Capítulo 24
Chegou ao apartamento e teve de subir pelas escadas de incêndio novamente, para evitar os seguranças de Galhardo. Eles ainda estavam plantados na sua porta, a fim de lhe proteger.
Era irônico que ela precisasse ser protegida de si mesma.
Mackey até soltaria uma gargalhada com esse pensamento, mas a dor pulsante em sua barriga lhe impossibilitava. Ela só foi perceber o quanto estava fraca, quando ao entrar pela sacada, acabou caindo e fazendo um grande estrondo.
— Senhorita Aurora, está tudo bem? - Perguntou um dos seguranças do lado de fora.
Ela não respondeu, quase não tinha forças para se levantar, perdera muito sangue e o corte era profundo. Ela precisava de atendimento médico urgente, mas não conseguiria buscar sozinha, também não poderia simplesmente abrir e pedir ajuda. Os seguranças desconfiariam se a vissem ferida daquele jeito e ninguém estivesse ali, ou não houvesse nenhum sinal de luta, sendo assim uma pequena encenação deveria ser feita.
Com o pouco de força que lhe restava, Mackey se levantou e cambaleou até o quarto, tirou o coturno e a calça e os escondeu bem, deixou apenas a camiseta que precisava estar rasgada. Colocou um short e voltou para a sala/cozinha. Era agora... Precisava fazer aquilo parecer um cenário de luta. Começou a derrubar enfeites e quebrar coisas, enquanto fingia um grito histérico e pedia por socorro.
Os seguranças do lado de fora, tentavam arrombar a porta. Ela caminhou até a porta da varanda e a abriu, deixando a impressão que o invasor tinha fugido por ali. Sua visão já começava a escurecer e uma enorme fraqueza a invadiu. Se deixou cair desacordada no chão, pouco antes dos seguranças conseguirem arrombar.
Um deles correu na direção dela e logo gritou para o outro:
— Chame uma ambulância! Urgente!
Mackey abriu os olhos lentamente e mesmo que sua visão estivesse embaçada, ela reconheceu que havia alguém ali ao seu lado.
— Aurora? - Chamou a voz masculina – Está me ouvindo?
Voltando a si, ela percebeu que era Galhardo que estava ali.
— Onde estou? - Perguntou ela.
— No hospital. Você foi atacada.
— Sim, me lembro disso.
Ela tentou se levantar, mas ele a deteve, dizendo:
— Melhor não se mexer muito. O corte não perfurou nenhum órgão, mas precisou de pontos. Fique quieta, ou eles podem abrir.
— Está bem.
— Sabe quem fez isso? Viu quem te atacou?
— Não, não consegui ver. - Mentiu ela, se acomodando mais na cama.
— Tudo bem. Vamos descobrir quem foi.
"Eu duvido muito". Pensou ela.
Nos dias seguintes, Mackey recebeu alta e ficou uma semana em seu apartamento, em licença. Galhardo insistira que ela ficasse em casa, e com muito custo ela conseguiu convencê-lo de que fosse apenas uma semana. Para Mackey, ficar parada era preda de tempo. Agora ela tinha apenas três semanas até o evento da Franz, precisava pegar aquele caderno e descobrir o que Galhardo planejava.
Suspeitava... Na verdade, tinha quase certeza que ele pretendia causar uma grande tragédia no evento da Franz, utilizando os produtos químicos que estariam lá.
Além de desmantelar a concorrente, fazendo suas ações caírem, ele ainda lucraria vendendo seus medicamentos aos feridos. E tudo ia parecer um acidente.
Era um golpe de mestre!
na semana que voltou para a empresa, Mackey entrara em contato com a agência. Ficou decidido que naquela semana, precisamente na quarta-feira, uma equipe seria enviada para prender Galhardo por tráfico de pessoas, Mackey já tinha acumulado muitos áudios incriminadores. Ele poderia até mesmo ser acusado de terrorismo.
E naquele dia, ela estava agitada, não via a hora de tudo aquilo acabar. Também estava particularmente perturbada, alguma coisa em seu interior gritava que havia algo errado, ainda assim, ela seguiu com o plano.
Os outros agente já estava de tocaia no prédio desativado dali, onde ficavam os colchões que Galhardo falara.
Mackey seguia com suas tarefas normais de secretária, apenas esperando o momento certo de dar o sinal aos seus colegas.
Ela estava ao lado de Galhardo, na sala dele, ele permanecia sentado ditando ordens, enquanto ela anotava tudo em seu bloco de notas e observava a escrivaninha dele, pensando em como movê-la dali e abrir o compartimento que ali ficava.
Por algum motivo ela estava agitada. Olhou a janela atrás de si e viu que ela ficava exatamente em cima do prédio desativado, era uma boa saída caso precisasse escapar. Ela nunca acreditou em intuição, no entanto, naquele dia sua própria intuição gritava, desesperada para ser ouvida.
Não teve muito tempo para se atentar a isso, a porta da sala se abriu num rompante, e um homem pardo, de estatura mediana e cercado de quatro seguranças, passou por ela, esbravejando:
— Galhardo, estamos expostos. Como deixou isso acontecer?
Mackey o reconheceu imediatamente, era Paulo.
O mandante da morte de Liz... E o homem que sabia quem ela era.
Paulo a encarou e à medida que a reconhecera, seus olhos se arregalavam mais para logo depois dar lugar a uma expressão furiosa.
Era o fim. Mackey tinha sido descoberta e agora estava exposta, sem defesa.
— Ora, mas o que temos aqui? - Debochou Paulo – Acho que já descobrimos o motivo de estarmos expostos.
— Do que está falando, Paulo? E como se atreve a entrar aqui dessa maneira? - Ralhou Galhardo.
— Estamos sendo espionados, Galhardo. Essa moça aí do seu lado trabalha para o governo.
— Aurora?
— Esse foi o nome que ela usou? Comigo foi outro. Não é mesmo, Mackey?
Galhardo encarava ela com uma expressão interrogativa, enquanto Mackey apenas encarava Paulo com certa frieza.
Ela tirou os óculos e disse:
— Ora, quem diria? Você me surpreendeu afinal. - E olhando para Galhardo, completou – Sinto muito, mas prezo mais pela segurança dos indefesos.
Enquanto tudo isso acontecia, uma ideia girava na mente de Mackey. Era a ideia mais estúpida que ela tivera, no entanto era sua única saída.
Ela não esperou os homens responderem, simplesmente atravessou a janela, que estava fechada, fazendo o vidro se estilhaçar e protegendo o rosto dos cacos.
Caiu diretamente em cima do telhado do prédio desocupado, e começou a correr por ele, esperando chegar do outro lado e descer as escadas. Os seguranças de Paulo atiravam, esperando acertá-la.
Mas o que aconteceu foi pior do que Mackey esperava, o teto daquele lugar cedeu sob seus pés e ela caiu, atravessando os vários caixotes de madeira presentes ali, até atingir o chão.
Por sorte havia alguns colchões ali e embora estivessem podres, amorteceram um pouco a queda.
Ela permaneceu estirada ali, enquanto ouvia seus colegas, que estavam escondidos ali naquele mesmo lugar, saírem às pressas para prender Galhardo.
Eles não esperavam por isso, esperavam o sinal de Mackey, que não foi dado.
Keyla, que estava ali também, se aproximou chamando:
— Mackey, fala comigo!
— Eu já morri? – Reclamou ela.
— Não sei como, mas ainda não.
— Alguém acaba com essa minha agonia, por favor!
Keyla riu da colega, provavelmente estava delirando, a pancada que recebeu foi muito forte.
Ela chamou o socorro e em poucos minutos Mackey foi levada a um ponto de extração, de lá ela seria levada diretamente para a capital, onde o centro de recuperação dos agentes ficava. Mais precisamente no subsolo da agência.
"Essa não! O que será que Mackey fará agora? Como ela vai impedir todo o plano?"
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