Monge, o Stripper - Parte 01

Sábado é o dia!

Se tem sol ainda melhor. E o dia amanheceu com o céu limpo, apesar de ser mês de julho e fazer aquele friozinho que obriga-nos usar um cachecol, uma luva e um gorro pela manhã. Para quem acorda cedo em uma cidade mais interiorana, pode ouvir sons de passarinhos, galinhas cacarejando, o cusco latindo e... pancadas na parede?

Bam, bam, bam... O som provinha do quarto do Samuel, irmão mais novo de Daniel, que tinha trazido a Bia para dormir no sítio dos pais. Apesar de morarem em uma casa de madeira, tudo ali era muito caprichado.Seu Augusto envernizara a casa das paredes ao teto. Mesmo tendo passado alguns dias, o cheiro do verniz ainda impregnava o ambiente embora estivesse mais fraco.

Daniel abriu os olhos ouvindo as batidas contra a parede de seu quarto que era ao lado do quarto de Samuel, pensou em tampar a cabeça com o travesseiro, mas então sentiu o cheiro do café espalhado pela casa, jogou a coberta de lado e levantou num salto. Sem tirar o pijama de flanela apeluciada por dentro, ele apenas calçou um chinelo de pano nem percebendo que perdeu uma das meias entre as cobertas pesadas que usara de madrugada.

Café da mãe passado no coador de pano não há quem resista, ele não resistia, isso era seu despertador aos sábados e domingos, seus dias de folga da função de instrutor de informática na rede pública municipal da cidade pequena onde morava.

— Meu Deus rapaz, lava esses olhos antes de vir tomar café. — Mãe é mãe, mesmo quando se mora na casa dos pais aos trinta anos, o tratamento não muda.

— Cadê o pai? — Daniel passou por ela esfregando os olhos indo na direção do banheiro, aproveitando para dar uma mijada antes de lavar a cara, fazendo as coisas sempre nessa ordem. Depois se senta a mesa e corta uma fatia grossa de pão.

— Na cooperativa comprando ração. Disse precisava comprar creolina porque tem umas vacas com bich....

— Aiaiai, para mulher! Agora vou tomar café.

Daniel sempre teve aquele jeito afetado de abanar as mãos quando se irritava com algo e desde criança fora muito corrigido por isso. Até que bateu o pé com toda sua personalidade e declarou-se, assumindo suas preferências. Fez até chantagem que se mataria se os pais o discriminassem. Por muitos anos, seu Augusto tivera vergonha, agora não ligava, afinal Daniel sempre foi um rapaz muito tranquilo e até então nunca levara nenhum macho para dormir em casa, optando por ter seus namoricos longe das vistas dos pais.

— Toma café e tira esse pijama logo, o Samuel trouxe a namorada dele e fica feio andar com essa coisa na frente da moça.

— Ahaha. Moça? Ai, até parece que fico de pijama o dia todo, mãe. Credo.

— Hoje à noite fica em casa, Daniel. Já saiu na semana passada, economiza teu dinheiro um pouco. Onde que você vai sempre?

— Mãe! Eu tenho minha vida, meus amigos, porque quer saber que lugar eu frequento? Por favor, já vou fazer trinta e um.

— Tá bom. Não demora no café, lava a tua loucinha, depois põe esse pijama no chão perto do tanque que já lavo, vê se tem mais roupa pelos cantos... — Dona Nita nunca muda, vai saindo de dentro de casa para cuidar dos afazeres na horta e fala até não ser mais ouvida por Daniel que fica puto com ela às vezes. Mãe e filho mais velho em geral são parecidos demais.

A rotina de um rapaz solteiro em cidade pequena é basicamente a mesma aos finais de semana: acorda, toma café, troca de roupa, ajeita a cama, fica lendo um pouco, desce e pega uma fruta, sobe e liga o computador, desce para almoçar, passa a tarde assistindo série de ficção, beliscando chocolate, pipoca, tomando uma lata de leite moça, vai a padaria compra sonho de creme, cuca de farofa e outras porcarias, volta para casa e liga para os amigos mais chegados para combinar algo que o tire da rotina.

Seus amigos são como ele, uns dão mais pinta que outros e alguns são mulheres que amam a companhia deles. Cidades pequenas de interior, mesmo que todo mundo se conheça, sempre terão seus segredinhos, seu submundo.

— Oi vadia... Como assim, não vai?

— Ai Dani desculpa, mas com esse frio não dá coragem de sair. Nem pra ver o "bombeiro" naquele lugar.

Que lugar? É, aquele lugar...

Daniel já tinha ligado para uns quatro amigos. Parecia que eles tinham combinado, porque ninguém queria sair ou estava com visita ou sem grana ou estava frio demais. É costume deixar o menos bacana da turma por último e foi justo quem ficou mais empolgado, mas estava sem carro. Nesse caso, Sandrinho sendo a última opção, teve o privilégio de ganhar uma carona na pick-up velha que o pai de Daniel lhe emprestava. Não era mal conservada, mas estava sempre suja de poeira vermelha e Daniel mais cedo estava tão certo que tinha carona garantida que nem lavou o possante do pai, uma F 1000 ano 96 "cabina" dupla, como o velho dizia.

Sem tanto tesão, Daniel se trancou no quarto e começou a provar as calças praguejando o tempo todo. As mais novas estavam apertando na cintura, mesmo que ele tivesse cuidado a semana inteira na comida, ficou vários dias tomando shake no almoço e compensado a fome na janta, teimando em não entender que estava fazendo tudo errado.

Só de cueca na frente do espelho ele se detestou mais uma vez. Desde criança sempre fora o gordinho de óculos, não exatamente obeso, mas sempre no sobrepeso, coxas grossas, bunda grande, barriga, "pneuzinhos", rosto redondo e queixo duplo. Com o tempo aprendeu a não se importar muito, pois sempre houvera quem curtisse ele para uns amassos. Só que Daniel estava solteiro com quase trinta e um e ninguém nasceu para ficar sozinho, por isso às vezes queria ser diferente. Nem na altura tivera algum privilégio, nem o pau grandão, nem olhos claros.

Sentindo-se desanimado, caiu de cara na cama de madeira que cedeu quebrando com seu peso.

— Daniel! Que foi isso? — Dona Nita devia ser biônica, que mulher rápida! Já estava gritando do lado de fora do quarto do filho.

— Nada, mulher... Pede a chave do carro pro pai.

— Que?

— A chave do carro, mãe. A chave.

— Que chave?

Desistindo de chorar, Daniel se enfiou dentro de um moletom grosso e saiu a caça do pai.

*

— Nossa, você pisou em alguma coisa? — Daniel perguntou sério para o Sandrinho. — Que fedor é esse?

— Como que eu vou pisar em alguma coisa se nem tenho cachorro. Isso é cheiro de estrume, sua família tem vaca, então não fui eu quem pisou.

— Ah, cala a boca. Eu não pisei em nada também, deve ter sido o pai. Nem lavei essa bosta de carro... — Daniel ficou vermelho, mas não tinha como ser notado à noite. — Ai criatura, será que aquele monge vai estar lá hoje?

— Sempre tem um monge.

— Eu sei. Mas contrataram um lindo, não o loiro, o moreno mais peludo que tem o saco maior, sabe? Fica um pacotão na cueca.

— Nem reparei nesse.

— Acho bom mesmo. Aquele é meu. — Daniel joga o cabelo liso para o lado e se abana. — Nossa que calor. Abre esse vidro.

— Que calor, viado? Eu tô tremendo. Não tenho essa camada de gostosura ai.

— Vai tomar no cu. — Ambos deram boas gargalhadas até chegar no "paraíso".

O clube ficava perto do centro, mas o acesso era discreto. Inicialmente era um clube para mulheres, aquelas mais afoitas, mas logo os rapazes afins começaram a dominar o local disputando espaço com elas. Daniel não se soltava para dançar e menos ainda paquerava alguém por se sentir insatisfeito consigo ultimamente. Por isso só ia lá para ver os "deuses" dançarem e se desnudarem. Naquele dia teve tanta sorte que ficou pertíssimo do palco onde ainda nem tinha começado a diversão. As pessoas chegavam lentamente.

— Viu... — O som alto obrigava Daniel a gritar. — Porque é bom vir mais cedo?

Já servidos de algum coquetel, ambos ficaram colados ao palco, tão perto que talvez a rola de algum dançarino batesse nas caras deles. Seria "péssimo", dizendo isso com o maior sarcasmo possível.

Logo o negócio enche de todos os tipos de pessoas loucas para verem os seus deuses homenageados nas siricas e punhetas.

Eis que entra o bombeiro, hoje o primeiro. Rola um pouco de acotovelamento, pois o bombeiro é um senhor negão daqueles que servem café, almoço e janta. Tesudo mesmo. Usa uma mangueira que no lugar da água expele confetes de papel. Merecedor daquela gritaria histérica de meninos e meninas a cada peça tirada. Tem boatos que uma tiazona desmaiou certa vez quando ele libertou a jiboia, mas boato nem sempre é fato.

O desgraçado brilha com efeito de óleo, dança todo sedutor, passando as mãos pelo peito musculoso, estufado e liso, com aréolas escuras e bicos pontudos. Já tem um grande volume na frente, provavelmente efeito de alguma substância. A calça retirada em um movimento único revela o que o cidadão tesudo tem em matéria de coxas, um Apolo ou Hércules. É impossível contar quantos contornos de músculos esculpidos naquele monumento. Hoje está de cueca branca (não é jock) que tampa a bunda grande e musculosa que algumas mãos alcançam para estapear.

Para decepção de alguns, ele parece ter notado que só há loiras no lugar, pois sua atenção e olhares são para elas.

O bombeiro provoca sabendo que na retaguarda está seu melhor talento. Sua polpuda bunda, que ele mesmo estapeia, descendo a cueca até a metade mostrando seu rego fundo. Ele gosta de brincar, mas deixa bem claro que pertence a elas e não eles, chegando bem perto de uma bonita ali da frente e deixa-a descer sua cueca branca que lhe fica de souvenir, e já que ganhou, aproveita para dar uma cheirada com vontade naquela peça que cobria o mastro negro. Coisa grande, dura e grossa, verdadeiro canhão de guerra. Imponente ferramenta que seu dono manuseia na mão grossa dando como brinde extra em seu pequeno show, uma gozada no palco.

Continua...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top