capitulo 19
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🫀
uma semana depois...
Brooke
Tudo vem sendo monótono.
Brooke cansou de pensar ou agir de forma que não agiria normalmente, sua mente a traiu, e agora ela se virou e segue fazendo o mesmo de sempre, sem surpresas ou ações nunca feitas antes.
O que se condiz a uma simples lista de fazeres: acordar; limpeza matinal; se trocar; ir para a faculdade; patinar quando puder; casa; academia; casa; banho; comer; dormir.
Nada fora disso.
Nenhum tipo de amizade estúpida começou ou terminou, ou continuou. Tudo o que aconteceu ou não ficou no final de semana.
Ela abriu a torneira do banheiro e enxaguou seu rosto só para depois se olhar no espelho e ver uma versão de si que nunca mais queria ver novamente.
Como se todo o amor próprio, confiança, poder e tudo mais tivesse desaparecido em um piscar. Ela parecia mudada, nada mais ali era reconhecível ou seu.
Conseguia perceber a diferença, talvez um dia, algumas horas tivesse a mudado de uma forma medonha. As decisões idiotas que havia tomado por conta da emoção, tudo que disse e fez a matou um pouco.
Cada pequeno flash de memória fazia algo se corroer dentro de si. A palma da sua mão nunca esteve tão marcada por suas unhas. Seus braços avermelhados e a couro cabeludo dolorido.
Era apenas o começo, como ela havia dito.
Saiu do banheiro, contando os passos para onde iria, com a cabeça erguida sempre. Ela poderia estar em um dos seus piores dias, mas ninguém precisava saber, ninguém comentaria porque nada estava diferente aos olhos alheios.
Já estava com os patins, quando sentou na arquibancada calçou eles e entrou em um impulso dentro da grande pista de gelo.
Seu corpo acostumado com o equilíbrio necessário, tão familiar e livre se jogou ali como sua única escapatória.
Os olhos concentrados na sua frente, e sua mente em seus movimentos, nada poderia a atrapalhar. Logo desafiando a gravidade deu pulos e pulos no ar, girando para depois aterrissar da mesma forma sem sair do lugar.
Ela ficou tonta, parecendo que era sua primeira vez fazendo aquilo, como se não estivesse acostumada com tal situação.
Quando parou, não foi porque quis, e sim por alguma piada do universo, fazendo-a cair no mesmo instante.
Sentiu que nunca chegaria no superfície gelada. Caía em um buraco, uma cratera tão profunda que a ansiedade tomava conta, querendo chegar no fundo ou na expectativa de chegar lá.
Desde seu início do seu joelho até sua bunda ficou latejando pelo impacto inesperado, queimando e dolorido. Mas não estava tanto pra aquecer a raiva que se expandia no seu peito.
A respiração ofegante, os dentes rangendo e toda a longa e estúpida semana deu início a explosão. Era só preciso uma faisca para a bomba iniciar sua contagem, e isso foi o suficiente.
Suficiente para a catástrofe acontecer.
Sua mão desprotegida queimava no gelado. Ela se virou e com a lâmina se arrastando, ficou de joelhos e soube o que iria fazer antes de ser feito, porque a raiva e ódio cresceram tanto que não se controlou, e soube que naquele instante não adiantava virar as costas e sair andando, porque estava sozinha e com bastante ar para ser puxado.
Mesmo assim se sentiu enforcada e sufocada.
Suas unhas penetraram naquele material duro, e antes que pudesse se impedir, sua mão direita se fechou em um punho e socou com força, a máxima que podia, e não parou por aí.
Os movimentos se repetiram tantas vezes que foi possível ver o momento em que sua pele parecia desmanchar e o sangue começava a parecer no transparente e meio branco.
Logo uma pequena poça de formou ali, pequena e respingando a cada golpe, não parou até sentir o ar se esvaindo de seu pulmão, e a única certeza que era possível notar é que Brooke não pararia. Nem que a dor se sentisse insuportável, mais do que agora, ela precisava dela.
Precisava da dor tanto quanto o amor ou qualquer besteira assim.
Precisava sentir o sangue caindo, o latejar, a pele se abrindo, sua mente se fechando mais e mais, seu peito contraindo a medida que um muro crescia, e isso fazia com que a dor física diminuísse, e ela queria que crescesse, que se tornasse maior do que as coisas que não entendia, que não deveria ser expostas em voz alta.
Ela saiu dali, com a mochila em um ombro e do outro lado o gotejar do sangue e a carne exposta, seria impossível não notarem, mas não se importou. Mais uma vez.
Mais uma vez a importância ao alheio se tornava presente.
Pouco se fudendo com o que pensariam ao ver o sangue lá ou sua mão com todos os nós machucados.
Passando pela saída, não chegou a ter um contato corporal, mas parou no mesmo instante, estavam próximos, e não pode seguir pelo bloqueio no caminho.
Brooke e Jason se olhavam, sentimentos demais pra lidar, muitas memórias e emoções, confuso e ela queria se livrar daquilo, mas era muito forte, impossível de simplesmente olhar para aquilo e dizer para ir embora.
— O que aconteceu? — Jason pergunta ao olhar diretamente para sua mão, como se já soubesse o que encontraria.
Ele ergueu seu braço minimamente, mas pareceu ter pensado melhor e voltou para onde estava, sem chegar perto, sem perguntas sobre o passado, sem nada, apenas uma certa preocupação passando pelos seus olhos claros.
— Brooke? — insiste quando ela não responde, e apenas fica ali, parada o olhando.
— Nada. — Responde por fim apenas para começar a andar e sem opção encostar no ombro dele com o seu, sem nenhuma força.
Apenas um toque "sem querer" que quase a fez voltar e dizer o que houve. Mas não saberia responder o porque.
Brooke entrou no carro, e dirigiu para o mais longe possível, a quase 100 por hora. Sujou o volante, mas continuou, aproveitando o máximo daquela pequena viagem não planejada.
A janela aberta, o vento fresco batendo no seu rosto, o silêncio rondando a esfera ao seu redor, tudo parecendo perfeitamente calmo, espontaneamente fazendo o mesmo com aquele coração tão amargurado e machucado.
Brooke não parece fazer ideia do quanto precisa disso, da calma e a paz, não só exterior, como a interior também.
Ela precisa fazer um acordo com sigo, tentar se entender e colocar parâmetros em sua vida.
Brooke precisa de si.
(...)
A porra da frente se abriu quando a maçaneta teve a pressão de uma mão. O silêncio absorveu todo seu corpo.
Conseguia ouvir algo passando na tv do quarto principal, o do seu pai, e então seguiu para o seu. Todos os outros cômodos tão vazios e frios.
Pegou o kit de primeiro-socorros e limpou e enfaixou o machucado feio com cuidado, o tempo todo acompanhada de Neit.
Não estava com fome e descer novamente nem se passava pela sua cabeça.
Brooke apenas se deitou com seu pijama e ficou olhando para o teto, o rosto limpo, tudo em seu perfeito lugar, seu cachorro aconchegado no canto e com os olhos fechados.
Ela não conseguia dormir, e não costuma se forçar a fazer isso, apenas esperava parada para o maravilhoso acontecimento, no exato momento em que o efeito do remédio tomado a pouco tempo acontecesse, estaria preparada.
Todos os questionamentos pagados antes mesmo de aparecerem, mesmo que ela não os fizesse, seus demônios faziam um trabalho perfeito.
Ela não os pararia, não tinha forças.
Estava cansada hoje, e amanhã só queria acordar com a vontade de se levantar e sair daqui o mais rápido que pudesse.
Não queria ter a opção de ficar em casa, não queria nem de longe isso.
🫀
Não se esqueçam de votar!!
capítulo não me satifez muito kkk, mas espero que gostem :)
Oi gente! Tudo bem com vocês?
Não sei se notaram a pequena mudança nas informações do livro 👀, mas sim, depois de muito pensar, pretendo fazer deste livro uma série. Não! Não focada apenas em Faith e Jason!
Espero que estejam gostando o suficiente os outros personagens para quererem um livrinho deles :)
me diz o que acham disso.
Obrigada por tudo, estamos alcançando lugares que eu nem imaginava, obrigada mesmo 🫶🏿
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