Conversa com o Prisioneiro
— Isso tudo é suor? — Keid zomba quando a irmã atravessa o portão com Tales ao seu lado.
Saiuni o ignora e continua seu caminho até a mansão. Keid e Tales se entreolham e começam a rir quando a loira joga o cabelo molhado pra trás e adentra a sala.
— E aí? Porque sua mãe está toda molhada? — Keid pergunta ao sobrinho que senta em seu balanço pendurado num galho de árvore, enquanto ele continua varrendo as folhas secas.
— Mamãe pulou no lado do Dente, pra fugir do matato! — O garotinho conta balançando as perninhas para se balançar mais rápido.
Keid para de varrer quando escuta o sobrinho falando macaco e começa a rir imaginando a irmã saltando dentro do lago cheio de mato e bicho.
— Parem de rir! — Keid para de gargalhar e olha para a janela do quarto da irmã, Saiuni está com a cabeça enrolada em uma toalha e olha mortalmente para seu irmão. — Se eu descer aí, não serei a única a ficar molhada! Vou fazer você tomar a água das carpas, seu palerma! — A loira berra.
— Uhh! Ficou estressadinha a pobre garota assustada! — Keid zomba mais uma vez. — Quem diria que um macaquinho iria lhe botar pra correr, não é Saiuni?!
— Keid! — Uma terceira voz vibra pelo jardim e os dois se calam. — Pare de enrolar e termine logo de varrer esse quintal! — Saiuni faz uma cara de contentamento e preste a começar a rir da cara do irmão, a voz volta a se pronunciar. — Saiuni! Pare de gritar como uma louca e vá logo tomar banho, não esqueça que você vai secar o chão que você molhou! — Tales começa a rir ainda em seu balanço até que a voz de Chantal fica mais clara, quando ela sai pela porta da sala e encara o neto. — Tales! Venha aqui! — A mulher chama e o garoto desce de seu balanço e caminha até sua avó. — Fiz salada de frutas para você, querido!
Os dois irmãos balançam a cabeça inconformados e voltam para seus afazeres.
Mais tarde, o crepúsculo tomava conta de todo território, todos já estavam dormindo quando Saiuni se levantou e a passos fracos, como uma fantasma, ela caminhou até a escada e desceu os degraus indo até a biblioteca, assim que adentrou o cômodo virou a chave na fechadura e quando viu que estava trancada seguiu até o tapete grosso bem centralizado no cômodo e o puxou, dando visão a uma portinha, a única entrada para o porão, um lugar escuro e abafado que seu pai havia transformado numa cela, o porão onde seu pai e irmão tinham jogado Dinesh, o homem estranho, misterioso e que tinha roubado seu interesse e curiosidade de uma forma surpreendente!
Assim que a loira tocou os pés descalços no chão de concreto frio e sujo, seu estômago revirou. O cheiro de comida azeda, mofo e bicho morto quase conseguiram lhe expulsar, mas, a curiosidade para com aquele homem só a incheu de mais coragem. Saiuni deixou a portinha de madeira aberta, para que o ar pudesse circular e então caminhou para o homem acorrentado e jogado no canto esquerdo do local.
— Oi? — Saiuni sussurrou à uns dez passos de distância. Com um pouco de dificuldade, Dinesh ergueu a cabeça e a encarou, dando lhe a visão de um olho roxo e sangue escorrendo de sua testa e narinas. — Ai caralho! — Murmurou correndo em sua direção, se ajoelhou na frente do homem e segurou sua cabeça com cuidado. — Como meu pai já teve tempo de te torturar?
— Acho que se for para proteger vocês, ele com certeza arranjaria um tempo. — Dinesh murmura devagar e com dificuldade, seu maxilar doía só de lembrar o chute que levou naquela mesma região.
Saiuni gargalhou com o que tinha ouvido, sua mão direita solta o rosto do homem para secar as lágrimas de risos que lhe escorriam. Dinesh só soube a encarar, queria entender o motivo do riso mas não queria parar de ver aquela cena, tão bonita e cômica. A loira enfim se calou e então se deparou com íris azuis, ela não sabia dizer que tom era aquele mas conseguia compará-lo com as cores que Tales havia lhe dito. “Cor de caneta”. Os olhos de Dinseh era de dois tons mesclado de azul, por fora claro e por dentro a tal cor de caneta.
No susto, sua primeira reação foi se afastar. Como e por que aquele homem tinha olhos com características tão familiares?
— Meu rosto está tão inchado assim? — Perguntou Dinesh balançando as correntes. Saiuni balança a cabeça, para afastar seus pensamentos antes de responder.
— Não! Quer dizer, está inchado e roxo, mas não está tão ruim! — Ela tenta concertar suas palavras, em vão. — Mas me diz, o que você está procurando por essas áreas. Essa parte da ilha é particular!
— Por que eu te contaria? Como eu sei que você não vai me torturar também? — Dinesh questiona desconfiado. — Isso pode ser apenas um truque e eu não vou cair!
— Que truque seu idiota?! — Saiuni reclama começando a se estressar. — Se fosse pra fazer truques, seria durante o dia e não na calada da noite quando eu poderia estar dormindo! — A loira explica já nervosa. — Só quero tirar essas dúvidas que me incomodam. Por que raios você veio até aqui, dizendo me conhecer? E ainda coloca aquele aparelho na casa da minha amiga! Me diz! Mas me conta logo o que você quer de verdade e assim podemos negociar.
Dinesh encara brevemente a loira á sua frente; em alguns momentos cruciais de toda a sua vida ele lembra quando era pequeno e o questionavam, qual poder ele gostaria de ter e a resposta era sempre a mesma, "Conseguir ler as mentes"! E naquele momento, diante de olhos tão curiosos ele queria poder ler mentes para captar a verdadeira intenção daquela mulher.
— Eu sou fotógrafo. — O moreno murmura no fim, em seus segundos de raciocínios ele pensou que mentir não era uma boa opção.
— Fotógrafo? Daqueles profissionais? — Saiuni o questiona desconfiada, afinal o que um fotógrafo iria fazer por ali? E ainda atrás dela?
— Sim. — O homem concorda e logo se explica. — Trabalho com paisagens, seja da natureza ou até mesmo da cidade. Capturo os melhores ângulos de diversas riquezas, e ou, até mesmo de pessoas. Mas recentemente, decidi mudar um pouco…
— Mudar? Como assim? — Saiuni o interrompe.
— Comecei a fotografar bebês, crianças para ser mais exato e…
— Não estou gostando do rumo que está indo essa conversa. — Saiuni volta a interromper. — Existe algum motivo específico para você querer fotografar crianças?
Dinesh dá uma breve olhada na loira para em seguida desviar o olhar. Saiuni semicerra os olhos; a estranheza daquele homem não acabava nunca e ela percebeu que aquele assunto não o deixava confortável. Não era isso que ela queria, desconforto da parte dele não lhe daria respostas.
— Beleza, se você não se sente confortável para me contar isso, tudo bem. Mas precisa me dizer porquê você deixou aquele negócio na casa da Bo. — Saiuni determina por fim, Dinesh suspira.
— Naquele dia em que você foi me ver no hotel…
— Epa, epa! Quem te garante que fui lá ver você? — Saiuni resmunga jogando o cabelo pra trás em um movimento rápido.
— Vai me dizer que você não ficou hipnotizada pela minha beleza na sorveteria? — O moreno brinca e Saiuni fecha a cara, internamente ela sabia que sua atenção tinha sido em parte captada pela beleza, mas seu racional, sua parte desconfiada de família tinha achado estranho aquele encontro. — Okay, continuando, depois que você foi embora um homem me encurralou e disse que precisava achar um jeito de me aproximar de você, para conseguir chegar ao seu alvo!
— E quem seria o alvo?
— Seu pai! — Dinesh solta de uma vez. — Elton Hensley!
— Meu pai? — Saiuni se assusta. — Você sabe o motivo pelo qual esse sujeito está atrás de Elton? — Saiuni questiona, testando o quanto Dinesh sabe.
— Não sei, mas ele me deu aquele dispositivo que serviria para gravar qualquer conversa, durante cinco dias.
— Um gravador? Tem certeza? — A loira questiona e o moreno confirma. — O estranho é que o aparelho que encontrei não era um gravador! E nunca gravaria meu pai naquela casa, ele não mora lá!
Dinesh desvia o olhar pensativo e o movimento não passa despercebido de Saiuni.
— Olha eu não sei! O cara só me disse que fazendo isso ele não destruiria meu trabalho e ainda conseguiria um modelo mirim, seu filho, para uma sessão de fotos.
— Óbvio que não tem a menor chance de que eu concorde com isso. — Saiuni exclama séria. — Meu filho não é nenhum objeto!
— Qual seria o problema? — Dinesh sussurra rouco olhando para baixo, evitando os olhos da mulher. — O seu filho, não pode tirar fotos? Ele é sequestrado por acaso?
Saiuni levanta assustada com o tom mortal e incriminatório usado pelo homem. Ela podia sentir a raiva exposta em suas palavras mas não entendia o porquê do ataque repentino, era como se ele soubesse todos os segredos que ela tentava esquecer e ocultar, contudo nunca conseguia!
🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Oiee de novo!!
O que estão achando?
Tentarei não demorar pra postar novamente, prometo!
Beijocas💋
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