Eram SEIS vezes, uma Colecionadora que aceitou dar uma volta num carrossel psicodélico.

Enquanto volteava montando um cavalo de crina rosa, sabia que estava ali para pegar algo. Ninguém havia dito para ela coisa alguma, mas de alguma forma ela sabia.

Mais ou menos três giros depois, ela o viu: um cristal pontiagudo dos dois lados, que emitia cores dos mais variados tons...

A Colecionadora saltou do cavalo e caminhou sobre a parede até ele. Às vezes tinha a sensação de que seus pés se mexiam no ar e sua cabeça deslizava grudada à superfície.

“É ali que eu tenho que ir”, ela pensou, e quando se aproximou do cristal notou que não só o seu cabelo estava todo espetado para cima, como também seu corpo estava banhado por nuances. O próprio cristal estava preso ao que ela pensava ser um teto por um fino fio de arco-íris...

Por sorte ainda usava a capa de chuva xadrez onde guardava ferramentas variadas no bolso. Tirou de lá um canivete e cortou o fio de arco-íris que prendia o cristal. Antes ele parecia ser do mesmo tamanho que a Colecionadora. Agora, porém, cabia perfeitamente na palma de sua mão.

- Ei, você não pode levar algo daqui sem deixar outro algo em troca – disse lá de baixo o cavalo verde.

- Você não pensou que não íamos perceber, não é?! – o cavalo amarelo resmungou.

- Hm, deixe-me ver... – a menina pensou no que poderia dar em troca – Um rugido ouvi ao longe – começou a cantar – e o fogo a crepitar! Deve ser o domador, que está prestes a entrar! Da bailarina a lantejoula não para de brilhar, faz par com a menina que sanca sem cessar! – e assim seguia a música, contando sobre os números incríveis de um circo...

O som da voz dela ficou preso entre aquelas paredes e nunca mais se calou... E conforme ela cantava, as tendas de um circo apareceram bem diante dos seus olhos, e ela ouviu distante:

- Até mais ver, Colecionadora!

E, de repente, estava de pé na terra com o cristal entre os dedos.

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