Capítulo 32
"ATENÇÃO⚠️: Este capítulo e o próximo conterão cenas de tortura e extrema violência. Caso não goste de cenas assim, sugiro esperar a atualização do capítulo da semana que vem. Agradeço a compreensão e boa leitura!"
"Eu ouvi Deus hoje, e ela soava exatamente como eu
O que eu fiz, e quem eu me tornei?
Eu vi o demônio hoje, e ele parecia muito comigo
Eu desviei o olhar, eu me afastei
…
De braços abertos, eu permaneço sozinho
Eu não sou nenhum herói, e eu não sou feito de pedra
Certo ou errado, eu mal posso dizer
Estou do lado errado do céu, e do lado justo do inferno
Estou do lado errado do céu, e do lado justo, lado certo do inferno
…
Eu não estou defendendo
Descendo em queda
Caindo cada vez mais distante
Eu estou a cada dia mais perto
…
Eu estou chegando a cada dia mais perto do fim
O fim, o fim, o fim
Eu estou chegando a cada dia mais perto"
Wrong Side of Heaven - Five Finger Death Punch
Mackey ouvia algumas vozes ao seu redor e retomando a consciência sentiu o chão gélido e úmido sob seu corpo, ainda não havia se recuperado totalmente, sua cabeça girava e a visão estava embaçada, mas pôde reconhecer, um pouco mais à frente dela, a silhueta de seis pessoas reunidas em grupo.
— Dentro de quanto tempo ela irá acordar? - Perguntou uma voz masculina.
— Creio que daqui a pouco. - Respondeu a moça, Mackey reconheceu a voz dela, era Lily... Aquela desgraçada!
— Alguma chance de reação?
— Nenhuma. Ela vai estar zonza demais para sequer se levantar.
— Ótimo. Seu trabalho está feito. Receberá sua parte.
— Foi um prazer negociar.
Mackey continuou deitada de bruços e encarou aquelas pessoas, com a visão turva viu duas delas se aproximarem, pareiam caminhar para lago atrás de Mackey, ela reconheceu Lily e Galhardo... Estava muito ferrada.
Logo que eles passaram por ela, Mackey ergueu a cabeça e até tentou erguer o tronco, mas o corpo parecia mais pesado que o normal, poucos segundos depois ela escutou a voz de Galhardo atrás de si:
— Ora! Enfim nos deu o prazer de acordar! Como se sente, agente... Mackey, é esse seu nome, certo?
Ela apenas resmungou e abaixou a cabeça novamente, tentando contar a tontura.
Galhardo agarrou os cabelos dela e ergueu sua cabeça, dizendo:
— Você vai pagar muito caro pelo que fez... Irritou muita gente. E eles estão todos aqui para cobrar.
Ela olhou mais além e viu os outros quatro se aproximando, um era Paulo, que provavelmente era o mais furioso ali, o outro homem ela não reconheceu, mas se estava ali um motivo tinha. Mas o que mais a intrigou foram as outras duas pessoas, uma era a secretária de George Franz... Era da empresa "rival". O que ela fazia ali? A outra a surpreendeu mais ainda, era a senhora ruiva que era membra do parlamento. Mackey ainda se lembrava de como aquela senhora queria fechar seu departamento... E ali estava a explicação, ela estava envolvida em negócios sujos e Mackey, junto com os outros, estavam estragando tudo.
— Acabem logo com isso, me matem logo. - Resmungou ela ao ver eles se aproximarem.
— Ah, não, agente. - Respondeu a ruiva, que atendia pelo nome Rute - Nós vamos nos divertir um pouco antes.
Mackey a encarou com uma expressão de deboche, logo depois riu e respondeu:
— Tudo bem. Vamos colocar fogo no parquinho.
Aquilo foi o suficiente para Galhardo, que já estava de pé, lhe acertar um chute na boca. Mackey sentiu o leve gosto de ferro na boca, o que indicava que estava sangrando, e ficou surpresa por não ir ao nocaute com aquela pancada na mandíbula.
— Então, quem vai ser o próximo? - Perguntou ele.
— Eu terei esse prazer. - Respondeu Paulo, se aproximando.
Ele usava uma bengala e parou bem em frente à Mackey, ela acompanhou o movimento da bengala, que balançava como se fosse um pêndulo, em frente ao seu rosto, na verdade, ela já sabia como aquilo iria acabar.
— Veja só... Você tem mais vidas do que eu pensei. - Continuou ele – Escapou da morte em todas as vezes que nos encontramos, mas acho que dessa vez você deu azar.
Ele levantou a bengala e com um movimento rápido e firme, golpeou o rosto de Mackey.
Ela sentiu o rosto queimar e aquilo lhe trouxe lembranças, que naquele momento eram bem inconvenientes, sua mãe lhe fez a mesma coisa quando era mais jovem... Porém, ela usou um chicote.
Mackey foi trazida de volta à realidade, quando recebeu outro chute no estômago, fazendo o ar escapar de seus pulmões, ela não sabia quem tinha acertado, mas a pessoa parecia bem furiosa. Tentou engatinhar pelo chão, se arrastar para longe dali, mas seus movimentos eram lentos demais para alguém que tentava escapar. Sentiu a ponto do salto de uma das mulheres ir de encontro à base da sua coluna, com força. E aquilo provocou uma dor tão insuportável que ela parou de se arrastar na hora.
— Aonde pensa que vai? - Ralhou Rute – Ainda não começamos.
O que aconteceu em seguida, podia ser facilmente ser associado a um "corredor da morte", Mackey recebia chutes e mais chutes, pancadas que ela sequer sabia de onde vinham ou quem lhe batia. Eram chutes em seu estômago, nas costas, no rosto, e quando ela tentava levantar o tronco e se arrastar para longe, seu braço era golpeado com força, a fazendo ceder novamente.
O sangue já descia em demasia pelo nariz e boca, os dentes foram tomados pela coloração avermelhada do sangue. Mais uma vez as lembranças vinham, e naquele momento, por incrível que pareça, ela desejava que sua mão estivesse ali com ela.
Aquela situação era estranhamente parecida com uma de quando ela tinha dezessete anos. Sua mãe era advogada e ela trabalhava em um caso de um traficante, o problema foi que os homens que trabalhavam para ele, ficaram furiosos, invadiram a casa onde moravam e ameaçaram ela e sua irmã. Mackey, porém, não se rendeu, tentou se defender, mas acabou espancada sem piedade alguma. Quando sua mãe chegou a viu jogada no chão, enquanto Lana ainda era feita de refém pelos homens, Eloá, sua mãe, logo correu em socorro de Mackey e a tomou nos braços, enquanto prometia que não ia trabalhar mais no caso. Satisfeitos os homens foram embora, deixando as três em estado de choque e principalmente Mackey... Ela se lembrava que antes da ambulância chegar, sua mãe continuou com ela ali, em seu colo, a olhando com carinho e dizendo, com a voz terna:
"Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui."
Aquela foi a primeira e única vez que ela viu Eloá Mackey agir como mãe. Uma semana depois os homens que fizeram aquilo, foram encontrados mortos e o traficante foi condenado. Na época ela nunca imaginaria o que sua mãe era capaz de fazer.
E agora, naquele momento, sendo espancada pela segunda vez na sua vida, Mackey só conseguia ouvir a voz de Eloá, dizendo:
"Vai ficar tudo bem".
Novamente, foi trazida à realidade quando Rute se abaixou perto dela e agarrou seus cabelos, levantando sua cabeça. Alguns fios caiam sobre seu rosto e se misturavam com o sangue.
— Escute bem, Mackey, não vamos te matar ainda. Queremos te fazer uma proposta – Quando Mackey não respondeu, ela continuou – Sabemos que é muio habilidosa, que tem sangue frio... Na medida do possível. É inteligente, boa estrategista... Precisamos de alguém assim ao nosso lado.
— O... O-que quer... D-dizer? - Perguntou ela, com a voz fraca.
— Por que não se junta a nós? Acabamos com isso aqui, se sofrimento acaba aqui. Terá muito mais vantagens conosco. Sem regras, leis ou protocolas a cumprir.
— O-o que eu ganho?
— Poder. Quem nunca quis isso, não é mesmo? Poder sobre a s pessoas, sobre a vida delas. Lembra-se da primeira vez que matou, Mackey? Lembra-se da sensação de poder, de ser superior?
Sim, ela se lembrava muito bem disso. Lembrava muito bem daquele dia.
Havia um desfile na cidade, ela era sargento do exército, tinha acabado de ganhar a patente, com apenas vinte anos. Se esforçara tanto para chegar naquela posição, e estava satisfeita com aquilo.
Naquele dia seu superior lhe deu a ordem de acompanhá-lo por algum motivo, no começo do desfile estava tudo tranquilo, a multidão se divertia, crianças corriam para lá e para cá, a música era agradável e tudo que Mackey deveria fazer era ficar alerta para qualquer coisa. Por algum motivo, que ela não sabia, foi obrigada a vestir a farda e permanecer em um canto.
Em determinado momento, seu superior chegou perto dela, com Augusto em seu encalço.
— Mackey, esse é Augusto, chefe da Agência Nacional de Inteligência Investigativa, A.N.I.I. Augusto, essa é a sargento Mackey, de quem falei.
— Muito prazer, senhor. - Disse ela o cumprimentando.
— O prazer é meu.
— Sargento, o Augusto precisa de alguém para cobrir aquela torre. - Falou seu superior, apontando em direção à torre do relógio - Parece que há uma ameaça aqui e ele colocou alguns agentes misturados no meio da multidão, mas precisa de um sniper caso tudo saia do controle. Disse a ele que você tem bastante habilidade com armas.
— Na medida do possível, senhor. - Respondeu ela, receosa.
— Não vai precisar fazer nada, só quero que fique esperta, caso nada saia como planejado. Mas creio que não será preciso sua intervenção, meus agentes são bem treinados. - Disse Augusto - Então, o que me diz? Pode nos dar cobertura?
— Claro! Sim, senhor.
A verdade era que Mackey nunca tinha atirado em ninguém, teve aulas, aprendeu sobre armas e inclusive aulas como sniper. Não era a carreira que queria seguir, mas conhecimento nunca era demais.
Sendo assim, ela se posicionou na torre, ficou observando tudo e procurando localizar o homem que Augusto lhe mostrara, mas não havia sinal nenhum dele.
Poucos minutos depois ela conseguiu o avistar no meio da multidão, se posicionou pronta para agir, caso precisasse. Um agente de Augusto o seguia de perto, enquanto os outros também procuravam ir para o local perto do homem. Mackey não soube ao certo o que aconteceu, mas tudo fugiu do controle, o homem acabou percebendo que estava sendo seguido e fez uma menina, de aparentemente doze anos, refém. As pessoas entraram em pânico e começaram a se afastar, os agentes trabalhavam para tentar negociar com o homem, mas não era bem-sucedidos.
No rádio comunicador, Mackey escutou Augusto dizer:
— Sargento, está em posição?
— Sim, senhor.
— Você tem permissão para atirar.
O estômago dela gelou, a garganta secou e de repente ficou mais difícil respirar.
— Está escutando, sargento? - Repetiu Augusto – Tem permissão para atirar.
— Sim, senhor.
Era tudo que ela conseguia dizer no momento. Posicionou o dedo no gatilho, mirou na cabeça do homem e respirou fundo segundos antes de puxar o gatilho. Um único disparo soou, e por alguns segundos o mundo pareceu girar mais devagar para Mackey, pareceu que se passaram minutos até a bala acerta o homem e fazer com que ele libertasse a menina.
Quando tudo acabou, alguns minutos de silêncio foram feitos, até as pessoas perceberem o que tinha acabado de acontecer e entrarem em desespero. Mackey sentiu as pernas enfraquecerem e cedeu no chão, puxando o ar com força e olhando as mãos que tremiam.
— Sargento, está tudo bem? - Perguntou Augusto, no comunicador.
— Sim... E-está t-tudo bem.
— Ótimo. Fez um bom trabalho. Pode descer.
Mackey ficou alguns minutos sentada no chão, tentando se recuperar, quando enfim conseguiu, desceu e saiu da torre, entregando a arma para um agente que ali estava. Ela se aproximou de onde um grupo de autoridades se formava. Olhou mais atentamente e viu o homem caído ali, rodeado por uma poça de sangue, que ela mesma criara.
O que ela havia feito?
— Bom trabalho, sargento. - Disse seu superior.
Mas naquela hora ela não sentia isso. Naquela hora ela se sentia um monstro.
Voltou para o presente quando levou um tapa na cara. Percebeu que Rute ainda segurava seus cabelos e esbravejava:
— Eu estou falando com você! Ande, fale qual sua resposta!
— Nem fodendo. - Respondeu Mackey.
a mulher se irritou e empurrou a cabeça dela de forma tão brusca que se chocou contra o chão frio, depois Rute se levantou e com o escarpin pisou no rosto de Mackey e disse:
— Então melhor começar a pedir perdão por seus pecados... Você vai nos falar onde deixou o livro de Galhardo.
— Por que o querem de volta? já desmontamos todo seu esquema. Ou ainda tem mais coisa?
A mulher não respondeu, então Mackey concluiu condigo mesma que realmente havia mais coisas ali, então ela não poderia falar onde estava o livro, deveria protegê-lo.
— Você vai nos falar, agente. Nem que isso nos custe o dia todo. - Se intrometeu Galhardo – Paulo, apaga ela.
A mulher parou de pisar no rosto de Mackey, ela mal teve tempo de levantar a cabeça e sentiu algo pesado atingir sua têmpora e tudo ficar escuro depois.
*Lembrança da primeira vez que Mackey atirou.
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