Posso Sonhar e Tentar Alcançar

9 horas e 27 minutos mais tarde… 

O fiat branco para no acostamento da rodovia e então os três homens descem do carro e seguem para o mato alto e cortante na lateral da estrada. Saiuni abre a janela do motorista e grita para as costas dos três homens.

— Qual é?! Não falta nem um quilômetro inteiro para chegar no posto de gasolina, não podiam aguentar mais um pouco? — Seus olhos se apertam quando o sol força sua visão. A porta ao lado dela se abre e Bo sai do automóvel com uma garrafa de água e shampoo em mãos. — Vai fazer xixi também, Ting? — Ela sorri em deboche e a morena aponta a garrafa em direção a amiga.

— Para um bicho morder minha bunda? — Ela murmura sorrindo e passa a mão na testa, arrumando a franja e afastando o suor, enquanto passa na frente do carro e para na porta do motorista. — Nem a pau meu bem! 

Antes que Bo consiga explicar que a garrafa de água serviria para a higiene dos homens, eles se aproximam. Bo aponta a garrafa para os homens, como havia feito momentos antes e eles franzem a testa. 

— Banho ao ar livre? — Keid questiona revirando os olhos. 

— Vai! Lavem as mãos para a gente continuar essa jornada fugitiva interminável! — Bo resmunga e esguicha shampoo nos três pares de mãos. 

— Falta pouco pra gente chegar ao aeroporto de Macherfe, mana. — Saiuni explica e gira a chave quando vê os três homens tirando a espuma das mãos. 

— Passamos por três dos quatros estados de Vacaciones, minha filha! Isso de estarmos quase lá, não cola mais! — Keid resmunga encarando a irmã pela janela. 

— Estou só seguindo a rota que meu namorado traçou, não vou mudar a rota e estragar tudo só porque você está incomodado. — Ela explica esperando todos entrarem para que ela possa dar partida. — E também, duvido que você tenha viajado para esses lugares vivendo com Elton. 

— Não vivi… Mas durante toda a minha vida eu só como e cometo crimes, viver não é algo que tenho feito! — Keid murmura olhando pela janela e para o mato. 

Saiuni suspira e olha pelo retrovisor, suas sobrancelhas se unem, incomodada. 

— Arruma o pescoço de Tales por favor, Din. — Ela murmura vendo o filho dormir no colo do namorado. 

— Quer me dar ele? Aqui tem mais espaço. — Bo pergunta e estende os braços em direção ao garoto. Dinesh olha o rosto adormecido do filho e suspira, queria poder nunca mais soltá-lo. — Só até a próxima parada. Fica tranquilo que ele ama o colo da madrinha. 

— Não tanto quanto gosta do meu, eu sou a mãe afinal de contas! — Saiuni murmura rindo e fazendo uma curva fechada. Ela lê rapidamente a placa indicando a breve chegada em Marchefe e acelera. — Um quilômetro e meio para a próxima parada. 

— Finalmente! — Jackie exclama de cara fechada. — Não aguento mais! 

Assim que ele fecha a boca, quatro pares de olhos o encaram e ele se arrepende de ter dito em voz alta. 

— Se está incomodado, já sabe o que deve fazer! — Keid é o primeiro a falar. 

— Abre a porta e se joga, amigo! — Bo completa a ameaça do companheiro. 

Saiuni volta seus olhos para a estrada e balança a cabeça em negação, em quase vinte horas presa num carro com seu sogro ela já tinha criado uma parede entre eles, pois apesar de que, se ele não tivesse pego o filho de Dinesh e dado para a amante, Saiuni nunca teria um filho e jamais teria a chance de estar ali naquele momento fugindo de casa para uma vida melhor e sem as loucuras de seu pai. 

Pensar em Elton naquele momento de sua vida a deixava dividida, uma parte queria saber qual seria o destino, o castigo de seu pai, mas, ao mesmo tempo queria conseguir esquecer aquela parte de sua vida, esquecer Elton e toda a sua perturbação maníaca e sociopata que tanto lhe afetava. 

Desde que haviam saído de Hidden, Dinesh tinha guardado o rádio no porta luvas com a desculpa clara e firme que ouvir sobre Elton, os faria sofrer; ela sabia que ele estava tentando agir como Tales cobrindo a dor e sofrimento da perda de Chantal com todo o seu cuidado e carinho mas não adiantava! Sentia-se sufocada só de fechar os olhos pois via o tiro atingindo sua mãe por diversas vezes como um castigo de como ela tinha sido incapaz de proteger quem ama. Estava ali, dirigindo a mais de três horas pois queria se manter firme e se dar a chance de proteger sua família, Saiuni sentia que se ficasse sem ajudar, iria desabar e ela não podia fazer isso, não naquele lugar e momento com Tales, que ela sabia que ele tentava agir como se não tivesse medo de nada, só que Saiuni conhecia o filho que tem. 

— Ai que droga! — Saiuni exclama um pouco alto demais, quando ela vê o carro cinza-esverdeado freiar bruscamente bem na sua frente, seus dedos se fecham em torno do volante e ela pisa no freio, o cheiro de borracha queimada vai subindo ao redor enquanto o carro diminui a velocidade constantemente até parar de vez, centímetros de distância da traseira do Ford. 

— Cacete! — Keid exclama se apoiando no encosto do banco.

— Aí meu Deus! — Bo murmura colocando a mão no peito. 

— Caralho em ô garota! — Jackie exclama apoiando a mão direita no vidro da janela.

— Puta merda! — Dinesh sussurra e aperta Tales entre os braços quando ele acorda assustado com a confusão. 

Saiuni desenrosca lentamente os dedos do volante e trava o maxilar, seus olhos seguem para o retrovisor e ela vê os olhos perdidos de Tales, os olhos azuis de seu filho piscam sem entender a situação e então ela fecha as mãos em punhos e sai pra fora do automóvel. 

— Saiuni! Não! — Dinesh chama quando vê a loira seguir a passos firmes até o carro da frente. 

— Cara, ela vai fazer merda. — Keid murmura abrindo a porta, saindo do carro e sendo seguido por Dinesh. O irmão de Saiuni cruza os braços e observa a cena. 

Saiuni para ao lado da porta do motorista e bate no vidro escuro. 

— Pode abrir! — Ela exclama. — Não tem como você ter evaporado! Seja lá o porquê de ter parado do nada, você foi errado! 

O vidro começa a descer e então cabelos longos e escuros é a primeira coisa que ela vê. Um rosto coberto por uma barba espessa e manchada de sangue, um óculos escuro e camisa xadrex é a segunda coisa que ela enxerga. Em seguida um arrepio a toma por completo quando o homem abre um sorriso amarelo. 

— Eu estava no limite da velocidade, senhor, tenho uma criança no carro e você foi completamente imprudente! — Sua voz vai se firmando novamente conforme ela lembra o porque de ter ido tomar providências. — Podia ter causado um acidente! 

— Saiuni! — Ela se vira para ver Dinesh que a chama, Tales está em seus braços e abraçando seu pescoço. — Volte para o carro, não precisa disso. 

— Mas Dinesh, quero um pedido de desculpa, ele colocou a vida do nosso filho em perigo! — Ela esclarece e se vira para ver o homem sair do carro verde. 

O corpo fedido e sujo de terra e sangue seco, atinge Saiuni e ela dá um passo pra trás. Dinesh encara o homem estranho a sua frente e puxa Saiuni para seu lado em proteção. 

O momento já era frio, estranho e sinistro antes de Tales abrir a boca e transformar tudo escuro e tenebroso para seus pais. 

— Oii vovô!

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Oiie gentee!!
Boa noite!

Como eu sou uma escritora muito boazinha trouxe Elton para uma breve visita KKKKK brincadeiras a parte... O que vocês acham que vai acontecer? Digam me tudo!

Boom até mais! Beijocas💋

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