Mergulhando em Felicidade
Epílogo
Após três anos...
Saiuni
— Calma aí! — Grito tentando levantar, não adianta, não consigo. Passo a mão direita na minha barriga de oito meses e suspiro, a mão esquerda apoia meu corpo. Levanto a mão de novo e chamo os dois, Tales e Dinesh voltam por onde tinham corrido e desviam dos guarda-sol. Tales chega primeiro, em seus sete anos ele deu uma boa esticada, principalmente depois que seu pé está muito melhor. Ele larga a prancha na areia e suspira. — Precisa passar protetor solar, ainda se lembra das queimaduras do ano passado né?
— Mas ia ser tão rápido mãe! — Tales ainda tenta. Dinesh coloca a prancha presa na areia e se joga ao meu lado, ele me olha com o olhos miudos de quem se diz, 'eu te avisei'. Antes de correrem para o mar como dois peixes separados do lar, meu marido tinha falado para sentar na espreguiçadeira já que com a barriga a movimentação está difícil.
— Nem começa. — Murmuro o encarando, tenho certeza que ele me viu tentando levantar. Pego o frasco de protetor na bolsa. — Vem filho.
Tales senta de costa pra mim e começa a desenhar na areia enquanto espalho o produto em suas costas.
— Eu já tinha dito desde o começo que não era uma boa idéia vir pra praia. — Dinesh argumenta e passa a mão em minha barriga, nossa filha se remexe e ele sorri, está amando. — Você já está de oito meses, Sah.
— Por isso mesmo, amor, quando eu estiver de nove ou quando a bebê tiver chegado, vai ser ainda mais difícil. — Tales se vira e começo a passar em seu rosto. — Além disso, vocês dois são dois peixes separados do lar que não vivem sem o mar.
— Que exagero, a gente podia ter ficado sem vir este final de semana, não é filho? — Dinesh joga e Tales ainda de olhos fechados murmura.
— Não!
Solta uma risada e beijo os cabelos de meu filho, ele se levanta e pega sua garrafa de água. Vejo seu desenho na areia, está escrito Talia e um coração ao redor. Qualquer um que visse podia apostar que Tales está gostando de alguma garota, mas não, ele quer que a irmã se chame Talia. Dinesh também vê o desenho e sorri, Tales sabe ser persistente.
Me distraio em um breve momento e então Dinesh me pega e coloca sentada na espreguiçadeira, suspiro resignada, já devia ter imaginado. Termino de passar protetor em meu marido e então os dois pegam suas pranchas e correm mar adentro, sorrio, podia mesmo ter ficado em casa assistindo algum filme ou terminando alguma série mas eu prefiro mil vez ficar aqui sentada com o vento batendo contra o meu corpo e observando a felicidade que é emanada dos dois quando estão no mar juntos.
Puxo o cooler e pego uma garrafa de água, essa foi a exigência do médico, posso até vir para a praia com os dois, contanto que eu, venha depois ou antes do sol do meio dia, beba muita água, passe muito protetor, fique na sombra e coma com sabedoria. Dinesh parece paranóico sempre e todas as vezes que eu esqueço qualquer um dos tratos, mas todo mundo leva tudo ao pé da letra e quem aguenta? Agora eu sei como Bo se sentia quando ficávamos no seu pé quando estava esperando a pequena Gillian.
Um casal vestidos de branco passam correndo por meu guarda-sol. Isso me faz lembrar de quando eu e Dinesh nos casamos, foi uma cerimônia bem básica no cartório, com uma festona no prédio de Keid. Eu convidei todos os meus primos, Rael, Alissa e Lara em segredo e foi a melhor festa que já pude ir, Dinesh convidou dois grandes amigos dele, Samuel foi o que conduziu o helicóptero e Oliver um confeiteiro que nos deu o bolo de mousse de chocolate, me lembro até hoje do gosto maravilhoso. A festa foi fantástica, dancei e comi tudo que eu podia, foi uma festa de libertação, eu me sentia finalmente livre, deixei meu passado pra trás naquele dia, me esbaldei em docinhos no dia seguinte com Tales. Meus primos ficaram conosco por uma semana, eles deram tanto apoio e conforto para eu e Keid, que pudemos enfim falar que tínhamos uma família.
Dinesh e eu saímos para uma lua de mel em Sydney, partimos depois da ida de meus primos e ficamos uma semana. Foi a melhor viagem e eu nunca vou esquecer dos nossos fantásticos dias juntos.
Jack foi fisgado por Tales, os dois têm uma relação de redenção, é como se meu sogro quisesse reparar todos os males que fez com o neto e o filho e ele tenta até hoje recuperar a atenção de Dinesh mas ele é mais teimoso do que demonstra. E Tales tenta repor os avôs que ele perdeu, e depois de um tempo eu tive que aceitar que ele sofria com a perda como toda criança. No começo Dinesh não deixava o filho ficar sozinho com Jack nem implorando e continua sendo assim até hoje, ele não confia em deixar Tales sozinho com o pai e não há quem o convença. No fundo eu agradeço pois nunca aguentaria perder meu filho.
Keid e Bo estão viajando, foram para a Disney com Gillian, estavam programando essa viagem há um ano. Bo disse que quer estar de volta para quando minha filha nascer e logo mais eles estão de volta. Keid e Gillian são um completo grude, ele a ama tanto que é possível ver em cada movimento, sorriso e olhares que ele dedica a filha. Gillian é um amor de menina, minha afilhada tem três anos da mais pura simpátia e sorrisos.
Há alguns anos, foi divulgado no jornal local de Hidden, que o corpo de meus pais foram cremados e deram fim à investigação, todas as vítimas que eles fizeram, toda dor e sofrimento que causaram foi queimado e arquivado junto com eles. A casa que prendia eu e meu irmão, hoje já não existe mais, o terreno foi leiloado e pelas minhas pesquisas o novo dono fez uma pousada.
A movimentação ao meu redor me trás ao presente, os banhistas começam a juntar suas coisas e irem embora quando gotas de chuva atingem seus guarda-sol, ninguém quer pagar pra ver e lidar com a natureza e seus truques. Apoio a mão no acento e com um pouco de esforço consigo ficar de pé, arrumo o óculos de sol no rosto e firmo os pés na areia fofa, olho em direção ao mar e vejo os dois pulando as ondas de volta para a areia. Um tempinho depois, Tales chega pingando até eu, seus braços se fecham em meu braço e ele sorri.
— Mãe! Eu fiquei em pé na prancha! — Meu filho conta e passa a mão por minha barriga, minha filha se mexe, parece estar empolgada tanto quanto o irmão e sua conquista. — Não é demais? É muito legal!
— Imagino que seja mesmo, filho. Fico feliz que você conseguiu. — Dinesh chega até nós, beija meu rosto e pega uma garrafa no cooler. —Vamos embora? Estamos com fome!
— Vamos, sim! — Dinesh concorda e sorri, ele ama toda vez que digo estar com fome. Tales começa a ajudar o pai a guardar as coisas na mochila e então logo estamos andando pela areia em direção ao carro. — Querem comer o que? Tem um restaurante que abriu aqui na orla.
— Não quero comer peixe hoje, não! — Tales exclama ao meu lado e concordo com ele.
— Nem nós aqui. — Digo por mim e a bebê, colocamos nossas coisas no porta malas e Dinesh prende a prancha no teto.
— Não vende só peixe no Maré Alta. — Meu marido explica, olho para Tales e caímos na gargalhada.
— Olha esse nome! — Tales diz entre risos enquanto coloca o cinto. — Maré Alta!
Dinesh me ajuda a entrar no carro enquanto ainda estamos rindo, ele se junta a nós e liga o carro.
— Tá bom então, críticos exigentes. — Dinesh murmura rindo. — Querem comer o quê? Já têm um lugar em mente?
— Lagoa da Batata ! — Tales e eu exclamamos e erguemos os braços como apoio. Tínhamos combinado isso ontem, na hora de dormir, tem um restaurante que vende batata de todo tipo, batata frita, cozida, assada, ensopado de batata, batata com queijo, purê de batata, doce de batata doce e muito mais.
Dinesh começa a rir, olho para Tales e rimos também, nada melhor que depois de uma ida a praia, comer batata de montão.
— E depois falam do nome do restaurante que eu escolho! — Dinesh murmura e então segue o endereço que coloquei. — Tal mãe, tal filho! Fico imaginando como nossa menininha vai ser!
— Uma amante de batata como eu e Tales! Não é filho? — Digo me virando para Tales, a bebê se mexe e tenho certeza que ela concorda com a gente.
E é assim, naquela tarde de sábado entre risos e gargalhadas, nós comemos batata e de noite assistimos um filme. No mês seguinte minha filha chegou ao mundo, Talia chegou forte, com saúde e trazendo paz para a nossa família. Demos fim a um ciclo. Quando um dia eu chorei de raiva e decepção na minha prisão particular, nunca imaginei que conseguiria dar fim aquela vida e que conheceria o amor da minha vida. Meu irmão e eu conseguimos a liberdade que sempre desejamos, temos uma família e com ela nós colecionamos amor e felicidade!
FIM!!!
🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Boa Noite!
Sejam bem vindos ao futuro de de Saiuni e Dinesh. Tales e Talia.
Boom esse foi o epílogo da história em que Saiuni e Keid tanto lutaram por liberdade e no fim conseguiram!
O que acharam?
Me contém!
Muitos e muitos beijos!
Obrigada!
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