Eram DOZE vezes uma espécie de praça, com ladrilhos de pedra, e uma fonte no meio.

A Colecionadora içou seu corpo pela claraboia e seguiu sem demora para a fonte, na qual um unicórnio tomava água mansamente. O fundo da fonte, ela percebeu, estava coberto por moedas de muitos tipos.

- Você pode usar a moeda que eu te dei para fazer um pedido...

- Dragão?

- Sim, sou eu.

- Mas... Como você subiu sem que eu percebesse?

- Eu nunca saí daquela sala. São dimensões diferentes. Você tem uma moeda: pode pedir o que realmente deseja ou o que vai ajudar em sua missão.

A Colecionadora pensou em sua rosa perdida e seu coração foi tomado pela vontade de recuperá-la. Ela fechou os olhos, desejou, e atirou a moeda para as águas.

- Você é muito especial, Colecionadora. Volte pela escada e pegue o que procura. Depois me encontre aqui novamente que eu vou te dar uma carona.

A Colecionadora desceu as escadas e se viu novamente na sala de ouro. O dragão dormia em seu ninho, como antes. Ela andou até lá em silêncio e puxou uma de suas escamas, que guardou junto às outras coisas, em seu bolso.

Pensou em pegar outra moeda, para desejar recuperar sua rosa, mas concluiu o pensamento da seguinte forma: “eu tenho que aceitar que nunca mais vou ver minha rosa novamente. Nem o garoto que me deu. Era o que dizia a música: nunca mais”.

Repetiu o processo de subir as escadas e lá estava o unicórnio esperando por ela. Quando a viu, dobrou os joelhos para que ela pudesse montar.

Os dois entraram por uma trilha ladeada de árvores; um cavalo tão branco quanto neve, de chifre torcido no meio da testa, e uma garota de pele queimada pelo sol e longos cabelos turquesa que deixavam um rastro voando atrás de si.

A menina molhava com lágrimas as costas do unicórnio, conforme passavam por diferentes paisagens, afinal, algumas decisões mesmo sendo certas custam mais do que podemos pagar; às vezes, a nossa única moeda.

Alguns dias depois, chegaram a uma torre de relógio.

- É aqui que eu deixo você, menininha.

- Muito obrigada por me trazer!

- Não foi nada. Você ainda vai ter alegria em seu caminho, eu garanto!

A Colecionadora abraçou o pescoço do cavalo, se virou, e caminhou para longe.

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