Liberdade e Paz

Saiuni passa as mãos na calça, tentando se livrar do pó e suor, mas com a maior intenção de provar a si mesma que a falta de empatia com aquela morte não a deixava menos humana, afinal de contas, Elton colheu o que plantou, fazia tudo o que queria e desejava com a desculpa que estava eliminando o mau do mundo, agora ele estava definitivamente, eliminado! Com fogo ele mexeu, com fogo ele se queimou e não voltou mais!

Seus pés seguiam tranquilos e com leveza para o carro, iria tirar seu filho do carro pois se sentia mais leve, não sentia culpa nem remorso, sentia se flutuar pelo asfalto e quando abriu o porta-malas e viu Tales encolhido e jogando looney tunes, alegria e felicidade era tudo que ela sentia no momento.

Keid observava a chama aumentar e transformar o carro em um monte preto, o carro carbonizado era o túmulo e ao mesmo tempo (vaso) que guardava as cinzas de seu pai. Internamente o loiro se sentia vingado! Elton tinha matado sua mãe e agora havia morrido queimado, bem ali na sua frente, no meio do mato, sozinho com sua maldade, de nada tinha adiantado ter uma fortuna e voz, morreu podre como sua alma e Keid tinha certeza que Elton iria encontrar todos que ele tinha tirado a vida e torcia pra que ele levasse uma surra sem piedade, pois naquele momento tudo o que ele sentia era liberdade e paz. 

— Acabou amor! — Bo exclama abraçando a  cintura de Keid e sorrindo para o loiro que acena feliz. — Vamos que agora eu vou dirigir! 

Os dois seguem para o carro onde Saiuni, Tales e Dinesh já se encontram, abraçados. 

— Vamos cambada! — Bo chama soltando Keid e entrando no carro. — Eu dirijo! — Ela murmura e encara com estranheza Jackie sentado no passageiro. 

Saiuni senta-se no meio, Keid atrás de Bo e Dinesh com Tales no colo. Bo liga o carro, acelera e então exclama sorrindo. 

— Austrália nos espera e a felicidade também! 

22 horas depois… 

"Boa noite, senhoras e senhores, afivelem seus cintos e desliguem aparelhos eletrônicos! Em alguns instantes iremos pousar no aeroporto ASP, em Austrália, Darwin! Agradecemos a preferência por voarem com EMASAS. Sejam bem vindos!"

Dinesh fecha o livro que tem em mãos e guarda em sua mochila, seus olhos se fecham e ele suspira enquanto se espreguiça. Quando volta a sua posição, o moreno olha para as duas poltronas ocupadas ao seu lado, e sorrie. Tales estava entre ele e Saiuni, dormindo, com a cabeça apoiada no estofado de sua poltrona e de mão dada com a mãe, que também dormia. Dinesh se estica, puxa o cinto de Saiuni e prende em volta de sua cintura, fazendo o mesmo com Tales. 

O avião começa a pousar quando ele vira a cabeça para o corredor a procura de seu cunhado, cunhada e pai. Todos bem acordados. Jackie com uma expressão de alívio, que Dinesh sabia ser por enfim estar em casa e não por terem conseguido fugir, de uma coisa que Dinesh sabia sobre seu pai é que ele sempre, em todas as ocasiões, conseguia escapar e tanto faz quem ficasse para trás, a pessoa que se virasse! Ele tinha aprendido isso da pior forma… vivendo e vendo ele fazer isso consigo! 

A aeronave pousa com tranquilidade e então uma das aeromoças, passa pelos passageiros explicando os procedimentos que todos já sabiam muito bem. Ele escolhe aquele momento para decidir acordar Saiuni e seu filho. Dinesh se sentia nas nuvens, sua alegria era contagiante, desde que tinha saído de casa com o destino em Hidden, ele sabia que iria voltar com seu filho e agora estava realizando, tinha seu filho de volta e ele vinha com um brinde maravilhoso. Ter Saiuni em sua vida era realmente especial, sentia em seu coração que se casar com ela e formar uma família, uma família e união que nenhum dos dois nunca tiveram, seria um sonho que os dois almejavam e ele podia ver isso pela forma, carinho e atenção que a loira parava tudo que estava fazendo para olhar e ouvir o que Tales fazia, a maneira como ela levava em conta a opinião do filho o deixava mais encantado. 

— Chegamos? — Saiuni pergunta com a voz rouca de sono e se espreguiçando em seguida. 

— Sim! — Tales é quem responde com empolgação, pulando sentado na poltrona e sendo impedido pelo cinto, seus olhos seguem até a trava e então rapidamente os pequenos dedos destravam o cinto e ele salta para fora do assento. — Pronto! Vamos logo! 

— Se acalme, Tales. — Saiuni pede depois de soltar seu cinto então para pra pega sua mochila e a de Tales. — Não é assim, bagunçado que funciona as coisas. 

Tales pisca confuso, sem entender o que sua mãe quis dizer com bagunça, nem tinha deixado seus brinquedos espalhados. 

— Vou te explicar, não vai sair deste avião como uma criança sem família! Quero que dê a mão ao seu pai e não solte por nada. — Saiuni explica enquanto tenta alinhar os fios escuros do filho, quando ela termina de falar, grandes olhos azuis a encaram.

— É porque se não eu vou me perder? — Ele questiona e Saiuni acena observando os outros passageiros começarem a desembarcar. Jackie, Bo e Keid passam por eles, acenam e sorriem e descem do avião. — Se eu for bonzinho e me comportar, vou ver meu pato de novo? 

Saiuni olha para o filho e sente tristeza, não tiveram como se despedir direito de seus animais e Tales nunca mais os veriam. 

— Sinto muito meu amor, mas eles ficaram em casa com os nossos vizinhos, lembra deles? Os de cabelo vermelho do outro lado da ilha. — Saiuni morde o canto da boca por evitar contar a verdade para seu filho, contar para ele que o próprio avô tinha matado os cachorros e bem provavelmente o pato também, não era uma escolha.

— Mas, — Dinesh começa a falar e então a tristeza e lágrimas que Tales segura, vira se pra ele. — assim que a gente estiver bem acomodado na nova casa, vamos ir em um lugar bem legal que eu conheço e você vai poder adotar seus novos filhos, tudo bem? 

— Sério? — Ele pergunta e seca os olhos molhados de lágrimas, Dinesh acena sorrindo para o filho. — Promete? 

— Prometo se você prometer que vai cuidar deles. — O homem se levanta e segura a mão do filho, Saiuni se ergue e começa a seguir os dois que ainda conversam. — Só que vamos precisar decidir se vai ser um pato mesmo, não vai caber um pato lá em casa.

— Um coelho então? — Tales pergunta saltitando. 

— Coelho só se a sua mãe deixar. — Dinesh explica e Tales olha para Saiuni ao seu lado, a loira nega imediatamente.

— Tartaruga então!? — Ele volta a questionar insistente como Saiuni conhece.

— Pode ser a de aquário? — Saiuni pergunta e então a criança sorri. — Cachorro você não vai querer?

— Vou sim!

— Por que eu acho que você vai querer muita coisa? — Dinesh sussurra e sorri para Saiuni que retribui. 

Em seguida, os seis se reunem e como não possuem bagagens, seguem para o exterior do aeoroporto. 

— Temos que pedir um táxi? Quanto é a passagem dos ônibus por aqui? — Bo questiona colocando seu óculos de sol. 

— Estou indo, vejo você na sua casa amanhã. — Jackie resmunga arrumando seu terno, acena e começa a se distanciar. 

Os cinco observam o homem se afastar, em silêncio ele chegou, ficou e se foi.

— Nossa! — Bo reclama revirando os olhos mesmo que ninguém possa ver. — Tales tem um azar com os avôs dele, que eu vou te contar! 

Keid solta uma pequena risada e então os dois olham para Dinesh que revira a mochila, enfim achando o que procurava, um molho de chaves.
 
 — São as chaves das minhas coisas. — Ele explica e começa a desenroscar uma da outra. — Carro, casas, armário, essas coisas. Coloquei tudo junto pra não perder. 

— Mas e se você tivesse perdido esse bolinho todo aí? Não seria pior? — Keid pergunta achando a ideia péssima. Dinesh olha para o cunhado e revira os olhos. 

— Eu perdi? Não né?! Então pronto, aqui está a que precisamos agora. — Ele solta a chave de um carro e balança. — Vamos! 

— Pra onde? — Tales pergunta balançando a mão que segura a do pai. 

— Vamos pegar o meu carro, ele está parado no estacionamento. 

— Está esse tempo todo parado lá? — Keid pergunta surpreso e Dinesh acena ao lado do cunhado, deixando Saiuni e Bo logo atrás deles. — Não tem uma data limite? E por que você não pegou um taxi ou um uber até aqui? 

— Ter tem, mas eu ainda estou dentro do prazo. Falta mais ou menos uns três meses, antes que apreendam meu carro. — Dinesh os guia até um túnel de pedestre e logo eles chegam ao estacionamento e enfim ao carro *** preto de Dinesh. — É muito melhor e mais confortável chegar em casa com seu carro! E sem contar que pegar um taxi por aqui é complicado. 

Assim que o moreno destrava o carro, pega o filho e coloca na cadeirinha que havia comprado antes de viajar, quando Dinesh fecha a trava de segurança e vê Tales perfeitamente confortável no assento, seu sorriso emocionado ilumina seu rosto. Dinesh tinha imaginado tantas e tantas vezes o dia em que veria seu filho acomodado novamente naquele carro, que vendo a criança ali naquele momento era um sonho realizado e ele nem podia acreditar! Sua mãe ficaria orgulhosa! 

Saiuni observa aquele momento de pai e filho com atenção e carinho, seus olhos se enchem de lágrimas e ela sorri quando vê a paz e felicidade emanando de seu namorado. Era tudo o que ela almejava, paz, felicidade e liberdade em suas vidas, e, Saiuni nem precisava se esforçar para descobrir que naquele lugar, em seu mais novo lar, ela conseguiria tudo que desejava! 

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Boa noite!

Feliz Natal! 🎉
Gente, desejo tudo de bom à vocês. 🤗

É o fim para Elton Hensley!

Enfim na Austrália! Depois de tudo que passaram, nossos guerreiros chegaram em um novo lugar.

Me digam aí o que acharam! Amanhã eu volto com mais um capítulo e irei postar assim até o final.

Beijocas!

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