Encargo e Incumbência
Já era de madrugada quando o casal de irmãos retornaram para casa. Keid e Saiuni estacionam a moto lado a lado na garagem, e depois seguem para a porta de trás, localizada na cozinha.
Saiuni é a primeira a entrar, já que Elton, o pai, trancou a porta e ela já tem experiências em abrir portas trancadas.
— Faça silêncio, não vai querer acordar o chato. — Keid sussurra atrás de Saiuni.
— Você é que deve ficar quieto e tomar cuidado, — Saiuni sussurra adentrando a cozinha da própria casa, usando as técnicas de quando foi treinada pelos pais. — Toma cuidado, aí do lado tem uma...
Uma frigideira colocada estrategicamente em cima do fogão, cai no chão fazendo uma tremenda algazarra, não dando tempo de Saiuni terminar sua frase. Os cachorros da casa começam a latir e mesmo da cozinha, já dava para se ouvir a movimentação na parte de cima da residência.
— Uma frigideira! — Saiuni rosna ainda baixo pra ele e levanta a mão e dá um peteleco no irmão. — Keid!
— Foi mal, eu tropecei nesse lixo de tapete. — Resmunga, Keid nunca conseguiu ser tão sorrateiro como a irmã, mas isso não significa que não seja bom em outras coisas.
— Meu tapete não é um lixo! — Chantal aparece na porta da cozinha e resmunga olhando severamente para os filhos. — Vocês dois estão encrencados, seu pai está...
— Acordado! — Elton aparece ao lado da esposa de repente, como sempre faz, surpreendendo à todos. — Muito bem acordado, por sinal.
— Pronto, agora ferrou! — Keid sussurra só para a irmã ouvir.
— É hoje! Este dia não acaba nunca! — Saiuni sussurra de volta, com uma expressão cansada e então os irmãos seguem em direção aos pais, parando na frente dos dois.
— Por que estão chegando a essa hora? — Elton é o primeiro a falar e questiona depois de alguns segundos.
— Porque, senhor Hensley, se você não sabe, somos maiores de idade. — Keid exclama entredentes e pontualmente. — Portanto somos livres para fazer o que bem entendemos.
— Morando na minha casa, fazendo o que eu mando e matando quem eu mando significa que não são tão livres assim!
— Ora me poupe, que essa casa é mais da mamãe e nossa que sua! E você não faz nada além de esperar, porque sem nós e principalmente eu, você não mandaria em nada! — Saiuni fala aumentando o tom de voz e irritando Elton.
— Olha como você fala comigo, sua garotinha mimada! — Elton grita já histérico e levanta a mão para acertar a filha, porém Keid entra na frente e Chantal segura o braço do marido enquanto o encara.
— Não bata em nenhum deles, Elton! — Exclama séria com um severo tom já tão conhecido. — Você não vai querer brigar comigo, vai?
Elton abaixa a mão e então Saiuni resmunga sendo segurada pelo irmão atrás dele.
— Se eu fosse mimada, era só me jogar no chão aos prantos fazendo birra, que não precisaria mais fazer essas atrocidades!
— Fique quieta, Saiuni! — Keid murmura segurando seus braços.
Elton dá um passo a frente como se querendo seguir em frente com seu plano inicial, mas então olha para a esposa que o encara de braços cruzados, e por fim ele respira fundo e começa a falar sombriamente.
— Já que a minha querida filha não fez o seu trabalho, eu encarecidamente decidi, que iremos atacar hoje a noite, em um jantar beneficente, que acontecerá no centro da cidade.— Elton exclama e abre um sorriso maníaco. — Só que dessa vez, todos tem uma vítima.
— O que? — Keid chocado solta os braços da irmã.
— Tá ficando louco, Elton? — Chantal pergunta, puxando o tecido da camiseta de seu marido.
— Só agora que você percebeu, mãe? — Saiuni para ao lado do irmão e praticamente grita. — Ele não está ficando louco, ele já é um louco psicopata!
Naquele momento, Saiuni já estava completamente fora de si, justamente por ela ser a única dentro daquela cozinha, que ainda não tirou a vida de ninguém.
— Você me respeite! — Elton grita também.
— Eu não vou matar ninguém, pai! — Saiuni grita de volta e logo está sendo segurada pelo irmão novamente. A garota chuta e berra, mas consegue se soltar dos braços fortes do irmão.
— É a sua obrigação! O seu dever! — Elton fala já um pouco mais controlado.
— Eu não te devo nada, seu velho doente. — Saiuni grita. — Eu vou embora e você nunca mais vai me ver!
— Saiuni chega! Você só está piorando as coisas! — Chantal exclama chegando perto dos filhos.
— Pare de me morder, Saiuni! — Keid exclama e chacoalha o braço.
— Me largue então!
— Só se você prometer se controlar.
— Tudo bem, não vou fazer nada, agora me solte, por favor.
Depois de solta, agora livre, Saiuni encara o pai com os olhos cheios de lágrimas e murmura com a voz embargada:
— Se você me obrigar a matar alguém, nunca mais vou te perdoar! — Uma lágrima desce por sua bochecha, corada pelo esforço. — Não vou te tratar como um pai, porquê você não será meu pai.
Dito isso a loira, passa pelo pai ainda impassível, e sobe as escadas correndo e em seguida bate a porta de seu quarto.
— Mais alguma objeção? — Elton pergunta encarando o filho.
— Não acredito que vá fazer isso com a sua filha! — Keid balança a cabeça inconformado. — Já não basta eu? Você ainda quer perder mais um filho? A sua filha! Sua caçula!
— O que eu faço ou deixo de fazer, não é da sua conta, Keid! — Grita mais uma vez, Elton.
— Vamos ver então, o jogo pode virar Elton Hensley! — Keid murmura e segue o mesmo caminho que a irmã.
— Você não precisa fazer isso com ela, e você sabe! — Chantal murmura pegando a frigideira e arrumando o tapete para depois trancar novamente a porta.
— Eu fiz com o Keid, e não vai ser diferente com a Saiuni, Chantal!
— É a sua filha!
— E ele também é meu filho, porém eu não voltei atrás com o que eu disse anos atrás. — O homem fala tranquilamente. — E não vai ser agora que vou mudar de ideia!
— Eles nunca vão aceitar isso. — Chantal fala lembrando a vaga conversa que teve com o filho mais cedo.
— O que há com você, Chantal? — Elton pergunta segurando a esposa pela cintura. — Está perdendo o pique? Cadê a destruídora que se casou comigo?
— Ela teve filhos! — Chantal murmura se afastando dos braços do marido.
— Vai ser assim agora? Todos contra mim? — Elton ergue as mãos começando a se irritar novamente. — Desistam, eu nunca volto atrás em uma decisão!
— Só que você tem de perceber, que não está mais na guerra, Elton! — Chantal exclama quase fora da cozinha. — Não é mais o gerenal de exército!
Dito isto, Chantal começa a subir as escadas, porém volta e dita sua sentença.
— Pode dormir no sofá como antigamente também.
🤜💣💣💣🤛
Oiie amores, tudo bom?
Espero que sim.🤗
Bem, esse foi mais um capítulo dos Hensley, e espero que tenham gostado.😉
E por favor, eu fico meio desencorajada e vocês poderiam ajudar deixando seu voto. 😥
Até o próximo, beijocas 💋💣
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