Capítulo 30

No dia do evento da Franz, Mackey saiu apressadamente da agência, precisava chegar ao local o mais rápido possível. quem sabe o que Galhardo poderia aprontar?

Sendo assim, ela entrou em um crossover totalmente preto e já ia dando partida, quando Isabela, a analista, a chamou:

- Mackey, me espera! Eu vou com você.

- Mas você não está na missão, Isa!

- E quem disse que vou pela missão? Não entendo uma vírgula de química, mas não fico de fora de um bom evento.

Mackey hesitou por alguns segundos e por fim disse:

- Tudo bem, entra aí! Mas saiba que não vou ficar de olho em você, se alguma coisa acontecer lá você vai ficar sozinha.

- Sem problemas.

Ela entrou no carro e logo Mackey engatou a marcha e saiu em disparada pelas ruas da cidade, Isabela sequer conseguiu acomodar o seu notebook no banco de trás, teve de colocar o cinto de segurança rapidamente, ou muito provavelmente voaria do carro assim que Mackey pisasse no freio.

Ela dirigia igual um piloto de corrida, ou pelo menos pensava que era um, considerando a velocidade que atingia ao cortar as ruas da capital.

Em um certo momento, ela percebeu que a agente olhava várias vezes para o retrovisor, as sobrancelhas estavam unidas, demonstrando desconfiança.

- Algum problema? - Perguntou Isabela.

- Estamos sendo seguidas. Preciso me livrar dele o quanto antes. Qual analista está na agência para me atender?

- A Akemi está lá.

- Akemi?

- Sim, Mackey... Uma japonesa.

- Ah, sim!

Rapidamente ela apertou um botão no volante e logo iniciou uma chamada, depois de três toques alguém atendeu.

- Akemi falando.

- Akemi, é a Mackey. Estou com um probleminha aqui. Estamos sendo seguidas e eu precisava me livrar dele, mas não quero fazer isso sem identificar o piloto. Consegue identificar a placa.

- Droga! - Disse a moça parecendo aborrecida - Sabia que isso podia acontecer. Acho que já sei o problema.

- Já? Que rápida! - Respondeu Mackey. Se voltando para Isabela, ela completou - Por que você não é rápida assim?

Isabela apenas bufou e cruzou os braços, contrariada, enquanto Akemi voltava a dizer:

- Mackey, a pessoa que está te seguindo te confundiu! Ela quer o Marcel, e ele saiu minutos depois de você com um carro idêntico.

- Está brincando? Eu nem sabia que Marcel tinha voltado! E ele já volta me trazendo problemas.

- Vou transferir sua ligação para ele.

- Certo. Obrigada, Akemi.

Marcel era um dos melhores agentes que a A.N.I.I possuía, junto com Mackey. Mas era pouco humilde, no entanto, isso não o atrapalhava, e Mackey tampouco ligava para o narcisismo do colega. Ele estava em uma missão em Berlim há seis meses, ninguém sabia sua localização... Até agora.

Foi tirada de seus devaneios quando a voz de Marcel soou sedutora:

- Mackey, que prazer falar com você! Ainda está viva!

- Imagine minha surpresa em saber que você também está vivo, Marcel. Pensei que já estivesse com a boca cheia de formigas, e esse seu rostinho perfeito em decomposição.

- Não foi dessa vez que conseguiram me pegar.

- Pois bem, garotão! Tem um cara... Ou uma mulher, sei lá! Uma pessoa chata na minha cola, e é assunto seu. Então trate de vir aqui pegar sua criança e tirá-la do meu pé. Está me atrapalhando.

- Está bem. Onde você está?

Mackey olhou ao redor procurando saber sua localização, então avistou a linha do trem logo mais à frente, a cancela estava fechada, mas o trem não dava sinal de aparecer. Um sorriso surgiu nos lábios dela, e então respondeu:

- Vou deixá-lo na linha do trem, no centro.

- Okay, estou por perto. Logo chego.

Assim que a ligação terminou, Isabela olhou assustada para Mackey e perguntou:

- Você não está pensando em fazer o que eu estou pensando, não é?

- Aperta o cinto, Isa.

Mackey afundou mais o pé no acelerador, se concentrando na linha do trem. Já se podia ouvir o trem apitando, indicando que estava chegando, o sino perto da cancela batia alertando para ninguém ultrapassar. A rua por incrível que pareça estava deserta.

Isabela gritava apavorada, enquanto se aproximava de sua morte certa:

- Mackey, pelo amor de Deus, para com isso! Não vai dar tempo, o trem já está chegando.

- Relaxa, Isa, eu sei o que estou fazendo.

- Eu duvido muito. É loucura demais apostar corrida com um trem, não tem a menor chance de vencer!

- Vamos ver.

Mackey chegava a uma velocidade impressionante, enquanto a pessoa atrás seguia seu ritmo. Ignorando os gritos da colega, Mackey continuou avançando, algumas pessoas olhavam espantadas aquele carro indo em direção aos trilhos. Quando estavam praticamente em cima dos trilhos, ela passou arrebentando a cancela e fazendo o trem tirar uma lasca da traseira do carro. A agente gritava de satisfação, por ter deixado o problema para trás, enquanto Isabela permanecia de olhos fechados, se agarrando ao banco do carro.

- Isa, relaxa, nós passamos.

- Se morremos e fomos para o mesmo lugar, eu juro que te mato de novo, Mackey.

- Nós não morremos, abra os olhos.

Lentamente Isabela abriu os olhos, percebendo que estavam sãs e salvas. Ela dirigiu um olhar severo para a agente que tinha um sorriso enorme no rosto. Pelo resto do trajeto não deram uma única palavra. Chegando ao local, Isabela saltou do carro, levanto o notebook consigo, e deixando Mackey para trás.

Ela ficou encarando a analista, sem saber o motivo de tanto chilique.

- Essas pessoas não sabem curtir a adrenalina. - Resmungou, entrando no grande salão.

O lugar mais parecia um grande galpão, onde aviões eram guardados, sua estrutura metálica era resistente, e ao se adentrar podia-se ver vários estandes montados, umas com experiências que a própria Franz fazia para apresentar aos estudantes, outras eram das escolhas, com os projetos dos alunos.

Mackey caminhou no meio daquela multidão olhando tudo atentamente, procurando qualquer movimento estranho ali. Era óbvio que Galhardo não poria a cara ali, mas com certeza alguns capangas contratados iriam, por isso todo cuidado era pouco.

Encontrou Augusto no meio das pessoas e logo foi de encontro a ele, dizendo:

- O senhor também se interessa por química?

- Não me interessa nem um pouco, mas para todos os casos achei melhor vir junto com um reforço, chamei Marcel e ele logo deve chegar também. - Ao ver que a agente revirava os olhos, ele completou - Não seja tão imatura, Mackey. Toda ajuda é bem-vinda.

- Sem dúvida. - Respondeu ela com desdém.

Olhando mais uma vez ao redor, ela reconheceu mais alguém ali. Alguém que não deveria estar naquele local.

Rumou direto na direção da moça e inquiriu:

- O que está fazendo aqui, Lana?

A moça se virou, dando de frente com a irmã e logo abriu um sorriso.

- Oi, Ali! Eu acho incrível esses eventos de química! Se lembra de como a gente aprontava no colégio?

- Você vai sair daqui agora.

Mackey agarrou o braço da irmã e começou a arrastá-la para fora, porém, Lana estacou no lugar e puxou o braço de volta.

- Espera aí, Alexia, não estou fazendo nada demais, me deixa me divertir.

Ela não teve tempo de responder, Augusto se aproximou dela, juntamente com Khan e Marcel que vinham atrás dele. Os dois agentes arregalavam os olhos, encarando as duas, enquanto o chefe questionava Mackey:

- O que sua irmã faz aqui?

- Ela adora essas coisas de química, mas ela já estava indo embora.

- Ah, qual é?! Me deixem em paz! - Reclamou Lana - A verdadeira pergunta é: O que vocês, agentes do governo, estão fazendo aqui?

- Há uma ameaça de atentado no evento, não podemos evacuar todos, sem saber quem irá agir, isso afugentaria o terrorista, temos que descobrir o plano deles, por isso quanto menos pessoas, melhor.

Nesse momento Isabela se aproximou do grupo, dizendo:

- Eu acho que já sei onde os terroristas estão. Acabei de ver eles indo em direção ao fundo do galpão, pareciam carregar algo bem perigoso.

- Então o atentado não acontecerá aqui no meio, pode ser que aconteça nos fundos e se espalhe pelo local. - Concluiu Augusto.

- Temos que agir rápido. - Disse Mackey - Lana, saia daqui o mais rápido possível.

- Me deixa ajudar, Ali! Eu sou boa em química. Lembra da dupla dinâmica?

- Você quis dizer, dupla incendiária!

- Mackey... - Interrompeu Augusto - Quanto mais ajuda, melhor.

- Mas, senhor...

- É uma ordem!

Mackey fez uma cara de desgosto, mas acatou a ordem e levou a irmã para os fundos do galpão, junto com os outros.

No entanto, não se depararam com ninguém na parte de trás, estava tudo vazio, salvo por algumas caixas. Se aproveitaram disso para verificar o que tinha ali. Eram vários produtos que estavam ali, Mackey pediu para que lessem as fórmulas moleculares que estavam gravadas nas caixas, enquanto também procurava algo.

A maioria eram produtos inofensivos, porém, Lana achou algo que de certa forma a assustou:

- Ali... - Chamou.

- O quê?

- Achei algo que não é muito legal estar aqui, não.

- O que é? - Questionou Mackey, indo em direção a irmã.

- H2SO4.

Mackey congelou ali no meio, enquanto todos a encaravam.

- Isso não é nada bom.

- O que quer dizer? - Perguntou Augusto.

- É ácido sulfúrico! É um explosivo poderoso, temos que tomar muito cuidado.

- E você me disse que sabia o suficiente de química para não atirar em um botijão de gás... Qualquer idiota sabe o que acontece quando se atira em um.

- E o senhor resolveu acreditar nessa minha mentira.

- Até parece que não sei coisas sobre você, Mackey. Sei de todo seu histórico problemático com química, e do incidente do quarto, no colégio.

- Aquele dia foi incrível! - Se intrometeu Lana - Ali, derreteu o chão do nosso quarto, e por pouco não atingiu a cabeça da nossa colega no quarto de baixo... Aquele ácido era poderoso.

- E você chama isso de incrível? - Bradou Isabela.

Mackey cansada daquela enrolação, logo interveio:

- Vamos parar com isso! Temos que tirar logo o ácido sulfúrico daqui, antes que eles voltem.

- Acho que é tarde demais. - Disse Khan pela primeira vez - Abaixem!

Um grupo com cinco homens entraram atirando, e estavam com munição pesada, o que os intimidava totalmente, ali estavam apenas Mackey, Khan e Marcel com armas e mesmo assim não durariam muito tempo. O reforço prometido ainda não havia chegado, então teriam de se virar.

- Ali, e se fizermos um molotov para conter eles?

- Está maluca, Lana? O H2SO4 não pode aquecer, um molotov pode causar uma explosão.

- Acho que é um pouco tarde para não aquecer essa coisa. - Interveio Marcel - Eles estão colocando fogo.

- Ah, merda!

Os homens aproveitaram a distração para colocarem o plano em prática, e agora seria difícil de conter eles e a fumaça que o produto começava a exalar.

- Isso não é nada bom. - Disse Mackey, olhando ao redor e procurando algum plano.

- Por quê? - Perguntou Isabela.

- Quando aquecido o ácido sulfúrico libera um gás muito prejudicial para os pulmões, se continuarmos aqui sem fazer nada a fumaça vai invadir o galpão e atingir aquelas pessoas.

- E pelo que eu vi, eles fecharam as portas.

- Mas que inferno!

Mackey olhou ao redor novamente, a mente trabalhando em milhões de ideias ao mesmo tempo, quando olhou os dutos de ar no alto das paredes teve uma ideia. Os dutos tinham neles algumas pás, o que fazia com que trabalhassem como ventiladores, capturando o ar que vinha de fora, um pouco mais abaixo, na mesma parede uma caixa de força estava embutida. Encarou a porta atrás dos homens, que os separava do galpão do evento, se voltou para Isabela e disse:

- Isa, as portas daqui são automáticas, consegue Hackear o sistema e trancá-las?

- Consigo, mas essa fumaça vai ficar isolada aqui! Vai nos matar!

- Não se eu conseguir evitar, acho que os dutos de ar podem nos ajudar.

- Como? - Questionou Augusto.

- Se eu conseguir inverter uma das ligações dos ventiladores, posso inverter a polaridade e transformar ele em um exaustor.

- Qual a dificuldade de falar nossa língua? - Questionou Marcel.

Mackey revirava os olhos, enquanto Lana explicava:

- Ela vai fazer as pás dos ventiladores girarem ao contrário e levar a fumaça daqui para fora até conseguirmos controlar.

- Ótimo. - Respondeu Augusto - Khan e Marcel, vocês dão cobertura a Mackey. Lana, consegue fazer algo para conter os atiradores?

- Deixa comigo.

- Consegui! - Bradou Isabela.

Imediatamente as portas se fecharam e os trancaram dentro do pequeno depósito. Mackey resolveu agir e começou a caminhar em direção a caixa de força, se mantendo abaixada para não ser atingida pelos disparos. Khan e Marcel revidavam, buscando proteger Mackey. Se aproximando de seu objetivo, ela abriu a caixa e puxou alguns fios para fora, depois se sentou no chão e pegou o canivete que carregava na meia, começou a desencapar os fios e fazer seu trabalho. Enquanto isso, Lana se mantinha abaixada também, recolhendo alguns materiais químicos que ali estavam, só não sabiam qual era seu objetivo com aquilo.

- Mackey, estou ficando sem munição, então espero que você tenha um bom plano em mente! - Gritou Khan.

- Com qual Makcey está falando? - Perguntou Lana, colocando um óculos e um pedaço de pano sobre a boca e o nariz.

- Com você mesma, cientista maluca.

- Então é bom proteger seus olhos e vias aéreas, isso aqui é tipo um gás lacrimogênio, eles vão ficar um tempo se reação, é o suficiente para prendê-los.

Nessa hora, Alexia já tinha conseguido inverter a rotação das pás do ventilador, a fumaça era sugada e jogada para fora, o que dava uma melhor visão dos homens. Como a munição deles não era infinita, alguns se esconderam para recarregar as armas e foi nesse momento que Lana se aproveitou e lançou o gás que havia feito. Ele se espalhou rapidamente, porém, também se dissipava rapidamente, graças ao exaustor que Mackey havia feito, no entanto, tiveram tempo suficiente para render os homens e imobiliza-los, até a ajuda chegar.

Os panos que cobriam seus rostos até ajudaram um pouco, mas não evitou totalmente que os olhos ardessem e a garganta parecesse pegar fogo, a única que parecia ter saído imune disso, foi Lana, que exibia um sorriso radiante.

Depois que o reforço chegou, levando os homens, e o fogo foi contido, Isabela se aproximou das gêmeas e disse:

- Me lembrem de nunca me meter com vocês duas.

- É só não sair da linha. - Respondeu Mackey rindo.

Eles finalmente puderam respirar aliviados, pelo menos por enquanto, Galhardo ainda estava foragido e a notícia de que Paulo havia conseguido escapar só piorava tudo, mas de uma coisa tinham certeza... Se conseguiram interferir nos planos deles, com certeza estariam furiosos, e a fúria é um sentimento que desestabiliza qualquer um. Desestabilizados, eles cometeriam algum erro.

Saindo do evento, Mackey se apoiou em uma parede, quando uma súbita tontura a atingiu. A cabeça doeu com a pontada que apareceu e aquelas malditas imagens voltaram. Dessa vez alguém a arrastava por um corredor extremamente iluminado, enquanto ela se debatia tentando se soltar. Da mesma forma rápida que aquele mal súbito veio, ele se foi, logo tudo voltou ao normal e Mackey se deparou com Lana perguntando, preocupada:

- Está tudo bem?

- Está... Está sim. Volta para casa, eu vou ter que resolver algumas coisas primeiro, já que eu chego.

Voltando para a agência, Mackey procurou pela doutora Larissa, a psicóloga que a tinha ajudado, e não demorou muito a encontrar, quando a avistou, logo se aproximou perguntando:

- Doutora, pode me ajudar com algo?

- Claro, Mackey! Do que precisa?

- É sobre sonhos.

- Sonhos?

- Sim, ando tendo alguns sonhos estranhos, não sei explicar direito. Algumas vezes eu dormia e me vinham imagens e eu sentia que já tinha vivido aquilo, e na outra noite sonhei novamente, mas parecia uma continuação.

- Mackey, sonhos não têm continuação.

- Eu sei, e às vezes mesmo quando estou acordada essas imagens vêm na minha cabeça, acompanhadas de uma dor horrível!

- Você consegue ver essas imagens quando está acordada? - Perguntou Larissa, estranhando o assunto.

- Sim, e parecem ser uma continuidade também.

- Isso me parece lembranças. De algo que possa realmente ter vivido, mas se esqueceu.

- Lembranças? Eu trabalhei por meses para recuperar minha memória e meu cérebro preguiçoso só resolve se lembrar agora?

- O cérebro humano é algo complexo, Mackey.

Ela não se conformava com aquilo, tinha se esforçado tanto para recuperar os três meses que esquecera depois do acidente e não tinha obtido resultado algum, e agora... Tudo parecia voltar de uma vez.

Se conformando com a resposta, Mackey voltou para a casa e tentou relaxar um pouco. A busca por Galhardo ainda iria continuar, e ela não desistiria até conseguir colocar as mãos naquele crápula. Deixaria para se preocupar com suas lembranças depois.

"Olá, pessoas! Como vão? Então, semana passada eu realmente não consegui postar, ainda estou sem meu notebook então ficou bem complicado para mim. Mas o importante é que agora tenho conteúdo para postar e finalmente esse pesadelo do atentado acabou... É o que esperamos. Mas será que descobriremos porque a Mackey está tendo esses "sonhos"? Será que realmente é um passado dela? Não percam semana que vem. O capítulo estará bem tenso e cheio de revelações. Obrigada pelos votos e vejo vocês em breve!"

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