Proposta e Julgamento

Dinesh percebe o espanto que causou na mulher, sua imprudência tinha quase lhe causado um plano tão bem trabalhado, teve que tentar reparar seu erro.

— É claro que isso é absurdo! — O homem abre um sorriso que não chega aos olhos. — Só quis dizer que o garoto poderia curtir o momento.

— A forma como você fala, como você se expressa, as coisas que você diz… — Saiuni murmura o encarando seria, Dinesh engole em seco. — É estranho! Você é estranho! — A loira abre um sorriso enigmático e maquiavélico. — Gostei de você, Dinesh!

O homem franze a testa confuso e depois de um tempo a encarando, desvia o olhar e abre um sorriso de canto, pensativo. Aquela mulher diz que ele é estranho, mas ela acaba de se tornar estranhamente atrativa para ele.

— Bom… Já que você gostou da minha pessoa, vai me soltar e me tirar deste lugar horrível? — Dinesh pergunta erguendo as mãos acorrentadas e olhando ao redor com uma careta.

Saiuni franze o nariz, incomodada. Suas mãos seguem para os pulsos do homem e segura por cima da algema de ferro, seus olhos voltam a se encontrar e ela murmura.

— Eu te soltaria sem nem pestanejar, o problema é o meu pai. — Ela explica. —  Não tenho uma desculpa plausível, só que eu pensei em algo interessante…

— Estou ouvindo. — Dinesh murmura.

— Eu te ajudo a sair daqui, se livrar do meu pai, do homem que te ameaçou e prometo pensar na idéia do ensaio fotográfico com Tales, se… — Saiuni larga o pulso direito de Dinesh e começa a pontuar contando nos dedos.

— Ele se chama Tales? — Dinesh pergunta antes de tudo; Saiuni para de olhar sua mão e o encara com o cenho franzido.

— Sim, por quê?

— Nada não, só, gostei! — Murmura desconversando. — Pode continuar!

— Te ajudo nisso tudo, se você me ajudar a fugir! — Saiuni o encara tentando passar seriedade. — Me ajude a ir embora com meu filho e meu irmão, para bem longe, o mais longe e escondido possível!

— Quê? — Dinesh puxa seus braços tentando evitar contato. — Fugir? Por que você precisa fugir?

— Da mesma forma que você não quis dizer os motivos por querer fotografar crianças, — Saiuni aperta a boca, como uma linha fina. — eu prefiro não falar os meus motivos, mesmo que você vá descobrir sozinho mais pra frente, não vai ser eu que precisarei olhar dentro dos seus olhos para te contar a verdade!

— E a verdade é assim tão ruim? — Dinesh pergunta.

— Quando você descobrir, classifique e então me conte. — Determina Saiuni.

— Beleza aceito esse acordo e então vou descobrir o que vocês escondem! — Dinesh murmura de uma forma indecifrável. — Mas e agora? Como vai me tirar daqui?

— Isso eu vejo amanhã.

Dinesh pisca incrédulo e logo semicerra os olhos para a loira.

— Vai me deixar aqui, nesta imundice, acorrentado por mais tempo? — Questiona revoltado, Saiuni se levanta e começa a voltar para onde entrou mas para quando escuta seu nome ser proferido com urgência. — Saiuni!

Ouvir seu nome ser pronunciado por aquele homem, fez estranhamente seu coração acelerar mas ela não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Suspirou por fim se virando para o homem.

— Cara, eu não pedi para você nós assustar e preocupar!

— Lôra, quando é que eu te assustei? — Dinesh pergunta debochado.

— No momento em que você entrou naquela casa, com duas pessoas importantes dentro, assinou o seu atestado de óbito! — Saiuni exclama seria.

— Para né! Quem de importante estava lá? — Dinesh testa.

— Quê? — Saiuni exclama gritante, a mulher aperta sua temporã tentando atrasar a dor de cabeça que está por vir. — É o meu filho! Além do meu irmão, Tales é o único com quem me preocupo, é o meu menino e não vai ser você ou qualquer outro, que vai chegar do nada e tirar Tales de mim! Eu dou a minha vida para proteger ele, faria loucuras assim como já fiz, diversas vezes, só para protegê-lo! — A mulher continua a exclamar exasperada. — A dona daquela casa, Bo, é namorada do meu irmão e ele consegue ser mais louco que meu pai quando quer; então, não é! Nunca vai ser uma boa idéia você nós assustar, ameaçar ou querer fazer mal a quem amamos!

As correntes se arrastam e fazem barulho ao ponto em que o homem ergue os braços em rendição. Seu rosto é inexpressivo, seja qual for sua reação e sentimentos ninguém nunca saberá.

— Beleza, Lôra! — Ainda com as mãos erguidas e acorrentadas ele murmura baixo de olhos semicerrados. — Não está mais aqui quem perguntou!

Ao amanhecer, Elton exige a presença de sua esposa e filhos em seu escritório no terceiro andar, antes mesmo do café da manhã. Saiuni é a última a entrar no cômodo, Elton reclama mas a loira ignora e se encosta na parede para ouvir o decreto do Hensley. Tinha passado a noite pensando em uma saída e após muito pensar e achar, tinha que por sua ideia em prática até o chamado de seu pai.

— Bom, decidi que vamos dar um fim logo naquele homem e seguir nossas rotinas. — Ele diz entregando uma arma a Keid que recebe a pistola e confere a munição. — Keid, preciso que leve meu carro no…

— Tenho uma objeção! — Saiuni murmura lixando as unhas da mão direita. Todos os rostos se viram para a mulher.

— O que foi agora, Saiuni? — O patriarca questiona cansado, primeiro diz que queria o homem morto e agora já mudou de idéia, as vezes sua perseguição com a filha tinha fundamentos; Elton suspira profundamente.

Saiun, então, desencosta da parede e desenrola o envelope pardo que escondia nas costas, caminha até o pai e logo o entrega o envelope.

— O que é isso? — Keid pergunta quase que junto com Elton.

— São provas que aquele homem preso no porão, é inocente, e como todos sabem, eu prezo por justiça e tenho que começar pelo mais perto.

— Agiliza Saiuni! — Elton suspira.

— Eu já desconfiava conhecer aquele homem, Dinesh, de algum lugar e então fui pesquisar e, de fato, aquele homem estudou comigo desde o sétimo ano até o colegial, e, ainda por cima na mesma sala! — Saiuni explica enquanto os pais abrem o envelope e pegam listas de chamadas falsas contendo o nome de Dinesh, seguidos por fotos montadas simétricamente com um adolescente qualquer. Keid olha pra cima e vê Saiuni encarando as unhas, seus olhos semicerram de desconfiança. A loira volta a falar. — Podem conferir, ele sempre estava um pouco distante mas sempre de olho em mim.

— Por que eu sinto que tem algo errado? — Elton murmura encarando uma foto em que todos os alunos estão em volta de uma gaiola com um hamster dentro.

— Porque você é muito desconfiado querido! — Chantal que até então estava quieta, disse rindo. — Filha, o que Dinesh estava fazendo então na casa de Bo?

Saiuni nem pisca, já estava a espera daquela pergunta e tinha tudo nos conformes.

— Mãe, ontem eu e Bo já estávamos desconfiadas então fomos pesquisar, ela tinha as fotos e eu entrei no sistema da escola para ter certeza. — A loira sorri como tinha ensaiado. — Além disso, Dinesh contou à Bo que tinha vindo nos visitar, matar a saudade e essas coisas.

— Vai buscar o homem para ver se ele confirma isso, Keid. — Elton murmura batendo no ombro do filho.  

Keid encara a irmã enquanto anda cambaleante.

— O que foi Kei? Quer que eu te ajude? — Saiuni murmura sorrindo, isso seria ótimo! A loira não tinha conseguido voltar ao porão para avisar Dinesh do plano, ela tinha usado todo o seu tempo para por o plano em prática, esperava que Dinesh fosse esperto o bastante para entender as entrelinhas.

Elton ainda revistando as fotos murmura também sem olhar para ninguém.

— Nada disso Saiuni! Você sente-se e fique quieta, já estou cheio das suas artimanhas!

— Uhh! O que é que há velhinho?! — Saiuni debocha usando o bordão do Pernalonga, Tales assistia tanto aquele desenho que havia decorado. A loira senta na poltrona ao lado do pai e apontava a todo momento para um detalhe besta nas folhas que ele encarava.

— Pare de perturbar, Saiuni! — Foi o que Elton murmurou bem na hora em que a porta se abre e Keid entra ajudando o homem, agora, fraco e todo marcado por ter apanhado. Elton suspira e aponta para a cadeira bem no meio da sala. — Raramente faço isso, mas, vamos começar o julgamento!  

Dinesh é colocado na cadeira, Keid se move até a poltrona perto da porta, seu rosto é inexpressivo, nem parece ter levado um tiro no dia anterior. Chantal está sentada na poltrona atrás da mesa de seu marido e logo ao lado Saiuni continua sentada de pernas cruzadas e com cara de deboche. Elton pega somente as fotos e entrega ao homem, agora sem correntes.

— Você se reconhece nesta foto? — Elton questiona?

Dinesh ergue brevemente o olhar e repara o cômodo onde está, até se deparar com a loira de olhos expressivos da conversa noturna. Saiuni o encara por detrás da franja. Dinesh suspira e responde:

— Sim, me reconheço. — O moreno sorri friamente e aponta para a foto. Seu dedo indica um garoto de cabelos pretos e olhos azuis no canto esquerdo da foto. — Sou esse aqui, óbvio!

— Por que toda essa certeza e confiança? — Keid pergunta.

Dinesh se vira e encara o loiro como se fosse óbvio.

— Está querendo dizer que eu não deveria me reconhecer? — Zomba.

Keid não responde, Chantal e Saiuni riem e logo Eltom volta a questionar.

— Confirma ter estudado com minha filha e nora? — Dinesh acena franzido a testa.

— De que série até que série?

Dinesh olha para Saiuni e ela faz um sete com a mãos na penumbra, perto da mesa e longe dos olhos dos outros.
O moreno se volta para Elton.

— Do sétimo até o final?

— Está me perguntando? — Elton sorri friamente.

— Não! Só… falando! — O moreno nega sem ter certeza de sua resposta, ele olha para Saiuni que está sendo encarada pelo pai e não tem como ajudar ninguém, só a ela mesmo.

— O que é que há velhinho? — Saiuni tenta brincar e recebe um olhar frio no lugar. — Que foi pai? — Ela tenta novamente.

Elton se debruça sobre a filha e apoia as mãos nos braços da poltrona onde Saiuni se encontra. Os olhos claros sem sentimentos a travam no lugar.

— Escute bem, Saiuni… — O homem começa baixo para somente ela ouvir, Saiuni tenta não transparecer sua tensão. — A partir de hoje, este homem está na sua responsabilidade; o que isso significa, Elton?  — O homem resmunga no fim com uma voz fina, dando a entender que era isso que Saiuni perguntaria. — Isso significa que eu não confio nele, e, ainda muito menos em você, por isso ele ficará aqui com você sobre os meus olhos, mas, a qualquer pequeno deslize que eu veja ou fique sabendo, você e ele morrem!

Saiuni transforma seu rosto em uma completa careta de desprezo e desaprovação.

— O que? Por que? — Ela briga. — Eu não tenho nada com ele! Por que tenho que pagar pelos atos e ainda ser babá dele?

— Foi você que intercedeu por ele minha jovem justiceira! — Elton sussurra rouco na frente da filha. — Este julgamento está encerrado!

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Oiiee.
Tudo bom gente?😊

Boom o que acharam do julgamento? E a proposta entre Dinesh e Saiuni?
Alguém desconfia quem seja Dinesh? 🤔

É isso, beijocas! 💋

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