Minha Casa, Sua Casa, Nossa Casa
— Temos que contar pra eles, Keid! — Bo exclama totalmente sem traços de humor.
Keid se vira na cama e fica de frente para a mulher, sua mão ampara a cabeça.
— Cara… Eu não acho que precisamos dar algum detalhe da nossa vida pessoal, Bo! — O loiro murmura. — Acabamos de chegar! Ninguém nem se acostumou com a cidade e com toda essa situação. Quase morremos, Bo Ting!
— Eu sei! Sei de tudo isso, Keid! — Ela exclama. — Mas... Quero a nossa privacidade, quero nosso próprio canto, Keid! — A morena se senta na cama, fecha os olhos para segurar as lágrimas. — Você mais do que ninguém deveria saber como me sinto… Eu lutei pra sair da Coréia e toda a pressão sanguinária dos meus pais e então eles me mandaram para Gindren.
— E a culpa é minha? Eu tentei ao máximo te fazer feliz e você sabe, porque fazia o mesmo por mim! — Ele também se senta. — Eu só não quero, sei lá Bo! Por que temos que expor a nossa relação? Ninguém nem desconfia!
— Eu fiquei realizada por conhecer vocês mas a pressão do meu pai com todo aquele tráfico que me obrigava a fazer, toda a viagem da ásia para a américa central com todas aquelas armas e drogas! Eu fico revivendo aquele pesadelo toda noite! — As mãos dela sobe para os cabelos escuros e segura firme, Keid segura gentilmente as mãos emaranhadas nos fios negros e as segura entre as suas. Bo o encara de volta. — Eu fiquei tão, tão, tão feliz como à muito tempo eu não ficava, no dia que nós nos casamos, Keid! Foi o dia mais feliz da minha vida e sabe o que me deixa triste? Eu e Saiuni ficamos anos sonhando com o dia que seríamos livres e nos casaríamos com a nossa alma gêmea, ela seria a minha madrinha e eu a dela… tem quase um ano e ela nem sabe que eu já me casei! — Bo olha para as mãos entrelaçadas e gira a aliança no dedo anelar do marido. — Eu sinto que estou traindo ela, Kei, você não sente isso? É a sua irmã! Você tinha me prometido que íamos contar quando chegássemos e olha, pronto! Chegamos! Não vamos esconder nossa relação nem por mais nenhum dia!
Keid suspira resignado, ele sabe que contar para a irmã sobre o casamento irá deixá-la chateada e ele não quer de forma alguma causar mais dor à Saiuni, por isso tenta evitar ao máximo. Bo solta sua mão e sai da cama indo mexer na mochila com suas coisas. Um sorriso nasce em seu rosto quando começa a se lembrar de quando assinaram os papéis, eles estavam no centro de Hidden fazendo compras para repor a casa dela, já tinham ido no mercado, açougue e agora seguiam para a farmácia. Ela estava mexendo no celular e do nada começou a sorrir…
— Está rindo do quê, amor? — Ele havia perguntado enquanto parava no farol.
— Acredita que mais um famoso se casou? Esse é o ano do casamento né? Só pode, olha. — Bo murmura e vira a tela para o namorado.
— Ah, com todo esse dinheiro até eu fazia uma festança. — Keid murmura e volta a dirigir. — Porque o que eles têm eu também tenho, uma namorada linda, inteligente, que me entende como a entendo… podia me casar com você a qualquer momento, já vivemos juntos e não mudaria nada, pois, eu te amo!
Bo o encara sorrindo de orelha a orelha, ela tira o cinto e se ajoelha no banco, arrancando Keid e beijando seu rosto.
— Como eu te amo Kei! Eu não viveria nenhum dia sem você! Você já faz parte da minha vida que ela já é sua, Queijinho. — Bo murmura e Keid para o carro na farmácia, fazendo uma careta pelo apelido que ela nunca esquece. — Eu te amo tanto! Me casaria com você agora se fosse possível! — Bo beija o namorado e então quando eles se separam, Keid murmura:
— Não seja por isso, vou realizar nosso desejo. — Ele sorri abertamente e indica o cartório estadual do outro lado da avenida.
— Ficou doido? — Ela pergunta arregalando os olhos. — Será que eles atendem sem hora marcada? Vamos lá perguntar, Queijinho.
Assim eles haviam saído do carro e se casado em um cartório pequeno, com as alianças de namoro, sem família e amigos, somente Keid, Bo e seu amor guerreiro e livre!
Bo retira da mochila uma saia jeans e veste, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo. Keid volta de suas lembranças quando ela estende a mão em sua direção.
— Vamos logo, Queijinho! — A esposa bate o pé. — Vamos contar de uma vez e assim eu posso tomar café.
Keid começa a se espreguiçar e murmura sorrindo.
— Amor… Deve tá todo mundo dormindo!
Bo abre a boca para responder quando os dois escutam…
— Mãe! — Tales grita passando pelo corredor. — Posso chamar a dinda pra comer?
— Não, Tales! E para de correr! — Saiuni grita de volta e Bo sorri, a voz de Saiun fica mais perto enquanto ela sobe as escadas. — Eles ainda devem tá dormindo, tá todo mundo cansado da viagem, filho.
— Devia ter ido comprar pão com o papai! — Tales faz birra. Bo caminha até a porta e a abre, vendo Saiuni e Tales do outro lado. — Tia!
— Pare de fazer malcriação para a sua mãe, baixinho!
— Bom dia, mana. — Saiuni sorri e passa o braço pelo da amiga.
— Bom dia, Sah, dormiu bem?
— Podem parar vocês duas! — Keid diz se aproximando e então sorri e olha para as duas. — Chega de chamego, Saiuni, Bo é a minha esposa sabe?
Saiuni olha para Tales.
— Filho, vai ver se seu pai chegou. — Ela pede com carinho. — Desce a escada devagar!
Tales se vai e então Saiuni olha para Keid e enfim para a amiga.
—Amiga do céu a noite foi agitada hein?! —Saiuni sorri. — Deixou Keid fora da caixinha e tudo!
Bo sorri sem graça, o assunto da relação com Keid não era a questão e sim ter mentido para ela, sentia vergonha naquele momento. Ela se vira e faz uma careta para o marido, seus olhos diziam que ele tinha sido cruel.
— Você disse que era pra contar logo, amor. — Keid murmura sorrindo.
— Mas não assim! — Bo devolve entredentes.
— Mamãe! — Tales grita correndo pelo apartamento. — O papai chegou!
— E trouxe sonhos. — Dinesh aparece no andar de baixo e ergue o saco com o logotipo de uma padaria. Ele olha entre os três parados no corredor, Saiuni totalmente confusa e o casal com as alianças brilhando mais que o normal, ele sorri. — Finalmente resolveram contar?
O sorriso de Keid vai se fechando e ele se vira para Dinesh.
— Então você sabe? — O loiro pergunta.
— Claro! Eu sei várias coisas de vocês, mano. — Ele gargalha e segue para a cozinha, Keid o segue, desce correndo os degraus e Saiuni fica pra trás com Bo. — Não precisam se preocupar, podem ficar o quanto precisarem! A casa é de vocês, sem pressa para irem embora. — Ele vai dizendo para Keid enquanto andam para a cozinha.
— Então é verdade? — Saiuni questiona. — Poxa, Bo… Eu sabia que você ia se casar primeiro mas caramba! Pensei que ao menos ia estar presente.
— Sah! Me desculpa? Por ter omitido de você e… — A morena encara a amiga com olhos molhados.
Saiuni abre os braços e aperta Bo, que corresponde, apertando de volta.
— Tudo bem, vamos só esquecer o passado mana. — Saiuni sussurra. — O que importa é que vocês sejam felizes! No momento em que chegamos nessa cidade, lembra?
— Prometemos ser felizes e esquecer todo o mal pra trás.
— Exatamente! — Saiuni sorri. — Quero detalhes! Só trabalho com fotos e fatos!
— Eu tô com fome! — Tales fala para todos ouvirem.
As duas se separam e sorriem.
— Vamos alimentar o monstrinho que você chama de filho. — Bo diz rindo e pegando Tales no colo quando passa pela sala.
Naquela manhã eles tomaram o primeiro café da manhã juntos e sem pressão ou medo do que podia acontecer na hora seguinte. Saiuni olhava cada um em torno da mesa e sorria abertamente, sentia que todos ali estavam enfim felizes, finalmente ela podia respirar em paz.
🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Boa noite!
Resolvi postar este capítulo hoje também, estou dando fim aos ciclos de cada um.
O que acharam? Bo e Keid?
Boom, agora assim, até amanhã!
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