3: Anael Florestan

Na TERCEIRA vez, à meia-noite, a Colecionadora vestiu sua capa de chuva xadrez, embora não estivesse chovendo, e andou até o Museu de História, onde encontrou, num banquinho, um homem encurvado e magrinho usando um sobretudo até o joelho, e óculos de armação de arame quase caindo do nariz. Seus cabelos iam em todas as direções.

- Aí está você! - ele disse - Eu te convido a sentar-se aqui comigo -, ao que a Colecionadora aceitou o seu convite - Eu sou o professor Anael Florestan - e estendeu a mão, que ela apertou.

- E eu sou a Colecionadora, como você já deve saber.

- Muito prazer, Colecionadora! Receio que você ainda não saiba, mas há mais de vinte anos eu estudo artefatos históricos improváveis encontrados na natureza. Sou o que chamamos de "Artefatólogo". Fui o primeiro professor a ver o livro, e qual não foi a minha surpresa e alegria ao fazê-lo! Eu tenho um apreço muito grande pelos artefatos mais improváveis...

- Eu entendo... - a Colecionadora disse olhando disfarçadamente para a corcunda que ele tinha.

- Assim que pus as mãos nele soube que devia entregá-lo a você. Eu não sei como, eu não sei porquê, tudo o que eu sei é que segui exatamente as instruções que ele me deu. Venha comigo.

O professor Anael se levantou e caminhou até a entrada do museu, seguido pela Colecionadora. Tirou do bolso um molho de chaves; com a primeira abriu a porta da frente, e com outra menor, a porta de um escritório. Com uma terceira chave abriu um armário embutido em toda a parede dos fundos da sala e tirou de lá um livro enorme, que colocou sobre a escrivaninha.

- Antes de você levá-lo, quero te dar uma coisa - Anael pôs uma pedrinha na palma da mão da Colecionadora, e onde a pedra tocou, um desenho surgiu: um elefante adornado, mais ou menos como os elefantes indianos. O professor mostrou a palma de sua mão com o mesmo desenho estampado.

- Quando você precisar de ajuda, bata palmas e eu vou te socorrer.

- Obrigada. A gente se vê.

A Colecionadora pegou o livro, e com ele voltou para casa. Afastou algumas pecas de brinquedos quebrados da sua mesa de trabalho e colocou-o ali.

A capa era áspera, como tronco de árvore, e o cheiro era de floresta. Possuía dobradiças que condiziam com seu tamanho na lombada, e pequenos brotinhos verdes cresciam dele. Na capa, um entalhe: uma clareira; seres que nunca vira antes dançavam sob uma luz tênue; ouvia-se o farfalhar de asas ao longe e pios de coruja enchiam o ar... A menina estendeu a mão para tocá-lo, mas antes que pudesse, o livro fez um "claque", e as raízes entrelaçadas que o mantinham fechado, começaram a se soltar...

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