na outra parte também. Parei de brincar há muito tempo.
— Eu não estou brincando. Eu sei que você acha que eu quero outras coisas, que eu sou muito jovem para entender e que desde que eu tenho 22 anos, eu só quero me divertir. Mas você deveria parar de me tratar como o filho da puta local que eu sou não. — Jungkook respondeu, magoado.
— Eu sei que você é mais maduro que garotos da sua idade, eu sei que você é uma pessoa séria e capaz Jungkook.
— E daí? Por que eu tenho a impressão de que mesmo se eu ficasse você ainda não me escolheria? Se for sobre a sua idade hyung, bem, eu não me importo
— Bem, eu me importo! — Jimin exclamou perdendo a compostura. — Você acha que suas escolhas de vida e sua idade não têm nada a ver com isso, mas têm. Você não me vê e nem vê os outros vagando pelo mundo e vivendo dia a dia. Isso é lindo, mas é algo que um adulto não pode se permitir fazer. Ser adulto é mais do que envelhecer Jungkook. É sacrifício. É compromisso. É fazer a coisa certa. Você diz que é adulto e é verdade, legalmente você é, mas não minta e diga que não é jovem. Porque você é e tudo bem. Juventude é a hora de tomar decisões precipitadas e esse é o seu tempo. Mas não a minha. A minha foi há muito tempo. Eu não vou pedir para você ficar e você não vai ficar mesmo se eu fizesse isso, e eu gosto muito de você para deixar este ser apenas o prólogo de verão antes de sua aventura. Estamos em dois mundos diferentes, sinto muito.
— Mas você não se ouve quando fala? Você fala calmo e composto como se o que você tem agora fosse exatamente o que você sempre buscou. E seria maravilhoso, realmente, se você não parecesse tão triste ao dizer isso.
Jimin se esforçou para manter sua fachada, para não desmoronar por causa disso, o que Jungkook estava dizendo ele não teve coragem de negar. Ele não estava pronto para pensar na possibilidade de Jungkook estar certo.
— Eu sou aquele que fica. Enquanto você é o único que vai embora. E ponto final.
— Mesmo nós gostando um do outro? — Perguntou Jungkook incrédulo.
— Mesmo assim. — Jimin finalizou.
Um silêncio pesado seguiu suas palavras e Jungkook parecia atormentado, como se quisesse discutir, mas então, como o bom e respeitoso adulto que era, ele deixou para lá.
— Eu ainda quero passar o tempo que me resta ao seu lado, hyung. — Jungkook falou, inclinando-se porque queria pegar as mãos de Jimin nas suas, mas não sabia se tinha permissão.
Jimin o encontrou no meio do caminho, pegando suas mãos novamente.
— Claro. Você ainda é um amigo precioso. — Jimin viu a ardência de suas palavras no rosto de Jungkook, que assentiu agradecido mesmo assim.
Ele era um idiota.
Ele era um bastardo sem coração.
Mas ser um ser humano responsável às vezes significava reprimir seus desejos por um bem maior.
Às vezes você amava. E você seguiu em frente.
Agridoce, não havia outra palavra para descrever seu relacionamento depois. Eles tentaram agir como sempre faziam, Jungkook ainda mandava mensagens para ele e eles ainda saíam juntos, mas Jungkook parecia mais cauteloso e mesmo sendo igualmente carinhoso, ele nunca iniciava o contato físico.
Era Jimin quem acariciava seu cabelo ou apertava seu ombro, e Jungkook deixava, até se inclinava em seu toque, às vezes quase suspirando de alívio. Mas ele nunca tomava a iniciativa.
Jimin entendia, de verdade, mas isso não tornava a coisa menos dolorosa.
Foi obra dele, ele trouxe isso para si mesmo, mas às vezes quando observava Jungkook interagir relaxado e brincalhão com os outros, sem aquele véu de perda e tristeza, Jimin se perguntava se havia feito a coisa certa. Ele sacrificou seu tempo juntos porque não havia futuro para isso, mas na pressa de ser lógico ele talvez tenha esquecido algo importante.
Ele estava convencido de que estava protegendo Jungkook, tornando isso menos doloroso possível, mas no final ele não estava protegendo apenas a si mesmo? Jungkook estava pronto para se lançar no fogo, mas Jimin não estava.
E afinal, qual era o sentido de tornar isso menos doloroso quando doía de qualquer maneira?
Ele havia subestimado o efeito que Jungkook tinha sobre ele. Ele havia pensado que retomaria o controle, quando na realidade já era tarde demais.
Jungkook disse que poderia se apaixonar.
A coisa era... Jimin possivelmente já estava.
— Você tem certeza que fez a coisa certa? — Taehyung perguntou durante um de seus encontros.
Eles estavam saindo por apenas algumas semanas e, apesar da diferença de idade, parecia que Jungkook sempre pertenceu àquele lugar, entre seus amigos.
Jimin tentou o seu melhor para não chorar na mesa. Jungkook e Hoseok foram pedir as bebidas, enquanto Taehyung e ele permaneceram sentados à mesa. Ainda era início da noite, os outros deveriam chegar mais tarde, apenas Seokjin estava fora da cidade a trabalho.
Jimin não podia dizer que não estava aliviado, porque desde aquele mal-entendido na exposição, as coisas entre ele e Seokjin estavam estranhas, e com toda a confusão de Jungkook, eles ainda não tiveram a chance de esclarecer as coisas.
— Acabou Taehyung, e é para melhor.
— Eu entendo que ele é primo de Seokjin, e você costumava tomar conta dele quando tinha 17 anos, mas a idade é apenas um número, você deveria estar mais aberto às possibilidades.
— Ele está indo embora Taehyung. E eu vou ficar. E a idade não é apenas um número, considerando que ele está pegando o primeiro vôo para quem sabe onde com apenas uma mala e a promessa de um sofá.
— Você já perguntou a Jungkook quais são exatamente os planos dele? O que ele quer fazer na vida? Ou você apenas assumiu que só porque ele não está agindo como você e Seokjin hyung quer, então ele tem que ser um cabeça quente?
— Eu nunca pensei que ele fosse um cabeça quente. — Jimin retrucou, mas seu tom soava incerto até mesmo para seus próprios ouvidos.
— A primeira coisa que você disse quando eu provoquei você sobre ele foi que ele era muito jovem, e sim, ele é jovem, mas ele também é ele mesmo e pelo que eu vi até agora e pelo que você me diz sobre ele, eu acho que ele tem mais responsabilidade do que a média dos caras de trinta anos por aqui. Além disso, desde quando ter trinta significa não correr riscos? Para onde foi seu fogo Jimin?
— Eu nunca tive fogo para começar. Eu era apenas teimoso. — Jimin respondeu cansado.
— Então seja teimoso mais uma vez. Porque sim, ele está indo embora, mas parece que uma parte de você está indo embora também, como se tivesse ido embora o tempo todo. Apenas pegue o que você quer de uma vez, e foda-se as consequências.
— Não é tão fácil.
— É mais fácil do que você pensa, Jimin. Mais do que você pensa. — Taehyung disse apertando o braço de Jimin pouco antes dos caras voltarem com as bebidas.
Jungkook tinha um sorriso largo pintado em seu rosto e ele parecia mais bonito do que nunca, e logo ele iria pegar um voo para sua própria aventura.
Taehyung provavelmente quis dizer o melhor para ele com esse conselho, mas suas palavras só conseguiram fazer Jimin se sentir pior. Isso o deixou frustrado com sua decisão, e se antes ele não tinha certeza, agora ele estava devastado. Ele poderia estar envolvido com Jungkook agora, mas em vez disso, estava temendo sua partida, sozinho em seu apartamento, com menos de uma semana antes de Jungkook pegar seu voo.
À medida que a data se aproximava, Jimin ficava nervoso, as memórias daquela noite se repetiam várias vezes em sua cabeça como um disco quebrado, deixando-o quente, vermelho e machucado. Foi para melhor, ele continuou dizendo a si mesmo, mas conforme a semana estava acabando, Jimin parecia cada vez menos convencido e as palavras de Taehyung começaram a fazer mais e mais sentido.
No entanto, ele não podia fazer nada. Com que tipo de cara ele poderia bater na porta de Jungkook e pedir qualquer coisa. Mas era simples, não era? Ele só precisava ligar, ele só precisava pegar suas chaves e sair.
Jimin passou o último dia antes da saída de Jungkook em seu apartamento, assistindo ao programa da noite, telefone ignorado na mesa de centro de sua sala, enquanto o relógio na parede marcava a inevitável passagem do tempo. Então, quando ele estava debatendo se estava mais com fome do que nervoso, alguém bateu à sua porta.
Jimin ficou de pé. Com os músculos dormentes e uma estúpida chama de esperança no peito, ele correu para a entrada e, sem nem mesmo verificar quem era, abriu a porta.
Seu coração errou uma batida.
Lá, sua mão ainda levantada por estar prestes a bater novamente, estava Jungkook.
Ele parecia mais pálido do que o normal, e seu cabelo estava bagunçado como se ele tivesse passado os dedos nervosamente por ele algumas vezes, mas ele ainda estava tão lindo como sempre.
— Eu não poderia sair sem falar com você uma última vez. Então aqui estou eu. Um dia antes de pegar meu vôo. Eu só queria te dizer que eu gostaria de manter contato e bem.... Queria te desejar boa sorte, sabe, com tudo? E possivelmente pedir desculpas. Por isso... Eu... é isso, eu vou... Eu...
Jungkook se mexeu no local antes de abaixar o olhar. Dez segundos, trinta, talvez um minuto se passaram, e Jimin estava com a língua presa. Jungkook levantou a cabeça, sorriu para ele fracamente e deu um passo para trás.
— Você ficaria? — Jimin perguntou com o coração explodindo em seu peito. Jungkook virou a cabeça para ele, surpreso, olhos grandes, arregalados e cheios. — Eu sei que não tenho o direito de perguntar, e eu entendo se você estiver com raiva de mim, mas você ficaria comigo esta noite? — Jimin perguntou, segurando a maçaneta da porta com força.
Jungkook deu um passo a frente. Ele parecia intenso.
— Com raiva? Talvez eu estivesse, mas não pelas razões que você pensa. Eu vim aqui mesmo assim. — As mãos de Jungkook se moveram lentamente, segurando o rosto de Jimin gentilmente, acariciando sua pele com carinho enquanto se inclinava, seus lábios quase se tocando. — Por favor, pergunte-me novamente. — Ele sussurrou.
— Fique comigo esta noite. — Jimin pediu, sentindo as lágrimas pinicando os cantos de seus olhos.
Jungkook não o deixou esperar muito, ele logo fechou a distância, capturando seus lábios em um beijo ardente.
Eles se beijaram no limiar do apartamento. Desta vez sem incerteza, mas apenas anseio, anseio por algo que não poderia ser, mas eles poderiam tê-lo naquele momento e apenas naquele momento, mãos que agarravam com força para verificar se era real.
— Deixe-me tê-lo Jimin, por favor, deixe-me. — Jungkook sussurrou em seu ouvido como uma oração.
Jimin deu um passo para trás, arrastando o mais novo para dentro de seu apartamento e fechando a porta atrás deles.
E naquela noite ele deixou Jungkook tê-lo, deixou beijá-lo até seus lábios doerem, deixou deixar marcas em sua pele, deixou Jungkook arrebatá-lo como alguém que sabe que é o primeiro e o último. As mãos de Jungkook o acariciaram com veneração enquanto ele se enterrava dentro de Jimin.
No entanto, mais do que qualquer outra coisa, Jimin se permitiu amar Jungkook.
— Você irá ao aeroporto também? — Jungkook perguntou, quando eles acordaram com a primeira luz do amanhecer.
Jimin não respondeu, ele apenas enterrou o nariz na curva do pescoço de Jungkook para se esconder daquele mundo que os estava reivindicando, para inalar o cheiro dele e guardá-lo com segurança em suas memórias.
Claro que ele foi ao aeroporto.
Todos estavam lá, a família de Jungkook, que apesar de ser profundamente contra tudo que Jungkook havia decidido por si mesmo, ainda assim foi se despedir, seu grupo de amigos, uma demonstração de como, apesar da diferença de idade, Jungkook era um deles.
O próprio Jimin, de um lado, quase escondido atrás de todos os outros.
Jungkook arrastou sua bagagem gigante e uma mochila ainda maior, ele acenou para eles depois de ter sido abraçado por seus pais pelo menos uma dúzia de vezes, e foi embora.
Seus olhares não se encontraram, e foi melhor assim, porque Jimin não sabia como conseguia ficar ali como ele, sorrindo e conversando com os outros.
No entanto, quando os outros sugeriram ir pegar algo para beber, Jimin recusou com o que esperava ser um sorriso gentil. Ele só queria se jogar no sofá e possivelmente ficar lá até a manhã seguinte, sabendo que o que eles se permitiram já tinha a consistência de um sonho, bonito, mas alcançável.
Taehyung olhou para ele, mas não comentou. Ele não sabia o que ele e Jungkook tinham feito, mas conhecia Jimin o suficiente para perceber quando algo estava errado.
Jimin pegou o metrô de volta para seu apartamento, arrastando os pés pesadamente, seus movimentos lentos como se toda a sua força de vontade o tivesse deixado.
Assim que abriu a porta de seu apartamento, mal teve energia para tirar os sapatos antes de se jogar no sofá. Ele não queria sentir. Ele não queria sentir nada, então ficou ali, sem fazer nada, apenas olhando para o teto e se perguntando como iria voltar ao trabalho no dia seguinte.
Ele não conseguiu evitar um ganido quando, mais tarde, a campainha de seu apartamento tocou. Não poderia ser. Não poderia ser, Jimin sabia em seu coração, porque aquela era sua vida e a vida era feita de fatos reais e não de fantasias. No entanto, ele não conseguiu evitar pular loucamente do sofá para correr em direção a sua porta e abri-la.
— Eu... trouxe álcool. Uísque, seu favorito. E eu trouxe chá também, caso você não esteja com vontade de ficar de ressaca amanhã no trabalho. Eu também trouxe um monte de fast food, batatas fritas e doces. É uma oferta de paz? Eu me sinto horrível por ter arrastado você na bagunça da minha família e pelas minhas palavras. Eu não estou insinuando nada dessa vez, só estou preocupado com você, porque só um cego não veria o quanto você está sofrendo. Não sei os detalhes, mas nos conhecemos há anos. Eu não fui um bom amigo naquela época, gostaria de ser um bom amigo agora? E... Jimin? Você está bem?
Era Seokjin. Ele estava ali no mesmo lugar que Jungkook esteve no dia anterior, e eles tinham os mesmos olhos, a mesma expressão facial idiota, a mesma maneira de tropeçar em sua sinceridade.
Mas Seokjin estava ali. Jungkook não estava mais lá.
— Vocês dois são realmente parentes, não são? — Jimin comentou com uma risada na voz, antes de começar a chorar. Ele soluçava feio, como só uma criança faria, pelo que havia desperdiçado, pelo que nunca havia entendido de si mesmo, pelo que teve que deixar ir.
Seokjin pareceu estupefato por um momento, então sem dizer uma palavra, abandonou as sacolas com comida e álcool no chão e abraçou Jimin.
— Vai ficar tudo bem. — Ele murmurou em seu ouvido.
Era a frase favorita de todos os adultos. Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. Mesmo quando você sabia que não ia ficar. Jimin esperava que dessa vez fosse verdade.
[...]
O tempo passa mesmo quando você pensa que nunca vai passar.
Faltavam apenas duas semanas para o Natal, sua passagem de trem para Busan para ficar com a família já estava reservada.
Todos os cartões postais de Jungkook foram cuidadosamente pendurados no painel ao lado de sua geladeira.
Jungkook cumpriu sua promessa e, além de algumas mensagens de texto e ocasionalmente e-mails, ele também fez questão de enviar-lhe um cartão postal todo mês. Toda vez em um lugar diferente que Jimin supunha que o mais novo visitava. Eram lindos e foram feitos com um carinho que aqueceu o coração do Jimin.
Ele os chamava de cartões postais, mas eram fotos, tiradas e impressas pelo próprio Jungkook com algumas palavras atrás delas, "Você teria gostado daqui" ou "Esta cor teria ficado bem em você". Era adorável. Era, basicamente a única coisa que fazia Jimin se sentir como um ser humano funcional.
O problema era que algo havia despertado dentro dele e, pelo amor de Deus, ele não tinha ideia de como controlá-lo.
Assim que Jimin conseguiu parar de chorar como um idiota apaixonado depois da partida de Jungkook (ele tinha certeza que a camisa de Seokjin nunca mais seria a mesma), outro tipo de tristeza tomou conta dele. Algo que era definitivamente mais difícil de afugentar do que um desgosto, algo que fez Hoseok e Taehyung observá-lo preocupados, pois não entendiam o que havia acontecido com ele para fazê-lo parecer que havia perdido a si mesmo.
A razão pela qual Jimin ficou tão relutante em falar com Jungkook no início, quando Jin lhe pediu, era que ele pensou que estava longe de ser um exemplo para alguém, mas não porque ele achava que sua vida não era a maneira certa de viver, mas porque uma parte dele fez isso de má vontade.
No fundo, ele sempre soube que não tinha apenas se estabilizado. Ele havia desistido.
Ele havia jogado fora seus sonhos, considerando-os como fantasias adolescentes e havia abraçado sua vida atual porque esses eram os passos seguintes à sua frente. Ele tinha feito isso e estava orgulhoso de sua determinação, como se ser um assassino de sonhos fosse algo para encorajar e promover.
Então veio Jungkook, tão cheio de juventude, tão cheio de espírito, tão determinado a fazer o que queria na vida, não importa o perigo ou o sacrifício. Tão pronto para não se contentar com uma vida arranjada. Avidamente empenhado em viver sua vida sem arrependimentos.
Jimin não queria o estilo de vida de Jungkook, ele pessoalmente achava que não combinava com ele. No entanto, era inegavelmente verdade que ele também não queria mais sua vida. Talvez ele nunca tivesse desejado isso.
Jungkook veio e virou seu mundo de cabeça para baixo e enquanto Jimin o observava ir e deixar tudo o que poderia prendê-lo para trás, Jimin não estava apenas destruído pela saudade, mas também pela inveja de quão capaz Jungkook era, com apenas 22 anos.
De repente, isso fez Jimin se sentir frustrado com cada pequena e grande decisão que ele tomou desde que terminou o ensino médio. Ele não sabia que com esses atos lógicos ele estava construindo as paredes da cripta onde se encontrava agora deitado.
Então ele acordava de manhã, se vestia no piloto automático, pegava seu café e ia trabalhar, rezando em sua cabeça todas as malditas manhãs para que fosse rápido e calmo. Ele só respirava direito quando seu relógio mostrava 17h, hora em que podia voltar para casa e tentar fingir que não precisava voltar ao trabalho no dia seguinte.
Tudo parecia sem sal. Jimin não encontrava nenhuma razão para fazer o que estava fazendo, como se um véu tivesse finalmente sido tirado de seus olhos e ele pudesse finalmente ver as coisas de verdade. [...]
— Você não está bem. — Não era nem mesmo uma pergunta, mas uma afirmação simples. Taehyung decidiu intervir e o arrastou para o café mais próximo, esperando que o suborno funcionasse. Na verdade, a julgar pela severidade de seu olhar, ele não parecia ter nenhuma intenção de acreditar nas desculpas de Jimin.
Jimin tentou desconversar, porque nada mudou, mas ele sabia que provavelmente tinha feito um trabalho ruim.
Afinal, tudo havia mudado.
— Não. Eu não estou indo bem. Eu acho que talvez eu não fique bem por um tempo. — Jimin finalmente admitiu, tomando um grande gole de sua bebida. Ele tinha um trem para pegar em poucas horas, mas Taehyung insistiu em conversar antes que eles não se vissem nas semanas de festa. E provavelmente uma parte dele estava cansada de tentar se silenciar.
— Isso não é sobre Jungkook, mas acredito que ele tenha algo a ver com isso. — Taehyung continuou e realmente, Jimin deveria ter dado mais crédito ao seu melhor amigo. Era como se ele já soubesse sem que Jimin tivesse que mencionar.
— Ele me disse que eu estava com medo. Ele me disse que eu estava infeliz. Isso doeria menos se eu não soubesse que mesmo se ele ainda estivesse aqui, eu ainda estaria quebrado. Ele é o único que foi embora, mas eu sou aquele que não está se movendo.
Em um conto de fadas talvez Jungkook tivesse ficado para ver se eles teriam um futuro juntos, ou Jimin tivesse simplesmente pegado uma mala e jogado fora uma vida que ele não gostava, nunca tinha gostado, e ido com ele. Mas isso não era uma fantasia, apenas pura realidade, e Jimin não pediu a Jungkook para ficar, da mesma forma que Jungkook não pediu para ele (JM) ir com ele.
Jimin estava errado sobre tudo, exceto a parte em que ele disse que eram dois mundos diferentes. Mesmo sendo Jungkook quem estava ganhando a corrida da vida.
— Então faça algo sobre isso. — Taehyung respondeu fazendo Jimin zombar.
— Você faz parecer tão simples.
— É simples, eu já te disse. É o que vem depois que é mais complicado de resolver. Mas você é inteligente, melhor aluno do seu curso! Você vai descobrir alguma coisa. — Taehyung falou com um sorriso tranquilizador.
Jimin gostaria de chutá-lo. Como Taehyung se atreve a vir aqui e dizer a ele o que ele estava desejando ouvir o tempo todo e fazer parecer tão fácil?
Jimin não era Jungkook, ele nunca seria tão corajoso e engenhoso quanto o mais novo.
Ele era apenas ele mesmo.
Jimin abaixou a cabeça, incapaz de voltar com uma resposta adequada e Taehyung como o amigo que ele era, deixou pra lá, para dar a ele algum espaço para pensar sobre isso.
Mais tarde naquele dia, quando voltou ao seu apartamento para pegar sua mala e ir à estação de trem, descobriu que o carteiro havia deixado outro cartão postal em sua caixa de correio.
"Espero que o novo ano lhe conceda todos os seus desejos.
Com todo meu amor, Jungkook."
Era uma foto tirada de uma altura considerável, uma bela vista panorâmica de uma Paris recém-nevada. Ele se lembrou que Jungkook uma vez lhe disse que sempre que olhava para a paisagem de um ponto de vista mais elevado, sentia que seus problemas não eram tão esmagadores.
"É como se o céu estivesse me acalmando, hyung", ele disse com alegria infantil.
Olhando para a foto, Jimin sentiu vontade de alcançar aquele céu também. E talvez ele finalmente fosse capaz.
— Sua vaga não será substituída imediatamente, portanto, se você mudar de ideia durante esse período, não hesite em nos ligar de volta. Mesmo no futuro, se você quiser se candidatar novamente, ficaremos felizes em lhe oferecer um emprego.
Isso foi o que seu chefe disse quando Jimin lhe entregou sua carta de demissão.
Ele deu tudo de si em seu trabalho, apesar de não gostar, por dez anos, então sua demissão pode ter resultado em um grande choque. Afinal, ele nunca havia reclamado, e não era como se ele tivesse motivos para isso.
Era um bom trabalho, seus colegas eram educados, seus objetivos eram estressantes, mas não impossíveis. Era um emprego médio, bem pago, no distrito financeiro. Mas não era mais o que ele queria.
Ele provavelmente não queria isso desde o início, mas estava com muito medo de decepcionar sua família e suas próprias expectativas, de recusar o papel quando foi contratado. Naquela época, ele achava que seria apenas uma solução temporária para poder economizar dinheiro e pagar as contas enquanto esperava por um futuro mais promissor. Esse futuro nunca veio. E Jimin acabou ficando lá por quase dez anos, até que seu coração foi anestesiado.
Esta na hora, Jimin disse a si mesmo, embora uma parte dele estivesse com medo. Era hora dele trabalhar ativamente pela sua felicidade.
Foi uma surpresa ainda maior para seus amigos e familiares quando Jimin anunciou seus planos e ele teria rido de seus rostos chocados se não estivesse ciente do que estava em jogo.
A vida dele.
No entanto, como a pessoa super-analítica que era, Jimin não se jogou no vazio. Talvez ele tenha feito algo revolucionário para sua vida cotidiana normal, mas a necessidade de planejar e avaliar as opções de antemão estavam profundamente arraigado nele.
Depois que voltou das férias de Natal, Jimin tirou algum tempo para refletir sobre sua situação. Ele basicamente havia ignorado todos os convites de seus amigos. No entanto, ninguém veio reclamar que ele se tornou anti-social, e nem eles vieram para perguntar se ele ainda estava com o coração partido. Todos eles sabiam que algo havia acontecido entre Jungkook e ele, mesmo que o único atualizado com os detalhes fosse Taehyung.
Taehyung, que, a propósito, provavelmente também foi o responsável pelo motivo de seus amigos não terem insistido para que ele saísse mais. Jimin estava pronto para apostar que Taehyung fez questão de passar todos uma mensagem para não incomodá-lo. Ele era muito grato a Tae. Ele não sabia se algum dia seria capaz de explicar quatro vezes por que não estava se sentindo bem.
No final de fevereiro, Jimin pesquisou, encontrou e recebeu algumas oportunidades de trabalho interessantes em Seul e Busan. No último, porém, ele teria que começar do zero. Também lhe permitiria mais tempo livre, o suficiente para se inscrever em alguns cursos pós-laborais.
Jimin teria que ser um júnior novamente, mas ele nunca esteve tão ansioso para começar de novo com o que gostava dessa vez. Afinal, ele havia economizado muito dinheiro durante os anos, e não era como se seu propósito na vida fosse ser a pessoa mais rica da cidade.
Mas antes de decidir sobre um novo trabalho, Jimin queria ter algum tempo para si mesmo.
— Espere, então você está indo para a Irlanda? Não para a França? — Hoseok gritou no meio do restaurante como se quisesse que a loja de conveniência no final da rua também o ouvisse.
Ninguém o calou, provavelmente todos os seus amigos estavam pensando o mesmo: Por que ele não ia visitar Jungkook?
— Isso é sobre Jimin, Hoseok, não Jungkook. — Surpreendentemente, ou talvez não, quem veio em seu socorro foi Seokjin.
Depois que Jimin chorou em sua camisa e com uma garrafa de uísque, Seokjin ficou muito atento, não perguntando mais sobre o que havia acontecido entre ele e Jungkook, e continuou informando casualmente a Jimin sobre o paradeiro de seu primo.
Jungkook havia enviado um e-mail para ele, mas eles pareciam ter concordado mutuamente em manter suas mensagens de texto no mínimo. Os fusos horários também dificultavam o contato por meio de mensagens.
— Mas ele está apaixonado por ele! — Hoseok respondeu, fazendo todos gemerem em uníssono enquanto Jimin queria se esconder debaixo da mesa.
— Por favor, faça seu namorado calar a boca. — Yoongi murmurou da ponta da mesa. Hoseok parecia arrependido e estava prestes a se desculpar, mas Jimin balançou a cabeça.
— Sim, eu estou. — Se ninguém engasgou, provavelmente foi porque Seokjin e Taehyung estavam olhando a laser para cada pessoa sentada à mesa. — Mas nós dois estamos começando de novo e isso requer muito esforço e tempo. Talvez, se tivermos sorte, nos cruzaremos novamente ou talvez não. Ainda assim estou feliz por termos nos encontrado. — Disse Jimin, e apesar de ser doloroso, ele aceitou a verdade disso.
Hoseok parecia completamente inseguro, afinal ele era o tipo de cara que acreditava que o amor poderia conquistar tudo, mas ele não fez nenhuma outro comentário e aceitou as palavras de Jimin.
Jimin gostaria tanto que Hoseok estivesse certo em suas crenças.
— Mas você vai voltar, não é? — Hoseok perguntou como se ele não conseguisse deixar de dizer pelo menos isso.
Jimin deu uma risadinha, encantado.
— Quem sabe. Talvez eu seja o único a ir embora também.
O caos total seguiu essas palavras fazendo Jimin rir e também se sentir muito amado.
— É melhor você voltar! — Seokjin exclamou dramaticamente fazendo com que Jimin se dobrasse na cadeira de tanto rir.
Sim, ele era amado. E esperava que um dia ele também fosse capaz de fazer o mesmo.
[...]
Os corredores que levavam à saída do aeroporto de Dublin pareciam intermináveis, e Jimin estava explodindo de ansiedade. Ele já gostava dali, embora não soubesse por quê. Até o tempo nublado parecia adorável para ele. Jimin se perguntou se toda vez que Jungkook viajava ele sempre se sentia tão empoderado, e essa era a razão pela qual ele continuava.
Talvez um dia ele pudesse perguntar a Jungkook pessoalmente.
Quando finalmente viu as portas de saída, Jimin suspirou de alívio e pegou seu telefone para verificar a melhor rota para chegar ao centro da cidade. As portas automáticas se abriram para ele enquanto ele passava distraidamente pela área de desembarque tentando conectar o wifi do aeroporto em seu telefone.
— Jimin-hyung.
Jimin congelou em seu lugar tão abruptamente que a senhora atrás dele quase colidiu com ele.
Ele sabia que deveria se desculpar, mas de repente tudo o que conseguiu fazer foi procurar a fonte daquela voz. Ele precisava verificar se tinha sido uma alucinação ou não, o coração batendo tão rápido e alto que ele sentiu o peito apertado.
Então, finalmente, seu olhar o encontrou.
Seu cabelo estava longo o suficiente para ficar encaracolado nas pontas e emoldurava seu rosto lindamente. Ele usava o mais largo dos sorrisos. Ele parecia de alguma forma mais alto, mais forte, e mais maduro, mas era o mesmo Jungkook de tirar o fôlego.
Naquela hora Jimin percebeu que se havia um momento na vida para ser dramático demais, esse momento era agora. Então...
Ele abandonou sua mala lá e correu.
O sorriso de Jungkook, se possível, ficou ainda maior quando ele abriu os braços para dar as boas-vindas a Jimin, que mergulhou, deixando aqueles braços segurá-lo com força enquanto ele jogava seus braços ao redor do pescoço de Jungkook e o segurava igualmente apertado.
— Como...? Quando...? — Jimin murmurou, incapaz de formar palavras coerentes enquanto enterrava o nariz no pescoço de Jungkook e inalava seu cheiro. Ele havia sentido muita falta do mais novo. Oh, como ele sentiu falta dele.
— Um passarinho me disse que você estava vindo para cá. Eu tinha que estar aqui não importa o que acontecesse. Estou tão orgulhoso de você, hyung. — Jungkook disse, beijando a têmpora de Jimin com ternura.
— Obrigado. — Jimin disse, sentindo seus olhos ardendo com lágrimas não derramadas. Ele poderia ter dito muitas coisas, como “sinto sua falta” e “eu te amo”, mas, mais do que tudo, ele queria agradecer a Jungkook por mostrar a ele como as coisas poderiam ser.
— Hyung, eu sei que sou terrível. Muito ansioso, muito pouco confiável, eu sei. Mas também sei que um dia, viajar será cansativo. Descobrir coisas novas perderá a emoção, e a única coisa que eu ansiarei será o momento em que eu for voltar para ficar com você, por favor, permita-me estar perto de você o máximo que pudermos. Eu te amo.
Jimin o apertou com mais força.
Talvez muito tempo passasse até que seus caminhos não apenas se cruzassem, mas também se entrelaçassem novamente. Talvez não fosse fácil e não fosse indolor. Mas o que Jungkook lhe deu de presente foi mais do que amor. Foi a esperança em acreditar que tudo poderia ser possível.
Jimin assentiu, e então ficando na ponta dos pés, selou sua promessa com um beijo.
CONTINUA com uma outra história
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E então, o que acharam da história?
Espero que tenham gostado.
Bem, nunca deixe alguém ditar sua vida. Lembre-se que conselho e bom, então ouça, reflita, mais decida por si só. Lembre-se que quem vai lidar com a situação e consequência é você, não outra pessoa. Então é melhor ser pobre e feliz, do que ser rico e infeliz. Apesar de não ser tão ruim chorar em Paris ou na Tailândia... Hihihihi 🤭. Mas brincadeira a parte, a vida é muito curta para viver a vida que outra pessoa quer que você viva
Lembre-se que todas minhas histórias são traduções permitidas pelas autora. E tenho provas como por exemplo o print acima. As vezes posso esquecer de colocar ou optar por não colocar. Mas tenho guardado para não ter problema futuros.
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